
Desde as primeiras horas desta terça-feira (24) os moradores do complexo da Penha, na zona norte do Rio de Janeiro, vivem sob a tensão ocasionada pela política de segurança pública do Estado. De acordo com a Polícia Militar (PM), agentes do Batalhão de Operações Especiais (Bope), da Polícia Federal (PF) e da Polícia Rodoviária Federal (PRF) realizam uma “operação emergencial” na Vila Cruzeiro, desde às 4h20. Até o momento, pelo menos 21 pessoas foram mortas, sendo uma delas moradora da comunidade, e sete ficaram feridas. Escolas da região foram fechadas.
Entre as vítimas fatais da operação, está uma mulher identificada como Gabriele Ferreira da Cunha, de 41 anos. Ela foi baleada e morta, na entrada da Chatuba, ao lado da Vila Cruzeiro, logo no início do confronto. Segundo o Corpo de Bombeiros, ela estava dentro de casa, na Rua Dionísio, parte baixa do complexo, quando foi atingida.
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Inicialmente, pela manhã, foram informadas 11 mortes. Porém, no começo da tarde, houve novos tiroteios e o número de vítimas fatais subiu para 20, segundo o Hospital Estadual Getúlio Vargas, para onde as vítimas estão sendo levadas. A 21º morte é da moradora, que não foi levada para nenhuma unidade saúde. Segundo a PM, 12 mortos são suspeitos.
Ainda, sete pessoas foram feridas, entre elas dois suspeitos e um policial civil, que realizava perícia na comunidade e foi baleado no rosto.
A Secretaria Municipal de Educação também informou que 19 escolas precisaram ficar fechadas devido ao confronto. A ação ainda casou tiroteios no complexo do Alemão, onde outras 13 escolas suspenderam as atividades
A polícia justificou que o objetivo da operação é prender chefes do Comando Vermelho, que estão escondidos na Vila Cruzeiro. Segundo a corporação, membros da facção de comunidades como Jacarezinho, Mangueira, Providência e Salgueiro, e também dos estados do Norte e Nordeste estão abrigados na Penha. Até o momento, foram apreendidos 13 fuzis, 12 granadas, quatro pistolas e drogas.
O Ministério Público Federal abriu, no final da tarde, investigação para apurar a conduta dos militares durante a operação. Em fevereiro, outra força-tarefa conjunta deixou oito mortos na mesma região.
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