Em SP, morre principal testemunha de assassinato de catador

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Missa de Sétimo Dia de Ricardo Nascimento, na Catedral da Sé. Foto: Roberto Parizotti
 
Jornal GGN – Gilvan Artur Leal, morador de rua que era a principal testemunha do assassinato do carroceiro Ricardo Silva Nascimento, faleceu ontem (20) após sofrer um acidente vascular cerebral (AVC). 
 
Conhecido pelo apelido de Piauí, Gilvan tinha 52 anos, morava na região do bairro de Pinheiros e foi testemunha ocular do momento em que Nascimento levou dois tiros do policial militar José Marques Madalhano.
 
Leal era amigo próximo do carroceiro, e ele estava muito abalado durante o protesto pela sua morte. O padre Júlio Lancellotti, da Pastoral do Povo de Rua de São Paulo, disse que, durante uma cerimônia religiosa em homenagem a Ricardo, o morador de rua estava assustado e nervoso. 

 
“Ele tava muito abalado no dia do assassinato do Ricardo. No dia do protesto também tava muito mal, segundo os moradores ele passou a semana toda chorando, muito mal”, afirmou o artista plástico Mundano.
 
Para ele, a PM também é indiretamente responsável pela morte de Gilvan. “Ele ficou sem chão, já não tinha nada e perdeu tudo.”
 
Ricardo Silva Nascimento foi morto no último dia 12 após levar ao menos dois tiros à queima roupa na rua Mourato Coelho, por volta das 18h. Testemunhas disseram que ele foi baleado porque estava segurando um pedaço de madeira. 
 
Um transeunte que filmava a ocorrência disse que teve o celular retirado pelos policiais, que apagaram as imagens do aparelho. Outras pessoas também relataram ameaças por terem registrado o assassinato.
 
Testemunhas também disseram que o corpo de Ricardo foi colocado na viatura sem esperar a ambulância, e que as cápsulas dos disparos foram recolhidas da cena do crime.
 
Durante a missa de sétimo dia de Ricardo, Júlio Lancellotti afirmou que o catador representa milhares de pessoas vítimas da violência e que o ato deixa um recado: “Todas as pessoas têm o direito de viver”. 
 
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Redação

3 Comentários

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  1. Pena que não filmaram e

    Pena que não filmaram e divulgaram a missa realizada para o pobre carroceiro, vítima da selvageria de policiais truculentos. Lancelloti se empenhou muito para essa manifestação em favor dos invisíveis pela sociedade. 

    Agora, com a morte da principal testemunha, a impunidade aos assassinos será fortalecida, e eles, pra variar, ficarão ipunes, cometendo mais crimes contra inocentes e incapazes de se defender.

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