Lava Jato, um modo simples de enriquecer os fiscais da probidade, por Luis Nassif

A declaração do professor Rene Ariel Dotti, advogado da Petrobras na Lava Jato, sobre o PT, em artigo no blog, traz à luz o contexto dos custos da advocacia da Petrobras, hoje na área externa dominada pela empresa Hogan Lovells, de Washington, que já levou 300 milhões de dólares em honorários e domina completamente essa área dentro da estatal.

A Hogan chegou à Petrobras em 2012, quando o diretor jurídico da Petrobrás Venezuela S.A., Diógenes Bermudez, saiu da empresa e foi para a Hogan Lovells.

Bermudez é formado pela Universidade Central da Venezuela e com especialização na Georgetown University. Antes de ir para a Petrobras Venezuela trabalhava na PDVSA como diretor jurídico da sua subsidiária Lagoven. Quando foi para a Hogan Lovells levou junto a conta da Petrobras Venezuela e a partir de Washington, sua base hoje comanda a conta da cliente Petrobras global, um mega cliente.

Mesmo os concorrentes norte-americanos da Hogan Lovells, grandes escritórios reunidos em torno de uma associação no Brasil, consideram os honorários um exagero. Principalmente porque a Petrobras não precisa abrir licitação, pois foi dispensada por uma lei especial para contratar e pagar sem fiscalização de qualquer escritório.

Não é o único supernegócio de escritórios de advocacia com a Petrobras. Na ação junto ao Departamento de Justiça contratou o Baker Mackenzie, também caríssimo e outro escritório de monitoramento, de confiança do Departamento de Justiça, que fica dentro da própria empresa.

Com esse nível de honorários, a transparência é fundamental, pois a faxina da propina poderá custar mais caro ainda para a Petrobras do que a própria corrupção, se não houver transparência na contratação.

Hoje em dia, o mercado de compliance se tornou uma mina de ouro para os escritórios de advocacia norte-americanoa. Os honorários são tão exagerados que muitas multinacionais recriaram seus próprios departamentos jurídicos para fugir desse nível de honorários. Foi o caso da gigante de química Dupont, cuja história tornou-se reportagem da Business Week

Há suspeitas de que a Hogan possa ter sido apadrinhada por Ellen Gracie e Durval Soledade, membros da “comissão de investigação” criada para supervisionar os escritórios estrangeiros. Ambos fazem parte da CGI (Comissão de Gestão de Investigação) da Eletrobras, que também contratou o escritório Hogan. O escritório de Ellen Gracie foi contratado por R$ 4 milhões, sem licitação, justamente para supervisionar os escritórios contratados. E aumentou em cinco vezes o trabalho inicial estimado e, obviamente, os custos.

Alerta um experiente advogado da área, que se as relações do cliente com escritórios não forem claramente competitivas há um contexto perigoso no sistema de faturas mensais, com cobrança por horas trabalhadas e não por resultado: as pendências não acabam nunca porque quando acabarem cessam as faturas e se ninguém contesta a coisa vai por anos a fio. Esse é um dos grandes negócios inventados pelos EUA para vender serviços.

Seria conveniente que o presidente da Petrobras, Pedro Parente, clareasse mais os critérios de atuação dos advogados e escritórios contratados. Afinal, se a Petrobras se tornou uma “empresa ética”, como apregoa Parente, os mega custos jurídicos precisam ser transparentes e fiscalizados.

O advogado René Ariel Dotti

Chamou atenção a entrevista de Dotti ao Estadão.

Contratado a peso de ouro como advogado de acusação da Petrobras, deu uma entrevista com viés partidário. Ficou a dúvida se ele vende seus serviços como um advogado que atua tecnicamente ou se está incluído na conta o ativismo político.

 
Luis Nassif

17 Comentários

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

  1. Vssa Eminencia…parda

    Não existe um caso de corrupção nesse país em que não esteja envolvido alguem ligado ao poder judiciario ou procuradoria, no mais das vezes de forma indireta, como uma eminencia parda.

    E se jactam de paladinos no combate a corrupção, sei…

  2. muito me surpreendeu o jeito de falar autoritário…

    desse advogado, durante o interrogatório do Lula………………………….

    hoje fico sabendo que não existe nada mais autoritário do que dinheiro

  3.  
    O setor jurídico brasileiro

     

    O setor jurídico brasileiro está fora da realidade. A área jurídica pública e privada movimenta bilhões, quiçá trilhões de dólares anuais. E há um paradoxo: enquanto maior a crise, mais dinheiro para o setor jurídico !

  4. Falar que o PT ia dar um

    Falar que o PT ia dar um golpe de estado?

    Ele usou de psicologia infantil para com os “direitistas” e “coxinhas” que acreditam em tudo que é terror comunista!

    Eles não conseguem raciocinar que o PT teve um governo golpeado e a única bomba disparada foi uma contra sede do PT!

    Os coxinha são casos para serem estudados por psiquiatras!

     

  5. Antes pagavamos propinas a

    Antes pagavamos propinas a empreiteiras brasileiras, agora  pagamos bribe a empresas ligadas a cia e órgão departamento de justiça. Pagamos caro para ser espionados.

  6. Advogados ??? o nome é bem

    Advogados ??? o nome é bem outro: CORRUPTOS, PRA FALAR POUCO.

    E essa jogada do velho sobre o PT, realmente é bem coisa desses velhacos LADRÕES e suas jogadas do tempo do ONÇA. Pensam que todo mundo é idiota de acreditar num sujeito que defende a CAMBADA QUE SEMPRE ROUBOU NO BRASIL.

    VADE RETRO VELHO SACANA.

  7. Todos temos que dar os

    Todos temos que dar os parabéns ao Nassif. 

    Salvo engano, ele foi o primeiro jornalista a cantar a bola da atuação do ex-procurador Marcelo Miller através do rastreio de pagamentos e bônus do escritório de advocacia que o contratou, de maneira a evidenciar a ligação anterior dele com a JBS. 

  8. Bandidos com anel de doutor

    Como diz a velha música do Paralamas, citando Lula, esses advogados são bandidos com anel de doutor, iguaizinhos àqueles no congresso nacional.

  9. Espertos, lavados e aéticos

    Como pode a Petrobras pagar honorarios milionarios para uma banca de advogados ? Se é licito e, como ja demonstra o Luis Nassif, não é afeito a moralidade publica. Enfim, nessa historia toda de Lava Jato serviu muito bem aos interesses norte-americanos, a promoção de procuradores que agora vão para o Mercado ganhar super salarios, ao juiz (!) Sergio Moro que se sente acima do “Egrégio Supremo” e mais uma duzia de advogados “especializados” nas tratações das delações, que nadaram em dinheiro. No mais, ganhamos o quê, nos cidadãos brasileiros? 

  10. Advogados ??? o nome é bem

    Advogados ??? o nome é bem outro: CORRUPTOS, PRA FALAR POUCO.

    E essa jogada do velho sobre o PT, realmente é bem coisa desses velhacos LADRÕES e suas jogadas do tempo do ONÇA. Pensam que todo mundo é idiota de acreditar num sujeito que defende a CAMBADA QUE SEMPRE ROUBOU NO BRASIL.

    VADE RETRO VELHO SACANA.

  11. .. revolução..

    .. a sociedade anglo-saxônica judaico cristã foi montada sobre engenhoso sistema que controla a opinião pública, as leis e a sua aplicação.. pronto, tá resolvido.. se alguém achar ruim, meta-lhe na cadeia.. prá mudar isso, temos que sair do quadrado, pensar um novo sistema, uma nova forma de relação com estado.. esqueçam as reformas.. precisamos de uma revolução..

    1.  
      Tens toda razão Jruiz ao

       

      Tens toda razão Jruiz ao descrever os meios. No entanto, omites o principal objeto dessa insaninidade toda. O próprio livro judaico faz referência a isso, ao asseverar: Ou bem servimos a Deus, ou servimos a Mamon.

      Claro que sabemos todos, a quem servem, os Tucanos, Malafaia, Moro, Janot & Cia Ltda.

      Orlando

       

  12. Lava jato virou um modo de

    Lava jato virou um modo de ganhar dinheiro, fama, prestígio e poder. Tudo menos combater a corrupção de fato. Prova disso é que o Congresso mais corrupto da história faz o que quer, inclusive manter o presidente mais corrupto da história (ganhou do Collor!).

    E agora parece que o “vamos tirar o Temer também” subiu no telhado, já que a delação do Joesley vai melar. O PGR está se enrolando todo, o que é a deixa para os deputados eleitos pelo Cunha livrarem o MT de novo e até mais barato desse vez.

    A grana que está entrando no bolso das celebridades lavajatenses até então pensávamos que era pelas palestras e demais mimos. Agora podemos pensar baseado em fortes “convicções” que as delações estão premiando o delator com a liberdade e os interrogadores com dindim, muito dindim.

    Eu, pessoalmente, estou bastante convicto de que a senhora Moro é a primeira dama da quadrilha que montou esse esquema de propinas nas delações premiadas, premiadíssimas. Ou querem me convencer que o pagamento do dr.Tacla (bandido foragido) à empoderada senhora foi para tirar xerox de uma papelada? Contínuo de luxo?

    Lava a jato é isso. Limpar cocô com merda.

  13. Essa é outra forma de corrupção

    Como mostrado nesta e noutras reportagens de Luís Nassif, a verdadeira corrupção está instalada não apenas no  aparelho de Estaod (três poderes) como institucionalizada na Petrobrás. Se uma investigação séria for feita constatar-se-á que o prejuízo à empresa, pelos milionários honorários pagos a escritórios estadunidenses de advocacia é muito maior do que a corrupção supostamente investigada pelos lavajateiros. Olha que as reportagens sequer entraram no aspecto mais crítico, que é o acesso desses estrangeiros a informações estratégicas da Petrobrás.

  14. chocado

    Chocado mas nada disso me surpreende.

    O que mais me aborrece é que tem gente que ainda  acredita que se tratou de combate à corrupção.

    Não sei se são burros ou cinicos!

     

Você pode fazer o Jornal GGN ser cada vez melhor.

Apoie e faça parte desta caminhada para que ele se torne um veículo cada vez mais respeitado e forte.

Seja um apoiador