Se o foco é ajudar, aspectos religiosos ou doutrinários são secundários, por Marcos de Aguiar Villas-Bôas

Se o foco é ajudar, aspectos religiosos ou doutrinários são secundários

por Marcos de Aguiar Villas-Bôas

Já falamos neste blog dos trabalhos no Grupo Espírita Francisco de Assis (GEFA), que fica em Groaíras/CE, assim como da Casa da Caridade Dr. Adolph Fritz, que fica em Fortaleza, porém tem sedes em mais cidades do Ceará, além de realizar atividades itinerantes em outros estados e até no exterior.

As nossas peregrinações pelas casas espiritualistas têm trazido gratas surpresas e mostrado que, quando o foco primordial dos trabalhadores é realmente ajudar o próximo da maneira mais eficiente possível, aspectos religiosos e/ou doutrinários se tornam secundários.

Também vem sendo dito repetidamente que, conforme inúmeros Diálogos com os Espíritos, os desencarnados, a partir de um certo grau de lucidez, dificilmente se fecham em questões religiosas e/ou doutrinarias, ou seja, eles trabalham juntos, respeitando a diversidade, compreendendo-se em unidade, assim como trabalham em casas de diversas religiões, doutrinas e filosofias distintas.

Em busca dessa unidade na diversidade, muitos espíritos têm reforçado a ideia de que, nas casas espíritas mais lúcidas, não trabalham desencarnados exclusivamente espíritas e, nas casas umbandistas mais lúcidas, não trabalham desencarnados exclusivamente umbandistas. Os espíritos podem servir em 2, 3, 4 ou mais religiões distintas, a depender da sua função e lucidez.  

Neste texto, relataremos um pouco das experiências que tivemos a oportunidade de vivenciar na heterogênea e eficiente Casa da Vovó Maria Conga e do Caboclo Sete Flechas, localizada em Lauro de Freitas/BA.  

Trata-se de uma casa de umbanda em sua idealização, com uma dirigente que é mãe de santo, além de uma mãe pequena e um pai pequeno, sub-dirigentes da casa. No entanto, os trabalhos lá realizados são variadíssimos e ajudam muitas dezenas de pessoas toda semana, colaborando para a solução de casos gravíssimos.

As obsessões complexas, como casos de goécia (magia negativa) com uso de artefatos, a exemplo de chips implantados nas cabeças ou em outras partes do corpo das pessoas, dificilmente são resolvidos apenas com orações e outros recursos mais conhecidos das casas religiosas. Mesmo a reunião de desobsessão espiritual, se realizada sem extração do chip, pode não solucionar o problema do assistido.

Além disso, há casos variados de larvas astrais, miasmas, portais abertos e outros elementos espirituais na casa, no trabalho e no veículo automotor da pessoa, os quais precisam ser enfrentados num caso de tratamento para obtenção de uma cura mais eficiente. A união de técnicas para tratamento não é uma questão de modismo ou de simples heterodoxia, mas se trata de necessidade, de juntar as ferramentas requeridas para solucionar cada problema mais complexo que surge diante dos trabalhadores.

Em se tratando de cura, as crenças religiosas e as doutrinas não podem ser fatores limitantes para que se busque ao máximo atingir o objetivo almejado, que é solucionar o problema do irmão em necessidade. Não interessa se o espírito que colabora ou a técnica é mais afeta a uma determinada religião. Seria muita falta de amor tornar isso um fator que afastasse o uso de técnicas de tratamento reconhecidamente eficientes. A questão é que, ao escolher algo em detrimento do resto, de uma forma limitante, a tendência ao fechamento de consciência e, consequentemente, de redução de eficiência nos trabalhos é muito grande. 

A espiritualidade mais lúcida é muito pragmática, focada no resultado. Ela não se prende a grupinhos, picuinhas ou disputas entre doutrinas. Trabalha-se para cumprir o que foi determinado por aqueles que cuidam da evolução do planeta e segundo as leis do cosmo de justiça e amor. As separações realizadas pelos humanos são barreiras não existentes entre espíritos mais lúcidos. 

A casa de umbanda em questão tem como dirigente uma experiente trabalhadora espiritualista que tinha mais ou menos 20 anos de vivência no espiritismo e que deixou as atividades por algumas decepções que teve, algo em linha com o que narramos em texto anterior. Após algum tempo, houve o chamado espiritual para que se tornasse linha de frente de uma casa de umbanda, mas ela não deixou para trás o conhecimento kardecista, que é estudado na casa que dirige.

Com o tempo, a Casa da Vovó Maria Conga e do Caboclo Sete Flechas foi agregando novas atividades, como a apometria, cujas técnicas atualmente empregadas foram aprendidas pela dirigente da casa em Brasília/DF diretamente com Faiçal Baracat, um dos principais divulgadores desse conjunto de técnicas de tratamento.

Tivemos a oportunidade de participar do trabalho, que ocorre logo após uma atividade de desobsessão também não muito ortodoxa. Na desobsessão, os consulentes sentam-se em cadeiras postas em círculo, virados para fora do círculo, e são tocadas, num som audível por todos, mas sem alto volume, algumas músicas e orações relacionadas com diferentes religiões, não havendo limitações doutrinárias, pois o critério primordial é fazer um trabalho eficiente, importando se as músicas e orações são capazes de criar o ambiente necessário ao trabalho.  

Enquanto isso, os médiuns estão também sentados ao redor dos consulentes e próximos a eles. As desobsessões são realizadas diretamente pelos desencarnados, sem uso da incorporação, mas os médiuns doam energia para o trabalho, além de atuarem mentalmente, com desdobramento apométrico, realizando tratamentos energéticos nos assistidos, como cobri-los com o raio verde da cura, amarrar laços de prata para proteção ao redor dos seus corpos astrais, projetar uma espiral anti-horária violeta em cima dos assistidos para sugar energias negativas etc.

Essas atividades são feitas mentalmente, utilizando a força do pensamento, mas sendo direcionadas pela dirigente do trabalho, que pode ouvir o espírito responsável por ele, o Irmão Zelios.  

O trabalho de apometria é semelhante. Não se faz uso de comandos com contagens, como é bastante comum. O direcionamento de ambos os trabalhos é feito pela equipe espiritual, que transmite as mensagens aos médiuns por meio da dirigente do trabalho. Os coordenadores espirituais vão, então, dando as diretrizes a ela, que direciona os médiuns para melhor tratar os assistidos.

Nos trabalhos de apometria dos quais tivemos oportunidade de participar, os assistidos não estavam na casa. Foram todos trabalhos realizados à distância, o que abre muito o leque de possibilidade de ajuda ao próximo das casas que o praticam, sendo possível auxiliar qualquer indivíduo seja em qual parte do planeta ele estiver.

Houve, por exemplo, o caso de um rapaz que se encontrava numa clínica para pessoas com doenças psíquicas e que recebeu como tratamento 12 sessões de eletrochoques. Infelizmente, ainda há locais que trabalham com esse tipo de tratamento que, sabidamente, deixa, não raro, inúmeras sequelas graves nos pacientes.

De fato, a equipe espiritual da casa avisou que, se o assistido não fosse retirado rapidamente da clínica, ficaria com sequelas e isso felizmente foi feito. O trabalho da equipe de apometria era ir à clínica por desdobramento, checar o que estava causando as doenças psíquicas severas no assistido e procurar ajudá-lo atuando diretamente sobre as causas do problema, o que aconteceu.

Os médiuns se desdobraram e se dirigiram ao local onde o assistido estava por meio da mentalização do endereço e do nome dele. Os mentores espirituais de cada um e os auxiliares espirituais do trabalho, como doutrinadores, enfermeiros, soldados e guardas etc., ajudam durante todo o trabalho. A dirigente brincava dizendo que essa atividade é como jogar um videogame, algo como um jogo de RPG.

É preciso confiar muito na intuição e no que aparece no mental de cada um. Para os médiuns, esse termina sendo também um trabalho de desenvolvimento mediúnico e de fortalecimento da fé.

Fica muito claro que não é tudo imaginação, pois o que cada um está vendo vai se juntando ao que o outro está vendo, montando um cenário que faz sentido. Muitos veem, por exemplo, os mesmos espíritos obsessores localizados no mesmo local, realizando a mesma atividade ou postados da mesma forma. Veem também, da mesma forma, artefatos implantados nos assistidos. 

O dirigente espiritual do trabalho vai prestando as coordenadas e dando ainda mais sentido para aquilo que é visto pelos médiuns. Os mais experientes e, sobretudo, os médiuns com clarividência terminam conseguindo ver muito mais detalhes do que os outros.

Em alguns casos, como neste narrado, há realmente alguma ostensividade no contato com os irmãos obsessores, sendo preciso até mesmo abrir portais e colocá-los lá dentro para que possam ser levados a tratamento de modo a deixar em paz o assistido. 

O fato mais importante é que o paciente da clínica, no dia seguinte ao trabalho de apometria, estava muito melhor do que se encontrava até momentos antes da assistência prestada. A família do assistido o tirou da clínica, ficando confirmada as sequelas neurológicas e perdas de força muscular. Durante o tratamento de apometria foi retirado um implante enraizado, que se estendia por toda a coluna cervical e estava impregnado na porção neurológica. Após o acompanhamento terapêutico, hoje já se sabe que ele vem reagindo bem, tendo diminuído as confusões mentais e os desconfortos físicos.

Somente com as técnicas espiritualistas mais clássicas seria possível ajudar efetivamente esse irmão? Muito provavelmente, não. A apometria é um conjunto de técnicas avançadíssimo, com múltiplas possibilidades e formas de aplicação. Poderia ser muito mais conhecida por aqueles que querem tratar casos difíceis e impedir, por exemplo, irmãos nossos de serem tornados “vegetais” por conta de eletrochoques.

Em 27/01/18, um sábado, tivemos a oportunidade de participar dos trabalhos da linha oriental e de cirurgia espiritual na mesma Casa da Vovó Maria Conga e do Caboclo Sete Flechas.

O trabalho chamado de “linha oriental” é normalmente realizado em casas de umbanda, mas é, na verdade, uma concepção de equipes que trabalham com os mestres ascensionados. Nesse caso, o conhecimento da teosofia e da chamada grande fraternidade branca é de grande utilidade.

Como se nota, casas espiritualistas mais abertas estão caminhando para o universalismo e, por conta disso, tornam os seus trabalhos mais eficientes, pois podem integrar conhecimentos de linhas de médicos espirituais, dos orientais, dos ciganos etc.

O coordenador do trabalho oriental na casa aqui em estudo se apresenta como Irmão Kadashian, que revelou, em conversa havida no dia 20/02/2018, gravada para o programa Diálogo com os Espíritos, vir de outro planeta da Via Láctea, um que foi destruído no passado e de onde vieram muitos espíritos para encarnar na Terra, ficando conhecidos por alguns como Povo Azul.

Esse povo, segundo Kadashian, era mentalmente evoluído, mas não tanto do ponto de vista comportamental, de modo que, de forma semelhante ao que vem ocorrendo na Terra, ele destruiu o seu próprio planeta. Hoje, após reencarnarem repetidamente na Terra, eles ajudam, como encarnados e como desencarnados, na transformação necessária para que o planeta seja preservado.    

No trabalho oriental, os assistidos deitavam em macas e não informavam nada aos médiuns inicialmente. Os médiuns pedem licença aos guias espirituais e ao próprio assistido para adentrarem seu campo energético e fazem uma espécie de anamnese com imposição de mãos, emprego de pêndulos e forte uso da intuição. É incrível como imagens do assistido vêm à mente, além de informações sobre as necessidades dele.

Os guias espirituais de cada um e/ou do trabalho diziam, “dentro da cabeça” dos médiuns ou por clariaudiência, quando essa faculdade estava presente, se havia necessidade de desobsessão, apometria, alinhamento de chacras, massagem para liberação de chacras bloqueados, orações, meditação, banho de ervas, chás etc. As prescrições de tratamento, muitas vezes, consistiam em 5, 6 ou 7 técnicas distintas e mais afetas, na cultura terrena, a religiões e/ou doutrinas diferentes. O objetivo é curar, e não se prender aos conhecimentos isolados dos grupos humanos.

Muitos dos assistidos já saíam das macas sentindo-se bem melhores. Somente a imposição de mãos, que pode ser com uso do reiki, as massagens para desbloqueio de chacras e soltura de repressões emocionais já provocavam gritos ou choro de liberação e grande relaxamento em seguida. Parte do trabalho é semelhante ao que acontece na Livraria Terceiro Milênio, também localizada em Salvador/BA, que foi objeto de referência em texto anterior.  

Essa atividade já vem sendo realizada há algum tempo na casa e obtendo êxito considerável. As necessidades verificadas intuitivamente pelos médiuns terminam sendo confirmadas pelos próprios assistidos ou quando são realizados os demais trabalhos, como de desobsessão, apometria e cirurgia espiritual. A melhora dos assistidos tem sido notável, tanto que o número de pessoas que procuram o tratamento só aumenta.

No mesmo dia 27/01/18 à tarde, assim como no dia 17/02/18, tivemos também a honra de participar dos trabalhos de cirurgia espiritual da casa. Nesse caso, há médiuns que trabalham incorporados por médicos espirituais, como no caso do Dr. Fritz, cujos trabalhos já analisamos um pouco neste blog em outros dois textos, que podem ser encontrados aqui e aqui.  

Alguns dos médicos que trabalharam no dia foram o Dr. Hans Eiselle, o Dr. Lindenbergue e o Dr. Maxwel. No caso do trabalho do Dr. Fritz com o médium Roberto Barbosa, este pediu que não houvesse nenhum tipo de corte ou perfuração. Já no trabalho aqui em análise, havia perfurações com agulhas de precisão, uso de martelo (comumente usado para verificação de reflexos e tratamentos ortopédicos) e inserção de longos cotonetes (Swab) nos narizes dos pacientes.

Há dor em alguns casos, mas nada exagerado. A anestesia é realizada no plano espiritual e também com ajuda dos médiuns, que mentalizam o uso dos raios vermelho (principalmente), prata e azul.

Diversos pacientes não estavam realizando a cirurgia pela primeira vez e diziam ter obtido grandes melhoras com aqueles trabalhos da casa. Dentro das crenças limitantes humanas, muitos não entrariam nessa casa para se tratar ou para tratar um familiar, pois acreditariam que cada um apenas deve frequentar o templo da sua religião ou da sua doutrina. Às vezes, por uma necessidade muito grande, alguém precisa quebrar essa limitação e termina tendo uma grata expansão de consciência ao perceber que meras questões religiosas ou doutrinárias não poderiam limitar a busca pela sua própria saúde.

O caminho dos tratamentos holísticos com a união de técnicas capazes de levar à cura independentemente da sua origem é inevitável, pois é, por óbvio, um passo natural daqueles que adquirem lucidez, que saem da ignorância religiosa do passado. Aspectos de crença religiosa ou doutrinária nunca poderiam se sobrepor à pragmática da cura, aos elementos que se tem para comprovar a eficiência de inúmeras técnicas hoje desprezadas por muitos centros espiritualistas.

Segregar conhecimentos, não querer usar o que é mais típico no outro, é continuar vivendo os preconceitos do passado, forte na vaidade e no orgulho de se achar melhor do que o vizinho e de desconfiar dele sem ao menos procurar conhecê-lo. Quando o trabalho estiver verdadeiramente pautado no amor e na fraternidade não haverá limites desse tipo para tentar curar um irmão. 

 

Marcos de Aguiar Villas-Bôas é terapeuta holístico, consultor jurídico e político, espiritualista universalista, reikiano usui, reikiano xamânico, estudante de psicanálise, praticante de meditação e amante do todo e de todos. Deixou a sociedade de um dos maiores escritórios de advocacia do país, sediado em São Paulo/SP, para seguir seu sonho de realizar pesquisas em Harvard e em outras universidades estrangeiras, mas, após atingir muitos dos seus objetivos materiais, percebeu, por meio da Yoga, de estudos e práticas espiritualistas sem restrições religiosas, que seus sonhos e suas missões iam muito além das vaidades acadêmica e profissional. Hoje busca despertar a consciência, o mestre dentro de si, e ajudar os outros a fazerem o mesmo, unindo o material e o espiritual. 

Redação

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