Mercado vê 8,5% como “teto” para Selic

Mercado vê 8,5% como “teto” para Selic e juro futuro desaba na BM&F


Do Valor Econômico


A frase mais comum no mercado de juros nesta sexta-feira é a seguinte: “o governo não iria arcar com o ônus de mudar a poupança para fazer um corte moderado da Selic”.


Com isso, taxa básica de juro a 8,5% virou “teto” das expectativas. As taxas futuras já colocam no preço Selic a 8%. E algumas casas de análise acreditam em taxa básica entre 7,5% e 7,75%.



……Refletindo esse cenário as taxas futuras de juros desabam na Bolsa de Mercadorias & Futuros (BM&F) e toda a curva de vencimentos faz novas mínimas históricas. “Não dá para lutar contra esse fluxo vendedor”, diz um estrategista.


A queda acentuada das taxas também gerou uma série de “stops” de comprados (aquele que ganha com a alta das taxas). O comprador chegou ao seu limite de perda e foi obrigado a mudar de posição. Com isso, a pressão de baixa sobre os vencimentos aumenta.


Nas mesas, os operadores apontam que um grande banco nacional, que vinha defendendo posição comprada, está entre os “stopados” do dia.


Além da alteração da poupança, que tirou um limitador para a queda da Selic, o movimento de baixa encontra respaldo na acentuada piora de quadro externo.


Nos Estados Unidos, a criação de empregos decepcionou em abril. E na zona do euro as preocupações com a Espanha voltaram a aumentar depois que sete regiões do país tiveram seus rating rebaixados.


“O BC acertou e continua acertando com relação ao quadro externo. Certamente isso continuará sendo destacado em sua comunicação oficial”, diz um gestor.


Mas tanto o estrategista quanto o gestor demostram preocupação com a inflação em 2013. A inflação implícita nos títulos do Tesouro atrelados ao nível geral de preços (NTN-B) em quase todos os vencimentos está acima de 5,5%.


 “Vamos testar patamares muito baixos de juros, com uma inflação não tão baixa assim”, diz o estrategista, lembrando que embora o mercado “compre” essa estratégia do Banco Central (BC) no curto prazo, continua projetando uma alta de mais de 1 ponto percentual na Selic em 2013. “Se a confiança fosse maior, esse prêmio teria de ser menor.”


De acordo com o gestor, a preocupação com os preços em 2013 existe, mas não é hora de colocar isso no “preço”, ou seja, não tem como montar uma posição comprada em juros esperando que as taxas vão subir. “Esse não é o momento. O risco de ser esmagado é muito grande”, diz.


Considerando a inflação projetada em 12 meses do último boletim Focus, de 5,53%, encontra-se uma taxa de juro real de 2,32%, nova mínima histórica.


Por volta das 16h15, antes do ajuste final de posições na Bolsa de Mercadorias & Futuros (BM&F), o contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) com vencimento em junho de 2012 apontava estabilidade a 8,74%. Julho 2012 projetava 8,51%, baixa de 0,02 ponto. E setembro de 2012 caía 0,13 ponto a 8,27%.


Entre os vencimentos de médio e longo prazos, janeiro de 2013 mostrava baixa de 0,15 ponto, a 7,96%. Janeiro 2014 apontava baixa de 0,24 ponto, a 8,28%. Janeiro 2015 recuava 0,30 ponto, a 8,85%. Janeiro 2016 tinha baixa de 0,32 ponto, a 9,30%. Janeiro 2017 perdia 0,33 ponto, a 9,54%. E janeiro de 2021 projetava 10,10%, desvalorização de 0,32 ponto.


Até as 16h15, antes do ajuste final de posições, foram negociados 2.388.837 contratos, com giro financeiro de R$ 214,64 bilhões (US$ 111,73 bilhões), alta de 6% sobre o pregão anterior. O vencimento mais líquido do dia foi o julho 2012, com 610.763 contratos negociados e giro de R$ 60,29 bilhões (US$ 31,38 bilhões).


(Eduardo Campos | Valor)

Luis Nassif

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