Cardeal critica agressão a menina adepta do candomblé por intolerância religiosa

Patricia Faermann
Jornalista, pós-graduada em Estudos Internacionais pela Universidade do Chile, repórter de Política, Justiça e América Latina do GGN há 10 anos.
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Da Agência Brasil

Por Isabela Vieira
 
A Arquidiocese do Rio de Janeiro recebeu hoje (19) a menina que levou uma pedrada na cabeça, por intolerância religiosa, no domingo (14). Acompanhada da avó Kátia Marinho e do babalaô Ivanir dos Santos, representando a Comissão de Combate à Intolerância Religiosa, ela recebeu a solidariedade do arcebispo do Rio de Janeiro, dom Orani Tempesta.
 
Segundo Ivanir do Santos, no Palácio de São Joaquim, zona sul do Rio do Janeiro, residência oficial do arcebispo, dom Orani reafirmou a posição da Igreja Católica contra qualquer forma de perseguição ou intolerância a adeptos de religiões como o candomblé e a umbanda. “Foi muito importante, uma manifestação pública, de preocupação para que o sentimento de ódio [que motivou a agressão] não avance”, disse o babalaô à Agência Brasil.
 

A avó, que testemunhou o ocorrido, conta que a menina foi agredida por um grupo de evangélicos. Os fiéis arremessaram pedras e xingaram ao identificar, por meio das roupas brancas das vítimas, que eram adeptos do candomblé. A família da garota está empenhada em fazer da agressão um símbolo contra o preconceito. No domingo (21), adeptos das religiões organizam uma passeata na Vila da Penha, às 10h, bairro onde a menina e adeptos do candomblé foram atacados.

Apesar de o Rio de Janeiro ter a maior proporção de praticantes de religiões afrobrasileiras (1,61%), segundo levantamento da Fundação Getulio Vargas, com base no Censo 2010, o estado também liderou as denúncias de discriminação religiosa em 2014, como mostra levantamento da Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República (SDH). Foram 39 ligações para o Disque 100 denunciando a intolerância. São Paulo, em segundo lugar no ranking , contabilizou 29 casos.

A professora aposentada da Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro, Denise Fonseca, que coordenou pesquisa sobre templos de religiões de matriz africana, acredita que por trás das agressões aos praticantes de religiões como o candomblé e a umbanda está a necessidade de religiões neopentecostais criarem um inimigo a ser combatido, para depois cooptar fiéis.

“Há um projeto de aliciamento de pessoas em estado de vulnerabilidade emocional ou material [por neopentecostais]”, disse. “Ao satanizar e trazer para dentro de suas igrejas, oferecendo o que chamam de libertação nada mais estão fazendo do que roubando adeptos”, destacou a professora.

Na pesquisa, entre 2008 e 2011, foram mapeados 900 templos religiosos de matriz africana no Rio e 450 queixas de intolerância. “São casos que começam com agressões verbais – filha do demônio e vai para o inferno, ou seja, uma satanização – e passam por agressões às casas religiosas, com pichações e depredações e até agressões físicas”, afirmou Denise Fonseca.

 

Patricia Faermann

Jornalista, pós-graduada em Estudos Internacionais pela Universidade do Chile, repórter de Política, Justiça e América Latina do GGN há 10 anos.

10 Comentários

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  1. Então nós temos

    Então nós temos coroinhas,padres,arcebispos, bispos,cardeais, monsenhor e outrras denominações e até papa.

      Aonde está escrito essa hierarquia na Bíblia.?

        Jesus não disse nada disso.

               E temos tbm os autoproclamados bispos nas Igrejas evangélicas.

                 Qual seria o critério pra me tornar um bispo na Igreja Evangélca?

                E por que não sobem de posto pra cardeal e papa ?—nada impede.

                    Sem contar os que se autoproclamam Missionários.

                        Tudo gente boa !

  2. Cardeal critica agressão

    Ns cultos de hoje e ds proximos dias a orelha deste cardeal vai “esquentar muito”  vai ser assunto de pregações  sobre supostas perseguições aos “inocentes ungidos que pregam a intolerançia” , já até prevejo uma arrecadação extra de doações para financiar videos de desagravo aos iluminados que apenas apontam o “caminho verdadeiro” , vamos ter muita poluição sonora nos ouvidos,pois eles sempre se fazem de vitimas, agem tal e qual morcegos: Mordem e assopram , e vão em sua campanha para criar um aparthaid no Brasil , onde religiões afro e espiritas serão extintas na porrada, por bem ou por mal, vamos saber o que é viver sob um regime religioso.

  3. Há indícios de imposição à

    Há indícios de imposição à força de intere$$es. 

    Médium do Lar de Frei Luiz é encontrado morto em templo no Rio

    http://g1.globo.com/rio-de-janeiro/noticia/2015/06/medium-de-centro-espirita-e-encontrado-morto-em-templo-no-rio.html

     

    Jornais venderão, audiências se multiplicarão e no de$enrolar do$ acontecimento$ lamentavelmente outra$ barbárie$ acontecerão. PQP! E pensar que chegamos ao século XXI …

    1. MAIS INTOLERÂNCIA: MÉDIUM É ASSASSINADO NO RIO

      http://www.brasil247.com/pt/247/rio247/185621/Mais-intoler%C3%A2ncia-m%C3%A9dium-%C3%A9-assassinado-no-Rio.htm

      :

       

      O médium Gilberto Arruda, 73 anos, um dos mais antigos do Lar de Frei Luiz, foi encontrado morto na manhã de hoje, em Jacarepaguá, amarrado na cama onde dormia e com sinais de espancamento e um ferimento no braço; Lar de Frei Luiz, inaugurado em 29 de junho de 1947, é frequentado por pessoas do meio artístico e cultural da cidade, que ajudam e trabalham na obra espiritual da casa; é o segundo caso de intolerância religiosa no Rio de Janeiro; há dois dias, uma menina de 11 anos foi apedrejada por ser adepta do candomblé; ela foi recebida pelo prefeito do Rio, Eduardo Paes (PMDB)

  4. Um erro de alguns, intolerância consegue mais inimigos do…

    A maior parte dos políticos da oposição estão caindo numa armadilha montada por eles mesmo, a adoção de posições extremadas.

    Políticos que até pouco tempo mantinham uma posição discreta estão caindo num erro fantástico, estão juntando do outro lado todos aqueles que não seguem uma política de intolerância. Eles estão misturando homofobia, intolerância religiosa, intolerância política, perseguição de políticos de outros partidos tudo num pacote único, que quem não está dentro está fora.

    Pode-se constatar que nas redes sociais, em sites de direita tradicional, como o site da Globo, que o discurso de intolerância está enchendo o saco da maioria da população.

    Esta manifestação do Cardeal se solidarizando aos membros das religiões afro é uma indicação disto, agora provavelmente virão represálias dos pastores mais exaustados e levando consigo a bancada evangélica e outros políticos (como o presidente da Câmara) de roldão. Vários representantes religiosos evangélicos estão tomando partido contra esta histeria, pois estão cansados de serem identificados com os pastores pilantras que estão por aí. A redução da maioridade penal é outro exemplo, todo e qualquer pessoa de periferia sabe exatamente quem serão os presos com esta lei, e se refletirem um pouco ficarão contra a mesma. São tantos problemas que estão se juntando num só lado que eles estão ficando fragilizados.

    Deveria-se fazer uma Frente contra a intolerância em nome da paz, que teria somente uma exigência para qualquer um que não quer o discurso da intolerância em qualquer setor da vida brasileira, possa se associar a esta frente, seria realmente os do bem contra os do mal.

  5. INTOLERÂNCIA
    . INTOLERÂNCIA A religiosidade individualNão justifica o ódioNa interação socialDe quem se diz um sóbrioSeguidor de bons preceitosDentre os quais o respeitoÉ uma regra de convívioE quem se diz religiosoMas discrimina os outrosÉ adepto do extremismo. O extremismo se baseiaNa profunda ignorânciaDaquele que alardeiaQue o uso da intolerânciaÉ um método aceitávelPara cercear o inquestionável Direito à liberdade de crençaO extremista tem mente que oraE que em louvores adoraMas não tem mente que pensa. Nos livros sagradosHá milhares de conselhosSejam como santos ditadosOu como evangelhosQue têm em seu teorO exercício do amorComo base da relaçãoEntre os filhos do grande DeusQue nas entrelinhas escreveu:‘Sem amor não há religião’. Eduardo de Paula Barreto  . 

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