A classe operária vai ao paraíso, por Roberto Setton

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por Roberto Setton, para Jornalistas Livres

A classe operária vai ao paraíso

De repente, sirenes e luzes vermelhas.

O que era som distante agora invade os ouvidos.

Retiram-se mesas, fecham-se portas, toma-se um último gole.

A Oscar Freire fecha.

E a chuva cai como se quisesse lavar a alma daquela pequena multidão que não era para estar ali, mas estava.

Em meio a fotos e manequins vendendo sonhos e mimos exclusivos.

Ali estavam.

Entre risos e raivas, deslumbre e frustração, diziam sem palavras.

Eu também quero!

Eu também tenho direito!

Eu também quero!

Eu também tenho direito!

 

E a chuva caia cada vez mais forte.

Só para mostrar quem manda.

Subir a Augusta, não a 120 por hora, mas sim a passos rápidos e decididos.

Uma alegria vigorosa e barulhenta toma a Augusta, ou será o contrário?

A vigorosa e barulhenta Augusta contagia quem por ela passa.

A chuva dá uma trégua.

Eu também quero!

Eu também tenho direito!

Eu também quero!

Eu também tenho direito!

 

Finalmente a Paulista

A avenida de todos, de todas as manifestações.

Ali, Elvira de Oliveira, 75 anos, desfila seu vestido florido, suas rugas profundas, e sua energia de jovem que veio andando desde o Largo da Batata.

Integrante do MTST mora na Vila Nova Palestina em Embú Guaçu.

 

Valeu a pena andar tanto?

“Tomara que sim, que em nome de Jesus eu alcance o que eu quero.”

E o que você quer?

“Uma casa para morar”.

Abril de 2015.

Começo do século XXI.

Como será o século XXI?

 

Social e economicamente inclusivo ou ainda mais exclusivo?

Ecologicamente sustentável ou cada vez mais predador e destrutivo?

Ao jovem de toda classe social será oferecida educação de qualidade, lazer, esporte e cultura ou será ele tratado com repressão, violência e descaso?

Resolveremos nossas diferenças baseados em tolerância ao próximo, debate de idéias e respeito a decisões democráticas ou em intolerâncias, radicalismos e desrespeito ao que foi decidido democraticamente?

Usaremos a justiça em prol de todos ou em prol de grupos privilegiados e mais fortes economicamente?

Muitas perguntas, poucas respostas, século começando, tudo em polvorosa, não é simples, é complexo.

 

Afinal.

Eu também quero!

Eu também tenho direito!

Eu também quero!

Eu também tenho direito!

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Redação

7 Comentários

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  1. Oportuna a presença do MST
    Esse pedaço de São Paulo mora muita cabeça pensante sobre como gastar dinheiro sem dó. E trabalha muita gente pra esses. Quem sabe uma boa alma os ajudem a esclarecer as idéias sobre justica social, por que o PiG não diz isso pros ricos, Então é bom que saibam através do corpo a corpo. Pobre e rico
    REFORMA POLITICA JÁ!

  2. A classe operária vai ao paraíso

    Reportagem formidável. Pena que poucos tenham a garra de Dona Elvira, mulher de fibra tirada do anonimato.

    Aproveito para recomendar aos leitores do blog que assistam ao filme “A classe operária vai ao paraíso”. Vale a pena.

  3. Pois é, e essa mania

    Pois é, e essa mania irritante desses bares por mesa na calçada? Isso pode? Onde moro temos que andar na rua por que tomaram um belo pedaço da calçada, inclusive fechando com um toldo, o dia todo, a noite então, colocam mesas até na rua, um inferno.

  4. É isso!

    A palavra de ordem é essa:

    – Eu também quero, eu também tenho direito!

    Demorou tanto para sintetizar algo tão simples:

    – Eu também quero, eu também tenho direito!

    Que tomem o Leblon, o baixo e o alto, a Savassi, Boa Viagem, a Ponta Verde e o Aldebaran  aqui em Maceió, os bairros chiques de norte a sul do Brasil, porque todos e todas também querem e têm direito.

    Com alegria e sem violência, com a certeza de quem exige o que é certo, porque querer e ter direito são pontos pacíficos. Agora, se vierem com preconceito e ignorância daqueles que fazem seifles com PMs brancos e bonitos, é botar mais gente na rua porque democracia eles não aguentam, se cagam de ódio, um ódio que no fundo é puro medo.

    Naquilo que é mais necessário dizer, descobriram a palavra de ordem:

    – Eu também quero, eu também tenho direito!

    Fácil de dizer, fácil de gritar e gostoso de repetir nos Leblons e OscarFreires, basta sair do sofá.

  5. Eu também quero!
    Eu também

    Eu também quero!

    Eu também tenho direito!

    Eu também quero!

    Eu também tenho direito!

    …………

    O que esta disposto a fazer para ter o que você quer?

    Roubar, assaltar, matar, invadir, depredar?

    Não, então vamos conversar e construir junto uma solução.

    Sim, então não tem como dialogar. 

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