Contando os dias na parede, por Ricardo Mezavila

Em seu último ano, depois de enterrar o Brasil diante do mundo e de passar todas as vergonhas inimagináveis para um chefe de estado, Bolsonaro apostará todas as suas fichas no 'caso Adélio'.  

Contando os dias na parede

por Ricardo Mezavila

O governo Bolsonaro se esforçou e produziu o desemprego, a inflação, a pobreza e a fome. Aproveitou a pandemia para dar vazão aos seus instintos de crueldade e, deliberadamente, colaborou para que centenas de milhares de brasileiros partissem precocemente. 

Seus três anos de mandato foram pífios e voltados para o entreguismo de nossas riquezas, o esvaziamento das indústrias e do comércio, retiradas de direitos sociais, aparelhamento e militarização da justiça e das polícias, abandono dos incentivos à cultura, ciência e tecnologia. 

Dizem que, desde o início de seu governo, Bolsonaro não parou de fazer campanha, que não desceu do palanque. Acredito que o infeliz cidadão age como o velho deputado do baixo clero, catador de ‘chequinhos’ corporativos, miliciano e barão das rachadinhas. 

Em seu último ano, depois de enterrar o Brasil diante do mundo e de passar todas as vergonhas inimagináveis para um chefe de estado, Bolsonaro apostará todas as suas fichas no ‘caso Adélio’.  

Adélio foi o ator que interpretou o assassino trapalhão no episódio ocorrido em Juiz de Fora durante campanha para as eleições de 2018. Sem um arranhão, após tentativa de esfaquear o candidato cercado por seguranças, vive incomunicável em prisão incerta, sendo preparado para retornar no final da temporada para, mais uma vez, sensibilizar tia Célia. 

Mesmo tendo a tarefa quase impossível de reverter 60% de rejeição em nove meses, não podemos relaxar diante da máquina administrativa que financia notícias falsas, que conta com um núcleo duro na faixa de 20% do eleitorado, que mantém uma rede de jornalistas conspiradores, como Fernando Gabeira, palpitando todos os dias na mídia golpista. 

2021 terminou com o presidente ‘cagando e andando’ para as enchentes na Bahia. 2022 começou com o presidente sem poder, literalmente, cagar e andar. Podemos esperar de tudo nesses um pouco mais de duzentos e setenta dias para o primeiro turno das eleições. 

Ricardo Mezavila, cientista político

Este texto não expressa necessariamente a opinião do Jornal GGN

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