Brasil está entre os países que mais produzem, importam e exportam drogas

Patricia Faermann
Jornalista, pós-graduada em Estudos Internacionais pela Universidade do Chile, repórter de Política, Justiça e América Latina do GGN há 10 anos.
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Jornal GGN – A Junta Internacional de Fiscalização de Entorpecentes (JIFE ou, na sigla em inglês, INCB) lançou o Relatório Anual  nesta terça-feira (4), em Londres. No documento, o Brasil está entre as nações que mais produzem, importam e exportam substâncias psicotrópicas – aquelas que atuam no cérebro, como cocaína, anfetamina, álcool, heroína, etc –, ao lado da Austrália, Canadá, China, França, Alemanha, Índia, Japão, Holanda, Paquistão e Estados Unidos.

Em 2012, a cocaína apreendida no Brasil veio em maior quantidade da Bolívia, depois do Peru e em seguida da Colômbia. As apreensões de cloridrato de cocaína totalizaram, no entanto, 19,9 toneladas, 19% a menos do que no ano anterior.

A prevalência do uso de cocaína entre a população geral da América do Sul (1,3%) no ano passado é a terceira maior do mundo, depois da América do Norte e da Oceania (1,5% cada), e é cerca de três vezes a da média global (0,4%). De acordo com o UNODC, a prevalência no ano passado aumentou, particularmente, no Brasil, de 0,7% (população com idade entre 12-65) em 2005, para 1,75% (população com idade entre 16-64 anos) em 2011.

O tráfico ilícito e abuso de cocaína também aumentaram no Oriente Médio. As remessas chegam da América do Sul por vias aéreas e marítimas. No Iêmen, 115 kg de cocaína foram apreendidos de um contêiner enviado do Brasil. No Líbano, 13 kg de cocaína foram apreendidos em uma aeronave proveniente do Brasil, via Catar.

Dentre os países que enviaram mais de uma tonelada de cocaína para a Europa ocidental estão Equador (14,4 toneladas), República Dominicana (3,2 toneladas), Brasil (2,3 toneladas), Colômbia (2,3 toneladas), Peru (2,2 toneladas), Argentina (1,5 tonelada) e Chile (1,5 tonelada).

“O Brasil, com suas extensas fronteiras terrestres com todos os três principais países produtores de cocaína e um litoral extenso, além de ser um país de destino para grandes quantidades da droga, também oferece fácil acesso ao Oceano Atlântico para exportar para a África Ocidental e Central e de lá seguir para a Europa e outros países”, aponta o estudo.

Para o relatório, o governo brasileiro informou que o país não fabrica drogas sintéticas ilícitas. Elas seriam traficadas para o Brasil da Europa, muitas vezes em troca de cocaína.

Em 2011, o Brasil registrou a maior apreensão de MDMA (ecstasy) das últimas duas décadas (70 kg). Ao longo dos últimos 10 anos, a quantidade dessa substância apreendida no país era geralmente menor que 1 kg. Em 2012, o Brasil apreendeu 339 mil comprimidos de ecstasy e 10 mil unidades de anfetaminas.

Também no ano de 2011, uma série de países da América do Sul, incluindo o Brasil, Argentina, Chile, Colômbia e Uruguai, fez a maior apreensão de alucinógenos desde 2007. Em 2012, as apreensões, em particular de LSD, foram constatadas pelo Brasil (65 mil unidades), Chile (4.200 unidades), Colômbia (100 unidades) e Uruguai (2 mil unidades).

O problema das novas substâncias psicoativas também surgiu em países da América Latina. Há relatos de abusos de substâncias que incluem a cetamina e substâncias à base de plantas, como a Salvia divinorum, seguida de piperazinas, catinonas sintéticas, fenetilaminas e, em menor grau, os canabinóides sintéticos. O Brasil também relatou o aparecimento das substâncias mefedrona e DMMA (tipo de fenetilamina).

A maconha continua sendo a droga mais consumida na América do Sul, onde estimativas dão conta de cerca de 14,9 milhões de usuários com idades entre 15 e 64 anos no ano passado; 4,5 vezes o número de pessoas que usaram cocaína. De acordo com dados do Escritório das Nações Unidas sobre Drogas e Crime (UNODC), a prevalência do abuso de maconha aumentou de forma significativa na região nos últimos anos, particularmente no Brasil.

Ainda de acordo com o Relatório Anual, apenas um em cada seis usuários de drogas em todo o mundo – cerca de 4,5 milhões de pessoas – recebe o tratamento que precisa, a um custo global de aproximadamente 35 bilhões de dólares por ano.

O presidente da JIFE, Raymond Yans, observa que o investimento em prevenção e tratamento é uma “opção sábia”, pois pode levar a economias significativas em cuidados de saúde e custos relacionados com o crime, além de aliviar o sofrimento das pessoas dependentes de drogas e suas famílias.

Cada dólar gasto em prevenção pode economizar até dez dólares em custos posteriores para os governos. O relatório da JIFE revela disparidades regionais significativas na oferta de tratamento: na África, apenas um em cada 18 usuários críticos de drogas recebe tratamento

Já na América Latina, no Caribe e no Sudeste da Europa, um em cada 11 usuários é tratado, enquanto que na América do Norte esse número é de um em cada 3.

Acesse aqui todas as referências do relatório ao Brasil (em português).

Com informações de UNODC.

Patricia Faermann

Jornalista, pós-graduada em Estudos Internacionais pela Universidade do Chile, repórter de Política, Justiça e América Latina do GGN há 10 anos.

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