DISTANTES DE HIPÓCRATES Medicina de mercado em questão

 

 

 

 

“A mídia em nosso Estado segue os ditames daquela
praticada nacionalmente: apresenta um vazio político
conservador-direita e sistematicamente critica o governo trabalhista
de coalizão, com distorções factuais, interpretações neocolonizadas
das ações econômicas levadas ao cabo pelo Lulismo-Dilma, acrescentando
retificações e adversativas em suas manchetes…” 


Marcos Luna – Preceptor de medicina da UFBA.

 

  

Por Antonio Nelson*


 

Os médicos de mercado, a ética médica, e o ideal hipocrático dos jovens e veteranos médicos em questão, as relações promíscuas com os interesses privados e públicos, a indústria farmacêutica, planos de saúde, os contratos trabalhistas, transplantes de órgãos, e os avanços da ciência são assuntos em discussão com o médico baiano Marcos Luna, de 56 anos, numa entrevista exclusiva para o Portal do Nassif. Além disso, o doutor Luna fala da mentalidade conservadora e reacionária da elite baiana, – onde também faz outsourcing do próprio bebê ou do seu automóvel -. 

Com especialização no Canadá na Mc Master University, e nos EUA na Harvard Medical School, através de bolsa do CNPq.  Autor dos livros “A Realidade e as Linguagens”, “A Utopia do Olhar Clínico”, – que entre os principais capítulos estão: Saúde precarizada: a quem interessa, A saúde doente: Emergência locokut, Política e linguagem, Crise global, Libertários no Wikileaks etc. O preceptor Luna também assevera sobre a ditadura midiática na Bahia; e as contradições que assolam sua profissão. Confira!


Antonio Nelson – Como foi seu universo literário na infância?

Marcos Luna – Circunstâncias familiares me propiciaram a carência de objetos dispersivos da atenção – sem televisão e condições econômicas de consumo supérfluo, desde a separação dos pais -, aliada a imitação de meu irmão primogênito que gostava de ler e o estímulo sistemático de meu educador em língua portuguesa. Comecei as leituras desde a segunda infância. Passei pelos clássicos brasileiros como José de Alencar Jose Lins do Rego, Jorge Amado, Aloízio de Azevedo, Graciliano Ramos, Machado de Assis, Erico de Veríssimo e outros. Lia muito a revista Reader´s Digest e seus contos, até alcançar os escritores universais: Balzac, Gustave Flaubert, Dostoievski, Proust, Schoppenhauer, Nietzsche, Dumas, Conrad, Henry Miller, Goethe, Erich From, Kafka, Kundera, Montaigne, Hemingway dentre tantos. E os mais contemporâneos: Saramago, Alain de Bottom, Irving Yalom, Chico Buarque, Michael Sandel, Robert Zimmer, Flavio Tavares, Pierre Bayard, Marilena Chaui, David Sackett, Gordon Guyatt e Foucault.

Antonio Nelson – Por que medicina? Como nasceu essa descoberta?

Marcos Luna – Percebi desde o colegial que além da literatura eu tinha gosto pelas ciências biológicas e fisiologia humana, a teoria da evolução dos seres vivos, do homem. Ademais, o meu irmão já fazia medicina, o que facilitaria o uso dos seus livros, não raro muito caros e inacessíveis para as minhas condições financeiras. Confesso o meu dilema na época do vestibular, pois coloquei como segunda opção o curso de Direito.

Antonio Nelson – O senhor é professor da UFBA. Por que a preferência pelo setor público?

Marcos Luna – Como médico-assistente de um Hospital Universitário há mais de 25 anos tenho a convivência com os estudantes internos e residentes de medicina, e outras especialidades da área de saúde, o que tem me permitido exercitar a Preceptoria de Ensino, às vezes de modo formal como Professor Substituto, ou reconhecido pela Diretoria da Faculdade como docente de fato. O meu trabalho na implantação do Laboratório de Transplante e Imunogenética no Hospital das Clínicas da UFBA (Universidade Federal da Bahia) e da Comissão de Transplante com a sessão Clínica Cirúrgica, assumiu a minha prioridade acadêmica, que está em progressão coerente. Com toda a minha formação de estudante desde o colegial, a graduação e pós-graduação na forma de mestrado-doutorado e especialização no Canadá na Mc Master University, e nos EUA na Harvard Medical School, através de bolsa do CNPq, me “condenam” ao reconhecimento dos deveres para com a sociedade brasileira e baiana. A minha atuação predominante nos serviços médicos públicos é uma decorrência natural e ética, um compromisso inelutável com a causa pública.

Antonio Nelson – Como professor de medicina, o senhor percebe que os jovens têm o ideal hipocrático, ou seja, em se dedicar na saúde do paciente?

Marcos Luna – De maneira bem concisa, eu expresso que não há mais o sentimento vocacional na maioria dos jovens acadêmicos de medicina. Predomina o anseio de corresponder à família, o apelo de maior status socioeconômico e político. Os médicos, nada obstante o desprestigio diante do desgaste na sua prática, da especialização que fragmenta a sua autoridade num segundo momento e ao longo do tempo de formação, a profissão evoluirá para um estagio social paradoxal: o medico saberá potencialmente cada vez mais… E poderá cada vez menos diante da autonomia do paciente-família, das seguradoras de saúde ou dos
organismos governamentais.

Antonio Nelson – Qual o seu conceito sobre os médicos de mercado?

Marcos Luna – Lamento a mentalidade de que o profissional de medica não tenha um limite nos seus honorários, e imagine desde a sua graduação que ele pode ficar milionário. Estou convencido que o médico deve ter duas opções básicas: uma carreira de Estado, atuando no serviço público, com bons salários, em progressão funcional, como os juízes e burocratas da fazenda pública. Aquele que optar pela sua pratica liberal ou particular deverá ter o escrutínio da ética do Conselho de Medicina, para exercer a práxis com os ditames da boa medicina, humanista e atualizada com os avanços científicos. Claro, auferindo honorários dignos para sua sobrevivência e de sua família.

Antonio Nelson – A Revista Carta Capital, – Edição 732 -, com matéria de Capa: OS SERVIÇAIS O Brasil tem o maior número de empregados domésticos do mundo e desenvolve inéditas modalidades de servilismo. Há uma Salvador muito conservadora e reacionária, onde o servilismo se naturalizou?

Marcos Luna – Esta questão nos remete a uma percepção sociológica muito flagrante nos dias atuais: o racismo étnico e a discriminação ainda decorrente de um período escravagista, desde a colonização portuguesa, não superada, mas escamoteado por discursos pseudo-liberais e oportunistas… Em Salvador, metrópole quase absolutamente negra, esta constatação é inescapável aos olhos daqueles que enxergam as desigualdades econômicas e iníquas prevalentes desde sempre. O servilismo alcança as classes médias “aburguesadas” perante o predomínio de uma elite econômica – “europeizada” esbranquiçada – no controle da produção e industrial-comercial e agrária do estado da Bahia. A atitude da polícia baiana no combate a marginalidade, destacada como de “preto-pobre-popular”, revela “de novo” o arraigamento quase atávico do preconceito de classes persistente, nada obstante alguns avanços na política de repressão ao crime, a partir de uma nova orientação do governo federal.

Antonio Nelson – Na mesma Edição acima, na página 48 | O mundo sem vulgaridades | Nas sociedades civilizadas, ninguém faz outsourcing do próprio bebê ou do seu automóvel. A matéria mostra que no Brasil fazer outsourcing do próprio bebê ou do seu automóvel é chique. O senhor percebe isso no dia a dia em Salvador? Como o senhor analisa isso?

Marcos Luna – A classe média brasileira, um destaque para a alta burguesia, com suas elites exalando “o complexo de vira-latas”, todas as vezes que tem oportunidade de manifestar argumentos comparativos entre as suas circunstâncias tupiniquins e o seu convívio conspícuo com o “mundo desenvolvido”, desde há muito se orgulha desse hábito de alocar vantagens para o seu “dolce far niente” cotidiano. Claro que sempre à custa de uma mão de obra semiescravizada,  que visa os ajudantes caseiros, mais recentemente os serviços terceirizados – diaristas para limpeza, os deliveries etc. A  administração capitalista vem se adaptando as exigências trabalhistas para a equidade social, uma conquista das lutas sindicalistas nos últimos anos em nosso país. A terceirização se torna um expediente reacionário e iníquo no contexto da saúde e do mercado industrial e comercial, na medida em que precariza os direitos trabalhistas, trazendo o aviltamento salarial como um sucedâneo inescapável dessa mais valia capitalista contemporânea. Como diria ainda o nosso mestre Darcy Ribeiro, “as nossas elites são daquelas mais atrasadas do mundo ocidental”. 

Antonio Nelson – Em Salvador há também pessoas que só tomam o cafezinho ou se alimentam no terceiro piso (no andar superior) do Shopping Center porque elas consideram os andares inferiores como subclasse para saborear o aroma. Além disso, não desejam dividir o espaço com quem eles consideram inferiores sob a ótica deles. Um amigo que trabalha para um empresário na capital baiana me afirmou que seus patrões têm esse hábito. Nota-se isso com frequência?

Marcos Luna – A discriminação de classe social tem efeito pervasivo e constrangedor, como corolário daquela fundamentação histórica e econômica já referida anteriormente. O dado novo é que há uma “conscientização” mais disseminada de que o “racismo social” é proibido por Lei. Por conta disso cresce o número daqueles que tem receio de expressar os seus preconceitos e privilégios. Mas a prepotência, o “sabe com quem você esta falando” continua ainda na superfície dos discursos e reações das pessoas quando entram em disputas ou refregas familiares e preservação dos seus interesses.

Antonio Nelson – O senhor trabalha como médico-assistente no Hospital das Clínicas da UFBA (Universidade Federal da Bahia) há mais de 25 anos e tem convivência com os estudantes internos e residentes de medicina, e outras especialidades da área de saúde. Implementou o Laboratório de Transplante e Imunogenética no mesmo Hospital, além da Comissão de Transplantes Multidisciplinar e uma sessão Clínico Cirúrgica nesta especialidade. Muitas conquistas nesta área na Bahia?

Marcos Luna – Demos um salto significativo com a instalação do primeiro laboratório de imunogenética e transplante da Bahia. Fizemos os primeiros simpósios na área na UFBA, ao mesmo tempo em que qualificamos substancialmente a discussão sobre a transplantação de órgãos em nosso Estado. A reação dos hospitais privados e clínicas, com seus representantes e interesses dentro a da própria universidade dificultou, e ainda tem atrasado maiores avanços. A Bahia configura quase um vexame nacional quando presenta os seus números na área de transplantes, porquanto, eu diria, houve uma “espécie de abortamento” do nosso programa no Hospital das Clínicas. A resistência se deu ao nível da Escola Médica, onde predominavam algumas personalidades catedráticas com suas vaidades superando os interesses da instituição. Os embates travados também no nível da Secretaria de Saúde do Estado arregimentaram forças que dispersaram nossas motivações e conduções propicias para implementarmos um Programa Estadual e Federal de Trand´lante na Bahia.

Antonio Nelson – Existe pouco investimento para a pesquisa científica na Bahia?

Marcos Luna – Se compararmos com o Sudeste-Sul do Brasil, eu diria que sim. Mas já há uma Fundação do Estado – FAPESB – e o acesso aos recursos da CAPES e CNPq em Brasília estão mais factíveis de serem contemplados e geridos por projetos de pesquisas adequados a nossa realidade científica e médico-social.  Pós-graduação da FAMEB é uma das melhores avaliadas no ranking nacional, com uma razoável formação de mestres e doutores. O HUPES-UFBA tem vários grupos de qualidade na pesquisa básica e clínica, como imunoparasitologia e HIV-AIDS, cardiopatia, hipertensão, nefropatias, hepatopatias e em redução de danos por drogas tóxicas ilícitas.

Antonio Nelson – Quais suas preocupações quanto as política públicas de saúde? Quais ações de curto, médio e longo prazo que precisamos?

Marcos Luna – De maneira objetiva, o governo precisa implementar de modo cabal o SUS, seus corolários assistenciais e estruturantes do Sistema de Saúde Nacional. Faltam recursos. O Orçamento público federal para a saúde está muito aquém do exigido para a realidade do país, segundo as análises dos técnicos e especialistas. Parceiros do ato médico sentem isso no cotidiano da prática profissional. Um exemplo é a não aprovação do Plano de Carreira, Cargos e Salários de Médicos de Estado. A sub-remunerada dos procedimentos do SUS é uma proposta para a desqualificação e o desvio ético dos recursos… Os seguros de saúde não estão contemplando as classes médias, o que vai gerar uma demanda, e pressão social, sobre os serviços públicos, já defasados em quase todos os seus níveis.

Antonio Nelson – Qual o atual cenário?
Marcos Luna – De iminente colapso! Talvez esteja chegando o momento para o “salto qualitativo” e a instalação de novos paradigmas na administração da saúde pública em nosso país. O “lockout” nas urgências médicas, públicas e privadas, assinala que os governos vêm tergiversando… Mas não dão a resposta necessária, e já conhecida para o impasse orçamentário e administrativo na saúde brasileira.

Antonio Nelson – Há setores muito conservadores na Bahia que desejam o atraso da pesquisa científica no Estado? Quais são?

Marcos Luna – Não considero que esta perspectiva ultrapasse além dos interesses menores de alguns poucos, que se veem na defasagem científica e profissional. Seja pelo desalento pessoal e acadêmico, seja pelo cansaço dos anos… A roda da existência é implacável, o novo sempre vem… “Oh! tempo rei…” cantarola o poeta.

Antonio Nelson – Há uma promiscuidade entre o público e privado? Os médicos de mercado desejam a falência do setor público para ficarem ricos com as clínicas privadas?

Marcos Luna – A absoluta maioria dos médicos hoje tem vínculos públicos e privados. Trabalham de modo concursado, ou não, para alguma secretaria de saúde municipal, estadual ou federal, tem um contrato em hospital ou clínica privada. Alguns ainda exercitam o seu mister em consultório próprio, o que os levam a uma maratona de trabalho temerária para si e seus clientes. Ademais, estou convencido, desde os meus anos iniciais como médico-residente, que o médico deveria ter um vínculo público ou privado estável, com perspectiva funcional e suas garantias trabalhistas. Além da opção de exercer como um profissional liberal, se assim a sua especialidade o permitisse. O médico não deve ser um profissional que tenha a ambição de ficar rico com o seu oficio.

Antonio Nelson – Qual a responsabilidade dos cientistas? É preciso mais interesse na política?

Marcos Luna – São trabalhadores do conhecimento, com perspectiva tecnológica ou eminentemente teórica – na pesquisa básica – e quase sempre associados ao ensino e a uma instituição que lhes permitam transmitir a descobertas para o beneficio, ou não, da sociedade. Claro que sempre houve desvios éticos e políticos, aqui e lá fora, principalmente. A história da evolução da ciência não se separa dos interesses das nações, e dos grupos econômico-industriais predominantes. Vis a vis o Premio Nobel, sua concepção filantrópica e pedagógica, desde a confecção do TNT pelo seu descobridor. Como cidadão o cientista deveria ter sempre uma inserção na política, que não precisa ser partidarizada. Eu acho que muitos têm uma participação política e influência sociocultural. Acho que a ciência vem para transformar a realidade e a superestrutura do pensamento prevalente, seja nas mentes dos engajados na pesquisa, sejam nas mentes dos que se tornam consumidores de seus princípios colocados ao alcance da tecnologia nas sociedades. A neutralidade é uma “balela retórica” inventada pelos conservadores do status quo.

Antonio Nelson – Os cientistas se tornam ilhas diante da sociedade? Há um distanciamento enorme do povo. O quê é preciso fazer para que a criança tenha como referência um cientista?

Marcos Luna – Esta é uma imagem do passado. A “torre de marfim” dos cientistas foi derrubada pela mídia moderna, e pelo financiamento público e privado das pesquisas. Cada dia mais o cientista tem que justificar o seu trabalho, pois a competição é desenfreada por “budgets” advindos das empresas privadas na área da farmacologia-industrial, aparelhos de bioimagem, próteses vasculares e ortopédicas, cirurgias não invasivas, carros elétricos ou nitrogenados, armas não letais sofisticadas etc. A disputa por orçamento faz com que os cientistas divulguem seus resultados antes mesmo do término dos seus trabalhos para manterem o financiamento. A visibilidade dos laboratórios é tamanha nos dias atuais, que as revista eletrônicas saem antes dos papers. Atropelam-se por audiências nas revistas televisivas dominicais na TV Globo e na TV Record.

Antonio Nelson – Quanto à ética jornalística e o interesse público de meios de comunicação de massa da Bahia. Qual sua análise da cobertura da imprensa? A TV Bahia – afiliada da Rede Globo – vocifera ser líder de audiência, já a qualidade é secundária, há muita mentira e manipulação?

Marcos Luna –“A mídia em nosso Estado segue os ditames daquela praticada nacionalmente: apresenta um vazio político conservador-direita e sistematicamente critica o governo trabalhista de coalizão, com distorções factuais, interpretações neocolonizadas das ações econômicas levadas ao cabo pelo Lulismo-Dilma, acrescentando retificações e adversativas em suas manchetes…”. Aliás, essa tendenciosidade é trazida desde os tempos “varguistas”. A diferença se configura da seguinte maneira: o presidente Getúlio Vargas reagiu – ou ao menos tentou fazê-lo – ao convidar o Samuel Wainer para fundar um Jornal diário, destarte apresentar a versão jornalística do governo. O embate foi “sangrento”… Na minha leitura ele perdeu. Daí porque o Lula e a Dilma venham contemporizando. A tática governamental tem sido a de dissipar o impacto através das mídias alternativas, e da construção definitiva de uma acessibilidade nacional popularizada através da internet, e a aquisição das TVs a cabo. Ademais a queda do consumo e o impacto dos grandes jornais são flagrantes até mesmo nas metrópoles. Os governos apostam ainda na perda da credibilidade dos noticiosos como o JN et caterva, associando a convicção de que a sociedade esta se informando de modo diversificado e melhor.

Antonio Nelson – Saiu no site do Azenha – VIOMUNDO! Cebes denuncia:
Pacote de estímulo a planos privados de saúde é mais um golpe no SUS:
http://www.viomundo.com.br/blog-da-saude/saude/cebes-denuncia-pacote-de-estimulo-a-planos-privados-de-saude-e-mais-um-golpe-no-sus.html. Como o senhor vê isso?

Marcos Luna – Em artigo recente no jornal A Tarde, eu me referi as dubiedades do governo Dilma na saúde versus a questão do subfinanciamento, a sua discrepância perante o sistema privado, desde a queda da CPMF imposta pelo Senado Federal – leia-se os demotucanos. A assessoria parlamentar e técnica do governo Dilma tem apontado saídas que não interferem em prioridades orçamentárias da agenda desenvolvimentista atual. Fala-se a mancheia da necessidade de investimentos em infraestrutura do país, o que tem permitido ao lobby empresarial da construção civil e áreas afins, a manipularem a retórica de que o Brasil tem um custo levado, por conta disso. Por conseguinte, colocam a saúde pública com um custeio indesejável, que o estado brasileiro tem que minimizar. Caso contrário, a inflação retorna e o país para de crescer… Esta análise e perspectiva está contaminada por princípios  econômicos neoliberais, justamente aqueles que quebraram o país no (des)governo FHC, desclassificando o país para a décima quinta economia no ranking das nações capitalistas, considerando-se o PIB. A saída está no financiamento robusto do SUS e na implantação da carreira de Medico de Estado – entre outras medidas.

Antonio Nelson – Também saiu no site do Azenha – VIOMUNDO! Abrasco:
Proposta do governo para ampliar planos privados de saúde é engodo e
 extorsão < 
http://www.viomundo.com.br/blog-da-saude/saude/abrasco-proposta-do-governo-para-ampliar-planos-de-saude-e-um-engodo-e-uma-extorsao.html >. Estamos em estado de alerta diante disto?

Marcos Luna – Asseverando o que afirmei acima, ao estabelecer uma carreira de estado para os médicos, o mercado terá um balizador de qualidade na prestação de serviços de saúde, com impacto na prestação dos serviços e seguros privados. O subsalariamento dos profissioinais da saúde passa pela competição exploratória dos mesmos, desde a formação em escolas “fábricas” de médicos e enfermeiros, sem a preocupação com os resultados epidemiológicos necessários a saúde publica nacional. As classes média e alta estão entrando no ‘purgatório’ das urgências não atendidas ou muito mal atendidas dos hospitais e clínicas conveniadas. Quem sabe está começando a superação do modelo atual…

Antonio Nelson – Quais suas perspectivas para os próximos 10 anos para a saúde brasileira?

Marcos Luna – Mudanças que tangenciam a estrutura de financiamento e organização do SUS. Os altos custos das tecnologias sem duvida terão que
serem absorvidos em parte pelas classes sociais em ascensão econômica e
política. Doutra parte os governos terão que revisar os seus orçamentos
para saúde, mormente a qualificação dos operadores dos sistemas.

  

*Antonio Nelson é jornalista.

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