A era das boates no Rio dos anos 50

A ERA DAS BOATES NO RIO DOS ANOS 50 – Com a probição do jogo e o fechamento dos cassinos pelo governo Dutra, a alta roda carioca ficou seu locais de circualção, abrindo espaço para o surgimento de boates de luxo, na realidade locais para beber, jantar e dançar.

As duas mais famosas foram a Night and Day, de Carlos Machado e a Vogue do barão Max von Stuckart, um nobre austriaco importado pelo Copacabana Palace em 1944 como diretor artistico de seus shows musicais.

A boate ficava em Copacabana, na Av.Princesa Isabel, não era grande mas virou logo coqueluche do high set da capital brasileira. Com dois pisos, um mais alto que era para os melhores clientes habitués da casa e o mais baixo, apelidado de “siberia” era para os clientes eventuais e sem cacife com os maitres, que eram 4, dos melhores do Rio, chefiados pelo maitre Luis.

Até a meia noite o ambiente era um, depois virava outro mais “liberal”. Casamentos foram feitos, refeitos e desfeitos no Vogue, as mulheres mais elegantes como Teresa Souza Campos e Lourdes Catão não repetiam roupa, sempre chiques.

O barão introuziu o conceito de pratos de boate, até hoje mais ou menos padrão no Brasil, cinco.

Picadinho, strogonoff, camarão à Newbourg, lagosta à thermidor, supreme de frango à Kiev.

Picadinho e feijoada eram pratos populares que não se serviam em lugares finos, o barão quebrou esse costume, sofisticou os pratos e transformou-os em chiques.

A parte musical da Vogue era caprichada, no cast nacional, Emilinha Borba, Elizeth Cardoso (que ficou conhecida por causa da Vogue), Linda Batista, Heleninha Costa, Aracy de Almeida.

Teve uma famosa briga de Aracy com Linda Batista às cinco da manhã quando se engafinharam e tiveram que ser apartadas por cinco homens, entre os quais Fernando Lobo e Ibrahim Sued.

No internacional, a francesa Patachou, Maurice Chevalier, Jaqueline Baker.

A frequencia era de politicos (a capital era no Rio), industriais e banqueiros, havia frequentadores habituais como Jorge Jabour, irmão do comendador João Jabour, então o maior acionista pessoa fisica do Banco do Brasil, que tinha mesa cativa onde circulavam 20 a 30 amigos por noite, dos internacionais Porfirio Rubirosa, Ali Khan, artistas de cinema que aquele tempo vinham muito ao Brasil,

o segundo melhor mercado de Hollywood, o Rio era uma meca de visita obrigatoria.

O Presidente era Getulio Vargas, sua filha Alzirinha e seu irmão Bejo eram frequentadores, Getulio chegou a ir uma vez ao Vogue e Bejo foi preso lá por uma tropa da Aeronautica no rescaldo da crise de Agosto de 54.

Alem da Vogue, outras boates no mesmo estilo funcionavam a pleno vapor, como a Montecarlo, a Casablanca, porem sem o mesmo prestigio do Night and Day e do Vogue. Já coloquei aqui um post sobre a Night and Day, uma casa tambem historica nessa Era.

A era das boates marcou o fim do esplendor social do Rio como capital da Republica e o incendio do Vogue foi uma especie de prenuncio de um periodo de decadencia do Rio até a cidade se reerguer com a criação do EStado da Guanabara e as grandes obras do governo Lacerda.

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