Escola do ataque armado, no interior da Bahia, foi militarizada após decreto de Bolsonaro

Patricia Faermann
Jornalista, pós-graduada em Estudos Internacionais pela Universidade do Chile, repórter de Política, Justiça e América Latina do GGN há 10 anos.
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Desde 2019, a escola foi uma das que adotou disciplina de colégios militares durante o governo Bolsonaro

Em 2019, Colégio Municipal Eurides Sant´Anna adotou disciplina militar – Foto: Prefeitura de Barreiras

Um estudante armado entrou na escola municipal Eudires Sant’Anna e atirou contra dois alunos, provocando uma morte, em cidade do interior da Bahia, Barreiras, na manhã desta segunda (26). Uma estudante que foi atingida, cadeirante, de 20 anos, morreu. A escola é de gestão compartilhada com a Polícia Militar.

Segundo a Polícia Civil da região, o jovem de 14 anos entrou na escola armado com um revólver calibre 38, duas armas brancas e aparentemente uma bomba caseira. Não há informações sobre a motivação do crime.

Escola pública militarizada

Desde 2019, a escola foi uma das diversas instituições públicas de ensino que passaram a adotar disciplina de colégios militares durante o governo de Jair Bolsonaro, metodologia estimulada pelo presidente.

Naquele ano, Jair Bolsonaro publicou o decreto Decreto 9.465/2019, que passou a “promover, fomentar, acompanhar e avaliar, por meio de parcerias, a adoção por adesão do modelo de escolas cívico-militares nos sistemas de ensino municipais, estaduais e distrital tendo como base a gestão administrativa, educacional e didático-pedagógica adotada por colégios militares do Exército, Polícias e Bombeiros Militares”.

Durante a gestão de Abraham Weintraub no Ministério da Educação, o então ministro anunciava um “Compromisso Nacional pela Educação Básica”, que objetivava instituir, até este ano, 2022, “27 Escolas Cívico Militares (1 por estado), totalizando 108 escolas até 2023, atendendo, aproximadamente, 108 mil alunos.”

“Política bélica”

O Colégio Municipal Eurides Sant´Anna, em Barreiras, onde ocorreu o ato nesta manhã, começou a adotar a disciplina dos colégios militares em maio de 2019, em convênio assinado pelo prefeito da cidade, Zito Barbosa (DEM), e coroneis e representantes da Polícia Militar.

Para a presidente do PT, o ato da manhã de hoje na escola no interior da Bahia é o reflexo da “política bélica de Bolsonaro”.

“Olha o que acontece com a política bélica de Bolsonaro. Um jovem entrou atirando numa escola da Bahia e uma aluna cadeirante morreu. Vamos acabar com essa liberação desenfreada de armas. Solidariedade à família da estudante”, escreveu nas redes.

Patricia Faermann

Jornalista, pós-graduada em Estudos Internacionais pela Universidade do Chile, repórter de Política, Justiça e América Latina do GGN há 10 anos.

3 Comentários

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  1. O império da estupidez dando seus macabros resultados.
    Não se pode promover a selvageria da força numa situação de rotina porque os únicos a ganharem são os demagogos e os abutres que lucram com falsas seguranças.
    Se a natureza humana já se inclina para a violência, naturalmente; estimulada, aí que tudo vira selva.

  2. Bolsonaro conseguiu implementar o mais bem sucedido curso profissionalizante da última década: adultos, adolescentes e crianças estão se tornando assassinos expedientes. Curiosamente, o MPF parece ter certificado e aprovado esse programa educacional.

  3. Apuracão mal feita. A militarização das escolas na Bahia ocorreu por determinação do governador Rui Costa (PT), em 2018, seis meses antes dele se candidatar à reeleição e vencer no primeiro. Desde então, 86 escolas foram militarizadas no estado até abril de 2022. A Bahia já tinha militarizado escolas quando Bolsonaro assinou o decreto. Tanto que Rui não aceitou a proposta dele pirque já tinha suas próprias escolas militarizadas. Série do site Meus Sertões, patrocinada pelo Itaú Social e Jeduca, conta bem essa história. https://www.meussertoes.com.br/2022/05/15/16940/

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