Polícia investiga outros estupros de anestesista em grávidas

Patricia Faermann
Jornalista, pós-graduada em Estudos Internacionais pela Universidade do Chile, repórter de Política, Justiça e América Latina do GGN há 10 anos.
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Mulheres relataram à polícia suspeitas de estupro do anestesista Giovanni em cesárias

Foto de Giovanni, postada por ele em suas redes sociais, no mesmo dia do estupro no Hospital da Mulher no domingo – Foto: Redes

A Polícia Civil do Rio de Janeiro investiga se Giovanni Quintella Bezerra, o anestesista que estuprou uma grávida durante a cesariana, no Hospital da Mulher de São João de Meriti, no Rio de Janeiro, estuprou outras mulheres em seus partos.

O noticiário brasileiro paralisou nesta segunda (12), com o episódio da mulher que foi estuprada por Giovanni Quintella Bezerra, que foi preso em flagrante, graças à preparação de um grupo de enfermeiras mulheres para comprovar que o crime ocorreu.

Enfermeiras gravaram vídeo

As enfermeiras e técnicas do Hospital da Mulher Heloneida Studart de Vilar dos Teles, na Baixada Fluminense, suspeitavam da quantidade de sedativo que o anestesista aplicava nas grávidas, e conseguiram gravar um vídeo para servir de prova para o flagrante.

Elas narraram que, ainda no domingo (10), o médico já havia participardo de outras 2 cirurgias em salas onde era impossível fazer a gravação. Na terceira, elas conseguiram trocar a sala, esconder o telefone e filmar o anestesista abrindo o zíper, e colocando o pênis na boca da grávida, inconsciente na maca, de um lado da sala, enquanto a equipe cirúrgica, formada por homens, realiza a cesariana do outro lado.

A violência dura cerca de 10 minutos e, no flagrante, Giovanni se movimenta pouco para que ninguém na sala perceba, termina, pega um lenço de papel e limpa a vítima.

Polícia investiga outros casos

Quando prendeu o anestesista, a perícia da Polícia Civil do Rio de Janeiro também recolheu uma gaze descartado pelo médico, com material biológico, e as drogas usadas para sedar a vítima.

Os episódios, contudo, não foram os únicos. Nesta mesma segunda (11), outras mulheres atendidas pelo anestesista foram ouvidas pelos agentes.

Barreira com lençol

Segundo reportagem do G1, uma testemunha, que teve cesária também no dia 10, relatou que o anestesista fez uma barreira com o lençol para impedir que qualquer pessoa pudesse visualizar a paciente do pescoço para cima.

Uma das enfermeiras relatou que o anestesista “arrumava seu espaço de trabalho de forma a criar barreiras que impediam a visão de todos os outros profissionais ali presentes, e ainda sedava as pacientes além do normal, deixando as mesmas inconscientes durante os procedimentos cirúrgicos, que eram os partos, tudo isso bem diferente de como atuavam outros médicos anestesistas”.

Quando ela percebeu que a paciente estava completamente sedada, perguntou ao médico sobre o excesso de medicamento, e ele respondeu: “Porquê? Você também quer?”.

“Ela veio suja, casquinhas secas, brancas”

Em outro relato, uma paciente disse aos investigadores que o médico mandou retirar o seu marido da sala, acompanhante da paciente.

Uma enfermeira narrou que, no parto dessa paciente, houve um descolamento da placa de bisturi, soando um alarme até que a placa seja aderida à pele da paciente, e ao ajudar a solucionar o caso, reparou que o médico estava próximo do rosto da paciente, com pênis ereto, escondido por baixo da roupa.

A mãe da paciente narrou, em reportagem à TV Globo, que “quando minha filha veio da mesa de cirurgia, ainda desacordada, ela veio suja”. “Percebi sobre o rosto e sobre o pescoço dela algumas casquinhas secas, brancas. Eu não sabia o que era. Achava que era algum medicamento que tinha entornado.”

Patricia Faermann

Jornalista, pós-graduada em Estudos Internacionais pela Universidade do Chile, repórter de Política, Justiça e América Latina do GGN há 10 anos.

1 Comentário

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  1. Que tipo de sujeito tem esse tipo de atitude? Será que seu perfil indicava alguma coisa nesse sentido?
    O poder que hoje os médicos desfrutam parece confundir-se com a absoluta impunidade.
    Ainda recentemente,bem recentmente,vimos muitos desses vestidos de branco receitando um remédio contra a COVID 19 que sabidamente não surtia efeito nehum.
    Talvez fosse o caso de médicos terem de passar por testes psicológicos para poderem exercer sua profissão.

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