Direitos Humanos, da OEA, preocupa-se com situação no Brasil

Lourdes Nassif
Redatora-chefe no GGN
[email protected]

Jornal GGN – A Comissão Interamericanda dos Direitos Humanos (CIDH), órgão autônomo da Organização dos Estados Americanos (OEA),  manifestou por nota, em seu site,  preocupação com decisões tomadas por Michel Temer, presidente interino do Brasil, enquanto é avaliado o processo de impeachment da presidente eleita, Dilma Rousseff. Para a Comissão, as decisões de Temer representam um retrocesso e terão impacto negativo na proteção dos direitos humanos no Brasil.

A falta de representação feminina não é o único ponto levantado pela Comissão. Para eles, é igualmente preocupante que nenhum afrodescendente também esteja ali representado. Leia a nota a seguir.

da CIDH-OEA

CIDH manifesta a sua profunda preocupação com retrocessos em matéria de direitos humanos no Brasil

Washington D. C. – A Comissão Interamericana de Direitos Humanos (CIDH) expressa sua profunda preocupação com as decisões tomadas pelo presidente interino do Brasil, Michel Temer, que representam um passo atrás e terão um impacto negativo sobre a proteção e promoção dos direitos humanos no país.

A nomeação de um gabinete de ministros que não inclui nenhuma mulher ou qualquer pessoa afrodescendente, deixa excluída dos mais altos cargos do governo mais de metade da população do país. A última vez que o Brasil tinha um gabinete sem mulheres ministras foi durante a ditadura militar. A este respeito, o chefe da equipe de Michel Temer, Eliseu Padilha, disse aos jornalistas: “Em várias funções nós tentamos buscar mulheres, mas por razões que não vêm ao caso aqui nós discutirmos, não foi possível”. De acordo com o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada do governo federal brasileiro, os homens brancos, que ocupam todas as posições ministeriais no país, compõem 21,9% da população do país. Os grupos que foram excluídos do gabinete de Michel Temer, por sua vez, são mulheres (51,4%) e os homens que não são brancos (26,7%). Ademais, é alarmante a eliminação do Ministério das Mulheres, da Igualdade Racial e dos Direitos Humanos, que foi integrado como uma Secretaria dentro do Ministério da Justiça.

Além disso, a Comissão tomou conhecimento do anúncio do governo interino de reduzir os recursos destinados aos programas sociais de habitação, educação e combate à pobreza. A este respeito, a Comissão recorda o princípio da progressividade e não-regressividade em matéria de direitos econômicos, sociais e culturais. Em razão da obrigação de progressividade estabelecida no Protocolo de São Salvador, ratificada pelo Brasil em 1996, em princípio, o Estado está proibido de adotar políticas, medidas e sancionar normas legais, que sem justificativa adequada pioram a situação dos direitos económicos, sociais e culturais dos quais gozam população. A precarização e a piora destes fatores, sem a devida justificativa por parte do Estado, supõem uma regressão não autorizada pelo Protocolo.

A presidenta Dilma Rousseff, eleita constitucionalmente pelo voto popular, foi suspensa do cargo por 180 dias por decisão do Poder Legislativo, que deve votar, após este período, uma decisão sobre o afastamento de Dilma Rousseff de seu cargo de maneira definitiva. Na situação atual, a Comissão solicita ao Poder Legislativo que aja estritamente dentro do marco jurídico e com apego aos princípios do direito internacional dos direitos humanos. Nesse sentido, a Comissão recorda que o artigo 21 da Declaração Universal dos Direitos Humanos afirma: “A vontade do povo é o fundamento da autoridade dos poderes públicos: e deve exprimir-se através de eleições honestas a realizar periodicamente por sufrágio universal e igual, com voto secreto ou segundo processo equivalente que salvaguarde a liberdade de voto”.

A CIDH é um órgão principal e autônomo da Organização dos Estados Americanos (OEA), cujo mandato surge a partir da Carta da OEA e da Convenção Americana sobre Direitos Humanos. A Comissão Interamericana tem como mandato promover a observância dos direitos humanos na região e atua como órgão consultivo da OEA na temática. A CIDH é composta por sete membros independentes, que são eleitos pela Assembleia Geral da OEA a título pessoal, sem representarem seus países de origem ou de residência.

Lourdes Nassif

Redatora-chefe no GGN

2 Comentários

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

  1. Aguardemos a preocupação da

    Aguardemos a preocupação da mesma Comissão sobre os acontecimentos na Venezuela onde o presidente Maduro anunciou que a Assembleia Nacional deve desaparecer.

  2. Alguém esperava coisa

    Alguém esperava coisa diferente daquela raça maldita?

    http://www.brasil247.com/pt/247/mundo/233154/EUA-assumem-apoio-ao-golpe-parlamentar-no-Brasil.htm

    EUA assumem apoio ao golpe parlamentar no Brasil

    :

    Assim como apoiaram o golpe militar de 1964, os Estados Unidos agora apoiam o golpe parlamentar de 2016 no Brasil; o embaixador norte-americano na OEA, Michael Fitzpatrick, rejeitou nesta quarta (18) na plenária da entidade a posição de países membros como Venezuela, Bolívia e Nicarágua sobre o afastamento de Dilma Rousseff  e disse não há dúvida que no Brasil “há um claro respeito pelas instituições democráticas, uma clara separação de poderes, vigora o Estado de Direito e há uma solução pacífica das disputas. Nada disso se parece com o caso da Venezuela e essa é nossa preocupação”

    19 de Maio de 2016 às 05:30

     

     

    247 – Assim como apoiaram o golpe militar de 1964, os Estados Unidos agora apoiam o golpe parlamentar de 2016 no Brasil. O embaixador norte-americano na OEA, Michael Fitzpatrick, rejeitou nesta quarta (18) na plenária da entidade a posição de países membros como Venezuela, Bolívia e Nicarágua sobre o afastamento de Dilma Rousseff.

    Disse não há dúvida que no Brasil “há um claro respeito pelas instituições democráticas, uma clara separação de poderes, vigora o Estado de Direito e há uma solução pacífica das disputas. Nada disso se parece com o caso da Venezuela e essa é nossa preocupação”.

    Sua declaração vai de encontro com posição do secretário-geral da OEA, Luis Almagro, que já questionou diversas vezes a base jurídica do impeachment.

Você pode fazer o Jornal GGN ser cada vez melhor.

Apoie e faça parte desta caminhada para que ele se torne um veículo cada vez mais respeitado e forte.

Seja um apoiador