IBGE: negros ganharam 57% do salário dos brancos em 2013

Enviado por rogeriobeier

Do blog Hum Historiador

Pesquisa de emprego do IBGE revela que negros ganharam, em média, pouco mais da metade dos brancos em 2013

O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgou nesta última quinta-feira (30) o resultado de sua pesquisa de emprego. Um dos resultados apontados pela pesquisa revela que trabalhadores de cor preta ou parta ganharam, em média, muito menos do que os indivíduos de cor branca no Brasil em 2013.

Segundo os dados da Pesquisa Mensal de Emprego (PME), do IBGE, um trabalhador negro no Brasil ganha, em média, pouco mais da metade (57,4%) do rendimento recebido pelos trabalhadores de cor branca. Em termos numéricos, estamos falando de uma média salarial de R$ 1.374,79 para os trabalhadores negros, enquanto a média dos trabalhadores brancos ganham R$ 2.396,74.

Embora essa desigualdade tenha diminuído nos últimos dez anos, ela continua bastante alta. Segundo dados retrospectivos do IBGE, desde 2003 os salários pagos a indivíduos de cor preta ou parda aumentaram, em média, 51,4%, enquanto o dos brancos aumentou uma média de 27,8%. Essa diferença observada nos últimos dez anos, fez com que a desigualdade de rendimentos médios recebidos por trabalhadores pretos e pardos em comparação com os mesmos rendimentos recebidos por trabalhadores brancos diminuísse apenas três pontos percentuais, saindo de 48,4%, em 2003, para os atuais 51,4% (ver pgs. 278-280 da pesquisa). Abaixo, disponibiliza a tabela retrospectiva dos valores médios reais recebidos por trabalhadores segundo a cor ou raça por regiões metropolitanas entre os anos de 2003 a 2013.

Tabela IBGE PME2013_rendimento medio negros e brancos

Tais indicativos são bastante eloquentes e mostram como a sociedade brasileira permanece clivada pelo preconceito e pelo racismo. Não parece exagero pensar que, para que ocorra uma mudança efetiva nessa situação, serão necessários décadas (talvez até um século), até que finalmente negros e brancos se equiparem salarialmente. Seguramente, o acréscimo desses três pontos percentuais na última década está relacionado com a política de transferência de renda e, também, a de valorização do salário mínimo implementada pelo governo Lula/Dilma na última década. Como se sabe, ações que não visam diretamente o aumento dos rendimentos de grupos de indivíduos de uma raça ou cor específica, mas que acabaram por atingir todas as pessoas que vivem com baixos rendimentos (um a três salários mínimos). Sendo os pretos e pardos maioria segundo esse critério, explica-se, em parte, essa pequena redução na desigualdade salarial entre brancos e negros. Contudo eu me pergunto: sem recorrer a ações afirmativas, será possível diminuir ainda mais essa enorme desigualdade em curto espaço de tempo? Quantas décadas mais de continuidade nas políticas de valorização de salário mínimo e transferência de renda seriam necessárias até que os salários de brancos e negros se equiparem? Ainda assim, é possível vislumbrar essa continuidade para as próximas décadas, imaginando as trocas de governo que deverão ocorrer?

AÇÕES AFIRMATIVAS

É justamente aqui que entra a efetividade de ações afirmativas como a instituição de cotas. É bastante provável que na próxima década, a diferença salarial entre brancos e negros será ainda mais reduzida graças a medida do governo Lula/Dilma em adotar o sistema de cotas raciais para o ingresso nas universidades públicas. Com as cotas nas universidades, uma barreira que praticamente impedia pretos e pardos da possibilidade de superar a condição de pobreza foi ultrapassada. Será justamente por conta das cotas que veremos, já nos próximos anos, mais negros ingressando em melhores condições no mercado de trabalho e alcançando maiores rendimentos. Sem a política da ação afirmativa, a barreira do acesso ao ensino superior de qualidade continuaria sendo um entrave, superado apenas por poucos indivíduos, mudando de forma quase irrisória a situação de pretos e pardos, quer no acesso a universidade, quer no aumento dos rendimentos. A questão que se faz agora é: devemos ampliar a política de ações afirmativas para outras áreas, como o acesso a empregos públicos, por exemplo?

Recentemente, um leitor do blog me questionava sobre a questão das cotas, posicionando-se contrário a elas por não acreditar que a sociedade trata de maneira distinta os indivíduos brancos dos pretos ou pardos. Para esse leitor, não há diferença entre um branco do que ele denominou “classe D” e pretos ou pardos pertencentes a essa mesma classe. Para esse leitor, portanto, se houvesse que se implementar o sistema de cotas no país, esse deveria levar em consideração critérios sociais, nunca raciais, pois se assim fizéssemos, estaríamos institucionalizando o racismo.

Ora, vê-se claramente que trata-se da repetição rasteira do discurso veiculado ad nauseam por intelectualóides como Demétrio Magnoli, Ali Kamel et al. Tentei argumentar que para analisar a condição atual dos pretos e pardos do país, não podemos nos furtar de olhar para o passado e entender como a sociedade brasileira se constituiu a partir de seu processo histórico, do qual é impossível deixar de lado a herança do escravismo. Indiquei textos de Sérgio Buarque de Holanda, explicitando o preconceito praticado no Brasil com base na cor, além da fala do Luiz Felipe Alencastro no STF, que esmiuçava a herança colonial na constituição de nossa sociedade, para ver se jogava um pouco de luz sobre essa ideia equivocada do leitor de que não há diferenças entre brancos e negros de mesma extração social no Brasil. Ainda assim, o caro colega preferiu manter suas ideias preconcebidas com base no modo como ele diz perceber a nossa sociedade (e na ideologia que lhe foi inculcada).

Tal como esse leitor, milhões de brasileiros, iludidos por um discurso veiculado incessantemente nos principais meios de comunicação, reforçam a ideologia de que vivemos em uma democracia racial, de que não existe racismo no Brasil e que qualquer tentativa de resolver as desigualdades estruturais verificadas entre negros e brancos com base em ações afirmativas trata-se, na verdade, de racismo. Cruel como todo discurso ideológico, ao desconsiderar os reflexos do escravismo no processo histórico de constituição da sociedade brasileira pós-abolição, na qual o preconceito e o racismo continuaram bastante presentes no quadro mental do brasileiro, pretende-se ocultar a reminiscência do racismo em nossa realidade cotidiana (perceptível até mesmo nos números oficiais produzidos pelo Estado). Cabe a nós, que conhecemos um pouco de história, ouvir criticamente o discurso e desconstruí-lo com base na maneira como se constituiu nossa sociedade através do tempo. Vamos continuar ouvindo esse discurso e seguir jogando para debaixo do tapete o quanto somos racistas no Brasil? Vamos desperdiçar outras oportunidades de arregaçar as mangas e exigir de nossos governantes que resolvam, o mais rápido possível, problemas vergonhosos como esse, no qual um trabalhador negro ganha, em média, pouco mais da metade do que um trabalhador branco? E tudo isso por quê? Só porque preferimos acreditar que não somos racistas? Ficam aqui as perguntas para que cada um reflita por si.

Redação

24 Comentários

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

  1. Dados e análise

    O grande problema é de análise, e não de conceitos. Não dou crédito a nenhum autor em específico, mas ao encadeamento epistemológico dado pelo autor. Não quero dar crédito a uma análise pela importância de quem escreve, ou usar de qualquer falácia lógica. Para isso, preciso de mais dados que justifiquem sua lógica. Retrospectiva elástica da realidade sociológica desde a abolição da escravatura(dados estatísticos e históricos justificando sua argumentação), argumentos que não fustiguem opiniões contrárias, mas procure demonstrar seu contraponto, e uma análise estratégica dos dados que antes de serem fixos e imutáveis, demonstram uma realidade economico-social que muito pode fugir do racismo apresentado. Não gostei do seu texto, fato. Acho que pode melhorar sua argumentação, ao invés de ridicularizar quem pensa contrário à sua linha epistemológica. Veja que muito pode ser feito no princípio isonômico e real, de que devemos tratar os iguais com igualdade, e desiguais com desigualdade. Cor não configura – fato – uma diferença dificultosa assim como uma deficiência, de forma que deveria-se praticar o princípio isonômico tratado constitucionalmente. Há sim uma diferença, e devemos tratar com investimentos em educação para que as pessoas entendam o que são diferenças, e até que ponto devem ser levadas em conta. Mas criar cotas e segregação, talvez – e digo talvez – não seja o melhor caminho. Concordo com o racismo? Não. Concordo com lei de cotas? Não. Agora dizer que quem possui uma análise distinta da sua pratica um racismo velado, não concordo.

    1. Base que o IBGE utilizou.

      Meu pensamento vão ao encontro do seu, Pietro Sanchini.

      Para as pessoas que leem sem se questionar nada do que fora escrito certamente dirá que você eu  e até mesmo a pessoa que foi ao encontro as ideias do dono do blogue não passaremos de loucos. 

      O que mais me irritou foi quando o sujeito fez-se valer de sua patente para menospreser e ridicularizar o que fora dito for seu interlocutor. Pobre homem.

      Gostaria de saber como o IBGE construi tal tabela.

  2. O racismo existe e é um

    O racismo existe e é um problema sério, mas feita a ressalva, chamou minha atenção a ausência de qualquer menção à escolaridade. Ora, é evidente que pessoas de maior escolaridade tendem a ganhar mais que as de menor, e a população negra ainda carrega esse peso.

      Lembro que ainda existem outros fatores. Por exemplo, na sociedade brasileira um caminho para um bom emprego ainda é o famoso QI. Considerando que as redes sociais (no sentido sociológico) de brancos e negros ainda se tocam muito pouco, isso conta a favor de brancos – sendo este um fator alimentado não necessariamente por racismo manifesto, mas até por um, digamos, racismo “inercial”: as redes sociais de brancos, ao menos no tocante a bons empregos, foram constituídas há mais tempo, e mesmo numa sociedade profundamente igualitária e não racista, partindo de uma base como a nossa, demoraria algum tempo para superar o QI e/ou as lacunas sociais entre brancos e negros.

      Em tese, isso justificaria ainda as cotas raciais em empregos públicos, mas há argumentos dos dois lados (contra e a favor).

  3. Tem que ver qual o criterio

    Tem que ver qual o criterio usado para definir alguem como negro né?

    Se for afrodescendencia esse numero salta para alguma coisa em torno de 110%

  4. Esse tipo de pesquisa é

    Esse tipo de pesquisa é daquele que se presta a mostrar razao a quem lhe encomenda

    Onde trabalho ha inumeras pessoas de varias cores e todas ( na mesma funçao ) ganham igual seja homem ou mulher…

    1. E, obviamente, partindo dessa

      E, obviamente, partindo dessa experiência singular, nada mais justo generalizar e refutar a pesquisa…. “jenial” o/

  5. O problema do ativismo é que

    O problema do ativismo é que visa o ganho politico e não ajudar quem supostamente defendem.

    Observe , se os pardos e negros ganham menos deve se ao fato do estado não dar educação de qualidade a estes.

    Não é uma questão de racismo, mas de falta de investimento na educação especialmente a educação básica.

    Como dar educação de qualidade custa muito caro e os resultados demoram,  mais facil é atribur e desviar o foco para a questão do racismo.

     

    1. Crise na educação como projeto

      Como já disse Darcy Ribeiro, a crise da educação no Brasil não é, na verdade, uma crise, mas sim um projeto. É evidente que a educação está na base do problema que faz com que pretos e pardos ganhem praticamente a metade dos rendimentos dos brancos. Acontece que, a maneira como o sistema de educação foi organizado no país, criou uma barreira que praticamente impede o acesso de pobres, em geral, e pretos e pardos, em particular, ao ensino superior de qualidade. Como se sabe, uma formação superior de qualidade é fundamental na determinação dos rendimentos de uma pessoa. 

      Como mencionei em meu post, sem a existência de políticas de ações afirmativas, como as cotas raciais para o acesso ao ensino superior, por exemplo, a barreira do acesso ao ensino superior de qualieade continuaria a ser um entrava, superado apenas por poucos indivíduos, alterando de forma quase irrisório a situação de desigualdade verificada entre pretos/pardos e brancos.

      Portanto, voltando à declaração de Darcy Ribeiro, a piora verificada na qualidade do ensino público a partir de meados do século XX em contrapartida à melhoria do ensino superior permite que observemos uma intencionalidade que atende grupos específicos de nossa sociedade. Grupos que pretendem conservar, o máximo possível, a desigualdade social e racial onipresente na sociedade brasileira. Grupos que pretendem reservar para si e para os seus as melhores vagas, seja na educação, seja no mercado de trabalho. Trata-se, mesmo, de um projeto, não de uma crise.

  6.   Sou contra critérios

      Sou contra critérios raciais, e mesmo participantes do movimento negro partilham dessa visão. Critérios sociais sim são mais justos, e é fácil de observar.

      1) É sabido que a maioria da população pobre é negra. Ora, se será beneficiada, não faz diferença se é por ser negra ou pobre, o importante é ser beneficiada – isso se chama “resgate social”.

      2) Obviamente ainda são casos excepcionais, mas há negros melhor posicionados na escala socioeconômica no país. Parabéns a estes, obviamente, por terem rompido diversas barreiras. Por outro lado, por qual motivo se justifica conceder benefícios a estes se (por mérito próprio) já conseguiram superar aquelas barreiras que a maioria não teve condição de romper?

      3) Seguindo na mesma linha, esqueçamos por um momento os brancos pobres, apenas para efeito de comparação, e pensemos o seguinte: é justo um negro pobre concorrer em pé de igualdade com um negro que já tem acesso a melhores condições de vida, melhor nível educacional, etc?

      4) O racismo puro e simples não se combate com dinheiro – isso, inclusive, seria o mesmo que justificar, por argumento reverso, o argumento negacionista de que não há racismo no Brasil, apenas “preconceito contra pobre”. Então diferença de salários entre brancos e negros que fazem a mesma atividade deve ser combatida com medidas trabalhistas, não medidas compensatórias. Além do mais, critérios socioeconomicos vão justamente beneficiar os que ganham menos, o que costuma acontecer com quem? Os negros! Logo, aqui volta-se ao meu ponto 3.

      5) O objetivo das medidas compensatórias não é “dar carinho”, é elevar o nível de vida de quem não teve, por vários fatores sociais, ultrapassar a barreira da pobreza. E não me venham falar em Merval: a questão é que critérios sociais são objetivamente mais justos.

    1. Acho que tudo isso pode ser

      Acho que tudo isso pode ser resumido numa coisa: no mercado de trabalho visualmente o negro é preterido por puro preconceito. O branco pobre não teve sua aparência marginalizada durante séculos, não teve que passar ferro no cabelo, nem comprar roupas melhores pra ser considerado gente. Sou negra e desde criança minha familia dizia que eu tinha que fazer 2 vezes melhor os que brancos fazem. E porque? Simplesmente por causa dessa ‘herança histórica’.

  7.  
    Caraca, esses dias eu

     

    Caraca, esses dias eu escrevi sobre isso por aqui. Não adianta, o descrédito é mútuo. Nem números as pessoas levam em conta. Se eles o desagradam, então só pode ser “encomendada”. A questão dos negros ganharem menos, falou bem o Aliança Liberal, vem de falta de educação de qualidade dada pelo Estado. Ok, parece um contrasenso o A. Liberal exigir o estado entrando com tudo, mas seguimaos em frente. Porém, a pesquisa do DIEESE já havia mostrado que mesmo entre negros e brancos com a mesma qualificação e exercendo os mesmo cargos, o salário médio é menor. Nesse ponto, isso não tem relação com a famigerada educação básica brasileira. Isso  tem conotação racista. Algo que se perpetua ao longo do tempo com frases como: “deixa disso”, “não existe racismo”. O nosso problema aqui comparado a sociedade mais claramenete racistas, como as dos EUA, é que aqui essas coisas ficam por baixo de panos quentes. Seria muito melhor discutir isso as claras do que desacreditar pesquisas e mais pesquisas em função de serem incomodas “ao deixa disso de racismo”.  Ademais, o fato de um ou outro trabalhar em local onde brancos e negros ganhem a mesma coisa não pode servir paa contrabalancear resultados de pesquisas que tomam  amostras muito maiores, ou seja, estão mais proximas da realidade. Talvez, aquime atrevo a dizer, que isso seja mais evidente na iniciativa privada, e que a medida que brancos e begros avançam em seus cargos a discrpância média entre salários se torne mais aguda.

    Ainda no caso da educação, uma das explicações para essa diferença pode estar relacionada à baixa perspectiva do povo pobre, como bem observou um comentarista, de maioria negra, como eu. As visões de mundo entre pobres e ricos são bem distintas. Atrevo me a dizer que a acomodação após chegar em determinado patamar de vida é muito maior para quem viveu sempre na pobreza e isso é pass´vel de explicação. Cada individuo tem seu nível de exigencia e conjunto de esperanças no futuro. A tal piramide das exigencias tende a se encurtar quando a pessoa não teve o incentivo adquado durante seu processo de instrução. Muitos dos jovens da baixada Fluminesne, por exemplo, não ligaram para os estudos por falta de incentivos. É dificl se sentir motivo e assim aspirar maiores condições de vida futura, em um contexto em que se parece que está carregando o mundo em suas costas: falta de estrutura familiar, falta de condições básicas de saúde, e até mesmo, falta de alguém a quem se espelhar. Em suma, toda  essa diferença entre salários pode ter relação direta com a falta de condições dignas na infancia e adolescência para que o jovem pobre, negro, tivesse condições de aspirar com uma situação além da subsistência e alguns afago no ego pelo consumo.  Obiamente, não se está afirmando que o pobre está naquela condição porque deliberadamente quer, está naquela condição porque o contexto do passado o condena. Assim, as ditas ações afirmativas, por mais que se tenham ressalvas a fazer sobre os critérios do “ser negro”, “ser pobre”, podem ajudar a tornar o presente mais adequado para voos mais altos no futuro e contribuir para a redução da disparidade entre salários de brancos e pobres.

    1. Francy existe uma grande

      Francy existe uma grande diferença entre educação publica e estatal.

      Se é para ter estado que ele cumpra as funções tradicionais , educação, segurança, saúde.

      Vc esta presupondo que sempre as empresas serão dominadas por brancos, com a melhora da educação, com a igualdade de oportunidades, não fará muito sentido pensar desta forma.

       

       

       

      1. Eu não disse que SEMPRE serão

        Eu não disse que SEMPRE serão dominadas por brancos, eu disse que as condições melhores para os pobres, e negros de um forma geral, conseguirem estudar   aumenta as chances de ir além na carreira futura, uma vez que as expectativas, as perspectivas, são fortemente influenciadas pela esperança no futuro melhor. Com a igualdade de condições  aumentando hoje, o futuro poderá reservar uma maior igualdade também de salários entre brancos e negros. Assim, não é para sempre esse domínio.

      2. Estado mínimo?

        É realmente curioso, como apontou a Francy, ver um liberal tentando explicar o problema da desigualdade racial observada no rendimento etre brancos e pretos/pardos por falta de investimento do Estado na educação de base. Não digo retrospectivamente, pois isso sim seria normal, já que se trataria de uma crítica ao modelo, mas o A.LIBERAL veio aqui para dizer que esse probelma se resolveria como projeto futuro, isto é, se o Estado passasse a investir pesado na educação de base de agora em diante. Ora, Liberal, o problema de educação de base não seria melhor resolvido se assumido pela iniciativa privada? Não é nisso que você acredita?
         
        É evidente que trata-se de uma falácia a argumentação apresentada aqui. Dada a diferença na qualidade verificada entre a educação pública e a educação privada, especialmente na formação de base dos brasileiros, o projeto liberal continua a ser conservador, isto é, o de manter as coisas como estão ou, se possível, aprofundar essa diferença. Na visão liberal, o certo é que quem pode deve continuar pagando por uma educação de qualidade e, quem não pode, deve seguir estudando em escolas públicas que, muito dificilmente, permitirão que seus alunos ingressem no ensino superior público e conquistem um bom emprego no futuro. Toda essa gente formada no ensino público deve continuar tendo educação suficiente para mantê-los em empregos que atendam as necessidades de uma determinada parte da sociedade. No máximo, deve-se garantir a esses indivíduos, formação técnica para suprir as necessidades de mão-de-obra qualificada nas empresas. A educação, portanto, deve servir ao mercado de trabalho.

        Liberais continuam apostando na debilitação do sistema público de ensino, pois veem nisso uma excelente oportunidade de negócio. Sim, liberais entendem a educação (como todo o resto) como uma oportunidade de negócio. O projeto liberal de educação teve sua representação máxima no falecido ministro Paulo Renato de Souza, época em que se abriam escolas e universidades privadas, buscando atrair o maior número de pessoas insatisfeitas com o sistema público de ensino, mesmo sem, na maioria das vezes, oferecer um ensino de qualidade. Portanto, trata-se de uma grande falácia um liberal ir a qualquer lugar com um discurso de que a solução de determinado problema da sociedade está no investimento maciço do Estado em educação de base, pois ele mesmo não acredita nisso. No máximo, tolera que o dinheiro de seus impostos seja investido nisso e se vê, por conta disso, como um grande investidor no futuro da nação.

        1. Ótimo texto!
          Os liberais em

          Ótimo texto!

          Os liberais em sua maioria estimulam o pragmatismo, porém no que se trata de políticas públicas abordadas e sustentadas com índices que apontam para necessidade de intervenção e investimento em determinados grupos, o discurso passa a ser subjetivado e toda a investigação científica é desmerecida e subjugada.

           

  8. Baixa Produtividade ou Pressão por redução dos salários?

    Olá Nassif,

    Desde o final de junho do ano passabo percebo que os periódicos de economia, as seções de economia dos grandes jornasi brasileiro enfatizam que os salários pagos no Brail estão muito altos e pouco qualifiacados porque o baixo desemprego teria deixado os trabalhadores acomodados e isto contirbui para a baixa produtividade no Brasil.

    Deixo aqui alguns Exemplos;

    1. Folha de S.P. de 26/06/2013:

    -Editorial de Enrique Meireles

    -Editorial de Economia 

    -Reportagem, do caderno de economia com dono de fabricantes de ônibus reclamando sobre o aumento do custo da não de obra (isto quando o estopim da revoltas de junho foi o aumento das passagens de ônibus.

    2. Capa da Exame de 28/01/2013

    http://exame.abril.com.br/revista-exame/edicoes/1047/

    Que destaca que a estratégia das grandes empresas deixará de ser a expensão e passará a ser o aumento das margens de lucro na busca por eficiência – cortes de mão de obra, julgo eu.

    3. Entrevista de Paulo Leme (Goldman Sachs Brasil)

    -Neste programa o banqueiro defendeu de modo envergonhado que o baixo desemprego está prejudicando o Brasil. 

    -A certa altura o Boris Casoy explicita: “O senhos está defendendo o desemprego?”, Calo que o banqueiro diz que não é bem assim.

    4. Hoje, 30/01, o EL País toca novamente neste assunto:

    http://brasil.elpais.com/brasil/2014/01/30/economia/1391109432_087147.html

    -Detalhe que o jornal taxa como absurdo o suposto aumento de 169% dos salários. 

     

    Acredito que este tema mereça uma discussão neste espaço. E particularmente gostaria de saber mais sobre o que as empresas entendem pelo termo “Aumento da produtiviade” que entendo como ao aumento da intensidade da jornada de trabalho.

    Grato,

    Fernando

     

  9. Como assim ?

       Eu tô virando o mais chato dos governistas e otimistas, mas também tenha dó companheiro, até um texto simpático ao governo como esse tem coisas sem nenhum sentido, ele acha pouco o avanço? a taxa de crescimento do rendimento dos negros foi quase duas vezes maior, como que isso é pouco ?  talvez ele tenha se atrapalhado comparando números de tabelas diferentes, pois não faz sentido esse trecho: “saindo de 48,4%, em 2003, para os atuais 51,4% (ver pgs. 278-280 da pesquisa).”

      Primeiro, os 51,4% que aparece na pesquisa é o crescimento do rendimento dos negros, que já tinha sido comparado com o dos brancos que é 27,8%, como ele resolveu comparar isso com esses 48,4% que eu só encontrei em outra tabela na página 281 ?  à esse valor corresponde os 57,4% já citados no texto referente à proporção entre  rendimentos entre os dois grupos, a diferença entre os anos fica então em 9%, e tem mais , esse crescimento não é linear, foi  2 pontos nos primeiros 5 anos e 3 vezes mais nos anos seguintes, isso significa que confiando-se somente nessa tendência, tem é que soltar fogos pois em mais uma década já estaria próximo dos 100%, a igualdade absoluta, mas claro que a realidade é mais complicada e nada garante que isso aconteça, o que importa é que o pessimismo no começo do texto  não se sustenta.

    http://www.ibge.gov.br/home/estatistica/indicadores/trabalhoerendimento/pme_nova/retrospectiva2003_2013.pdf

    1. Tem razão…

      Gão,

      Você tem razão, na hora em que escrevi o texto me confundi e usei de forma equivocada o número que gostaria de ter comparado originalmente.

      O que queria apontar é que, pelos dados da PME de 2013, um preto ou pardo ganhou 57,4% do rendimento pelos trabalhadores brancos. Se compararmos com os mesmos dados da PME de 2003, pretos e pardos ganhavam 48,4%, portanto uma melhora de 9% em dez anos. No mais, sigo defendendo que sem a opção pela adoção de políticas de ações afirmativas, o crescimento continuará lento e insuficiente (menos de 1% por ano), sendo necessário várias décadas para que se acabe com essa desigualdade social.

      Att.

      Rogério

      1. Desigualdade

        Se um determinado povo, nao importa a cor, quer ter igualdade salarial, é simples, basta se igualar na qualificação, estudo, curso, preparo, curriculo, e poderá receber um salario igual ou quem sabe até maior que aqueles que estão qualificados no mercado de trabalho.

        1. Desigualdade.

          É simples?

          Como é possível achar que pessoas que nasceram em famílias de baixa renda têm as mesmas chances e oportunidades de quem nasceu em família mais abastada?

          Um filho da classe média tradicional começa a estudar antes, e em escola melhor. Quando atinge uma certa idade a família ainda tem como bancar cursos e atividades extracurriculares … quando chega a hora de prestar o vestibular da fuvest o garoto (a) passa o ano matriculado num pré – vestibular bom  e caro ,  e ai o outo garoto(a)  que vem da periferia, que não aprendeu uma lingua estrangeira, que frequentou escolas mal conservadas e mal equipadas e cuja família não pode pagar  Anglo, ou ETAPA  tem as mesmas chances …. 

Você pode fazer o Jornal GGN ser cada vez melhor.

Apoie e faça parte desta caminhada para que ele se torne um veículo cada vez mais respeitado e forte.

Seja um apoiador