À plateia agressiva, Haddad fala sobre democracia e problemas da cidade

Patricia Faermann
Jornalista, pós-graduada em Estudos Internacionais pela Universidade do Chile, repórter de Política, Justiça e América Latina do GGN há 10 anos.
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Jornal GGN – O prefeito de São Paulo, Fernando Haddad, participou de uma sabatina promovida pela CBN, neste sábado (24). Na ocasião, tanto o prefeito, quanto o secretário municipal de Direitos Humanos, Eduardo Suplicy, foram hostilizados, com frases como “comunistas, vão estudar” e “aqui é a terra dos coxinha”. Apesar dos ataques, Haddad manteve-se com equilíbrio, respondendo a todos os questionamentos.
 
Mesmo diante da platéia intolerante e agindo reiteradamente com agressividade, Haddad não se intimidou quando perguntado sobre as denúncias que envolvem membros do seu partido, o PT. O prefeito falou do orgulho da militância que fundou o Partido dos Trabalhadores e afirmou que é característica das instituições democráticas também ter membros que passam por problemas. Exemplificou que até a Igreja Católica com as ações do Papa Francisco sofre dificuldades.
 
“O Papa Francisco está tendo dificuldades para sanear a igreja Católica. E quem imagina que você tem um partido, um único partido que não tenha pessoas problemáticas nas suas fileiras está completamente equivocado a respeito das instituições, completamente”, disse.
 
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A carona é livre
 
Pautas polêmicas estiveram entre as perguntas. Para aqueles que defendem o livre mercado no setor de transporte público, Haddad enfrentou e disse que o modelo proposto por alternativas, como por exemplo o Uber, não funciona. “O Plano Nacional de Mobilidade diz que toda atividade comercial envolvendo transporte é passível de regulamentação. Então não adianta o Uber querer o livre mercado aqui porque traz prejuízo para a cidade. A gente sabe o que acontece com o livre mercado na área de transporte”, afirmou.
 
Questionou sobre como um modelo de Uber seria regulamentado, Haddad anunciou 5 mil novos alvarás que só irão funcionar em aplicativos para celulares, smartphones e tablets, “com a qualidade e o padrão desses existentes [atualmente]”, garantiu. Também adiantou que a prefeitura está estudando uma brecha no Plano Nacional de Mobilidade para o “disciplinamento de um outro serviço remunerado”, por meio de “taxis especiais regidos por aplicativos”.
 
Independente do modelo discutido de transporte público, lembrou: “A carona é livre. Se não for um serviço remunerado, vai ser bom para a cidade. Se as pessoas compartilharem seus carros, tanto melhor”, defendeu.
 
https://www.youtube.com/watch?v=Kvdc53a6PjY height:394]
 
Nesse tema, Haddad explicou como funcionava o sistema de outorga e alvará para taxista, e disse que “a vista grossa acabou”. “Nós privatizávamos um direito que é da prefeitura, pelo sorteio gratuito. Acabou, agora o sorteio é mediante pagamento de outorga (…). “Nós não vamos admitir que alguém se aproprie do que é de todos os ouvintes aqui”.
 
“Quer dizer, a prefeitura vai ganhar em cima disso, né”, disse a repórter da CBN. “O cidadão vai ganhar, Fabiana”, retrucou. “Não é justo que uma coisa que tenha valor, pelo qual as pessoas estão dispostas a pagar, seja privatizado. E o município que tem investimentos a fazer perca esse valor fazendo as vistas grossas, fingindo que não ia ser transferido uma coisa que tem valor de mercado”.
 
https://www.youtube.com/watch?v=ii3sCvJtnSU height:394
 
Metas em números
 
Uma das conquistas mais noticiadas da prefeitura de São Paulo foi a redução da velocidade de pistas, que já gerou resultados positivos nas estatísticas de mortes de pedestres por acidentes de carro. Haddad anunciou que as consequências irão se propagar para os motociclistas. “No primeiro semestre, nós devemos atingir 250 mortes a menos”, afirmou.
 
[video:https://www.youtube.com/watch?v=hXn9DQDIMno height:394
 
O gestor retomou outro obstáculo para as cidades brasileiras: o lixo. Os dados da capital paulista são únicos: 40% de 20 mil toneladas por dia são retiradas das ruas, jogadas pela população. “Não conheço nenhuma cidade do mundo que 40% do resíduo sólido é varrido na rua”, disse Haddad. 
 
O prefeito ainda anunciou que até o ano que vem, a coleta seletiva de São Paulo será universalizada. “Já estamos em 85 distritos, vamos chegar a 96 distritos no ano que vem. Não vai ter rua de São Paulo sem coleta seletiva”, completou.
 
[video:https://www.youtube.com/watch?v=_il0m8d2G0s height:394
 
 
Patricia Faermann

Jornalista, pós-graduada em Estudos Internacionais pela Universidade do Chile, repórter de Política, Justiça e América Latina do GGN há 10 anos.

36 Comentários

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  1. Tanto aqui como em Brasilia a

    Tanto aqui como em Brasilia a direita golpista monta uma inquisição sem Torquemada, este, superado por aecio e cunha.

  2. Realmente São Paulo é a “patria dos coxinhas”,

    por que gritar “”comunistas, vão estudar”  para um professor da USP e outro professor aposentado da FGV São Paulo é bem do “nível” dos comentários dos trolls diversos e variados (pelo menos no “nick”) que passam pelo nosso blog com maior frequência desde 2013…

    1. CORRETISSIMO  dois politicos

      CORRETISSIMO  dois politicos academicos preparadissimos  inatacaveis(pena que o Suplicy insista em cantar)

      agredidos por um bando de imbecis

      Mas  Nosso prefeito e um dos melhores quadros da esquerda no momento  A MIDIA O MINISTERIO PUBLICO etc etc

      Continuarao a atacar e perseguir  NOSSO MELHOR QUADRO!!!!

    2. Mandar professores da USP e

      Mandar professores da USP e FGV irem prá Cuba estudar! O que é isso companheiro? Tô até ficando com pena desses “coxinhas” de São Paulo. Que nível!

  3. A prova do que sempre digo

    Direitistas são burros, não conseguem sair do raso de ideias, não sabem argumentar e vivem de frases feitas.

    O pior é que estão cada vez mais agressivos. Daqui a pouco a esquerdalhada reage e senta a mão nesses meninos mimados criados a toddynho e leite com pêra, e vai ser um deus-nos-acuda! Todos acusando a esquerda de intolerância e violência, mas convenientemente esquecendo a intolerância e violência deles…

    Uma das proezas da mídia e dos grupelhos de revoltados do facebook foi essa: desmoralizar e emburrecer a direita. Esse processo de desmonte das ideias e sobrevivência a base de frases feitas surgiu e ganhou força nas redes sociais, com todo apoio da mídia, que julgava estar massificando as ideias de direita. A direita emburreceu justamente com o que julga ser a sua maior arma.

  4. Show de bola do Haddad. Será

    Show de bola do Haddad. Será reeleito.

    Os próprios coxinhas são os maiores cabos eleitorais do prefeito.

    Quanto mais agressivos e intolerantes, e mostrando a carinha, melhor para todos.

    Toda a liberdade aos coxinhas e reaças. Deixem eles saírem ao Sol. 

    O povo precisa saber quem e como eles são. 

    A resposta será na urna.  Mais uma vez.

  5. …e por se noticiar a fala

    …e por se noticiar a fala do prefeito pra bacanas letrados pedalantes y pedestres na Vitrine Paulista, Marta de botox e tudo passou ontem, domingo de missa do santo dia de Frei Galvão, pela feira livre e adjacências destas franjas de periferia periféérica! sem fronteira conurbada com Cajamar e Jundiaí até Campinas… cumprimentou donas de casa, mendigos, curintianos e feirantes; afagou cães abandonados nas imediações da banca de pastel do popular japa; tirou fotos com a feirante dona de uma banca de bananas; cumprimentou a feirante negra trabalhando com o filho de cinco meses no colo, na banca de verduras e legumes do “alemão” que é seu marido; enfim, andou e passeou em meio ao sofrido povo galileu, sem seguranças ou cordões especiais de isolamento daqueles para petistas… Marta sentiu o cheiro do povo e do peixe de feira livre.

    Marta esteve lá onde o sofrido povo fiel está e vive e sobrevive e luta nas feiras livres da periferia perifeérica! sem-calçadas pelo pão nosso de cada dia…

    Haddad é um bom prefeito, um homem bom e justo, pero si, ainda busca seu Santo Graal no adiantado da hora, ainda busca o Bilhete Único premiado para alcançar a graça do CEU de Haddad pra dizer que é seu.

  6. A piada pronta ficou por

    A piada pronta ficou por conta do PSOL: a paneleira. Ouvi menos de 10 minutos da entrevista. Dava para se perceber que aquilo foi arapuca armada pela extrema direita. Mas mesmo nestes poucos minutos deu pra perceber que o nível de Haddad está alguns andares acima daquilo que a direita imagina que seja e dezenas de alndares acima do próprio nível real da direita.

  7. Eu não teria a mesma

    Eu não teria a mesma grandeza, o mesmo sangue frio.

    Mas o Haddad vai se firmando como o principal nome do PT para o futuro.

    Mais Haddads, Wagners e menos Mercadantes, Delcídios, Cardosos.

  8. Qual é o problema do Uber?

    Eu gosto muito do Haddad, mas não entendi o que ele quer dizer com “A gente sabe o que acontece com o livre mercado na área de transporte”. Por que criar uma escassez artificial no setor ao limitar o número de licenças? Se as licenças vão ser para veículos chamados por aplicativos, imagina-se que haverá vários apps diferentes, isso não é livre mercado também? Sem contar que já há respostas do STJ dizendo que não cabe aos municípios restringirem o funcionamento do Uber. Assim sendo, por que essa implicância toda? Percebo vários casos de pessoas ao meu redor que passaram a deixar os carros em casa e usar o Uber por sua conveniência, confiabilidade e preço competitivo, será que o prefeito não enxerga a satisfação que o público está tendo com o serviço?

    1. Você está vendo apenas o lado

      Você está vendo apenas o lado bom e útil da liberação deste tipo de prestação de serviço.

      O que o Haddad quis dizer com “a gente sabe o que acontece com o livre mercado na área de transporte” certamente remete às máfias de vans e ônibus clandestinos que dominavam o setor no início dos anos 2000. Nesse ponto, não há como negar os méritos de Marta Suplicy no combate a esse tipo de crime. O Uber precisa ser regulamentado e ponto final. Paris, NY e o resto do mundo já sabe disso, porém ainda não sabem como.

       

    2. Em Toronto a questão em

      Em Toronto a questão em relação ao Uber é a mesma e foi decidido pela cidade que vai ter regulação do serviço, como existe para os táxis.

  9. O prefeito Haddad é fundamental para o futuro da esquerda…

    O prefeito Haddad é fundamental para o futuro da esquerda e do PT. O que o Lula representou para a criação e consolidação do PT, Haddad pode representar a renovação e o futuro da legenda. O prefeito de São Paulo está indo muito bem, e com certeza vai alçar voos ainda mais altos. 

  10. Quanto mais coxinhas forem ao ataque limpo, menos

    coxinhas restarão…

    Vendo por este lado acho que excessos devem ser evitados, mas este tipo de discussão proferido sem prévio aviso deve ser permitido.

    No PT são poucos os preparados para tal argumentações.

  11. CBN e sua cria

    A plateia era agressiva porque é cria dessa nova midia. O que faz a CBN todos os dias, a não ser atacar gratuitamente o prefeito de SP? Sem ideia, sem propostas, sem visão de futuro. Apenas uma ideologida de classe tosca e muita ma-vontade. Uns tolos!

  12. fascistas e bandidos

    Eu acho que o Haddad precisa ficar atento a esse tipo de armadilha que vai cada vez mais ser feito.

    Não é o caso de não comparecer às entrevistas se bem que por mim os políticos do campo popular não deveriam dar boal para a mídia, que é mentirosa , abertamente partidária e hostil. Mas Haddad deveria ter divulgado esse evento para a militãncia.

    Eu mesmo se tivesse sido informado iria participar. E se visse na minha frente um grupo agressivo como esse iria certamente manifestar-me nos mesmos termos de modo a não deixar  aeles a impressão de que sua agressão ficaria sem consequência.

    Haddad tem que ficar esperto para não cair em armadilhas como essa, montada com certeza com o apoio da Livraira Cultura. Haddad pode participar de qualquer evento, mas deve tomar o cuidado para não cair em armadilhas, onde a violência pode descambar e chegar até a ameaçar sua integridade física, afinal quem nos agride são fascistas e bandidos.

    1. Penso a mesma coisa.
      Não

      Penso a mesma coisa.

      Não devemos ceder um milimetro para os reaças.

      Marcação cerrada.Se forem às ruas,vamos também.

      Se partirem para a ofensa,serão ofendidos.

      Respeito é bom e não custa caro.Mas…só respeito quem respeita.

  13. De que espaço de participação precisamos?

    Sobre o debate democracia x gestão, recomendo a leitura abaixo:

    http://www.brasil247.com/pt/colunistas/leopoldovieira/201812/De-que-espa%C3%A7o-de-participa%C3%A7%C3%A3o-e-di%C3%A1logo-entre-a-sociedade-e-o-governo-precisamos.htm

    LEOPOLDO VIEIRA

    Foi coordenador do monitoramento participativo do PPA 2012-2015 e do programa de governo sobre desenvolvimento regional da campanha à reeleição da presidenta Dilma Rousseff

    De que espaço de participação e diálogo entre a sociedade e o governo precisamos?

    21 de Outubro de 2015Compartilhe no Google +Compartilhe no TwitterCompartilhe no Facebook 

     

    Com defasagem de um mês, li a reportagem da Folha de S. Paulo “Sem propostas, maratona de Dilma no NE deixa rastro de descontentamento”. No início da matéria pode se ler que, supostamente, a presidenta não estaria conseguindo agradar empresários da região que mais deu votos a ela para garantir sua reeleição, em conversas após inaugurações de obras do Minha Casa Minha Vida, por exemplo.

    No início da crise política foi comum escutar, segundo a imprensa, que o ex-presidente Lula estaria a aconselhar a presidenta a viajar o País e falar com o povo. Talvez a iniciativa descrita pelo jornal tenha sido um ensaio disso. É interessante porque Marcos Coimbra, em diversos artigos ao longo deste ano, já alertara que o problema crucial da aprovação da gestão da presidenta Dilma dizia respeito ao não-esclarecimento do Ajuste Fiscal aos seus eleitores e, portanto, paira(va) neles um temor diante do futuro, mesmo sabendo estes o que dissera, em entrevista amplamente divulgada e recente, o filósofo Zigmunt Bauman: “só o Brasil tirou 22 milhões da pobreza. Mais ninguém”.

    Talvez tenha faltado ao antigo núcleo duro do governo perceber um elemento crucial que o V Congresso do PT já havia identificado sob a forma de autocrítica: faltou dialogar – nestes 13 anos – com os beneficiários dos programas sociais, pilares da assertiva do filósofo polonês. E no período em que a presidenta teria construído tal agenda descrita pela Folha, já estava em pleno vapor o Dialoga Brasil, com suas plenárias voltadas à participação social na elaboração do Plano Plurianual (PPA) 2016-2019.

    Por isso, tenho insistido que uma questão fundamental quanto ao diálogo social do governo nesta nova etapa da conjuntura é exatamente este público e o próprio Plano pode ser um eixo para isso, através de comitês populares (ou congênere) de monitoramento, sobretudo da sua Dimensão Estratégica, que narra o projeto e a estratégia de desenvolvimento em curso e para o período de vigência do PPA.

    Como sabemos, o enigma a se resolver no Ajuste é a equação do que fazer com a falta de retaguarda entre industriais e banqueiros para financiar o crescimento e a crise fiscal do Estado neste momento, devido aos esforços anteriores em superar esta equação e do baixo crescimento hodierno, impacto do agravamento da crise econômica do capitalismo mundial. Quem sabe esta gente humilde tenha propostas inesperadas a fazer ou, ao menos, lhes baste compreender o sincero e real esforço do governo. Isso não foi suficiente neste período que coincide a reportagem e o processo do Dialoga Brasil, mas pode ser reinventado.

    Os modernos conceitos de “liderança do futuro”, segundo a literatura disponível sobre isso, diz que é aquela que dá cabo de “conduzir um grupo de pessoas, influenciando seus comportamentos e suas ações, para atingir objetivos e metas de interesse comum desse grupo, de acordo com uma visão do futuro baseada em um conjunto coerente de ideias e princípios”. Muito se fala das dificuldades políticas da presidenta Dilma, no sentido de assumir a liderança inerente ao cargo que ocupa. A campanha de 2014 e o discurso que fez no 12o Congresso da Central Única dos Trabalhadores (CUT), demonstram que este atributo não lhe falta. Mas, pode faltar a uma vanguarda política uma consciência mais precisa do “savoir faire” (“saber fazer”) para como operacionalizar este diálogo com a base – hoje desconfiada – que elegeu a presidenta.

    Com a recomposição do núcleo duro do governo, a rediscussão da mensagem em torno do Ajuste com novos formatos para a participação social, inclusive em consonância com a estratégia do PT de transitar das “caixinhas” ao sistema democrático de planejamento e construir uma frente social a se enraizar nos locais de estudo, trabalho e moradia (ou seja, na base!) pode ganhar novo fôlego. Assim, no contexto de retração fiscal, quem sabe não é útil conversar com os beneficiários das políticas sociais para ouvi-los, passar confiança, esclarecimento. Isso pode ser a saída para afastar de vez qualquer fantasma de Impeachment, o que demanda sair dos 8% de aprovação. Daí, certamente, a confiança empresarial em relação ao Brasil e ao seu ambiente de negócios tende a aumentar junto. Ainda mais se, após conversarem com a presidenta téte-a-téte, este povo fosse chamado a participar das conferências nacionais programadas.

    A participação social não é apenas elemento indispensável para aproximar a democracia e a República, mas para tornar a democracia republicana por meio do uso da democracia participativa para a conformação de alianças e pactos sociais em torno de um projeto de governo, moldando as dimensões da governabilidade e da governança. É disso que precisamos para muito além de construir e incentivar a criação de novos espaços de participação por meio de encontros, fóruns, conferências e plataformas digitais. Mais do que a integração dos espaços presenciais e digitais de participação, o Brasil pode dar um passo em direção à conexão entre os espaços de escuta social e as expressões das escolhas estratégicas de governo, nos instrumentos concretos de gestão pública, como é o PPA. Isso é um “plus” qualificador à nossa democracia, uma vez que

    Fóruns regionais, setoriais, meios da internet etc já foram experimentados – com êxito – no primeiro mandato da presidenta Dilma e até nos pioneiros, nesta matéria, governo Lula. A maior prova de que esta é uma agenda que, ao invés de ter vindo para ficar, veio, outrossim, para semear passos adiante, é que seus conteúdos foram premiados em 2014 pela ONU com o prêmio máximo na área de gestão pública, através da experiência do Fórum Interconselhos, utilizado justamente para a escuta social na elaboração do PPA 2012-2015, que envolveu dezenas de milhares de brasileiros. Porém, como se sabe, o Brasil é um país extremamente rico, grande e diverso e a nossa ambição tem que ser transformar a coração valente em milhões de corações valentes.

     

  14. De que espaço de participação na gestão precisamos?
    Nassif, recomendo para o debate sobre democracia e gestão pública no Brasil de hoje:

    LEOPOLDO VIEIRA
    Foi coordenador do monitoramento participativo do PPA 2012-2015 e do programa de governo sobre desenvolvimento regional da campanha à reeleição da presidenta Dilma Rousseff
    O Enem não foi anti-“coxinha”, mas do tamanho do Brasil

    26 de Outubro de 2015
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    :
    “A persistência da violência contra a mulher” como tema do Enem revela uma escolha acertada do MEC, sobretudo em relação à fidelidade à Constituição do País, que assegura e prevê expansão de direitos e garantias com vistas a uma sociedade de democracia, liberdade, igualdade, equidade, bem-estar e laicicismo.

    Num momento em que grupos políticos tentam praticar uma “constituição paralela” de conteúdo distinto e, pior ainda, coerção à infração da “lei” também alternativa; ao mesmo tempo em que se arvoram a alterar a Carta Magna de modo a torná-la apenas referente às suas ideologias culturais e econômicas, a prova do Enem fez bem ao Brasil. Aqui, há uma legalidade vigente e a ela qualquer vontade deve estar subordinada, pois fora inspirada em dolorosos pactos sociais. Não foi apenas na Europa, EUA, Japão cuja história, se espremer, jorra sangue não só da repressão das elites contra o povo, mas do confronto amplo, geral e irrestrito por ampla cidadania.

    Muito mais do que falar em “castigo” a “machistas” e “coxinhas”, mais do que uma “vitória” de “petralhas”, o tema da redação do Enem demarcou este campo de força civilizatório: homens e mulheres do País devem saber qual o projeto constituinte de 88 e com ele se comprometerem a consolidar e avançar. Machismo, racismo, homofobia, ageísmo, eugenia, estado confessional, economia desregulada, tecnocracia, ditadura política, belicismo etc não compõem os valores de nossa Pátria.

    Não vejo o tema com paixão, mas, parafraseando Caetano, “ter sempre estado oculto quando terá sido o óbvio”. O ideal é que avancemos em sentidos como o dos próprio Estados Unidos, Rússia ou Argentina, que possuem narrativas gerais universalmente reconhecidas por suas cidadania, tal como símbolos e ícones nacionais.

    Ziraldo, Carlos Drummond de Andrade, Chico e Sérgio Buarque de Holanda, Paulo Freire são exemplos disso e, na verdade, nossas novas gerações precisam é de mais Vila-Lobos, Tropicalismo, Bossa Nova, Samba de Raiz na grade curricular. Celso Furtado, Raymundo Faoro, Gilberto Freyre, Abdias Nascimento, Caio Prado Junior, Getúlio Vargas com citações explicitas nos livros escolares. Narrativas que unam a Lei Áurea ao advento da Consolidação das Leis Trabalhistas (CLT) e da década de mobilidade social de Luiz Inácio; o ideário republicano do final do século XIX e início do XX com parte das reformas do Governo Provisório e do Estado Novo emersas da Revolução de 30, o modelo federalista de 88 com as revoltas e revoluções populares provinciais do Período Regencial, entre outras coisas.

    Nossa garotada precisa entender (e estudar muito) que Simone de Beauvoir e Karl Marx desta prova se unem a Friedrich Nietzsche e Kant como literatura política e filosófica mundial e patrimônio de toda a humanidade em sua saga para compreender sua significação, ao invés de uma suposta “doutrinação”, idiossincrasia de medíocres que querem moldar o Brasil a sua baixeza intelectual e humana.

    Para além, compreender as nuances, causas e efeitos da crise imobiliária dos Estados Unidos de 2007 ou o panafricanismo são essenciais para que brasileirinhos e brasileirinhas consigam, por si próprios, não só se situarem diante do que ocorre hoje no País e no mundo, crise econômica e política nacional incluída, como propor soluções como protagonistas de suas vidas e dos rumos da nação, razão pela qual somos uma democracia.

    O Enem cresceu a ponto de revelar para a mocidade a vastidão cultural e intelectual do Brasil e que haja, portanto, cada vez mais um efeito em cadeia, “súmula vinculante”, “repercussão geral” para as escalas abaixo do sistema educacional. Agora, porém, todavia, mais do que corte para o acesso à Universidade, tais valores têm que ser a prática do poder púbico em todos os níveis, inclusive na hora de reprimir anti-valores da Constituição e os que querem nos reduzir a um “Estado Islâmico” tropical.

    A propósito: Há um ano, comemorava com companheiros/as argentinos/as a vitória da presidenta Dilma. Ontem, Daniel Scioli não conseguiu vencer no primeiro turno as eleições argentinas. Lá, como aqui, a opção pela soberania nacional e pelo esforço estatal para proteger os pobres, trabalhadores e classe média da crise e especulação financeira tem um preço. Os jornais de oposição já começaram a apontar o dedo a Axel Kicilof, ministro da economia, que deve ter sido eleito deputado nacional.

    Mas, com exceção de Buenos Aires, o mapa provincial foi como o esperado, o peronismo conquistou a maioria absoluta no senado e será a maior força da câmara. Máximo Kirchner foi eleito deputado nacional.

    Lá, vamos pagar o preço das nossas escolhas, assim como pagamos aqui, com a linda vitória de Dilma. Assim como, provavelmente, lá eles terão que enfrentar terceiros turnos. Mas, como dizia o hino do MST, da luta do povo não nos cansamos. E lutaremos para inscrever esta época como luminosa – embora com erros e acertos – nos livros de História. Nesta época, “doutrinação” será querer enfiar goela abaixo dos futuros jovens que este lado buscava “ditadura gayzista, comunista…” e blá blá blá.

    1. Cultura política

      Antes de tudo, quero cumprimentá-lo pelo belo texto.

      Tenho algumas informações sobre a prova do ENEM, e sobre ele, muitos comentários positivos.

      Exatamente pelo que foi exigido dos candidatos, conhecimentos, todos eles fora do que a grande mídia escrita, falada e televisiva difundem de maneira que o expectador, leitor e ouvintes são “obrigados”  a engolirem um monte de desinformação, deformações dos conceitos políticos democráticos, deformação da nossa historia cultural, nossos grandes pensadores, artistas renomados, escritores, todos eles esquecidos propositalmente para semear a ignorância dos nossos jovens.

      Penso que a proposta do ENEM, que teve participação record, cerca de 31 milhões de inscritos, sacou uma maneira de fazerem os alunos e os seus mestres tanto das escolas privadas, bem como das oficiais, perceberem que de agora em diante eles terão que focar seus ensinamentos sobre o que o exame deste ano exigiu dos candidatos. Sem contar também com temas abordados que exigiram deles conhecimentos da história mundial e de seus grandes mestres pensadores.

      É o MEC e o governo federal correndo atrás do prejuízo, obrigando esse contingente de inscritos a se politizarem.

      Espero que essa grata ideia, um pouco tardia, ainda seja o melhor mecanismo para tirar do atraso esse monumental contingente de jovens que desejam ascender o ensino superior e lhe deem uma melhor formação política-social e humanística.

      Talvez em pouco tempo, sei lá, uns cinco anos, tenhamos uma população mais culta e que não fique refém dos fascista que finalmente saíram do armário para infernizar 12 anos de governo que se pretendeu progressista.

      Quem sabe possamos caminhar mais.

      Se esse foi o objetivo, acho que o caminho mais curto é esse.

  15. ERRATA

    Desculpe, errei de texto:

     

    LEOPOLDO VIEIRA

    Foi coordenador do monitoramento participativo do PPA 2012-2015 e do programa de governo sobre desenvolvimento regional da campanha à reeleição da presidenta Dilma Rousseff

    De que espaço de participação e diálogo entre a sociedade e o governo precisamos?

    21 de Outubro de 2015Compartilhe no Google +Compartilhe no TwitterCompartilhe no Facebook 

     

    Com defasagem de um mês, li a reportagem da Folha de S. Paulo “Sem propostas, maratona de Dilma no NE deixa rastro de descontentamento”. No início da matéria pode se ler que, supostamente, a presidenta não estaria conseguindo agradar empresários da região que mais deu votos a ela para garantir sua reeleição, em conversas após inaugurações de obras do Minha Casa Minha Vida, por exemplo.

    No início da crise política foi comum escutar, segundo a imprensa, que o ex-presidente Lula estaria a aconselhar a presidenta a viajar o País e falar com o povo. Talvez a iniciativa descrita pelo jornal tenha sido um ensaio disso. É interessante porque Marcos Coimbra, em diversos artigos ao longo deste ano, já alertara que o problema crucial da aprovação da gestão da presidenta Dilma dizia respeito ao não-esclarecimento do Ajuste Fiscal aos seus eleitores e, portanto, paira(va) neles um temor diante do futuro, mesmo sabendo estes o que dissera, em entrevista amplamente divulgada e recente, o filósofo Zigmunt Bauman: “só o Brasil tirou 22 milhões da pobreza. Mais ninguém”.

    Talvez tenha faltado ao antigo núcleo duro do governo perceber um elemento crucial que o V Congresso do PT já havia identificado sob a forma de autocrítica: faltou dialogar – nestes 13 anos – com os beneficiários dos programas sociais, pilares da assertiva do filósofo polonês. E no período em que a presidenta teria construído tal agenda descrita pela Folha, já estava em pleno vapor o Dialoga Brasil, com suas plenárias voltadas à participação social na elaboração do Plano Plurianual (PPA) 2016-2019.

    Por isso, tenho insistido que uma questão fundamental quanto ao diálogo social do governo nesta nova etapa da conjuntura é exatamente este público e o próprio Plano pode ser um eixo para isso, através de comitês populares (ou congênere) de monitoramento, sobretudo da sua Dimensão Estratégica, que narra o projeto e a estratégia de desenvolvimento em curso e para o período de vigência do PPA.

    Como sabemos, o enigma a se resolver no Ajuste é a equação do que fazer com a falta de retaguarda entre industriais e banqueiros para financiar o crescimento e a crise fiscal do Estado neste momento, devido aos esforços anteriores em superar esta equação e do baixo crescimento hodierno, impacto do agravamento da crise econômica do capitalismo mundial. Quem sabe esta gente humilde tenha propostas inesperadas a fazer ou, ao menos, lhes baste compreender o sincero e real esforço do governo. Isso não foi suficiente neste período que coincide a reportagem e o processo do Dialoga Brasil, mas pode ser reinventado.

    Os modernos conceitos de “liderança do futuro”, segundo a literatura disponível sobre isso, diz que é aquela que dá cabo de “conduzir um grupo de pessoas, influenciando seus comportamentos e suas ações, para atingir objetivos e metas de interesse comum desse grupo, de acordo com uma visão do futuro baseada em um conjunto coerente de ideias e princípios”. Muito se fala das dificuldades políticas da presidenta Dilma, no sentido de assumir a liderança inerente ao cargo que ocupa. A campanha de 2014 e o discurso que fez no 12o Congresso da Central Única dos Trabalhadores (CUT), demonstram que este atributo não lhe falta. Mas, pode faltar a uma vanguarda política uma consciência mais precisa do “savoir faire” (“saber fazer”) para como operacionalizar este diálogo com a base – hoje desconfiada – que elegeu a presidenta.

    Com a recomposição do núcleo duro do governo, a rediscussão da mensagem em torno do Ajuste com novos formatos para a participação social, inclusive em consonância com a estratégia do PT de transitar das “caixinhas” ao sistema democrático de planejamento e construir uma frente social a se enraizar nos locais de estudo, trabalho e moradia (ou seja, na base!) pode ganhar novo fôlego. Assim, no contexto de retração fiscal, quem sabe não é útil conversar com os beneficiários das políticas sociais para ouvi-los, passar confiança, esclarecimento. Isso pode ser a saída para afastar de vez qualquer fantasma de Impeachment, o que demanda sair dos 8% de aprovação. Daí, certamente, a confiança empresarial em relação ao Brasil e ao seu ambiente de negócios tende a aumentar junto. Ainda mais se, após conversarem com a presidenta téte-a-téte, este povo fosse chamado a participar das conferências nacionais programadas.

    A participação social não é apenas elemento indispensável para aproximar a democracia e a República, mas para tornar a democracia republicana por meio do uso da democracia participativa para a conformação de alianças e pactos sociais em torno de um projeto de governo, moldando as dimensões da governabilidade e da governança. É disso que precisamos para muito além de construir e incentivar a criação de novos espaços de participação por meio de encontros, fóruns, conferências e plataformas digitais. Mais do que a integração dos espaços presenciais e digitais de participação, o Brasil pode dar um passo em direção à conexão entre os espaços de escuta social e as expressões das escolhas estratégicas de governo, nos instrumentos concretos de gestão pública, como é o PPA. Isso é um “plus” qualificador à nossa democracia, uma vez que

    Fóruns regionais, setoriais, meios da internet etc já foram experimentados – com êxito – no primeiro mandato da presidenta Dilma e até nos pioneiros, nesta matéria, governo Lula. A maior prova de que esta é uma agenda que, ao invés de ter vindo para ficar, veio, outrossim, para semear passos adiante, é que seus conteúdos foram premiados em 2014 pela ONU com o prêmio máximo na área de gestão pública, através da experiência do Fórum Interconselhos, utilizado justamente para a escuta social na elaboração do PPA 2012-2015, que envolveu dezenas de milhares de brasileiros. Porém, como se sabe, o Brasil é um país extremamente rico, grande e diverso e a nossa ambição tem que ser transformar a coração valente em milhões de corações valentes.

     

  16. A Fox News é melhor

    Se todas as empresas de mídia, de todos os setores, fossem uma Fox News, o Brasil seria menos pior. Aqui, além do reacionarismo primário, da agressividade e hostilidade ostensivas, o complexo reacionário de mídia é entreguista. E golpista. Que eu saiba a Fox do Murdoch é nacionalista, e pelo menos por enquanto não patrocinou de cara lavada nenhum Golpe de Estado. O Haddad, o Pimentel, o Wagner, a Dilma e o Lula, mais o Suplicy, estão fora de contexto. São pessoas civilizadas, bem intencionadas, que trabalham pelos oprimidos, pela modernidade, pela emancipação. E pela Justiça Social. Neste país, é muito natural que sejam vistos como bandidos. Porque os facínoras aqui são pessoas de bem.

  17. É impressionante como a

    É impressionante como a platéia é cheia de raiva, e dá para ver comos as intermediáros gostam disso. O que a mídia está fazendo com o Brasil é igual quase que inimaginável. Inclusive, ela tem uma capacidade para contaminar a mente de promotores, policiais e juízes que é uma coisa impressionante.

  18. Este prefeito merece mais quatro anos,

    pois as soluções que vem adotando não dão muito frutos a curto prazo, e por isto mesmo sempre foram desprezadas pelos políticos que admistram a cidade pensando nos frutos  que pode colher antes da próxima eleição.  Quem vai plantar uma Sibipiruna ou um Pau Ferro, que levam anos para crescer e dar flores, se plantar uma Espatódea você tem um ótimo efeito em poucos anos, mesmo que ela se quebre toda ao primeiro vendaval?

    No entanto, devido a  políticas improvizadas as cidades brasileiras nos dão vergonha quando comparadas com as de outros países.  

  19. .. que paz ciência deste Haddad e do Supla pai…

    … com PIG ou sem PIG Haddad vence de novo… a direita mediocre ta de ruim pra pior… em 2018 na boa mas Lula vai sambar com o povo…

  20. Gestor Moderno

    Haddad é um gestor moderno, está mudando São Paulo para melhor e devolvendo a dignidade aos paulistanos e pessoas que realmente gostam e se preocupam com a cidade.

    Ele está realizndo projetos que eram para ter sido implantados há pelo menos 3 décadas, mas que faltava coragem e iniciativa.

     

    O lema dele é verdadeiro: fazendo o que precisa ser feito. E não o que dá apenas voto.

     

    Aliás, ele está GOVERNANDO de verdade e não usando a Prefeitura como trampolim e latifúndio como fizeram o inútil do José Serra e sua cria, Kassab.

     

    Em suma: ele está trabalhando e não fazendo corriola, politicagem apenas. E isso é um divisor de águas na história política desse país.

     

    Haddad é o futuro político desse país: um gestor moderno e corajoso. Competência no Ministério da Educação, competência na Prefeitura, espero que um dia seja Presidente. Ele tem conteúdo e é muitíssimo preparado.

     

    Mas preparado que dinossauros como Alckmin, Serra e o acéfalo do Aecio Neves, por ex. Dá até pena compará-lo com essa turma.

     

    O fato de ir para o debate, não se omitir como fizeram TODOS OS SEUS ANTECESSORES, mostra a grandeza e serenidade de um administrador seguro e que não tem motivos para se esconder, pois suas realizações geram resultados visíveis e positivos para a cidade.

     

    Mais 4 anos para ele !

     

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