O sangue de Pernambuco nas veias de Lula

Lula e Noblat é briga de pernambucanos

Por Roberto L.

Ref. ao post Noblat, Lula e a sina dos homens comuns

Nassif, vou dar um relato como pernambucano (e brasileiro), e com o agravante de ser recifense (entenderá o motivo deu ressaltar isso no final do comentário), pois você só entenderá plenamente esses ataques de Noblat se entender como é a mentalidade do estado natal de ambos, Lula e Noblat (ambos são pernambucanos).

A briga política no Brasil é ruim, em todos os estados, herança portuguesa, mas a briga em alguns estados é mais dura que outros, beira quase ao conflito civil. A elite de Pernambuco, que se concentra no Recife (a que tem mais força, ideologicamente etc), sempre olhou pros demais olhando de cima pra baixo.

O empobrecimento do estado e a perda do orgulho (parcial, nós nunca perdemos os brios totalmente, nem perderemos) e poder de Pernambuco, desde o século XIX (quando cortaram o estado ao meio e anexaram a outra parte à Bahia) levou essa elite a se encolher ou ser reduzida ao status de “elite nordestina” (novamente o problema que o termo regional causa pra entender uma elite de um estado, pois o termo “Nordeste” e “nordestinos” criam mais distorções do que explicam algo, se é que explica, jamais fomos ou seremos baianos ou cearensens, em mentalidade), só que o ranço e ódio com o inimigo político é basicamente o que o Noblat escreve.

Ele apenas esqueceu que hoje escreve nacionalmente e não localmente (ele sente tanta raiva do Lula que não consegue mais esconder nem o ranço que adquire no berço, o famoso “ethos” cultural que se adquire quando se vive em um estado ou cidade).

O Lula, mesmo vivendo desde pequeno em SP, tem todos os traços de personalidade da mãe, culturalmente é pernambucano embora tenha afinidades óbvias com São Paulo. Eu lembro, em 2002, dele no discurso no último comício de campanha do 1o turno dizer que tem uma bandeira de Pernambuco no escritório dele, ele não falou da boca pra fora, falou com orgulho.

O que não tem sentido pra muitos no país, pra gente é algo enraizado, esse senso de pátria, sangue, lutar pela terra é algo bem arraigado e enraizado, só vai entender o confronto de dois pernambucanos quem conhecer a mentalidade do estado (eu sempre procuro entender a mentalidade dos outros estados do país pra entender o país por inteiro, pena que pouca gente no país olhe o Brasil dessa forma em vez daquelas caricaturas de “Brasil brasileiro” com aquele nacionalismo datado da Era Vargas).

Em suma, o ódio da elite brasileira é um só, mas este piti do Noblat foi coisa típica de pernambucano. Eu lembro do clima de guerra que foi a eleição de João Paulo (ex-prefeito do Recife, primeira vitória do PT em um cargo forte em PE, pois ser eleito prefeito na capital equivale o que Haddad significa pro Estado de SP dada a dimensão da cidade em relação ao resto do estado). Ele concorria com um político antigo, tradicional e que era um dos expoentes da direita pernambucana, Roberto Magalhães (sobrinho do ex-governardor de PE, Agamenon Magalhães). Até briga entre o Roberto Magalhães e militantes do PT rolou (briga física).

Lembro que havia uma greve da PM rolando, e Jarbas estava encastelado no Campo das Princesas com medo da PM e do povo, e a eleição rolando. João Paulo foi recebido pelos PMs como herói pra negociar o fim da greve com Jarbas (então governador).

Pra quem não está acostumado, a briga política entre dois pernambucanos costuma ser mais intensa e troglodita do que quando isso se dá com gente de outros estados, o ódio potencializa a um nível perigoso. Dizemos sempre em PE (pra parte que conhece a história do estado), que a gente é um perigo se entrar em conflito, pois só entra pra quebrar ou morrer, não é um estado de meio termo e sim de extremos (como o Rio Grande do Sul), polarização pesada. Lula enfraqueceu a direita de Pernambuco, enterrou Marco Maciel vivo e exilou um monte de raposas (traíras) de PE pra São Paulo.

Há uma tradição política no estado que divide os agentes políticos em duas vertentes: os filhotes de Calabar, traidores que sempre servem a interesses de fora ou outras elites, são os moralmente fracos e canalhas, e os da estirpe do Lula, que são os que seguem a linha de um Frei Caneca e afins, que causam estrondos nos alicerces do país.

O que você presenciou, no fundo, foi uma briga ou piti de um filhote da elite de PE não segurando a bile e pondo tudo pra fora. Mas não tema pelo Lula, a gente no fundo sabe lidar com esse tipo de pulha. Sempre acho engraçado quando vejo o dono da Folha e cia achar que um dia irão dobrar Lula, se esse pessoal procurasse ler mais história sobre a formação do país, entenderia e muito da personalidade de cada brasileiro pois a formação cultural por estados acaba pesando muito. Frei Caneca foi fuzilado e esquartejado (pra servir de “lição” pros locais não se rebelarem contra a Coroa Portuguesa, que foi finalmente deposta com D. Pedro II e proclamada a República por um alagoano, de um estado que já foi parte nosso, no fundo são pernambucanos),  mas morreu de cabeça erguida sem jamais se render.

O Noblat deveria se lembrar disso, ele não está mexendo com as rameiras as quais ele está acostumado a mexer (e ele no fundo sabe disso, jogou confete pra torcida).

Redação

89 Comentários

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  1. A diferença  que Lula é

    A diferença  que Lula é considerado o melhor presidente do Brasil, enquanto o outro é um insignificante porta voz do patrão.

  2. Endosso boa parte da análise sobre Pernambuco

    Apesar do argumento ficar enfraquecido pelo fato de Lula ser, na minha opinião, um desenraizado cultural em relação a Pernambuco. Ele é muito mais paulista do que pernambucano.

    No entanto, o argumento é válido quando analisa a perspectiva de Noblat. Não me parece ter validade para analisar a perspectiva de Lula, que não é culturalmente pernambucano. Mal consigo enxergar Lula como uma pessoa egressa ou com laços com o Nordeste. A alegação de que ele “puxou” à mãe me parece forçação de barra. Na forma como eu vejo Lula, ele não é culturalmente pernambucano. Ele perdeu essa identidade e não tem culpa disso. Ele foi criado em São Paulo. Ser pernambucano não é algo que está no código genético. É uma coisa cultural e isso vale quando se diz que os alagoanos são influenciados pela cultura reinante em Pernambuco (isso é verdade, porque Alagoas era parte de Pernambuco e foi dividido em retaliação pela Confederação do Equador, mas as semelhanças culturais são grandes, apesar de terem sido construídas diferenças ao longo do tempo).

    De resto, concordo com tudo o que foi dito (perfeita a crítica ao uso do termo “nordestino”, termo preconceituoso, discriminatório, que nega a diversidade cultural e coloca tudo no mesmo saco, quando isso é totalmente improcedente: o Nordeste brasileiro é riquíssimo culturalmente e as diferenças entre os Estados são patentes, notórias), uma brilhante análise das origens regionais dos perfis políticos na hora de entender como pensam as pessoas. Ainda que isso não seja uma regra infalível, válida em todas as situações (pernambucanos podem agir como agem pessoas naturais de outros estados, por exemplo), o fato é que a formação cultural que a pessoa recebe em determinado ambiente social é determinante muitas vezes do tipo de pessoa que ela se torna, inclusive politicamente.

    1. Cada um vê o que quer e o que

      Cada um vê o que quer e o que pode, eu vejo as raízes pernambucanas no Lula. Que paulista que se parece com o Lula? Mas lá em Pernambuco vejo um monte de Lulas e não estou falando das estrelas daquele Estado, mas dos homens comuns de lá.

      1. O post comete alguns erros de avaliação

        Por exemplo, o inegável nacionalismo de Lula, o apreço pelo país que ele exibe, não deriva de sua condição pernambucana, apesar de ser admirável a forma como os pernambucanos exercem o sentimento de pertencimento à terra, uma coisa incomum se comparado com o que se observa em outros estados. Acontece que isso em Pernambuco é muito voltado para a cultura local. Todas as pessoas conhecem e cantam o hino do Estado, se orgulham muito da cultura local, jovens conhecem frevos compostos há décadas atrás etc. Essa é uma característica de Pernambuco que está completamente ausente em Lula, que não tem essa identificação cultural nem poderia ter. Ele não é um pernambucano autêntico e quem afirmar o contrário está errado. Dizer que ele não se parece com paulista não quer dizer que ele se parece com pernambucanos hehehe. Na verdade, ele cresceu em São Paulo, longe de Pernambuco, da cultura pernambucana, da sociedade de Pernambuco. Não tem nada a ver. Eu conheço Pernambuco, sei do que estou falando.

        O nacionalismo de Lula é o nacionalismo do homem de esquerda brasileiro, comum em muitos outros lugares. Em suma, gostar do Brasil, de sua cultura, de seu povo, enfim, ser nacionalista com consciência política, defender os interesses nacionais, não é uma coisa exclusiva de Pernambuco, claro. Isso funciona um pouco diferente do que o post tenta passar.

        Eu considero esse aspecto de Lula, o nacionalismo, muito salutar e sem relações com o nacionalismo usualmente considerado, em ciência política, como um aspecto de direita. Na verdade, ser nacionalista no Brasil é política e culturalmente algo incisivamente de esquerda, haja vista a tara nacional de falar mal do próprio país, algo que os brasileiros, na média, sabem fazer como ninguém, que, normalmente, em termos políicos, sempre teve uma conotação entreguista, quinta coluna e que emperra o desenvolvimento nacional.

        O texto acerta quando critica o termo preconceituoso “nordestino” (que coloca todo mundo no mesmo saco, algo improcedente, pois o Nordeste brasileiro é riquíssimo culturalmente em sua diversidade) e acerta quando fala da perspectiva política de Noblat e sua relação com os adversários políticos, enquanto pernambucano. Não considero que a origem pernambucana de Lula tenha relações com a figura política que ele se tornou ou a forma como ele lida com os adversários. Isso me parece falso. Não é algo que se sustente. É sem fundamento, mero desejo do autor do post, que tem até um sentido de enaltecer Pernambuco por Lula ter nascido lá, o que fica claro quando se afirma que Lula só é o que é porque puxou à mãe pernambucana.

         

        1. Olhe, Argolo, sou

          Olhe, Argolo, sou pernambucana e padeço dessa pernambucanidade, que nem sempre é uma coisa boa. Quanto a LUla, ele mantém, sim, algumas características e nem precisa falar para que muitos pernambucanos com ele se identifiquem. No último comício de Dilma realizado em Recife, aliás, no penúltimo, vi alguns homens idosos chorando ao ouvi-lo falar, e não era por causa de ideologia; é identificação mesmo.

          Você está certo quando diz que Lula também é paulista, mas é na política, na escola política e não no jeito de ser. O que ele “herdou” (acho melhor falar aprendeu) com mãe, em termos comportamentais e culturais é como a língua materna, fica mesmo. Por ele ter saído daqui tão cedo, foi a mãe que apresentou Pernambuco e manteve viva a pernambucanidade, por isso ele é tem um afeto enorme por Pernambuco, mesmo não tendo vivido tanto tempo aqui. De fato, Lula não herdou a política de Miguel Arraes, ele conheceu a política sindical, totalmente diferente do que fazia Arraes.

          Assim, faz sentido o texto porque a rejeição que a elite e parte dos políticos têm a Lula aqui nem sempre se referem a questões estritamente políticas, mas culturais. Jarbas Vasconcelos, por exemplo, que é um político que veio da esquerda, padece de um mal muito pernambucano, principalmente com relação a Lula: a inveja. Tem uma piada aqui que diz que caranguejo pernambucano é o pior deles, pois quando um está conseguindo sair da panela o outro vem e puxa ele pra baixo. Jarbas, Roberto Freire são bons exemplos da nossa pernambucanidade. Isso ocorre principalmente quando o caranguejo que está subindo vem de muito baixo, da pobreza, quando não tem sobrenome. Lula é um da Silva, pecado capital para a elite pernambucana tão ciosa dos seus sobrenomes, das suas famílias de engenho. Principalmente se o pecador conseguiu o feito que nenhum filho da elite aqui conseguiu: a Presidência da República.

          Todos os sonhos da elite estavam agora depositados em Eduardo Campos, mas eis que a vida deu uma rasteira. O luto alimentado em Pernambuco com a morte dele não era tanto por ele, mas pelo sonho de que Pernambuco, finalmente, tivesse um representante à altura na política nacional, pelo menos à altura de sua elite.

          Mas não se iluda com nossa pernambucanidade; grande parte é apenas um bairrismo sem fundamento, pois em termos sociais, econômicos e educacionais não temos muito do que nos orgulhar. O que salva é a culinária, a produção artística, as praias e a vontade de que Pernambuco fosse, de verdade, um bom lugar para se viver.

          1. Teve uma época em que cogitei votar em Campos por ele ser de PE

            Isso seria suficiente para eu votar nele, além do fato de ser neto de uma figura política mitológica, que é Miguel Arraes.

            Na minha um tanto heterodoxa forma de ver as coisas, via em Campos um político verdadeiramente comprometido com o desenvolvimento do Nordeste, sem a contaminação do desenraizamento cultural que atinge Lula, com boas ideias desenvolvimentistas, inovadora visão de gestor, um sujeito jovem e com disposição para encarar a empreitada.

            Além disso, seria do Nordeste, de Pernambuco, Estado fundamental na história do Brasil. Campos poderia representar um salto de qualidade para o Nordeste, resgatar uma certa época áurea da região, atropelar o ostracismo com que insistem em tratá-la, bem ao estilo pernambucano de ser. Isso seria excelente se acontecesse e houve um momento em que eu fui entusiasta dessa ideia, independentemente de qualquer outra coisa. Se ele tivesse esse background ideológico na cabeça, seria a melhor coisa.

            O problema foram as alianças políticas que ele teve que fazer para engatar a campanha, as quais se revelaram totalmente cooptadas por ideias neoliberais, como restou comprovado com o programa de governo da REDE-PSB. Quanto mais eu lia, mais eu tinha a certeza de que aquilo era uma linguagem cifrada para velhas ideias neoliberais.

            De qualquer forma, uma pena que Campos tenha falecido tragicamente. A morte dele não foi uma coisa boa para a política brasileira. Para o Nordeste, foi pior ainda, em termos representativos. Poderia vir a ser um grande quadro político brasileiro.

          2. Campos era um coronel típico,

            Campos era um coronel típico, o desenvolvimentismo não era dele, mas do Lula.

          3. Arthemísia, vc completou meu

            Arthemísia, vc completou meu comentário, embora o que eu queria ressaltar, no fundo, fosse a origem do ódio do Noblat ao Lula, mas não daria (e nem dá) pra discorrer sobre isso pois não tem como resumir séculos de história em 2 comentários ou 10, apesar de se tentar (vale o registro e as observações já que é um assunto pouco comentado no país embora o próprio exército ressalte no Comando Leste o quadro da Batalha de Guararapes e onde surge o “mito fundador” do país, que é nessa batalha). O que se constata é que o grosso do país mal conhece a própria história. Quantos filmes sobre história brasileira são feitos por ano com o monopólio da Globo sobre a indústria de cinema?

            Sobre essas batalhas de Pernambuco (revolução de 1817, por exemplo), nunca fizeram nada. Descobri outro dia um filme feito na ditadura sobre o período holandês em PE (com Zé Wilker), mas feito naqueles moldes ufanistas e aquelas baboseiras da ditadura. Descobri tb que foi o filme mais caro produzido no país (superprodução) pra exaltar o nacionalismo (pra não comentar a privataria do ensino e saúde pública na ditadura).

            Mas acho que o barrismo sem fundamento encontra mais eco em quem não conhece a história do estado e só conhece a propaganda, quem conhece não tem um sentimento sem fundamento. Só que a radiografia da elite que vc traçou é totalmente correto, o Lula é um “da Silva” e não um “Sousa Leão” (que tem até nome de bolo).

            Teve um cara, ainda no Orkut, que narrou chocado uma estadia que teve em Recife numa família de classe média alta (o cara é de SP) narrando o elitismo e preconceito do pessoal. Só se choca com isso quem nunca teve contato com essas figuras, não vejo diferença disso praquele pendatismo do Frias ou do carinha do Estadão, apenas é uma elite herdeira desse ranço secular de outra (vejo a coisa assim). Pouco se fala da migração pernambucana pro hoje eixo econômico do país, não há uma radiografia sobre isso (ex: Ermírio de Moraes era filho dessa elite e paulista).

            As fichas dessa elite submissa e traíra em Campos foi uma das cenas mais deploráveis que já vi. O aperto de mão dele com Jarbas (pra quem não sabe, Jarbas se tornou inimigo número 1 de Arraes depois de um dia ter sido aliado dele, e também do neto, Campos) foi uma das cenas mais repugnantes que já vi. Mas acho o Roberto Freire mais parecido com o Noblat que o Jarbas (esse veio do interior, não tem o ranço da elite “puro sangue” do Recife, propriamente).

        2.  
          Entendo ser perfeitamente

           

          Entendo ser perfeitamente natural e lícito dizer que Lula é nordestino e pernambucado. O jeito de falar, a memória familiar, o gosto pela comida, pela música, tudo isso é identidade cultural. Certamente muitos pernambucanos autênticos não sabem o hino do estado. Quando Lula fez uma festa de junina no Alvorada a colunista fluminense Danuza Leão fulminou dizendo se tratar de uma festividade cafona, que era ridículo ver as pessoas em trajes caipiras dançando quadrilha e comendo bolo de milho, cajica, banana-frita, bolo podre…

           

          Lula é um metapernambucano.

           

           

           

           

          1. Discordo de tudo o que você escreveu

            Não corresponde à minha experiência pessoal. A parte do hino principalmente. Deve ser uma coisa tradicional das escolas em Pernambuco, ensinar as crianças o hino do estado. Claramente você não conhece o jeito pernambucano de ser. Sugiro um dia passar o carnaval em Recife ou Olinda para ver como as pessoas são com a cultura local.

          2. Lembro dessa festa, vi as

            Lembro dessa festa, vi as fotos, usavam trajes típicos das festas juninas de São Paulo.

            O caipira não é nordestino, no nordeste há o sertanejo.

        3. Alessandre, eu estava
          Alessandre, eu estava editando um comentário mas fui tentar colocar link e pra escrever tudo de novo agora não há condição (vou tentar reproduzir hoje mais tarde). Vou comentar esse lance do hino e outros pontos que vc citou. Tou avisando porque fui tentar comentar e tenho que comentar via Explorer e tem muito bug pra rodar esse blog pelo Explorer. Por exemplo, pra colocar link ele “buga” e se acaba perdendo o comentário e mesmo copiar/colar é complicado pelo Explorer (navegador). Eu uso o Firefox mas ele tá cheio de addon bloqueando Script e não envia o comentário pro blog por isso só dá pra comentar pelo Explorer com todas essas limitações. Vou ver se instalo o Opera e comento com ele pra ver se aparece mais opções sem bug.

      2. É isso aí, Malu, fechou o

        É isso aí, Malu, fechou o assunto .

        A grande maioria dos nordestinos reconhecem o Lula como um igual (em caráter, cultura etc…)

        Alguem pode duvidar ?

         

        1. Vocês é que não conhecem Pernambuco

          Se conhecessem, não falariam que Lula é pernambucano hehehe.

          Lula é tão pernambucano quanto carioca ou gaúcho rsrs.

          1. Claro que eu conheço o Lula, figura pública

            Como todo mundo no Brasil conhece. Não preciso conhecê-lo pessoalmente para fazer a análise que eu faço sobre ele estar distante de ser um autêntico pernambucano, o que é uma coisa óbvia demais. Basta ter dois neurônios e conhecer Pernambuco para saber que Lula não tem nada a ver com as pessoas de lá. Lula é um migrante do Nordeste que se formou em São Paulo. É isso o que ele é. Lula não tem nada que lembre a cultura de Pernambuco e muito menos do Nordeste. Só nasceu lá. É um sujeito do sudeste criado em família humilde. A pobreza gera mais ou menos as mesmas características em todos os lugares. A diferença de Lula é que ele se tornou um político, líder de massas, por suas qualidades pessoais, que nada têm a ver com o fato de ser de Pernambuco. São qualidades eminentemente individuais, desenvolvidas por ter sido líder sindical numa cidade industrial e com forte base operária. O que isso tem a ver com ser de Pernambuco? Nada, absolutamente nada.

          2. Não falo sem conhecimento de

            Não falo sem conhecimento de causa, meu avô e meus tios avôs eram pernambucanos e eu vejo Lula em cada um deles, homens comuns.

          3. Um autêntico pernambucano nunca é “um homem comum”

            Isso não existe na cultura pernambucana. Eles são pessoas muito expansivas, orgulhosas de si, com ideais universalistas que ultrapassam fronteiras etc. Pernambuco tem essa característica, as pessoas se acham especiais, isso de um modo especial. O “homem comum” que você fala, em Pernambuco, sempre tem uma certa áurea de grande capacidade, de grande consciência de sua importância. O “comum” em Pernambuco é isso. São pessoas muito altivas, o que não se confunde com a mera arrogância. A postura deles têm fundamento em sua história, em sua cultura, em suas realizações. Todo mundo sabe disso no Nordeste. É um clássico traço pernambucano esse. Jorge Amado dizia que o pernambucano era “ousado” hehehe.

      3. Um monte, é só andar pelas

        Um monte, é só andar pelas ruas, e, se for para a região do ABC, vai ouvir muita gente falando com o sotaque do Lula.

        Lula é um cara típico do ABC.

  3. As diferenças entre Minas e Pernambuco

    Caro Roberto L. ao ler seu texto sobre o temperamento político do pernambucano deu para entender muito sobre meu estado Minas Gerais. Não que na terra de Aécio (tsc) as coisas sejam parecidas com Pernambuco. Pelo contrário… Todo o envolvimento que os pernambucanos dedicam a política, sejam de esquerda ou direita, soa estranho a qualquer observador da política mineira. Não que aqui nào exista esta direita metida a nobreza (bem representada pelo cheirador filhinho de papai medíocre do Aécio) e uma esquerda combativa. É que aqui é a terra do “jeitinho”, da acomodação e do mais profundo desprezo por tudo que represente as classes mais pobres e negras do estado. Se alguém falar que Minas Gerais é o estado que tem mais negros do país todo mundo vai negar pensando ser a Bahia a detendora do título. Mas é porque é MG os negros são tão intensamente sufocados e reprimidos que parece que o mineiro nem os vê! E assim é sempre aqui em MG. 

    Não é a toa que Pernambuco foi capaz de dar ao Brasil a criatividade revolucionária em termos mundias do Mangu Beat. Como também não é a toa que Minas Gerais só foi capaz de produzir nos ;ultimos anos os clones americanos ridículos e nada criativos de Skank, Jota Quest e o atual lixo do sertanejo univesitário de Victor e Léo e Paula Fernandes. É isso os mineiros são simples bobocas submissos ao Rio, São Paulo e EUA e nunca terão a energia combativa e critividade de um Pernambucano, Gaúcho ou Baiano. Os mineiros são esses bobocas que enxergam em Aécio Neves ( o medíocre cheirador filhinho de papai mauricinho) um grande político. Que acreditam que a hegemonia comprada por Aécio e sua gangue ( que levou na grana até partidos de “esquerda” como o PDT) foi um mérito de sua habilidade e não a movimentação intensa da mal do Sr, Clésio Andrade. 

    Sim você tem razão de tentar compreender o Brasil pela vida política e cultural de seus estados e se você já algum dia viveu em MG garanto que vai concordar comigo!

  4. Lula-la

    Muito bom ter trazido o assunto para esse aspecto, ao qual não havai atentado. Nem lembrava que o Noblat era pernambucano também. Então Noblat vem da pequena burguesia recifence e Lula, sabemos, do semi-arido, da miséria. Acho que Noblat não consegue entender como um pau-de-arara foi tão longe. Mas quem viveu tanta miséria, passou fome e tanta luta para ter uma formação, para ter trabalho etc, não vai se dobrar facilmente ao establishment de um mundo com seus codigos de condutas e aparências, tão importantes para a pequena burguesia provinciana.

    [video:http://youtu.be/PkNadaKifhg%5D  

      1. Lula

        O Lula, como a Dilma, é um sobrevivente… Eles tem a marca daqueles que viram a morte de perto… e viveram… este é um dado que pouca gente leva em consideração quando analisam as decisões dos dois… Eles não vão se dobrar fácil a qualquer intempérie

    1. “Acho que Noblat não consegue

      “Acho que Noblat não consegue entender como um pau-de-arara foi tão longe. Mas quem viveu tanta miséria, passou fome e tanta luta para ter uma formação, para ter trabalho etc, não vai se dobrar facilmente ao establishment de um mundo com seus codigos de condutas e aparências, tão importantes para a pequena burguesia provinciana” do recife.

       

  5. É muito muuuito difícil

    É muito muuuito difícil tentar minimizar o enraizamento cultural de um pernambucano, mineiro ou gaucho, cito essas três regiões porque conheço e convivo com pessoas que nasceram nestas regiões e embora fiquem quase todo o período aqui no RJ, são muitos ligadas as suas origens  .

    Não posso nem tenho condições mínimas para considerar o Lula um paulistano, o Milton Nascimento um carioca ….ou um Luis Fernando Veríssimo um caríoca .

    Não dá !!!!!

     

     

    1. Sou mineiro e digo…

      Milton Nascimento hoje é carioca, porque mineiro é vendido e submisso. Mineiro sente vergonha de seu estado e seus valores, mineiro quer shopping center assim como na música ” indio quer apito…”

      Minas Gerais é túmulo da inteligência do país porque possui a elite masi preconceituosa e burra do planeta. Mesmo com um povo maravilhoso, e riquíssimo em cultura MInas continua sendo o mascote de São Paulo, aquele cachorrinho dócil e ensinado que faz tudo que os EUA querem!

    2. O post não envereda por aí, o argumento é outro

      Leia lá. O cara fala que o aspecto pernambucano de Lula deriva de seu apreço pelo Brasil, de seu nacionalismo. O argumento é improcedente. Nem só em Pernambuco existem nacionalistas, além de que o que rola em Pernambuco em relação a isso torna Lula nada pernambucano, pois o que existe é um enaltecimento da cultura local. Ou seja, o post usa um argumento cuja conclusão é totalmente contrária da intenção de colocar Lula como pernambucano.

      Qual a identificação de Lula com Pernambuco, do jeito que existe por lá? Nenhuma. Lula não deve nem saber cantar o hino de Pernambuco, fala sério. Ligação próxima a zero. A maioria esmagadora das pessoas sabe cantar, o que mostra o nível de orgulho que eles têm do Estado, de serem de lá, de nascerem em Pernambuco. É um negócio único no Brasil, algo tipicamente pernambucano, de apego à cultura local. Eles são, antes de qualquer coisa, pernambucanos. Muito localistas (de localismo). Um cara que falar mal de Pernambuco por lá corre um sério risco de levar um cacete pesado, com direito à bandeira de Pernambuco cobrindo o sujeito falastrão enquanto leva a saraivada de golpes. Os caras são muito, muito orgulhosos de suas raízes. Como Pernambuco, não existe igual no Brasil.

      Você compara um pernambucano autêntico com Lula e as diferenças são gigantescas. Basta conhecer Recife, Olinda e como as pessoas são em Pernambuco. Lula é um migrante que se formou em São Paulo e perdeu toda a sua raiz cultural pernambucana. Não teve nem chance de mantê-la.

  6. Adorei o texto! Sem ter a mínima condição de julga-lo…

    Mas é só no GGN que se lê algo assim.

    A inteligência fugiu há tempo da mídia corporativa.

  7. Desculpe, nos erros e nos

    Desculpe, nos erros e nos acertos Lula é paulista… Gosta de Pernambuco, sem dúvida, mas a personalidade de Lula foi plasmada em São Paulo. Eu sei que é difícil aceitar isso – vai contra o bairrismo do Nordeste e Paulista, mas é a realidade. 

    1. Seu comentário está
      Seu comentário está equivocado no mínimo quando diz que o Nordeste é bairrista, termo perjorativo que outros impõem a quem defende suas raízes com afinco. A criação que é o NE não é bairrista, é difusa e confusa justamente por ter sido algo imposto de fora pra dentro. E quanto a Lula viveu até osos 9 anos em PE, boa parte da estruturação básica de qualquer personalidade se estrutura justamente nesse período dos primeiros anos de vida de alguém.

    2. Nascer em algum lugar já é parte do caminho
      Os primeiros anos de vida são de fundamental importância para a estruturação da personalidade de qualquer pessoa. Lula morou em PE até os 9 anos, é claro que no mínimo resquícios disso se juntam pra compor quem ele é hoje em dia e sendo PE um estado tão orgulhoso de seus símbolos e passado histórico isso perpassa as gerações…

  8. Concordo mais ou menos com

    Concordo mais ou menos com Roberto L. especialmente no que se refere  a Noblat e seu elitismo. coisa da classe mais abastada do estado. no mais, como pernambucana e recifense, não concordo com o perfil dos pernambucanos traçado pelo autor. Lula é pernambucano de nascimento (me parece que ele se sente muito à vontade quando vem a Pernambuco. acredito que é uma espécie de resgate de cheiros, sabores, etc.), que ele mesmo talvez nem perceba claramente. mas, penso também que ele se “paulistizou”. embora o amor pelo Brasil seja real. é uma espécie, penso, de cosmopolitismo tupiniquim. Viva Pernambuco, viva o Recife, viva o Brasil. Viva Lula.  

  9. Não adianta querer argumentar

    Não adianta querer argumentar com o AA, minha gente. Ele é o “Papai Sabe Tudo” e sempre do contra. O melhor é ignorar.

    1. Não é nada disso, meu caro colega

      Estou apenas opinando. Se o post dissesse que Lula tem orgulho de ter nascido em Pernambuco, isso seria uma coisa. Outra coisa é dizer que Lula é culturalmente pernambucano, porque puxou à mãe, porque é nacionalista (sentimento de pertencimento à pátria etc) e porque um dia, num discurso de campanha em 2002, disse que tinha a bandeira de Pernambuco em sua sala ou seu escritório. Aí não dá. Não é culturalmente pernambucano e isso é até timidamente reconhecido no post quando fala das características paulistas do perfil de Lula. Que ele goste de ser pernambucano de nascimento e tal, isso é bacana, legal etc. Mas isso não o torna um sujeito culturalmente pernambucano. Só isso mesmo. Não vejo porque dizer isso seria ruim ou errado. Não dá para Lula ter mantido um perfil cultural de Pernambuco quando cresceu em São Paulo e viveu dentro dos padrões sociais de São Paulo, com as limitações da classe social a que pertencia.

  10. A mola com defeito

       Sabe aquele verso “no centro da própria engrenagem, inventa a contra-mola que resiste” ? É capaz de fazer surtar qualquer conservador, se eles se tocarem desses fatos.

         Lula  é produto de um Brasil que a direita criou, mas esse Brasil é capaz de destruir seu criador e se reinventar, Lula  foi um sertanejo esquecido pelo estado que foi tangido pro sudeste servindo de mão de obra barata para indústria paulista. Devido as péssimas condições de trabalho sofreu um acidente às 3 da madrugada só sendo atendido pelo médico pela manhã, o incidente o levou para o sindicalismo seu trampolim para a política.   Durante o último reinado da direita a mídia fazia questão de retratar Lula como o oposto de FHC, o moderno , o instruído, o requintado, quando desmoronou o esquema direitista a presidência praticamente caiu no colo do ex metalúrgico.

         Podem culpar pela ascensão de Lula o povo semi-analfabeto( culpa da direita),  a crise internacional(culpa da direita),  o que mais inventarem mas fato é que a direita é autodestrutiva, sua única esperança é arranjar um disfarce e fingir que não tem nada a ver com a desgraça que criou para continuar no poder, Lula acabou com essa pretensão em 2003, não havia disfarce possível, Lula era o antídoto, hoje tentam recriar o “novo na política” até agora sem sucesso, por enquanto o novo segue sendo Lula, Dilma e o PT que apesar dos pesares pode acender 12 velinhas com orgulho pelas conquistas obtidas. 

  11. Eu não acredito que alguém

    Eu não acredito que alguém tenha uma predisposição genética, por causa do “sangue”, para ter um determinado tipo de comportamento. Espero que nenhum leitor deste blog pense assim.

    Assim, é bom lembrar que o Lula chegou a São Paulo com apenas sete anos, onde cresceu e fez toda sua carreira política, e onde mora até hoje.

    Ele é, em essência, um político paulista.

    1. Mas a mãe, pernambucana para

      Mas a mãe, pernambucana para sempre, exerceu grande influência na vida do filho. Os dois, parece, eram muito ligados.

    2. Mas, por ter nascido no

      Mas, por ter nascido no sertão, a exemplo do escritor pernambucano de Salgueiro, que conquistou o Prêmio Jabuti, Lula e e demais sertanejos coninuam sendo  discriminados pela elite recifense. Se dependesse dos intelectuais do Recife, o nome do Gonzagão seria considerado mais um embolador das sagas de Lampião, sem qualquer expessão cultural. 

    3. Mas, por ter nascido no

      Mas, por ter nascido no sertão, a exemplo do escritor pernambucano de Salgueiro, que conquistou o Prêmio Jabuti, Lula e e demais sertanejos coninuam sendo  discriminados pela elite recifense. Se dependesse dos intelectuais do Recife, o nome do Gonzagão seria considerado mais um embolador das sagas de Lampião, sem qualquer expessão cultural. 

    4. Mas, por ter nascido no

      Mas, por ter nascido no sertão, a exemplo do escritor pernambucano de Salgueiro, que conquistou o Prêmio Jabuti, Lula e e demais sertanejos coninuam sendo  discriminados pela elite recifense. Se dependesse dos intelectuais do Recife, o nome do Gonzagão seria considerado mais um embolador das sagas de Lampião, sem qualquer expessão cultural. 

    5. Mas, por ter nascido no

      Mas, por ter nascido no sertão, a exemplo do escritor pernambucano de Salgueiro, que conquistou o Prêmio Jabuti, Lula e e demais sertanejos coninuam sendo  discriminados pela elite recifense. Se dependesse dos intelectuais do Recife, o nome do Gonzagão seria considerado mais um embolador das sagas de Lampião, sem qualquer expessão cultural. 

    6. Aleandro, o Lula não é um

      Aleandro, o Lula não é um político paulista em essência, ele pode ser um misto dos dois estados (o que é muito mais provável), mas paulista em essência nunca foi, comento sobre isso mais acima (se conseguir ler).

      Ele é uma figura nacional (hoje e há bastante tempo transcende a coisa “regional”), é um símbolo da classe trabalhadora do país, um símbolo de vitória e mudança.

      Mas a identificação dele com PE foi ele mesmo quem citou, não fui eu quem disse. Até me surpreendi com ele dizer isso pois quando a gente queria ironizar o Lula a gente chamava ele de “paulista” (não de forma elogiosa, rs), mas ele mesmo desfez a dúvida nesses comícios (eu fui a outro comício em 1994 também, insólito, até o Mercadante parecia de esquerda na época, rsrsrsrsrs).

      E eu não falei de genética, eu falei de cultura, identidade, mas entendo o termo que o Nassif empregou, não vou entrar na onda do “politicamente correto fascistoide” pra não entender uma expressão usual, é como falar que o sangue de Tiradentes era mineiro, ressaltando isso, acho que ninguém vai contestar o uso da expressão. Mineiro e brasileiro, símbolo também nacional de libertação, independente da Iconfidência não ter conseguido èxito.

      Pessoas têm forte influência dos pais ou de um pai/mãe, ele sempre ressaltou pesado a influência da Dona Lindu na formação dele, inclusive de identidade/caráter. Vem daí a identificação dele com PE ou o reencontro. Ele chorou emocionado com a honraria que recebeu do traíra Campos acho que no fim do mandato dele (2010, não lembro direito, mas tem foto na web ele recebendo uma condecoração no estado e ressaltando isso) e nunca entendi a teimosia do Lula em não ver no Campos o semblante de um traíra (da pior espécie), é algo que me deixa perplexo até hoje.

    1. Bem lembrado, Zeca. Editor

      Bem lembrado, Zeca. Editor chefe do Correio Braziliense, Noblat travou um guerra com o Joaquim Roriz, candidato a governador contra o Cristovam. Por causa dessa briga muitos achamos que era o cara. Mais tarde vim descobrir o reaça que sempre foi.

  12. Sobre pernambucanos

    Nascido e criado em Recife, estou há 43 anos em Minas Gerais (30 em BH) e mantenho o sotaque e os cacoetes do pernambucano que sou. Mal digo de ser conterrâneo dos Noblat, Jurgmam, Jarbas Vasconcelos, Roberto Freire e uma pá de gente sacana e metida a besta que se acha além e aquém dos outros. Traíras do nosso sangue. Tenho orgulho por Lula ter nascido lá, nem que somente ficasse por 24 horas, mas que tem tutano pra enfrentar essa corja de sanguessugas da nação. Vida longa ao estadista !!!

  13. Clareou tudo. Parabéns!

    O autor do artigo tem um crédito comigo de uma dúzia de cervejas, no mínimo. Convivi no ambiente de trabalho com um casal de pernambucanos entre dez/86 e jan/1991, e só agora ao ler o artigo consigo entender muito do que vi e ouvi. Acrescente-se ao fato de meu ex-colega de trabalho ser filho de general, o que explica mais ainda. 

    1. Fernando, fico feliz em ler

      Fernando, fico feliz em ler teu comentário. Entendeu totalmente o sentido do que comentei. O espírito que há em muitos pernambucanos é esse que ressaltei no post colocando os extremos opostos do estado, o Lula x Noblat, que a grande mídia dificilmente jamais ressaltará pois a Globo sempre tentou generalizar tudo no país e nunca explicar nada (citei a Globo pois ela é quem sempre puxa o bonde das generalizações). E agradeço pelo crédito das cervejas, rs.

      O casal que vc conviveu é dos meus, quando me encontro irritado com os traíras locais sempre me lembro que são pessoas como essa que me fazem lembrar do que deve ser pernambucano (um estado de espírito, acima de tudo, todo brasileiro tem um pouco de Pernambuco dentro de si) e do que não deve ser um (Roberto Freire, Maciel e cia, rs). Abs. forte.

  14. DNA pernambucano

    Pelos comentários, dá para ver que quem não tem sangue pernambucano na família próxima dificilmente conseguirá entender o que o Roberto explica. Entendo perfeitamente, e compartilho, porque sou filho de pernambucano de 4 costados, o lado paterno de meu pai, recifense, aportou em Recife em meados do s. XVIII, na pele de um navegante português que meu pai dizia, creio que de gozação, ser o último pirata português. O lado materno de meu pai também está lá há muitas gerações. Meu avô e minha avó vieram para o Rio na primeira metade dos anos 30, meu pai adolescente transformou-se em carioca de carteirinha. Como o Nelson Rodrigues. No entanto minhas tias e o irmão de meu pai permaneceram pernambucanos até morrer. Pra quem acha esquisita a referência do Roberto ao “pernambucanismo” do Lula derivado da mãe, uma confirmação pessoal: quase todos os meus primos e primas irmãos (são 16), apesar de cariocas e mineiros de nascimento têm sotaque recifense, mesmo os que nunca puseram os pés em Recife antes da idade adulta, e mesmo tendo pai ou mãe não pernambucanos. Sou carioca de nascença e de cultura, mas é só por os pés em Recife que, sei lá por quê, desando a chorar. Alías, já estou chorando só de escrever isso.O sangue é forte.

  15. Semelhanças

    Todo profissional da mídia (de todas as mídias) – só para ficar nesta profissão – em algum momento “jogou confete pra torcida” . Há também aqueles que não sobrevivem psicológica e economicamente sem um afago de seus “convertidos”.

  16. .

    Eu sou de Recife, pernambucano da gema, mas não concordo muito com uma certa megalomania bairrista e muito menos ainda com os reacionários e traidores do pedaço.

    1. Converse aí com os

      Converse aí com os inteletuais ainda vivos da década de 60, no Recife e você vai saber da safadeza do intelectual Gilberto Freyre, para se “dono” da Fundação Joaquim Nabuco, entidade criada pelo poeta matuto Ascenço Feirrira (Vou mibora pra Ctadente) e seu primeiro presidente.

  17. Marilene Felinto falou antes e melhor

    [-Digito isto antes de ler alguns comentários (Argolo, p. ex.) ].M.Felinto,na contundência, e melhor observadora,afirma q foi em Pernambuco e Recife onde se formou a classe média/média alta mais retrógrada e kitsch do país. – E, naquela antiga e atualíssima crônica,tb qto ao sentido de inferioridade por trás do “orgulho de ser nordestino”, “pernambuco falando para o mundo”,e coisas assim.Nao vejo o que seja culturalmente pernambucano.Só se for nalguns atrasos irritantes ( quase plagio MF) . Mas há, sim, diferenças, e há, sim, semelhanças no reino animal. Um detalhe:o jeito mais encontrado em Pernambuco é parecido ao do gaúcho(G. Freyre,Sobrados&Mocambos,num dos últimos capítulos fala isso).MF desautoriza qq reprodução.

    1. AH! uma obs:

      morei muuuuuito tempo em Porto Alegre e conheço um pouco do RS. Talvez, distanciado, morando de novo em Recife (onde nasci), percebo diferenças, droga que é pra bem pior – nada a ver com a visão de turistas ou visitantes deslumbrados ou que so conhecem nichos. Dinate de quem “é de fora”, o comportamento muda.  E nessa homogeneidade assutante vão se dilundo (algumas) diferenças.Pela imitação ao que vem do norte (pipoca/refri namao), ou o vocabulário, as expressões e algumas maneiras do “sul” ( Ah! como me faz falta POA – provavelmente a mais civilizada capital do país – êpa, tô generalizando )

    2. NICKNAME

      Você toca num ponto interessante e quase sempre despercebido: o gaúcho tradicional tem muita coisa parecida com o que se observa no Nordeste. Estou falando do gaúcho tradicional, descendente de português, e não das levas de imigrantes da primeira metade do século XX (vá lá, fins do século XIX incluídos). Esses elementos exógenos não nos dizem nada sobre o Brasil, sua cultura autêntica e são historicamente irrelevantes na compreensão da identidde cultural brasileira.

      Aliás, foram esses imigrantes e seus descendentes que criaram o preconceito contra o Nordeste e seu povo, que antes nem tinha sentido de existir, ninguém nunca falava nisso, eram todos brasileiros. Isso é coisa recente na história brasileira e a culpa é dessas levas de imigrantes europeus, cuja maioria que aportou no Brasil era pobre e miserável, sem nada. Chegaram no Brasil com uma mão na frente e outra atrás, como se diz.

      Mas mesmo esses, quando assimilam a cultura tradicional gaúcha e se desvencilham do preconceito, se tornam apaixonados pelo Nordeste. Muitos migram para a região. O que tem de gaúcho radicado no Nordeste não está no gibi. Existe uma identificação com a cultura local.

      1. Correto

        Reprodziu-se aqui no sul pelos imigrantes do norte da Europa que aqui chegaram um certo preconceito ao nordeste que tem um fundo na organização social da região. O seja, é fundamentalmente um preconceito contra as elites nordestinas, as mais vis e desumanas deste país, como pode ser lido n´O Quinze. Capazes de criar campos de concentração para o seu próprio povo qe fugia da seca as portas de Fortaleza.

        Talvez esse preconceito tenha se extendido ao nordestino como um todo justamente por ele não reagir a exploração da qual é vítima há séculos.

        Na Europa, esse preconceito também existe cpara com os portuguese e Portugal, sabidamente o país com menor mobilidade social da Europa, donde origina-se também sua posição de  país mais miserável da Europa ocidental.

        1. Segundo comentário preconceituoso em pouco tempo

            Nunca ouviu falar de Canudos, Caldeirão, Palmares, além da própria reação atual com o próprio Lula ?

          1. Elelê

            Tanto Canudos quanto o Caldeirão foram fugas messiânicas.

            O messianismo só aparece na total desesperança, desespereança essa justamente imposta pela elite nordestina. Pelos coronéis.

            Aliás, o lulismo também tem um quê de messianismo. E o próprio gosta de alimentar esse personagem messiânico, haja visto o seu bordão famoso ” nunca antes na história desse país” .

          2. Pegos na mentira sempre mudam o argumento

             O argumento era a falta de reação dos nordestinos, que levaram chumbo e foram exterminados mas não se entregaram, pelo menos teve coragem de manter o preconceito dessa vez.

        2. Norte da Europa? Querias te

          Norte da Europa? Querias te  referir à Euopa Ocidental, não? Em especial a França e Alemanha, em especial esta última porque é mais charmoso. 

          E a Itália? E o Japão(Paraná e São Paulo)? Por que a omissão? E a colônia portuguesa no RS

          Sobre essa a “tese” acerca do preconceito dos “imigrantes” do “norte” da Europa: poderias citar algum estudo, algum autor como referência? Ou se trata de opinião tua na forma de palpite?

          Sugiro estudares melhor as variáveis econômicas, sociológicas, políticas,  antropológicas e geográficas da nossa região antes de emitir juízos estapafúrdios como os exarados no te comentário. 

      2. Alessandre, nesse ponto eu

        Alessandre, nesse ponto eu concordo (é que não tem como fazer uma “dissertação” explicando ponto a ponto de um comentário pra ressaltar a origem da fúria do Noblat, pelo menos eu sei que fui na veia do ódio do Noblat, duvido ele negar isso, hahahaha), há, sempre houve pontos em comuns da cultura portuguesa (dos descendentes e de quem se assimila) de Norte a Sul do país, tanto que o idioma do país é o português (poderia ser outro se não houvesse essa profundidade dos laços da cultura portuguesa unindo o país), mineiros, pernambucanos, baianos, gaúchos, e os demais estados com desenvolvimento pós-1808, em suma sempre tiveram traços em comum.

        Cito algo, por exemplo, sobre a origem em comum da música caipira (como chamam), do fandango gaúcho e do forró que vêm de uma mesma matriz: da chula portuguesa (não estou conseguindo colar o link da Wikipedia, mas acha lá Chula Portugal). Que no verbete diz que isso originou o forró mas vai além disso, a própria música do interior do Brasil e a música com sanfona (acordeão) no RS vem da chula, e aí foi adquirindo os contornos “modernos” no século XX e surgindo esses novos ritmos originários dela (se eu conseguisse colar um link colocaria o Renato Borghetti tocando com o Dominguinhos).

    1. Vergetti, pode falar mal

      Vergetti, pode falar mal também, rsrsrsrs, só que entendo porque esses debates sobre a formação do país geram tanta emoção e interesse: o Brasil hoje passa por uma grave crise cultural e identitária e a direita retrógrada sabe disso, tanto que trava uma briga pesada nesse campo contra a esquerda/forças progressistas.

      A “Nova” Direita brasileira (entre aspas, de nova só o fato de haver novos agentes políticos, com uma cabeça mais retrógrada do que gente da direita de 100 anos atrás ou 200) já percebeu essa crise e vai com tudo em cima dela. Não é só uma briga econômica que está em curso, embora essa seja a luta central hoje do país (a defesa da Petrobras e do projeto desenvolvimentista de nação/país retomado em 2003 com o Lula), mas uma das coisas que impulsiona esse reavivamento dessa direita tresloucada no Brasil (entreguista e caquética) é uma briga cultural e identitária violenta, que o PT nunca deu atenção ou sempre fez pouco caso desse tipo de questão.

      Até o PSOL já percebeu a relevância da questão e tem crescido em cima disso, desses espaços que geram discussão sobre que país queremos ter pros próximos 50 anos, o que é ser brasileiro hoje (ou o que deveria ser) etc.

  18. Gostei da observação do

    Gostei da observação do articulista acerca dessa generalização “nordestinos” para todos os habitantes dessa parte do Brasil. Os que assim se expressam mal disfarçam uma certa depreciação. 

    Chegue para um mineiro é o chame de sudestino; idem para um carioca ou paulista. No mínimo eles lhe mandarão para “aquele lugar”. 

    Se há uma matriz mínima histórica, cultural, antropológica, isso não desagua numa uniformidade absoluta. A distinção começa pelos sotaque, passa pela alimentação, vestuário, folclore etc etc. 

    Sou cearense antes de ser nordestino. Disso tenho orgulho. 

    Quanto ao texto….Sinceramente. Parece-me um transbordamento teórico querer inserir a trajetória e o perfil político de Lula nas análise histórica, política e sociológica de um estado onde só praticamente nasceu.

    Menos “batista”, menos. 

     

    1. Gostei da observação do

      Gostei da observação do articulista acerca dessa generalização “nordestinos” para todos os habitantes dessa parte do Brasil. Os que assim se expressam mal disfarçam uma certa depreciação.”

      JB, concordo integralmente com essa afirmação, e é justamente isso que dilui a compreensão do Brasil ou a formação do país. A criação de regiões é coisa recente na História do Brasil, isso vem de Vargas, Estado Novo, a história dos Estados é algo mais antigo e revela mais do Brasil que a “história das regiões”.

      Meu intuito com o comentário não foi menosprezar ou diminuir os demais estados do país e sim destacar a origem do ódio do Noblat, que é sim algo relacionado a origem dos dois. Eu já ouvi muita coisa dita por reaça de Pernambuco com o mesmo teor que o dele, é basicamente o ódio que descrevi na peleja da disputa eleitoral de 2000 (eu ia colar um texto sobre aquela eleição no outro post mas só vi agora que o Nassif destacou o comentário) que culminou com a vitória de João Paulo pra prefeitura do Recife, que era um prenúncio (sem a gente saber) da derrocada de FHC 2 anos depois. João Paulo é o típico recifense do povão, oriundo de família pobre, ex-cobrador de ônibus e um dos fundadores do PT. Se o Nassif quiser ler sobre uma história sui generis também procuarará saber sobre a trajetória política de João Paulo, ex-prefeito do Recife, PT-PE, primeiro prefeito operário do Recife.

      Mas voltando ao que você comentou, eu não vejo o país dessa forma, “meu estado melhor” ou coisa do tipo, todos os estados do Brasil, sem exceção, são importantes na formação nacional, não faço hierarquia mas sei que muita gente faz. Meu modo de ver, e é a maneira de ver de muita gente nacionalista no país (que ama de fato o Brasil) é que a diversidade cultural (e mentalidades) dos estados e a união é que fazem a força do Brasil.

      Quem tenta diminuir o país a regiões apenas estará fazendo, em parte, o interesse das elites mais retrógradas do país. Nunca tive qualquer problema em ouvir falar ou ler sobre história de Minas, do Ceará, do Rio Grande do Sul, Bahia, Rio etc, separamente, acho inclusive que quanto mais se conhece dos estados esse ranço bairrista presente no país vai se diluindo ao contrário do que muita gente pensa que se falarem de um estado (descrever, ressaltar, não exaltar) que isso irá fomentar bairrismos. Depende totalmente da forma como a coisa é dita, pensada.

      Também não vejo qualquer problema em um cearense dizer que é cearense ou (re) afirmar isso pois o problema que vc cita existe, eu entendo melhor o Ceará vendo o Ceará como Ceará do que “Nordeste”, a Bahia idem (a Bahia tem muita ligação com o Rio de Janeiro, que nem no “Nordeste” fica) e assim com todos os estados.

      Eu não acho que o Rio Grande do Sul, Paraná e Santa Catarina sejam iguais, pelo contrário, tenho visão distinta dos três e a generalização regional cria o termo “Sul”, que só interessa aos boquirrotos de um grupelho separatista que usa o nome da região como “identidade”.

      Vou tentar comentar em alguns dos comentários, mas são muitos. O comentário de que todo pernambucano conhece o hino de Pernambuco, eu gostaria que fosse verdade mas infelizmente isso não ocorre. O hino e qualquer manifestação cultural em torno do estado sempre foram reprimidos. O hino só foi resgatado por Jarbas (ironicamente) pra resgatar a auto-estima do povo na maior crise econômica de Pernambuco em que 8% do PIB foram demolidos, Recife chegou a perder população (migraram pra outros estados), e acabou sendo reincorporado de vez ao estado, mas o resgate do hino é coisa recente, mas o uso da bandeira começou pra valer graças à peleja com a Globo de 87 (por um embate de futebol que virou briga política pesada, é outra história que, infelizmente, por conta do clubismo, acaba passando batida os bastidores daquele campeonato de 87 e a briga antológica num jogo Sport contra o Bangu que a Globo simplesmente abafou, por pouco não rola uma tragédia, parecia palco de guerra aquele jogo).

      Mas sobre a afirmação de que o Lula não é pernambucano, culturalmente, porque só nasceu em PE, eu comentei no texto que o que eu disse foram palavras dele, não minhas. Por sorte e destino, a gente acaba se tornando testemunha ocular da história, pena eu não ter na época como registrar aquele comício, mas lembro quase integralmente do que acontece naquele dia. Inclusive não citei no comentário (pois iria ficar extenso demais) que naquele comício, que a concentração saiu próximo da Celpe (Cia. de Energia de PE, privatizada por Jarbas sob mando de FHC) eu sai quase junto a Ariano Suassuna, que não foi em carro “especial” algum e foi (idoso) com a passeata (tinha uns 100 ou 200 mil pessoas naquele comício) e foi andando até o pátio da Igreja onde o Lula discursou.

      O que eu relatei no texto foram palavras ditas pelo Lula no comício, ele que ressaltou isso, ele podia não dizer nada que ninguém iria se queixar, mas fez questão de ressaltar a origem dele e da ligação que sente a Pernambuco que foi repassado a ele pela mãe, irmãos etc. Todo mundo aqui ou quase todo mundo, tem forte apego aos pais, ou mais a um pai ou mãe, avó, tia etc, e sim, parte do que somos culturalmente (identidade) é transmitida pelos pais. É fácil identificar no Lula um pernambucano, sendo pernambucano.

      Só a elite rançosa de PE negava isso, gente como Gilberte Freyre, que muita gente exalta mas era um ultrarreacionário da pior espécie (apesar de gênio), chamava Lula de paulista em tom de menospreso, pra negar a ele sua origem, pra dizer que ele não era “um dos nossos”, porque o reaça Freyre era o típico senhorzinho de Casa Grande, por isso que ele conhecia tão bem o assunto dos livros que escreveu.

      O que eu narrei são as brigas épicas entre o Pernambuco dos idealistas contra a elite retrógrada e submissa que se perdeu no tempo, elite por vezes prepotente pra mascarar seus próprios fiascos políticos megalomaníacos, mas que também sai gente idealista que morre por um ideal de libertação (abolicionistas, nacionalistas). Esse é um embate constante que costuma culminar em mudanças profundas, nem sempre narradas pra todo o país. Quem quiser entender o Brasil de hoje tem que entender pra valer o Brasil do século XIX, o Brasil atual foi feito naquele período de quase fragmentação do território com as guerras fratricidas contra a Coroa Portuguesa que são narradas como “coisa menor” pela “história oficial” que o Evaldo Cabral de Mello (outro pernambucano, sem exagero, é um dos maiores historiadores do país) chama de “cariocentrismo” (algo assim, relativo a ser escrita pela elite descendente dos lisboetas fugidos com a Coroa pro Rio) pra apagar o registro de Pernambuco na história do país.

      Um adendo, isso não é aversão ao povo do Rio e sim uma crítica à elite. Não achei o texto onde ele menciona isso mas já li e acho que está no livro “A Outra Independência” que narra os eventos da Revolução de 1817 que foi duramente reprimida e de como o Brasil seria outro se esta revolução tivesse vingado (narra a história dos idealistas daquela época que mudaram não só Pernambuco como todos esses ideais foram disseminados país afora até o país se libertar de Portugal, e muita coisa continua pelo ar, até hoje, ideias não são fáceis de apagar apesar de tanta repressão).

      P.S. agradeço ao Nassif o espaço do texto. Tinha até mais detalhes pra narrar no comentário que fiz, só que se eu fosse descrever, acabaria ficando extenso e pouca gente lê texto muito longo. Coisas como essa, da presença do Ariano Suassuna nesse comício do Lula em 2002 eu acabei não citando no comentário que virou o texto acima. Lamentável eu não ter registro algum (nem fotográfico) do comício, pois foi um comício histórico, foi o último comício do primeiro turno de 2002. Eu fui novamente a outro comício histórico, dessa vez aquele de Dilma e Lula no encerramento da campanha de 2014, foi como revisitar o passado. Passou um filme pela cabeça nesse comício de 2014, algo como “caramba, eu tava naquele de 2002 e gerou tudo isso no país?”. Mas tem muita história que presenciei, até da eleição do retorno de Arraes a PE em 85 pra “entrar pela porta que saiu” (era o slogan usado na campanha pra governador dizendo que ele iria entrar pela porta que saiu em 1964, simbolismo puro e pesado). Passado, presente e mito se misturam na História/memória de Pernambuco, eu mesmo não consigo fazer distinção dos três, que pra mim também são sinônimo forte e inseperável do que é ser brasileiro.

      1. JB, e outro adendo: sobre se

        JB, e outro adendo: sobre se Lula é de SP ou PE, Lula cresceu em SP, nunca neguei isso ou acho que ninguém irá negar (não tem como), o que comentei foi sobre como ele se identifica, vê o mundo, e esse traço de luta, briga e um apreço por justiça (como uma colega abaixo soube resumir melhor), veio da mãe dele, é a pernambucanidade do Lula. Ele mesmo resssaltou isso no comício que mencionei.

        O certo sobre o Lula é dizer que ele é uma figura nacional, ou se tornou, que transcende o regional ou “local” e que é visto como um símbolo pra classe trabalhadora do país e como um emblema nacionalista (não no sentido pejorativo do termo mas um nacionalismo democrático, algo que o Brizola defendia, um trabalhismo brasileiro).

        Então é bobagem ficar colocando em oposição SP a PE e vice-versa, SP e PE estão no Lula, ele cresceu em SP e viveu SP, e sua identidade, educação etc foi repassada pela mãe que como pernambucana passou tudo isso a ele, e quando ele pode reencontrar sua terra ele viu no povo coisas que ela, a mãe, repassou pra ele. Isso não se perde saindo de um estado e depende de como você vê o estado.

        Ele poderia odiar Pernambuco, eu entenderia isso, ele saiu de PE enxotado pela desigualdade regional amplificada no país durante o século XX, por fatores climáticos, de industrialização (período de industrialização do capitalismo) etc, mas não odeia e reassalta isso, que tem uma bandeira de PE no escritório dele. Tem gente que tem vergonha do seu estado natal, ele não, ele exalta isso sem que ninguém tenha forçado a ele tomar essa atitude. Ele se porta como um pernambucano de verdade, e Marco Maciel, Sergio Guerra, Roberto Freire, Jarbas e cia (a laia dos traíras de PE) nos envergonha profundamente (são a outra face da moeda).

        Pra cada Lula que nasce, tem uma legião de Macieis pra desgraçar e compensar o fenômeno (nem tudo é perfeito, rsrsrsrsrs).

      2. Trecho onde se afirma que Lula é “culturalmente pernambucano”

        Diferentemente do que você afirma no comentário acima, quando escreve que “Mas sobre a afirmação de que o Lula não é pernambucano, culturalmente, porque só nasceu em PE, eu comentei no texto que o que eu disse foram palavras dele, não minhas”, veja o que realmente foi escrito sobre isso, com as tuas próprias palavras:

        “O Lula, mesmo vivendo desde pequeno em SP, tem todos os traços de personalidade da mãe, culturalmente é pernambucano embora tenha afinidades óbvias com São Paulo. Eu lembro, em 2002, dele no discurso no último comício de campanha do 1o turno dizer que tem uma bandeira de Pernambuco no escritório dele, ele não falou da boca pra fora, falou com orgulho.

        O que não tem sentido pra muitos no país, pra gente é algo enraizado, esse senso de pátria, sangue, lutar pela terra é algo bem arraigado e enraizado, só vai entender o confronto de dois pernambucanos quem conhecer a mentalidade do estado (eu sempre procuro entender a mentalidade dos outros estados do país pra entender o país por inteiro, pena que pouca gente no país olhe o Brasil dessa forma em vez daquelas caricaturas de “Brasil brasileiro” com aquele nacionalismo datado da Era Vargas).”

        Veja que você conclui, com as tuas palavras, que o Lula é “culturalmente pernambucano” e termina derivando isso, além de uma herança genética da mãe (como se ser pernambucano, no que isso tem de sentido cultural, fosse uma carcaterística genética, quando sabemos que não é), de uma característica que você chama de “senso de pátria”, que seria comum em Pernambuco.

        Esses argumentos eu considero improcedentes. O “senso de pátria” a que você se refere, presente em Lula, não deriva de sua condição de ter nascido em Pernambuco nem o Estado detém a primazia do nacionalismo brasileiro. Defender essa tese seria uma bobagem. Existem nacionalistas em todos os lugares do país.

      3. Roberto,
        Adorei teu texto

        Roberto,

        Adorei teu texto rico: rico e bastante didático acerca do nosso querido estado-irmão Pernambuco. Não tive a intenção de menosprezá-lo demais com o fecho do meu pequeno comentário. Até peço desculpas se fui grosseiro.

  19. Nassif, na década de 60 fui

    Nassif, na década de 60 fui estudar no Recife, uma cidade completamente diferente de meu sertão pernambucano de Ouricuri. Notei, nos primeiros dias na capital pernambuca, uma certa didcriminação com a gente do sertão. Realmente os valores culturais do sertão na tinha o devido espaço para competir com os intelectuais de beira-mar. Ascenço Ferrreira, o matuto de Catende, criou a Fundação Joaquim Nabuco, mas logo o metropolitano do Recife Gilberto Freire consseguiu ser “dono” da Fundação e destituiu o poeta matuto da direção. Secularmente, nós, do sertão, nunca tivemos vínculos com as subrraças do litoral, para lembrar Euclides da Cunha (Os Sertões).. Nos anos 60 anos fui presidente da Residênicia Estudantil do Recife,no bairro do Derby, mas encontrava sempre sérias dificuldades quando tinha agenda com o recifense. Devido o isolamento com o litoral, a tradição sertaneja mantinha as raízes de Portugal (cousa, vossência, etc.) e a gente do sertão às vezes tinha uma certa dificuldade para entender a fala do recifense. Na época, tinha um primo que morava no Rio e dizia que os nordestinos Gonzagão e Jackson do Pandeiro eram sucessos com suas músicas nas rádios e programa de TV. Durante minha estada na cidade elitista do Noblat nunca ouvi qualquer música do Gonzagão. Ou seja, como estudante de colégio de ricos do Recife (Marista), o Noblat foi criado e gerado contra os filhos do sertão, aí incluindo Lula, de Garanhuns. Tenho dito.   

    1. Otavio, cada um repassa sua

      Otavio, cada um repassa sua própria impressão ou vivência, mas veja bem, eu sou recifense mas meus pais são do interior do estado, e igual a mim há milhões ou milhares.

      O preconceito que vc relatou existia (hoje resiste com menos força, é aquela crise da direita de Pernambuco que citei, ela perdeu totalmente o norte com a vitória de Lula, até o DEM/PFL se esfacelou e era o partido de apoio ao tucanato com FHC e hoje é só espoleta, os centros nervosos do DEM eram Salvador, com ACM e os carlistas e Recife, com Maciel e a corja dele), só que boa parte dos recifenses hoje são filhos de gente do interior.

      Interior que é dividido em zona da mata, agreste e sertão. Meu pai, ironicamente (eu disse que se fosse completar o comentário que fiz iria criar um tablete, só com os complementos, rs), é de Garunhuns, terra natal do Lula (até isso eu tenho em comum com ele), só que Garanhuns não é sertão, é agreste e ainda faz frio.

      Pra quem não conhece, Garanhuns não tem a imagem clássica consagrada na mídia da “Caatinga”, cactus etc, por isso achei até estranho aquela parte no filme do Lula como se fosse uma paisagem do sertão (esse sim seco, mas que próximo de rios, como Petrolina, estoura prosperidade, tem muito gaúcho por Petrolina e uma indústria de uva forte por lá e diversificada).

      Havia também um ranço da própria esquerda, sediada em Recife, com o interior, mais precisamente o Sertão, porque era a área que dava mais votos pra direita por conta da postura histórica governista e conservadora, contrastando com as posturas mais de esquerda do Recife, esse ódio sectário político provoca mais preconceito do que qualquer tradicionalismo arcaico de figuras como o Freyre, que era um reacionário total, mas com aquele viés nacionalista (o que deixaria muito coxinha perturbado com a figura dele pois ele nutriria ódio a quem odeia o Brasil, que não é a característica atual da direita brasileira).

      E o forró não é música do Recife, a música do Recife é o frevo. O povo considera qualquer imposição cultural/musical que desloque a música símbolo da cidade como um ataque à cidade. Muita gente do interior por não dar a mínima a esse tipo de questão acaba atraindo uma cisma pra si, embora eu convive com muita gente do interior, e mesmo havendo piadas ou brincadeira, nunca chegou a haver um ranço dessa monta com gente do interior, mas os boçais e esnobes do Recife existem mesmo, é o pessoal mais ridículo da face da terra (eles sentem verdadeiro ódio quando a gente zomba deles nesses termos e se veem como “cosmopolitas”, e eu os chamaria mais de gente sem identidade que deu o azar de nascer num lugar com uma forte identidade).

      Sobre a questão portuguesa, Recife foi um centro no passado fortemente antilusitano, apesar da maioria dos brancos da cidade ser descendente de portugueses (são os lusodescendentes que odeiam Portugal, ou mais precisamente os traços negativos da cultura portuguesa, o “jeitinho”, e a Coroa). Então qualquer coisa identificada com Portugal sofria sim preconceito, até porque o estado por ter entrado com conflito direto com Portugal (séc. XIX) e ter perdido metade do território por decreto de D. Pedro I, nutria um ódio virulento ao “ser português”, uma das razões pra ter surgido um certo ranço com o Rio, não pelo Rio em si e sim por conta dos portugas.

      Meus pais vieram pro Recife por volta dos anos 60 (não lembro a data). Minha mãe foi aluna de Marcos Freire, aquele que morreu em acidente de avião quando era ministro da Reforma Agrária de Sarney. Meus pais não eram políticos ou metidos em política, minha mãe era mais politizada e na época acabou participando (os dois, meu pai foi levado por ela) da campanha de Arraes contra o partido da elite local (PFL), lembro de saírem com a bandeira escondida porque havia uma politicagem de gente de direita decorar quem apoiava quem pra depois fazer represália (em empresa pública) dependendo do resultado eleitoral, e deu Arraes com uma derrota humilhante pra direita, vitória do Sertão ao Cais (Litoral), como chamavam. E sempre rolou os comentários de que, apesar do sertão, a esquerda venceu.

      Até hoje é difícil do PT vencer isoladamente em cidades do sertão de PE e demais estados da região, vem daí certo ranço com o povo do sertão, por conta do conservadorismo. O preconceito do povo de direita do Recife com o Sertão é pendantismo mesmo, preconceito elitista que eles nutrem contra pobres ou quem eles acharem “inferiores” a ele, é algo totalmente semelhante ao que rola em SP por parte da elite e classe média alta/média de direita. Essa direita recifense é tão escrota que nos bairros onde ela é maioria, só deu Aécio em 2014 (pros que perguntam como isso é possível, é a tal identificação de “classe social”, eles não votam regionalmente ou localmente, apesar de usarem certo discurso bairrista pra camuflar a vassalagem dessa direita).

      1. Roberto, excelente seu

        Roberto, excelente seu comentário..Ao citar Garanhuns como “sertão”, esta era a imagem da elite recifense do Noblat para morador arriba de Caruaru, nos anos 60. O recifense estranhava a presença de sertanejo querendo ser “dotô”, isso era assunto para ffilho de usineiro ou de senhor de engenho. Devido o meu sotaque de sertanejo, tentando me expreesar corretamnte, muita gente me indagava se era do Maranhão. Explico: a capital S. Luís tinha fama onde se falava corretamente o nosso vernáculo. Para lembrar nosso primeiro historiador, tivemoa uma civilização de “carangueijo”, com o colono da beira-mar temendo adentrar aos sertões de Pajeú, S. Francisco e Araripe,  ao contrário dos paulistas que ampliaram o território brasileiro… Se você ler os dez volumes dos “Anais Pernambucanos”, de Pereira da Costa, você vai notar que os assuntos dominantes é sobre o litoral (Recife, Olinda; Olinda, Recife) e raramente qualquer anotação sobre o sertão e o sertanejo. Até os anos 50 os moradores do Sertão do Araripe mantinham intercâmbio comercial e de serviços com a Bahia (Juazeiro), ou com o Crato (Ceará). Recife era uma configuração geográfica desconhecida, distante, só necessária em atos oficiais, quando funcionário público era obrigado a fazer longa caminhada em lombo de burro, rumo a Cabrobó, Floresta, etc. para finalmente adentrar na capital pernambucana. Nossos pais mandavam os filhos continuar os estudos no Crato, ou Juazeiro. Meu tio Muniz Falcão (que depois seria governador das Alagoas) foi colega de Miguel Arraes, no colégio dos padres, no Crato. O único sertanejo que enfrentou a elite recifense foi Agamenon Magalhães (neto do Barão do Pajeú), que foi governador e líder polítco pernambucano, filho da Vila Bela, hoje Serra Talhada. No Recife, o sanfoneiro Gonzagão era desconhecido do público, ou servia de piadas como analfabeto em suas cantorias. O poeta matuto Ascenço Ferreira também era discriminado em suas manifestações populares. Do Pajeú pra riba, quem civilizou a região sertaneja foram vaqueiros da Casa da Torre (da Bahia) ,que tocavam boiada para os mercados de Olinda e Recife. O sertão do Araripe, o Sul do Piauí e Ceará é resultado dos currais da Casa da Torre. Sobre o sertão do S. Francisco, a elite da terra de Noblat nunca demonstraram intereese no vasto território pernambucano que se espraiava até Pirapora, lá nas Minas Gerais. Na metade do século XVIII descobriu-se ouro nos arraiais pernambucanos do S. Francisco, mas quem geria os negócios públicos era a Bahia. Aliás, esse desinteresse da elite do Recife com o sertão pernambucano no Vale do S. Francisco foi estudado por Capistrano de Abreu, que chamou as autoridades de Pernambuco incompetentes e irresponsávei, elogiando a posiçao de D. João em transferir o vasto território pernambucano oara a província de Minas Gerais.No mais, Pernambuco deu três  cabras arretados pra o Brasil: Gonzagão, Zé Ermírio e Lula.       

      2. Lula é de Caetés

           …que foi desmembrado de Garanhuns, Caetés que ao que me parece(não conheço a cidade) é mais pra caatinga mesmo pois tem essa transição no interior do nordeste da mata fechada das serras se transformando em caatinga com a distância. Garanhuns é onde o pessoal brinca de europeu com direito a fondue em chalés de madeira, certo ? é engraçado os micos que os reacionários do sul pagam falando do nordeste, mas vejo Lula como sertanejo mesmo, como se pode achar que os 7 primeiros anos somem assim da vida de uma pessoa ? Lula fala claramente das dificuldades que viveu no sertão(ou agreste como queiram), ele lembra muito bem, ele é meio sertanejo sim, representa justamente a face do nordeste que a elite gosta de lembrar e é por isso mesmo que o ódio à ele é o maior possível, o fato de ser operário no sul é mais uma face dele que o elitismo não vai engolir nunca.

  20. Nada a ver com Noblat ser ou

    Nada a ver com Noblat ser ou não pernanbucano. Ele é um escroque do jornalismo, e o seria se nascesse em Santa Catarina. É falta de caráter, o que nada tem a ver com estado em que se nasce, claro, nem deveria dize-lo.

    Explora o filão fofoqueiro truculento do anti-lulismo, assim como o paulistano Reinaldo. Só que posando de superbem-informado. O outro posa de literato. Tudo a mesma merda.

    Ainda mais que não existe briga de pernambucano nenhuma, pois Lula não baixou ao nível do Noblat. Deixa este falando suas baixarias sozinho

    1. Juliano, já conheceu um reaça

      Juliano, já conheceu um reaça pernambucano do naipe do Freyre e afins? Quando vc conhecer vai entender o comentário. Sim, o reacionarismo, preconceito e anti-lulismo da elite, de Norte a Sul, é um só, mas o ranço particular de Noblat tem origem, que é bem diferente da do Azevedo e cia. Eu mesmo só fiz esse comentário sobre o Noblat porque sou pernambucano e ele é. Como frisei no comentário, pra quem não conhece a briga pesada entre a direita e esquerda de PE não entenderá totalmente o porque do ódio do Roberto Freire, Sérgio Guerra, Noblat, Maciel e outros malas de Pernambuco com o Lula, a origem desse ranço/ódio não tem a mesma origem ideológica do Azevedo, é algo mais profundo que no passado descambou até em conflito civil como na Guerra dos Mascates (Olinda, antiga capital de PE fundada pelos portugas x Recife, antigo porto de Olinda que adquiriu status de cidade com Nassau e a presença dos comerciantes).

      Não quero particularizar o ranço anti-PT e anti-Lula do país, isso é disseminado pela mídia todo dia, mas o discurso do Noblat eu sei bem a origem (eu consigo identificar só de ler). Conheça a elite de PE (ela anda cabreira e escondida) que vc achará os coxinhas de SP algo “ameno” de se conviver, rs. Hoje o ambiente político em PE tá uma maravilha, mas é pq essa elite andou sofrendo bullying da gente (da esquerda) nas últimas décadas (começou com a vitória do João Paulo pra prefeitura do Recife em 2000, não consigo colocar o link aqui, vou tentar usar outro navegador depois) e anda perdida ideologicamente já que o fato do Lula ser pernambucano colocou ela no fundo do corner do ringue.

      Como disse noutro comentário, Recife e Salvador eram os centros do PFL/DEM (ACM na Bahia e Maciel em PE), com o tiro de fuzil que eles tomaram em 2000 (eleição histórica, vitória por menos 1% de diferença contra uma máquina eleitoral pesada, com apoio de FHC e tudo, foi briga de David x Golias), começaram a perder o rumo e enfraqueceu o suporte do PFL ao PSDB nacionalmente (embora FHC havia se atrelado ao PMDB) e 2 anos depois o Lula se consagraria presidente do Brasil. Eu chamaria essa eleição de prenúncio, e foi ridicularmente abafada pela grande mídia (pela Globo, como de costume), pra não influenciar os ânimos país afora (apesar do neoliberalismo estar rundo de Norte a Sul, mas há vitórias simbólicas que são épicas).

      Eu lembro do meu pai (após o anúncio da vitória, por menos de 1% sobre Roberto Magalhães) indo ao centro do Recife ver como estava os ânimos (eu tb fui) e passando pelo Campos das Princesas com a PM sitiando Jarbas lá sendo aplaudida pelo povo e o povo buzinando pra Jarbas no Palácio do governo. Cenas antológicas que infelizmente carece de registros fotográficos pois não era comum ainda o uso digital como se faz hoje. Internet em 2000 era discada, nem em sonho que rodava em celular.

      1. Bom, agora com esse

        Bom, agora com esse complemento sua colocação ganhou “sustância”, vamos dizer assim. Opinei como quem vê de fora, voce pescou a coisa mais específica. Ótimo desnudou-se mais ainda o Noblat. Não deixa de ser interessante como os aspectos regionais podem moldar o “piguismo” pelo Brasil afora. Valeu

      2. Acho difícil hierarquizar

        Acho difícil hierarquizar essas elites brasileiras para se determinar qual a pior. São todas ruins. A elite brasileira é, por definição, vagabunda, covarde e incompetente.

        A elite paulista é tão racista, preconceituosa, provinciana e autoritária quanto qualquer outra elite brasileira.

        1. Daytona, mas não
          Daytona, mas não hierarquizei, até porque, a elite brasileira tem uma matriz em comum, apesar de negar ao extremo isso: são em maioria descendentes de portugueses, daquele tipo aventureiro, com forte presença marrana, que vinha pra colônia pra domar onça “com a unha”. É um tipo brucutu e casca grossa, bem diferente desse pessoal que chegou depois mas que foi também se assimilando a esta elite que se julga dona do país.

          Só que há um fato nessa questão que acaba passando desapercebido que é o anacronismo da coisa. Elite de SP tem força hoje, ou mais precisamente começou a adquirir força a partir de 1879 com a expansão do café e industrialização, e tomou o posto do Rio em 1950 (década de 50) pois até então a maior cidade do país era o Rio, que ascendeu ao posto de cidade-estado com a vinda da coroa portuguesa em 1808.

          Até 1808 o eixo econômico e político do país era outro, formato principalmente por Salvador (primeira capital do país), Recife e interior de Minas. A partir da vinda da família real portuguesa (é um marco divisor do país, a partir daí nada mais foi como antes), a coisa começa a se deslocar (o eixo econômico e político) pra formação atual, mas por mais de 3 séculos esses três centros praticamente apitaram em quase tudo no Brasil colônia. São 3 séculos de formação identitária de um povo que é algo que costuma ser relegado no ensino de História do Brasil atual (a forma de tratar o assunto é totalmente equivocada e anacrônica, pois tratam a relevância atual do eixo Rio-SP como se fosse uma formação antiga e é algo, em termos históricos, recente). Inclusive a formação dessa elite nesses dois estados têm peso a presença de elites que migraram desses estados antigos pra essas duas cidades em suas expansões, assunto marginalizado e dificilmente retratado em ensino de história do Brasil (eu mesmo nunca vi qualquer documentário ou vídeo de História do Brasil tratar a coisa por esse ângulo).

          A questão é tão bizarra e crucial, que é simplesmente absurdo o assunto ser tratado por um norte-americano (Werner Baer http://www.fea.usp.br/noticias.php?i=542 ), no seu Economia Brasileira (http://books.google.com.br/books/about/Economia_brasileira.html?hl=pt-BR&id=QWhjy1WVj74C) e nunca vi brasileiros comentando dessa forma como ele retrata no livro dele (que é sobre economia e história do Brasil).

  21. Lula é um cara típico do ABC,

    Lula é um cara típico do ABC, não vejo nada de pernambucano nele, apesar da origem.

    Já Noblat, a canalhice não é “privilégio” de Pernambuco. São Paulo tem gente capacitada para dar aulas de mau-caratismo ao Noblat.

    Aliás, em nenhum lugar do Brasil você vai encontrar tanta malandragem(no pior sentido da palavra)e filhadaputice do que em SP.

  22. Curiosas essas discussões

    Curiosas essas discussões sobre esse sentimento nativista pelo estado natal. Sou paulista, e estou cagando para isso. Fosse paraense, dava no mesmo. Não muda nada. Vivo morando fora, e nunca tive saudades, sentimento tão brasileiro, de SP. 

    Vi um comentário de que Lula não deve saber o hino de Pernambuco, pois tampouco deve saber o hino de São Paulo(eu não sei, nunca ouvi, nem sei se tem). Lembro da estranheza de torcedores paulistas ao ver gaúchos cantando o hino de seu estado durante os jogos, “São Paulo tem hino?”, alguns perguntavam, ninguém sabia responder.

    Talvez essa falta de raíz seja a característica do paulista, que vem desde os Bandeirantes e suas intermináveis viagens pelo sertão, até o grande influxo de imigrantes, estrangeiros e de outras partes do Brasil.

    O paulista xenófobo e orgulhoso é uma aberração, é o anti-paulista. Provavelmente um migrante recente. Deveria ser expulso. Esse orgulho preconceituoso é um sinal da decadência de SP. Começou a ser organizado com o Putsch de 32, de clara inspiração nazista. Essa é a verdade, as elites paulistas se inspiraram nos nazistas para mobilizar e controlar seu povo. Spiller, o arquiteto de Hitler, falando sobre a febre nazista, disse que havia uma certa predisposição à obediência por parte do povo alemão. O mesmo existe no paulista, notem como não dão um pio sobre os pedágios, a falta de água, a corrupção nos metrôs. O paulista é submisso, pronto a obedecer, adora abaixar a cabeça pra qualquer “doutor” vagabundo.

    Como paulista, percebo algumas diferenças em outros estados, costumam ser mais machistas que SP, e há maior hierarquização social. No caso de PE e RS, citados em alguns comentários, talvez pela presença do militarismo nesses estados, dado que, empobrecidos, os filhos da classe média procuravam uma profissão nas forças armadas.

     

    1. Pois a diferença é justamente essa

      Lula não saber o hino de São Paulo, pelo que vc fala, é o esperado. O que não é muito esperado é um autêntico pernambucano, culturalmente caracterizado assim, não saber o hino de Pernambuco, pois eles são muito orgulhosos de suas origens. Talvez o único Estado que se aproxime disso seja o Rio Grande do Sul, mas mesmo assim eu coloco Pernambuco acima, tendo em mente o que o próprio post fala sobre o sentimento de pertencimento à terra das pessoas naturais do Estado.

      Eles sempre estão falando sobre isso, sobre o amor ao Estado etc. O autor do post discorda de mim sobre a quantidade de pessoas que sabem cantar o hino de Pernambuco naquele Estado. Bem, pelo que eu já tive a oportunidade de presenciar em diversos momentos de minha vida estando em Pernambuco e participando de manifestações e/ou festas populares, sempre constatei o quanto as pessoas de Pernamnuco sabiam cantar o hino do Estado, que é cantado em eventos dessa natureza. Pessoas de todas as idades, de todos os gêneros, etnias e classes sociais. Se nem todo mundo sabe, boa parte, significativa parte, sabe, muito mais do que em outros Estados (mais uma vez, talvez só o Rio Grande do Sul chegue perto disso). E isso pode ser estendido para a relação com a bandeira do Estado, quase sempre presente em diversas manifestações populares. Tudo isso faz parte do perfil do pernambucano médio, culturalmente identificado com o Estado. O pernambucano é, basicamente, isso, um cidadão que ama o lugar onde nasceu, que está totalmente identificado com suas raízes e origens culturais. Essa é a regra geral.

      1. Alessandre, vou transcrever o
        Alessandre, vou transcrever o que havia escrito no dia que estava comentando e por conta do sono (e do bug, na hora de publicar o comentário deu problema pois eu ia colocar uns links do hino, do Youtube) pois tive que salvar em bmp (arquivo do paint) e escrever digitando de novo lendo pois não teve como passar isso pra pdf.

        Como comentei em comentários mais recentes (pois ficam mais visíveis por ficarem no topo), essa história de hino eu até gostaria que fosse verdade, mas esse resgate do hino se deu no governo de Jarbetes (que é como chamo Jarbas, Jarbetes é mistura de Jarbas com Diabetes, homenagem a ele, rs), vou comentar abaixo a história do “resgate” do hino.

        Quando Jarbas assumiu o governo de PE, depois da bancarrota do terceiro governo Arraes (o governo dos precatórios
        do neto dele, Campos, que quebrou economicamente o estado e quase privatizava a Celpe que Jarbas completou o “serviço”), isso em 1998, o estado estava quebrado e o povo se sentindo humilhado (o orgulho histórico perdido). ACM descia o sarrafo em PE junto com o bando de Jereissati (pra quem não conhece as brigas intestinas locais) e o pulha do Maciel, como vice-presidente, não fez absolutamente nada por Pernambuco nesta crise aguda (uma das maiores ratasanas da República, eu chamava o Maciel de Mulá Maciel, ironizando os Mulás da Teocracia iraniana).

        Como dizia, com o estado falido (neoliberalismo quebrando o país inteiro, mas alguns estados em situação de penúria mais que outros, SP mesmo teve a indústria comprometida), Jarbas apelou pro chauvinismo e resgatou o hino de Pernambuco, que sempre fora reprimido já que o estado, apesar da história e trajetória que tem, não tem (tinha) uma data comemorativa pra ressaltar esses fatos do passado (exceto o carnaval, que eu chamo de “Farroupilha” pernambucana, por ser muito peculiar, diferente dos outros carnavais do país).

        Jarbas começou a vincular esse hino nas propagandas do governo (primeiro governo dele foi de 1998-2002), com a privataria de pano de fundo e ampliação de BR (pra empreiteira comer dinheiro público, se investigarem as ligações do governo pernambucano dessa época com as empreiteiras, irão achar muita coisa nebulosa) e a “coisa” pegou (o resgate do hino caiu no gosto popular) e se popularizou de novo. No fundo foram 8 anos com o hino tocando em toda propaganda institucional do governo. E eu sempre digo que foi a única coisa boa do governo daquele entulho (rs).

        Lançaram o hino em três versões, Mangue Beat (aludindo o movimento Mangue Beat e Chico Science), a versão frevo (com Alceu Valença) e a versão forró (com Dominguinhos).
        Versão frevo (Alceu Valença)
        https://www.youtube.com/watch?v=n_Nfb_aqnMo
        Versão forró (Dominguinhos)
        https://www.youtube.com/watch?v=DVl2YQPehNE
        Versão Mangue Beat
        https://www.youtube.com/watch?v=5-hQHEXwvjU
        Versão tradicional (que um gaúcho subiu pro Youtube, rs)
        https://www.youtube.com/watch?v=NlarbgIoXj8

        E modéstia à parte, é um hino bonito, a letra arrepia.

        Mas voltando ao assunto, qualquer pernambucano da época de Lula, mesmo vivendo em Pernambuco, dificilmente saberia cantar o hino pois o mesmo foi deixado de tocar no estado por décadas. Esse resgate do hino é algo recente e vem desde Jarbas. Isso não determina se o Lula tem afinidade ou não cultural com Pernambuco. Eu mesmo só sei o começo do hino pois, de tanto ouvir, a gente decora (a letra dele todo não é fácil de decorar), mas as novas gerações têm sim cantado o hino pois com a “brincadeira” já estamos entrando em quase 20 anos de resgate do hino, apesar de ‘Calabar’ Campos ter removido qualquer menção ao hino nas propagandas institucionais do governo dele, pra
        não associar o governo dele a Jarbas, pra depois fazer aliança com o inimigo (mais uma pra conta de Campos).

        Essa postura de Campos é a típica postura de alguém politicamente pequeno (que é o que ele foi, oportunista da pior espécie, apesar da “comoção” que surgiu pela morte trágica dele).

      2. Versões não-convencionais
        Continuação (se o primeiro comentário não aparecer pois a conexão tá ruim, salvei).

        Uma versão não convencional do hino é essa do Maracatu Nação Pernambuco:
        https://www.youtube.com/watch?v=PUL3dd7b2Zo
        Mais uma com o guitarrista do Guns tocando e o povo cantando (primeira parte):
        https://www.youtube.com/watch?v=lTfBi_7HEz8
        Plateia ovacionando Paul McCartney porque entrou com a bandeira de Pernambuco em vez da do Brasil (não é habitual, foi a única vez que isso ocorreu em um show dele no Brasil, o som tá ruim mais foi mais da metade do estádio gritando):
        https://www.youtube.com/watch?v=uu19ptWAVuI
        E aqui o desbunde:
        https://www.youtube.com/watch?v=N06QMSjEl5s
        https://www.youtube.com/watch?v=c0cJ680Mzqw

  23. Pernambuco e o Nacionalismo

    Presente. Também sou pernambucano e recifense. Mamãe é de Cabrobó, sertão alto, onde as pessoas falam pouco e tem muita briga política entre famílias. Hoje moro em Brasília, e mantenho meu sotaque, meio recifense meio sertanejo, quase intacto.  

    O que não gosto muito dos recifenses, e sou um deles, é da megalomania. Muitas vezes é  exagerada e sem fundamento nenhum. Acho meio brega. 

    Um exemplo do exagero. Evaldo Cabral de Mello, no livro “conversa com historiadores brasileiros”, revela um fato pitoresco da megalomania. A mãe dele, em tom de exortação, o aconselhava a defender pernambuco em caso de “guerra” contra o Brasil. Mas é preciso ser honesto.  Pernambuco legou ao Brasil a pior  elite do século XIX, elite perversa e mesquinha. Talvez à  exceção seja Joaquim Nabuco, elite da elite, que, ainda estudante na faculdade de Direito do Recife, defendeu um escravo acusado de homicídio contra o seu senhor.

    Muito bem lembrado nos comentários. No século XX,  os nacionalistas pernambucanos sempre foram homens do povo: Miguel Arraes (cearense), Lula, Francisco Julião, Gregório Bezerra, João Paulo. Hoje, ou estão mortos ou muito cansados. Nem entre os militares se veem mais nacionalistas,  como eram os tenentistas dos anos 20 e 30. Nesses momentos de crise profunda, é importante termos homens e mulheres nacionalistas, no bom sentido da palavra.

    Quanto aos traços íntimos da personalidade, morando em Brasília, percebo diferenças, sobretudo quanto aos mineiros. Isso é fascinante. O pernambucano é sempre “sangue nos olhos” e extremado. Não tem meio termo.  Muitas vezes é precipitado. Falo brincando que se a revolução de 1817 fosse empreendida por mineiros, ela vingaria. Os mineiros são cautelosos, cuidadosos, discretos, excelentes negociadores e bastante conservadores. Acho que em muitas coisas os pernambucanos poderiam aprender da convivência com eles.

    Creio que essa traço cultural do pernambucano se revela também na política. É só olhar para as sanguinolentas brigas entre famílias. Isso vem do século XVIII e tem uma profunda relação com os fatos que desembocaram em 1817.   O material jornalístico produzido pelo Estadão é protegido por lei. Para compartilhar este conteúdo, utilize o link:http://politica.estadao.com.br/noticias/geral,tristeza-e-medo-ainda-acompanham-a-velha-exu-que-gonzagao-pacificou,1084782Bárbara de Alencar, de Exu, avó de josé de alencar, por exemplo, se refugiou no Ceará, por conta de uma arenga política entre famílias, tendo, depois, importante participação em 1817. Foi, inclusive,  presa e torturada. (http://politica.estadao.com.br/noticias/geral,tristeza-e-medo-ainda-acompanham-a-velha-exu-que-gonzagao-pacificou,1084782)

    Um testemunho pessoal. Ainda agora, nos anos 80, quando eu ia para Carreiros de Pedras, fazenda de vovô, ouvia distantes conversas sobre essas disputas . Desconfio hoje que essas reuniões às vezes eram acompanhadas por certos executores. 

    Para finalizar, gostaria de pedir ao Roberto L.  que falesse um pouco mais sobre 87. Não sobre o ponto de vista da lide entre Sport x FlamengoX CBF. Mas sobre o significado que aquilo teve naqueles difíceis anos 80. Fiquei curioso. aquele período foi uma tragédia econômica para Pernambuco e, acredito que 87 foi um alentado acontecimento. Acho que a historiografia brasileira poderia esclarecer melhor sobre essa questão (olha a megalomania), pois para o estado foi um acontecimento interessante em um momento peculair. 

    1. Recife na descicploédia

      http://desciclopedia.org/wiki/Recife

      muito bom

      … os Rios Capibaribe e Beberibe que formam juntos, de acordo com os residentes, a nascente do Oceano Atlântico, …

      O surgimento do Recife se deu 1537 no começo do livro de Gênesis Cap 1 Vers 2 quando Deus decidiu criar uma superficie no centro da terra, que na época era coberta totalmente por água(tanta água, que até hoje o escoamento dela causa transtornos a cidade num dia de chuvisco). No cap 1 vers 1, Genesis registra a primeira criação de Deus que foi Olinda em 1535, Sendo Olinda assim dois anos mais velha que Recife.

       

      Mas eu prefiro mil vezes as manias dos recifenses ao viralatismo.

    2. No tempo de Aguinaldo

      No tempo de Aguinaldo Silva

      De Ouricuri, sertão pernambucano de Lula, fui estudar no Recife, nos anos 60. A imprensa local não falava em D. Helder Cãmara, Celso Furtado, Paulo Freire ou Ariano Suassuna, nomes de projeção internacional na época. De uma feita fui assistir uma apresentação do humorista paulista Mauro (Flávio?) Vasconcelos, que, ao se apresentar em público, dizia que o recifense queria ser o dono do mundo, ao repetir para a prateía o slogan da Radio Jornal do Commercio: “Pernambuco falando para o mundo”!!! Havia a UNE e a ARES (Associação Recifense dos Estudantes Secundaristas). Como estudante secundaritsa, pertencia à turma de D. Helder. Mas havia estudantes radicais, entre reaças e esquedistas. E o time do Noblat não aceitava matuto na formação de chapa, só recifense. Um desses matutos de esquerda era o estudante Aguinaldo Silva (hoje noveleiro da TV Globo), considerado saco de pancada dos reaças devido sua entonação de voz no plenário e posição ideológica, considerado bicha. Acho que até hoje o Aguinaldo faz curativos de hematomas das brigas estudantis.Mas, por sua origem do interior, como Lula, o Aguinaldo comeu o pão que o diabo amassou para o seu devido espaço de jovem intelectual do Recife. Nas rodinhas do Café Sertã  onde, à noite, se reuniam poetas, jornalistas, estudantes e desportiistas para se discutir politica nacional e internacional, o nome de Aguinaldo era sempre  lembrado como jovem do interior e promissor na literatura, mas que era barrado pela elite intelectual do Recife, Na época o Aguinaldo já demonstrava precocidade literária, ao escrever um romance e ser comentado nas páginas de jornais. Para ser estudante qualificado no Recife tinha que estudar no Marista (colégio do Noblat), Saleciano ou Amercanos Batista. Se não, era considerado estudante de segunda classe. Portanto, esse desvio mental do Noblat em desprezar a gente do sertão, como Aguinaldo Siva e Lula, não é novidade na elite vinda da Casa Grande e do resto que se dane.          

      1. Otavio, mas o Aguinaldo Silva
        Otavio, mas o Aguinaldo Silva é mesmo gay, rs. Mas ele já se vingou disso uma vez, e foi uma vingança pesada (até hoje tenho aversão dele por conta disso). Ele fez aquela novela caricata da Globo, que se passava no interior de PE numa cidade fictícia com nome em inglês, onde uma elite prepotente e arrogante achava o máximo imitar ingleses, o que ficava ridículo quando se misturava um sotaque carregado com expressões em inglês e todas as contradições provocada pelo conservadorismo retratado no folhetim.

        Eu fiquei com raiva dele pois ele poderia escancarar que o folhetim era uma crítica a certo grupo que há ou havia em PE, mas acabou jogando lama no estado inteiro. Só retratar um lugar mostrando só pontos negativos é o que o PIG faz atualmente com o Brasil, ou desde que o Lula venceu eleição em 2003. É uma atitude meio baixa e apelativa, embora eu possa entender as razões dele apesar de não concordar (eu já tive tanto ou mais ódio dessa elite de PE que ele, mas acabaram me convencendo de que isso era errado pois essa é minha terra também e não se deve deixar esta elite descrever o Estado com o provincianismo deles, o povo tem que tomar as rédeas da coisa e escrever a história pelo ponto de vista da população).

        Infelizmente, muito pouca gente faz isso em PE hoje, acham que exibir coisas grotescas (é só ver a programação local das TVs) é retratar “o povo” na TV quando na verdade estão achincalhando o Estado. A Globo faz a mesma coisa só que nacionalmente com aqueles programas grotescos retratando o brasileiro como um povo imbecil, estúpido, bruto e repulsivo. O mais curioso é que não sei quem começou com isso primeiro. É difícil de mensurar a penetração dessa elite de PE nos demais estados, principalmente no Rio e em SP (não me refiro só a períodos recentes mas a migração interna que rolou ainda no séc. XIX).

    3. Victor, vou tentar comentar
      Victor, vou tentar comentar essa pergunta que vc fez, mas devido à hora, vou comentar depois.

      Mas gostei da sua análise sobre a Revolução de 1817 e os mineiros. Concordo com a análise, o traço extremado e radical é algo bastante visível ou fácil de identificar, em direção oposta ao imaginário que se tem de Minas e dos mineiros (a posição geográfica de Minas a meu ver contribuiu bastante com essa postura). O que eu digo é que o saldo das guerras e conflitos deixaram sequelas, e não só pra Pernambuco. O que talvez tenha ficado mais claro desses conflitos civis do passado (séc. XIX principalmente) foi a de que o estado que se aventura ao “tudo ou nada”, geralmente acaba triturado. O que levou a essa postura de “tudo ou nada” na época foi justamente a autoconfiança adquirida ainda na batalha de expulsão dos holandeses. A ideia de que se conseguiria derrotar qualquer um que viesse pela frente levou o estado a essas aventuras (decisivas pra história do Brasil) no séc. XIX e consequentemente a posição periférica a que ocupa até hoje, apesar de continuar dando nomes de peso politicamente e culturalmente pro país.

      Eu diria que Minas é o ponto de equilíbrio do país, ou se tornou. Minas fez este papel no Brasil colonial e o faz no Brasil atual, se começar a haver turbulência em Minas, é mau sinal (pro país), como a agitação atual do pimpolho inconsequente Aébrio das Neves, líder da turbulência atual no país fazendo o que o seu mentor FHC manda (por estar com um pé na cova, está mais apegado a vaidade e quer destruir o que o Lula construiu a todo custo mesmo que nisso custe o regime democrático do país). Pouca gente fala, mas eu sinto até o PSDB rachado, a turma de Alckmin dum lado e a do FHC do outro (mas isso é assunto pra outras discussões e posts).

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