A receita dos EUA para reduzir o peso da gasolina, por Luis Nassif

Um dos pontos centrais de legitimação do lucro são os investimentos que garantem mais produção e mais emprego.

Enquanto papagaios brasileiros repetem que impedir os ganhos extraordinários das petroleiras significa investir contra as leis científicas do mercado, em paragens mais civilizadas, a discussão é outra.

Robert Reich é professor de Políticas Públicas em Berkeley, foi Secretário do Trabalho do governo Clinton e indicado pelo Times como um dos dez Secretários de governo mais eficientes do século 20.

Um dos pontos centrais de legitimação do lucro são os investimentos que garantem mais produção e mais emprego. No caso das petrolíferas, diz Reich, não estão investindo em energias renováveis e sequer aumentam a produção de petróleo. Então estão apenas beneficiando seus acionistas, recomprando suas ações, reduzindo a produção e ganhando com a alta de preços. Aproveitando a alta atual, diz Reich, as petroleiras planejam recomprar até US $22 bilhões em ações.

Em um cenário parecido com o brasileiro, Reich diz que “embora não seja discutido na mídia”, quem carrega o fardo são famílias de baixa renda, por terem menos oportunidade de trabalho em casa e, em geral, morarem a grandes distâncias do local de trabalho. No Brasil, Mirian Leitão garantiu que qualquer forma de subsídio à gasolina beneficiará os mais ricos.

Diz ele que as companhias petrolíferas poderiam absorver os custos mais elevados do petróleo bruto. Inclusive para preservar fatias de mercado. Mas são tão grandes, diz ele, que sua única preocupação é repassar a alta de custos para os consumidores e embolsar lucros recordes.

₢. Nos Estados Unidos, os democratas apresentaram um projeto de lei tributando as maiores companhias de petróleo. O projeto exige que as petrolíferas que produzam ou importem pelos menos 300 mil barris diários, paguem um imposto por barril igual à metade da diferença entre o preço atual do barril e o preço médio do período 2015 a 2019, período em que as petrolíferas já estavam registrando grandes lucros. Os descontos trimestrais paa os consumidores seriam eliminados gradualmente para individívuos que ganham mais de US$ 75 mil por ano.

Haverá resistência dos republicanos, diz ele. Mas os democratas devem persistir, porque é uma boa política. E “uma boa política é a coisa certa a fazer”.

Luis Nassif

3 Comentários

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  1. Nos EUA o carro é um bem mais popular , aqui o pobre vai de ônibus , mas alguma forma de controle de preço precisa ser pensada , que não gere mais inflação.

  2. O livro Saving the Capitalism do Robert Reich é uma leitura muito boa para quem quiser entender melhor todos os tipos de distorções que ocorrem, depois é bom ler ao menos a lecture do Stiglitz quando recebeu o Nobel de economia em 2001. E podendo os livros e artigos dele. Praticamente corroboram todas as ideias do Keynes, e ainda mostram novas. Autorregulação de mercado não é a regra, mas cada vez mais face a concentração de poder, uma exceção. Projeto de Mecanismos da Teoria de Jogos (Nobel de 2007), Valor de Shapley (Nobel de 2012) e Análise de Impactos Cruzados explicam muito bem toda a bagunça.

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