O investimento em infraestrutura como saída global

A lógica da crise mundial é sistêmica e circular:

  1. A desregulação econômica produziu uma miríade de novas ferramentas de alavancagem que levaram à maior crise econômica pós 1929.

  2. Para impedir quebras bancárias, países injetaram um caminhão de recursos nos seus respectivos sistemas, estatizando a dívida privada e gerando monumentais dívidas públicas.

  3. O FMI acorreu em auxílio das economias mais endividadas aplicando a fórmula tradicional de exigir fortíssimos ajustes fiscais, responsáveis pela destruição das estruturas sociais e do dinamismo econômico em várias delas.

  4. O equilíbrio global ocorre quando as economias deficitárias conseguem se equilibrar à custa das economias superavitárias. Mas o que se observou na outra ponta foram as grandes economias – Alemanha à frente – jogando em uma retranca fortíssima, mantendo seus superávits comerciais.

  5. Por seu turno, a economia chinesa vem passando por transformações estruturais visando mudar o centro dinâmico do mercado externo para o interno. No meio da trajetória foi apanhada pela redução do nível de atividade europeu.

  6. A redução da atividade na China impactou de frente os países produtores de commodities, especialmente minério de ferro e petróleo.

Tem-se, agora, o segundo tempo da crise de 2008, em muitos pontos similar à de 1930, quando as atitudes defensivas dos países impediram o ajuste global.

***

É nesse quadro que a infraestrutura pública volta a ser vista como saída global e, provavelmente, será o tema preferencial na reunião anual de Davos.

Em recente artigo, o economista Dani Rodrik – professor da Kennedy School of Government da Universidade de Harvard – lembra que nos últimos anos os investimentos em infraestrutura andaram fora de moda entre os especialistas em desenvolvimento. Eram tratados pejorativamente como “fundamentalismo do capital”.

Em lugar da ênfase no setor público, o capital físico e a infraestrutura, cresceu a alternativa de priorizar os mercados privados de capital humano, com formação de competências, e reformas na governança das instituições.

***

Pode ter chegado o momento de se rever esses conceitos, aconselha ele. Em grande parte dos países em crescimento, há uma participação relevante do investimento público.

Na África, a Etiópia tornou-se a mais surpreendente história de sucesso da última década, diz ele. Desde 2004 sua economia tem crescido a taxas superiores a 10% ao ano. É um país pobre em recursos, que não se beneficiou do boom das commodities nem recorreu à liberalização econômica e às reformas estruturais recomendadas pelo Banco Mundial e outros doadores de recursos.

O que ocorreu foi um aumento maciço no investimento público, de 5% do PIB no início da década de 1990 para 19% em 2011, a terceira maior taxa do mundo.

***

Na Índia, o investimento público continua garantindo o crescimento, compensando a perda de dinamismo dos investimentos privados e das exportações.

Na América Latina, a economia em melhor estado, a boliviana, deverá crescer acima de 4% em 2015. E a base é o investimento público total, que mais que dobrou em relação à renda nacional, partindo de 6% para 13% do PIB de 2005 a 2014.

***

Para Rodrik, é hora dos países, tanto desenvolvidos como emergentes, voltarem a prestar atenção ao tema.

Luis Nassif

42 Comentários

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  1. Clao que essa  é uma

    Clao que essa  é uma manifestação minha ,pessoal e intranferivel.

    Eu sou uma pessoa e um voto, afora a minha voz.

    Mas, para mim, ingênuo que sou e s sincero que sempre fui,  a Dilma subiu no telhado.

    E está lá nas beirinhas. juntinha com o Zé das Couves, entre outros.

     

    Ai, ai, Caramba!

     

  2. Economia de Guerra

    Atividades que não precisamos ficar esperando o tal de “investidor” são numerosas, pois temos de tudo aqui no Brasil, e até mais do que o Egito quando fez as pirâmides, ou quando a China fez a muralha. Temos gente desempregada, matérias primas, alimentos, materiais de construção e etc. Uma guerra bacana sem inimigos que possam nos neutralizar, mas apenas a nossa preguiça e a alienação global. Para vencer isso precisamos de consciência, iniciativa e desejos reais de executar:

    1.       Infraestrutura: Geral, com uso intensivo de mão de obra, desde obras estruturantes (terrestres ou de navegação) até pavimentação de ruas com paralelepípedos (Atividade implantada com sucesso no Chile, em momentos de elevado desemprego);

    2.       Serviço Militar: Serviço do tipo cívico-militar obrigatório. O profissional recém-formado e os estudantes avançados prestam serviços à comunidade – na forma de estágio – em locais distantes, distribuídos mediante critério de interesse nacional (médicos, professores, engenheiros, e etc.). O jovem desempregado, além do seu preparo militar básico, deve estudar e concluir cursos profissionalizantes, dentro do período de serviço militar (não sai com um fuzil na mão, mas com um diploma e com amor ao Brasil). Ainda, este contingente deve participar na execução de obras de infraestrutura, dirigidos pela equipe de engenharia do exército e da marinha.

    3.       Esporte Amador: Nas mãos dos Departamentos de Esporte e Escolas de Educação Física das Universidades Federais, irradiando e coordenando o esporte em colégios e escolas, ao longo do Brasil.

    4.       Polos de Desenvolvimento: Como a produção de aço ao longo do Brasil, destravando a economia local à montante e à jusante. Muitos outros polos, de outras espirais econômicas, poderão surgir.

    5.       Substituição geral de importações e negociação no âmbito do MERCOSUL ou América do Sul no seu conjunto;

    6.       Completar as voltas da espiral de crescimento que essas atividades geram localmente. Hoje, a economia trava quando parte importante do dinheiro da “espiral” de crescimento passa pela mão de deslumbrado que gosta de Miami;

    7.       Outras atividades de “guerra”. Façamos a nossa própria China, aqui no Brasil.

    A Coréia do Norte não apresenta estatísticas econômicas, como taxa de inflação ou outros indicadores, mas já desenvolveu armas nucleares (em outro tipo de guerra, que aqui no Brasil não precisamos). Cuba cresceu 4,7% (PIB) em 2014; com apenas 2,7% de desemprego e 5,3% de inflação. Daqui a pouco entrará a fazer parte da economia de mercado.

    Citei apenas dois países que, embora seja discutível a sua “liberdade” (palavra que devemos ter cuidado para usar), notadamente são mais fechados perante a economia global, e isso nos demonstra que os resultados financeiros de um país globalizado sempre são prejudicados no seu desempenho, por conta das perdas internacionais.

    Brasil deve-se fechar para balanço (embora parcialmente), estancar as perdas internacionais (saudade do Brizola!) fazer o seu dever de casa, e em seguida, discutir “relação” com o mundo globalizado.

  3. Motivos impeditivos de mudanças
    1) Os governos pelo mundo com altas dívidas.
    2) Os empresários não têm mais dinheiro público e são aversos a arriscar o seu rico dinheirinho.
    3) Bolhas no mercado financeiro.
    4) Alta concentração de riqueza, que dificulta a circulação.
    5) Salários no limite.
    6) Desemprego em alta.
    7) Sociedade do medo.
    8) Cadeia de consumo saturada.
    9) Esgarçamento do modelo representativo.(falha no poder de influência da população)
    10) Instabilidade política pelo mundo.
    11) Falta de lideranças politicas e populares.
    12) Falta de pensamento acadêmico que aponte o novo.(Piketty, uma ilha)

  4. O que mais dói

    é que esse caminho, não somente agora, apontado por Rodrik, há alguns anos, vem-se ouvindo de outros analistas econõmicos sérios: Wolf, Krugman, Stiglitz, Mariana Mazzucato, e no Brasil, Belluzzo, Laura Carvalho, Ricardo Carneiro, e outros.

    E daí? Alguém no governo pensou mais detidamente nisso? Ganhas as eleições, tornou-se obsessão “agradar o mercado”. Qual o de produtos, serviços, ou somente os mercados financeiros?

    O que a China fez antes de começar o seu pouso e sua transição estrutural se não investir maciçamente em infraestrutura?

    Dói!!!

  5. é a hora mais urgente da

    é a hora mais urgente da aplicação de investimentos estatais na infraestrutura

    para fazer  girar a economia e manter e ampliar os empregos…

    mas os economistas do chamado mainstream continuam

    expelindo regras sobre  ajuste fiscal….

    1. O Estado brasileiro esta

      O Estado brasileiro esta falido. Devem para Deus e o mundo. Investir como? Por isso precisa por a casa em ordem para depois investir.

  6. Do Conversa Afiada:
    – Grande Profeta, quer dizer que vaca foi pro brejo ?

    – Foi.

    – Foi ?

    – Foi.

    – O que aconteceu ?

    – Como diz o teu amigo, o casamento de China com os Estados Unidos acabou em litígio furioso.- Como diz o teu amigo, o casamento de China com os Estados Unidos acabou em litígio furioso.

    – Como assim ? Que casamento ?

    – Os chineses davam dinheiro para as famílias americanas comprarem produtos chineses. Os americanos fingiam que não estavam mergulhados num buraco, estouravam o cartão de crédito e os chineses se enchiam de ganhar dinheiro.

    – O que faziam os chineses ?

    – Investiam. Onde já se viu um país investir 50% do PIB ? E produzir mais aço do que o mundo pode consumir em cem anos ! Construir uma ponte que ia do rio Amarelo ao Bósforo ! É porque eles estavam entupidos de dinheiro.

    – E passaram a ser os maiores importadores de petróleo do mundo …

    – Sim…

    – E agora ?

    – Agora, estamos na segunda fase da grande crise de 2008, aquela que a quebra do banco Lehman, em Wall Street, disparou …

  7. Sim, investimento, agora só

    Sim, investimento, agora só me diga como nosso governo irá fazer isso pagando uma selic de mais de 14% ao ano e hoje, provavelmente, vai aumentar ainda mais?

    Se algum economista vier ao brasil e estudar o caso brasileiro, recessão com aumento de juros e explicar, é Nobel na certa!

  8. Dívida pública

    Como aumentar o gasto público em infraestrutura se a maioria dos países está endividada, mais do que antes da crise de 2008?

     

  9. A bolha chinesa.

    A grande crise do momento nasce em solo chinês e vem sendo gestada há pelo menos 10 anos. Qualquer analista que acompanhe de perto o movimento chinês sabe que muito desse “milagre” chinês tinha pé de barro. Uma ida até a China e pode-se conferir a miríade de investimentos em infra-estrutura abandonados, cidades sem ninguém morando. Desde 2008, com a crise nos mercados europeu e americano, a China fez uma inflexão para o mercado interno, tentando manter os índices de crescimento (que, na cabeça do PC Chinês, são a chave para a estabilidade política).

    Muito dinheiro jogado fora, na tentativa populista do governo de manter esses níveis de insanos de crescimento – mandaram às favas a Economia e o Meio Ambiente. Mais uma vez, as impressões digitais do Estado em toda a cena do crime.

    Plano de Aceleração Chinês – o final é a economia completamente (aí sim!) desregulada, rumo ao caos. Soa familiar?

    Regulação imposta pelo Estado traz caos muito maior que a “desregulamentação” do mercado. Foi assim em 29 (FED recém criado), foi assim em 2001 (FED mantendo artificialmente baixas as taxas de juros), em 2008 (Fanny Mae e Freddie Mac eram controladas pelo Governo, FED bancou os quebrados e “socializou” as perdas) e está sendo assim agora na China. Um buraco desses, na 2a maior economia do mundo, arrebenta a todos, mas afeta mais aqueles que vivem de exportar matéria prima e que insistem em não fazer a liçãozinha de casa… Segurem os chapéus…

     

    1. Estado vs mercado

      Após sete anos de crise mundial, provocada, segundo você, pela intervenção do Estado na economia (Fanny Mae e Freddie Mac eram controladas pelo Governo), economistas renomados estão tentando achar uma saída, uma delas sendo o aumento de gastos públicos com infraestrutura.

      Mas você é contra, por princípio, pela simples razão de que qualquer intervenção do estado é prejudicial à economia.

      Então, eu pergunto: qual seria sua solução para o mundo, e o Brasil, sair da crise?

      Para o Brasil, já adivinho  sua solução: “fazer a lição de casa”. Isto é, o ajuste fiscal. Parece que não está dando muito certo.

      Quanto à dicotomia  estado versus mercado, acho que deveria ser mudada para os 1%% versus os 99%, já que a lógica do capital financeiro está dominando o estado.

      1. Desajuste

        Fernando, mas que ajuste está sendo feito? Os gastos correntes continuam subindo, mesmo com queda na atividade. Déficit acumulado de mais de 100 Bi, isso pra mim não é ajuste fiscal. Me desculpe mas a “lição de casa” não está sendo feita.

        1. O dever de casa

          Cristiano,

          Cerca de 95% dos gastos do governo são obrigatórios, não há como cortar, de imediato. Pode ter tido aumento, devido à inflação. Comparando com o PIB, certamente houve aumento, devido à queda deste.

          Quanto aos gastos discricionários, não acredito que houve aumento, acho que houve redução.

          Quanto ao déficit de R$ 100 bi, acredito que parte disso é devida ao reconhecimento de gastos anteriores não contabilizados (pedaladas fiscais). Estou falando isso sem ter dados atuais em mão, portanto posso estar errado.

          Mas é bom ter em mente o seguinte: o déficit fiscal é o resultado de: 1) aumento de gastos, 2) redução de receitas ou 3) uma combinação de ambos. Mesmo sem aumento de gastos, o déficit fiscal pode aumentar se houver queda da receita.

          O grande problema de reduzir gastos governamentais numa conjuntura de queda da atividade econômica é que a receita cai mais rapidamente do que a economia obtida com a redução dos gastos, o que aumenta o déficit e a relação dívida bruta/PIB, que é exatamente o que está acontecendo.

          Você provavelmente já conhece tudo isso, mas o fato é que muita gente acha que o orçamento público é igual ao orçamento familiar. Quando uma família gasta mais do que recebe (normalmente salário), a única forma de balancear o orçamento é reduzir gastos, já que a receita é fixa.

          No orçamento público, a receita não é fixa, varia de acordo com a atividade econômica. Uma redução de gastos do governo resulta numa redução da receita do setor privado, e consequentemente uma redução da receita do governo.

          Quanto à expressão “fazer o dever de casa”, de tanto ser repetida a torto e a direito, pode significar tudo ou nada.

          Quando os EUA lançaram o mundo numa crise, será que “fizeram o dever de casa”?  

           

          1. Ferruccio, o que mais

            Ferruccio, o que mais influenciou a redução da receita neste ano não foram os cortes do governo. Primeiro porque não houve redução significativa de gastos, segundo que somos uma Economia de Mercado (ou éramos), e a participação do Estado no PIB comparado ao da iniciativa privada não é grande a ponto de, em função de alguns cortes de despesas (Que cortes?), derrubá-lo em 3,5% em um ano. Ou seja, quem está cortando de fato é o Mercado. O que derrubou a Economia, além dos fatores externos já conhecidos, foi a crise de confiança, a falta de credibilidade, e até a incapacidade do Governo em conseguir fazer os ajustes necessários. O que derrubou a Economia foi a constatação do empresário de que, após anos de descontrole fiscal e estagnação economica, ou o Brasil realiza os ajustes necessários na economia e as reformas imprescindiveis na administração e na política, ou vamos quebrar. Aí ao olhar para o Planalto, o empresário vê uma Presidente sem o mínimo de credibilidade/popularidade pra impor qualquer sacrifício à população, uma Presidente sem prestígio político pra propor e conseguir aprovação no Congresso de qualquer mudança que seja, e chega à conclusão que só não vê quem não quer.

          2.  
            Cristiano
            Concordo com você

             

            Cristiano

            Concordo com você quando diz que parte da queda da receita do governo é devida à falta de confiança dos empresários em investir.

            Levy foi colocado no Ministério da Fazenda como parte do plano do governo justamente para recuperar a confiança dos empresários e a volta dos investimentos.

            Segundo muitos analistas e economistas, o ajuste fiscal era absolutamente necessário para a volta da confiança, e o Levy tinha o encargo de fazer esse ajuste. O indicador mais importante era a relação dívida bruta/PIB, que estava crescendo perigosamente. Levy prometeu que, após um sacrifício inicial, a atividade econômica se estabilizaria até o fim de 2015, e haveria um pequeno crescimento em 2016.

            Mas nem todos os analistas e economistas concordavam com o plano do Levy. Houve na época um manifesto de economistas de renome (manifesto esse solenemente ignorado pela grande mídia) discordando do plano Levy. Esses economistas não descartavam totalmente a necessidade de um ajuste fiscal, mas achavam que, numa conjuntura de queda da atividade econômica, o mais importante era achar formas de incentivar o investimento.

            O plano Levy fracassou, como já era previsto por muitos economistas. A relação dívida pública/PIB piorou substancialmente. Os adeptos do plano Levy tentam agora achar justificativas para o fracasso, culpando o Legislativo e o governo por não efetuarem os cortes necessários.

            O fato é que é praticamente impossível balancear o orçamento público numa conjuntura recessiva.

            A situação agora é tão grave, que acredito pouco analistas irão insistir no ajuste fiscal, da forma inicialmente proposta pelo Levy. A prioridade é dar mais atenção ao investimento, principalmente na infraestrutura, sem desprezar o controle dos gastos públicos.

             

             

          3. Ferruccio, como avaliar que o

            Ferruccio, como avaliar que o Plano Levy fracassou, sem ter sido implementado de fato? O que fracassou foi a tentativa da Presidente de implementar um programa econômico que ela mesma demonizou meses antes, nas eleições, e ainda o atribuiu aos adversários, como sendo uma solução ruim ao país, mesmo sabendo que era inevitável. Nessa brincadeira ela já começou o ano perdendo o apoio da própria base, foi e voltou várias vezes nas decisões, ficando entre o que o Plano exigia e o que a Base queria. Com frequência desmentia ou desautorizava o Levy publicamente. Acabou o ano, o ministro se foi e nada foi feito. 

            É claro que mais investimento alavanca a economia, mas tem que ter dinheiro pra investir. Dinheiro que não nasce em árvore, nasce do ajuste das contas públicas, e do otimismo dos investidores. Como eu disse anteriormente, a desacelaração não veio por causa de cortes, veio da constatação geral que a situação fiscal do país é grave, e que à frente do mesmo tem-se uma pessoa sem a menor condição de modificar esse quadro. Prova disso é que ao menor sinal de evolução do processo de impeachment, bolsa sobe e dolar cai. Dilma podia ter um pouquinho só de altruísmo e “entregar o boné”, porque mais 3 anos assim vai quebrar o Brasil.

          4. Cristiano,
            Pelo que tenho

            Cristiano,

            Pelo que tenho visto na imprensa, a Dilma deu total apoio ao Levy. Apesar do enorme desgaste com sua base, a Dilma concordou com revisão de benefícios sociais, inclusive aposentadoria.O Levy teve problemas com o Legislativo, mas a Dilma sempre o apoiou.

             

          5. Então quem teve problemas no

            Então quem teve problemas no Legislativo foi o Levy, não foi a Dilma? Eu encerro por aqui, obrigado pelo debate.

            Uma última observação, a Previdencia no Brasil já é uma aberração, o déficit é gigantesco e só aumenta à medida que a população envelhece. De acordo com essa regra de 85/95 dela, uma mulher que começar a trabalhar com 18 anos de idade já vai se aposentar aos 50, nos paises da Europa não antes dos 65. 

  10. Dar Norte, Rumo e Estrela para o Brasil

    Uma vêz o País andando não como barata tonta e as coisas irão se aprumar.

    A mágica se faz com Astrologia, Tarot e Geometria.

    Sem isto, neca de pitibiribas.

  11. Excelente proposta, mas…

    No Brasil o gasto público continua focado no custeio da própria máquina pública. Sem reformar a estrutura desses gastos, como investir?

  12. Continuam tentando vender o desenvolvimentismo como saída…

    Nassif,

    O investimento em infra-estrutura é justamente oque o Lula fez, e oque a DIlma fez e continua tentando fazer. Além de não ter resolvido problemas, ainda resaltou problemas existentes, que agora estão escancarados e em escala nunca antes vista(ainda que já existisse e fosse desse tamanho). A China também investiu pesado em infra-estrutura, e esticou o crescimento econômico da China até o ponto de colapso. E os resultados também não são bons…

    O problema está sempre na qualidade do investimento, e não apenas na quantidade ou na área do investimento. Crescimento econômico sempre se dá com investimento, seja privado, seja público. A quantidade e qualidade desse investimento é que determinam se o resultado será bom ou mau. Aqui, investir em infra-estrutura faz sentido, já que temos deficiências diversas nessa área, que atrapalham o resto da economia e a vida dos brasileiros. Só que esse investimento precisa de muito mais qualidade doque a que vem sendo entregue. O governo tem demonstrado notada dificuldade em apresentar projetos bem pensados e que sejam os mais importantes e efetivos. O processo de escolher investimentos e calcular os benefícios é algo típico dos empresários e ricos que tanto causam alergia aos esquerdistas do governo, coisa difícil de emular por quem sempre coloca a justificativa social e política à frente da frieza dos números e da racionalidade. Restam portanto os projetos apresentados por empresários corruptos, cujo cálculo é de quanto será sobrefaturado, e de quanto será a propina para os partidos e políticos, e por outro lado, os projetos sociais sem qualquer sustentabilidade econômica. Se na fartura, esses projetos podem dar ganhos sociais mínimos à um alto custo e com muita fanfarra, na época da restrição orçamentária, são apenas mais uma forma de desperdiçar dinheiro que não se tem.

    O exemplo da China é muito útil, pois demonstra claramente como os investimentos em infra-estrutura, direcionados por gênios da política que nada entendem de economia real, acaba por produzir elefantes brancos e desperdício de dinheiro.

    Outro exemplo, dessa vez não estatal, foi a natureza da crise de 2008 nos EUA. A base da crise foi uma bolha imobiliária, baseada não nas necessidades reais de moradia, mas na ganância irracional de pessoas que não entendiam o mercado, mas queriam ganhar dinheiro fácil comprando barato e com juros baixos, e vendendo caro. Sem valor agregado e demanda real, esse tipo de investimento, cedo ou tarde, leva à uma grande perda de capital.

    O estado brasileiro está com baixa capacidade de investir. O ajuste fiscal é necessário porque as contas correntes, os gastos fixos e com pessoal, subiram além da capacidade de pagamento e arrecadação. Não é solução para a recessão, é consequência dela. Irracional seria gastar mais ainda torcendo para que a consequência nefasta se torne causa virtuosa. Sendo assim, já que não temos dinheiro para ampliar investimentos, o governo deveria desregulamentar e abrir novas oportunidades de negócio, diminuir burocracia e simplificar a arrecadação de impostos, ou seja, atacar de todas as formas que não levem à diminuição imediata de arrecadação, para incentivar a abertura de negócios, investimento privado e crescimento da ocupação da capacidade produtiva existente. E buscar sugestões de infra-estrutura para ser oferecida em regime de concessão, da indústria e do comércio, e não das empreiteiras ou das universidades…

  13. Excelente proposta, mas…

    No Brasil o gasto público continua focado no custeio da própria máquina pública. Sem reformar a estrutura desses gastos, como investir?

  14. Não foi apenas o PT que foi

    Não foi apenas o PT que foi relapso quanto à guerra da informação. Também os empresários que trabalharam com o governo todo este tempo, em monumentais obras de infraestrutura, foram de uma ingenuidade total quanto a esta questão. Eles deveriam saber que, por trabalharem para o Governo, logo seus próprios pares da mídia haveriam de se voltar contra eles como traidores de classe. No fundo, a guerra é uma guerra de classes. Eles deveriam ter feito sua própria mídia, ter criado um vasto mundo midiático seu, para dar sustentação segura tanto a eles quanto ao governo com que trabalhavam.  E não me falem de corrupção, que a guerra que se vê é uma guerra política, não é uma guerra contra a corrupção. A corrupção é outra coisa e até aqui tem servido de instrumento para fins puramente políticos e até geopolíticos. É parcial e injusta. Procuradores, juízes e até delegados são fiéis ssoldados de um dos lados dentro desta guerra de classes. Nada garante que uma guerra como esta dê alguns frutos permanentes na verdadeira guerra contra a corrupção. Uma das maiores fontes de corrupção do país está dentro do próprio mundo empresarial da mídia, vide o recente caso envolvendo o grupo Zero Hora e o caso que envolve a Globo e sua empresa de paraíso fiscal para compra de transmissões de eventos futebolísticos.

  15. Nosso governo não lê Rodrik nem Krugman

    a leitura diária de nossos “chefes” deve ser Míriam Leitão. No mundo da Dilma, onde a realidade do povo importa menos do que a novela mexicana criada pelo seu vice, a prioridade número um não é recessão, desemprego, nem zika, mas a previdência…

  16. Há obsessão dos governos e

    Há obsessão dos governos e público interessado com variáveis macroeconômicas e intrsumentos de política econômica (como a monetária) que levam a desconsiderações quanto ao longo prazo. Quando bem sucedidas, geram a “euforia do crescimento”. Um curto sobrevôo acrobático da galinha é motivo para ufanismos, messianismos e manifestações de “psique-coletiva” próximas do delírio.

    Incrivelmente, e a despeito de múltiplos e intrincados fatores decisivos, elege-se um ou outro tal como se fosse panacéia. Este do tópico é o investimento em infraestrutura.

    Precisamos de MUITO MAIS que isso para assegurar patamares de bem estar mais favoráveis que os atuais para as futuras gerações.

    Na minha modestíssima opinião, inclusive, a atual quadra histórica é especialmente grave. Não faltam potenciais e vantagens estratégicas, não faltam alternativas, mas sem reflexão profunda a respeito dos interesses nacionais e de certos problemas de dificílima solução não tardará para que as próximas gerações culpem-nos por seu destino de limitações.

    Seria o momento de séria avaliação dos equívocos, de assumir responsabilidades e admitir erros. De mostrar ao público a realidade para uma travessia penosa rumo a um futuro melhor evitando desesperos e angústia.

    A exposição da realidade casada com um horizonte utópico, diga-se de passagem, como bem lembrou um comentarista abaixo, pode ser conveniente.

    Dentre várias outras medidas, também é necessário preparar com urgência uma nova geração de líderes políticos altamente treinados e capazes de desenvolver papel crucial de condução do Estado; reduzir o peso midiático que bombardeia de imagens idílicas o cidadão médio e reformar instituições democráticas para estabilização do país (ampliando os mandatos e reduzindo o intervalo entre eleições, por exemplo)

    Entretanto, temo que não seremos capazes e o futuro que nos espera será, como disse um poeta, o inferno tecnológico de Dante.

  17. Bolívia e Etiópia ?

    Me desculpe o Professor Rodrik, mas Bolívia e Etiópia não servem como parâmetro para nada.

    Os dois países estão incluídos na tal de HIPC, ou seja, a Iniciativa multi-lateral para a salvação de países paupérrimos  altamente individados.

    Essa iniciativa de FMI, World Bank, etc, faz com que esses países, além de não pagarem o que deviam não se individem mais.

    Daí fica fácil investir. A maioria desses investimentos é feita na base de contrapartida do perdão de dividas antigas.

    Mas isso, obviamente, não é viável para mais do que os 30 países que já são assistidos por essa iniciativa, até porque alguém está pagando a  conta, inclusive nós brasileiros, que dentro dessa iniciativa HIPC já andamos perdoando dívidas de ambos os países.

    O PIB da Bolívia é o nosso Bolsa-Família. É o que é carregado e descarregado todos os meses nos nossos portos. É o que investimos para fazer uma copa do mundo.

    Não há comparação.

  18. Infraestrutura como saida

    Correntes de pensamentos politicos, ideológicos, econômicos, filosóficos e por ai afora, sempre, por toda vida, se degladiaram. Os bons ventos sempre acirram seus representantes, afinal quando tudo vai bem, mais, ainda, nos assenhoramos da verdade, da supremacia. Os petistas no governo não fugiram à regra: na bonança dedicaram-se com afinco a espezinhar quem não se alinhava com eles, ao invés de usar o bom momento para se voltar para o que o país mais carecia: investir em infraestrutura. Poderiam apontar com orgulho grandes obras estruturantes, mas miraram suas forças contra os chamados inimigos do povo, as elites, de que tanto falam. Ou seja: seu sentimento de profunda antipatia por quem não comunga com seu projeto bolivariano de poder, os fez esquecer de governar.

    1. Grandes obras estruturantes

      Parece que eles fizeram uma coisa ou outra, que a mídia esconde. Uma Norte-Sul aqui, uma transposição do São Francisco acolá, alguma coisa no setor elétrico em termos de integração, diversificação de matriz, exploração de águas profundas, um tanto de profissionalização, outro tanto de redução da miséria.. Mas falo assim, por ouvir dizer..

  19. A economia vive ciclos.

    Sinceramente ainda não formalizei essa teoria que vou falar agora, mas tenho a impressão que quando temos uma relativa estabilidade tecnológica o investimento público ganha muita importancia. As tecnologias estão maduras e não existem lucros extraordinários que o monopólio inicial de uma tecnologia permite. Mas vale o aviso que o que eu vou escrever agora pode ter alguns furos lógicos pela falta de formalização. De certa forma são idéias soltas.

    Quando surge uma nova tecnologia (em geral depois de muito investimento estatal em pesquisa) existem ganhos muito grandes de ser o primeiro a entrar, os investidores privados são direcionados para este mercado, e os clientes são os melhores, com alta renda e preços de reserva altos. O melhor que o estado pode fazer é sair de cena e não atrapalhar. Olha o que aconteceu com o mercado de Tecnologia da Informação e Comunicação (TIC) nos últimos 30-40 anos.

    Agora quando temos establidade tecnológica é mais complicado. Os melhores clientes já possuem acesso aos produtos, a infraestrutura de logística para atender os demais clientes é cara, pois em geral eles se encontram em regiões menos desenvolvidas, e existem vários produtores reduzindo as margens de lucro pela concorrência. Aí o investimento estatal é importante.

    Não estou falando em um país específico ou um situação específica, estou falando em termo de economia global numa perpectiva de longo prazo. Isso me veio a cabeça depois de eu ler o livro supercapitalismo do Robert Reich, do meu entendimento dos modelos tanto da economica do crescimento econômico neoclássica quanto da heterodoxa, da visão da história econômica sobre a Terceira Revolução Tecnológica e da Teoria dos Ciclos de Kondratieff.

    Olha o que aconteceu com o mundo entre 1930 e 1970. Neste ponto o investimento estatal era fundamental. Mas a tecnologia ficou relativamente estável, principalmente após 1950. As principais inovações se concentravam no setor aeroespacial e na energia nuclear e de defesa. A tecnologia era importante mas não entrava na casa do consumidor com a mesma velocidade que temos hoje em dia.

    A partir da revolução das tecnologias de TIC nos anos 70 tivemos uma brutal aceleração da introdução de inovações no varejo. e como era tecnologia nova os investimentos em infraestrutura valiam a pena. É muito mais barato e fácil contruir a infraestrutura necessária para internet, celular e etc. em Nova Iorque do que na África ou no interior do Brasil. Obviamente algum investimento estatal em infraestrutura sempre é importante. Mas no início do ciclo tecnológico da inovação, quando ela já esta á madura o suficiente para entrar no mercado os investidores privado podem assumir o barco.

    Eu tenho impressão que voltamos a ter uma certa estabilidade tecnológica desde o início dos aons 2000, principalmente depois da bolha das empresas ponto.com. Com isso a sustenação do crescimento depende de um  maior investimento estatal. 

    Eu acredito que estamos caminhando para uma nova revolução tecnológica dentro de 20 a 30 anos focada na área de energia, com a possibilidade de armazenamento de energia em grande quantidade com a revolução das baterias, o crescimento das geração distribuída e as redes inteligentes de energia. Mas até lá investimento estatal terá novamente seus dias de glória. 

     

  20. Aumentar a produtividade reduzindo a burocracia para empresas

    É só um exemplo, isso não custa absolutamente nada para os cofres públicos, basta colocar os já concursados e ocupantes de cargos de direção para tabalhar de maneira coordenada com esse objetivo. Não resolve todos os problemas, mas já resolve um problemaço do país. Além de ser uma iniciativa 0800, que pode aliviar em muito o funcionamento do mercado no país, ajudando a ativar a economia. Em tempos de falta de grana, temos que pensar alternativas de pouco gasto e forte impacto. Que tal uma reforma administrativa em todas as esferas para termos mais funcionários públicos atuando nas atividades fim do que em atividades intermediárias? Em tempos nos quais faltam recursos para a saúde, esse já seria um alívio (ainda que a realocação de pessoal não seja imediata e gere chiadeira de quem passou em concurso para não trabalhar). Crises podem ser benéficas se soubermos aproveitá-las para resolver distorções. O grande problema é que simplesmente TODAS as soluções dos desenvolvimentistas passa por simplesmente deixar tudo como está, e simplesmente continuar aumentando gastos e impostos. Não aparecem com uma proposta sequer que sirva a tornar o estado brasileiro atuante de fato, ao invés de um simples ralo de dinheiro.

  21. controle x ideologia

    A ojeriza dos liberais aos mecanismos de controle da economia atende aos interesses dos especuladores e financistas. Qualquer pessoa que tenha estudado mecanismos de controle físicos e naturais sabe que o recurso da natureza é a realimentação negativa. Na economia seria o equivalente a retirar recursos na alta e injetar recursos na crise. Equivocadamente muitos imaginam que a formula virtuosa é a realimentação positiva, tipica de sistemas oscilantes e fora de controle. O equivalente aos sistemas ideologicos.

    1. Marcelo Castro

      Concordo plenamente com o que você disse, e esse é o grande problema com o desenvolvimentismo no Brasil. Veja sua frase: “Na economia seria o equivalente a retirar recursos na alta e injetar recursos na crise.”. O problema é que os desenvolvimentistas rejeitam a responsabilidade fiscal, nos deixando vulneráveis nos períodos de crise. O Palocci em 2005 propôs aproveitar o período de bonança em que estávamos para em 10 anos zerar o déficit fiscal, mas os desenvolvimentistas no governo, Dilma, Mercadante, Mantega, foram contra. Como Lula sempre foi imediatista, eles ganharam a parada. Os gastos governamentais foram seguindo em um crescente no segundo mandato de Lula e alcançaram seu ápice no final do segundo mandato da Dilma (torrando dinheiro em subsídios a capitalistas amigos, controlando o preço da gasolina, destruindo o setor elétrico). Resultado: 10 anos depois temos que trocar o pneu com o carro andando. As políticas desenvolvimentistas invariavelmente levam a inflação e endividamento, ou seja, a situação de vulnerabilidade ideal para especuladores rapinarem um país. Veja acomo é absurdo: os que são contra a responsabilidade fiscal acabam sendo os maiores benfeitores da especulação financeira, ao passo que os chamados “neoliberais” (observe o uso das aspas, essa palavra tem um uso tão deturpado que perdeu o sentido) são exatamente aqueles que defendem nos precavermos para não cairmos nas garras da especulação!!! Vai entender o que leva alguém a até hoje preconizar que a classe política deve ter carta branca para gastar quanto queira. Os especuladores internacionais AMAM os desenvolvimentistas. Sabem que vão lucrar por muito tempo com juros nas costas de países que ainda caem nessa. 

      1. discordo , sr. Felipe.

        Discordo ,sr. Felipe. O Brasil tem um dos menores deficits publicos do mundo . 0,5% do PIB.  Só para ter uma ideia o deficit dos Estados Unidos é 2,4% do PIB. Paises como França e Espanha tem deficits de 4 a 5% do PIB. Chamar o Lula de imediatista é bastante falacioso . Trata-se do presidente que elevou o Brasil da decima primeira para a sétima economia do mundo e reduziu a divida pública de 60 para 34% do PIB. É fato que o Estado está descapitalizado para investir em infraestrutura. O que temos hoje é um cabo de guerra com rentistas que são os que retém os recursos para investimento. Ingenuidade imaginar que não há toda uma ideologia envolvida no processo. A ideologia que nega recursos à produção e incentiva o rentismo chamamos : neoliberalismo.  

        1. Marcelo

          A questão não é o déficit, tão somente, mas sua trajetória de alta. Manter a trajetória de alta vai nos jogar novamente no colo do FMI, algo que qualquer brasileiro quer evitar. O problema de enxergar vieses ideológicos em tudo é acabar destruindo o pragmatismo e a visão clara das coisas. Te dou um exemplo: a lei de responsabilidade fiscal busca justamente evitar que caiamos novamente nas mãos dos rentistas. Isso é bastante óbvio, mas é considerada uma lei “neoliberal”, a qual, de acordo com a sua definição de neoliberal, visaria nos jogar nas mãos dos rentistas – o que é um flagrante absurdo. Os que alertaram a Dilma sobre a trajetória dos gastos públicos desde o final de 2013 foram acusados de neoliberais, quando queriam exatamente evitar o desastre em que estamos. Vê como o viés de encarar tudo como ideologia torna a discussão cega? O “neoliberal” Palocci, caso tivesse sido ouvido em 2005, teria nos livrado dos rentistas que ameaçam o país hoje. Como você explicaria os casos que apresentei aqui? Afinal, a lei de responsabilidade fiscal e o plano do Palocci em 2005 são neoliberais ou não? De que maneira eles são a favor dos rentistas se buscam justamente evitar o endividamento? 

          1. trajetória de alta ?

            Tome a série do deficit publico nominal nos governos Lula/Dilma : 3,12% do PIB contra uma média de 5,53% no governo fhc.  Numeros extremamente virtuosos , sob controle e bastante razoáveis diante da conjuntura internacional. A afirmação de que há uma trajetória de alta do deficit não se fundamenta diante dos fatos. Caro sr. Felipe, apesar de sua queixa da minha critica ao avanço ideologico neoliberal aos fundamentos da nossa economia, ao não respeitar fatos e dados reais da economia, vejo que sua analise é bastante impregnada destes mesmos fatores ideologicos que você quer rejeitar. Faz parte do proselitismo neoliberal disseminar temor injustificado . Responsabilidade fiscal e controle dos deficits nunca foram tão eficientes no Brasil.

      2. Felipe,
        Baseado em que você

        Felipe,

        Baseado em que você acha que os desenvolvimentistas rejeitam a responsabilidade fiscal, nos deixando vulneráveis nos períodos de crise?

        1. Ferruccio

          A própria Dilma segue a escola da UNICAMP, reconhecidamente desenvolvimentista, assim como Guido Mantega e Mercadante podem ser considerados representantes dessa corrente.A lei de responsabilidade fiscal sempre foi rejeitada por essa turma, de onde a imprevidência decorrente dela, e de onde o plano do Palocci de responsabilidade a longo prazo na economia ter sido abatido antes de levantar vôo. Claro, você pode argumentar que nem todos os desenvolvimentistas corroboram o descontrole, mas se é uma simplificação afirmar que todos os desenvolvimentistas são irresponsáveis a esse ponto, em sentido contrário foram criadas mistificações e falsificações ainda piores. Por exemplo: quem pede que o estado seja eficiente é chamado de neoliberal, mesmo que não defenda um estado mínimo. Quem defende que técnicas de gestão administrativa baseadas no mérito sejam aplicadas na administração pública, é acusado de neoliberal, apesar de estar simplesmente propondo o que de melhor temos para dar eficiência ao estado. No mais, você deve reconhecer que certas abordagens desenvolvimentistas acabam resultando em desequilíbrio fiscal, ainda que não seja seu intuito inicial. O modelo de exploração do Pré-Sal, por exemplo, buscou estabelecer um semi-monopólio para a Petrobrás, mas ao mesmo tempo colocou todos os riscos de prejuízo nas costas dela. Na tentativa de fazer uma reserva de conteúdo local – algo que pode até ser interessante se feito com extrema cautela e com portas de saída para a abertura à concorrência internacional – acabamos tendo mais um fardo, aumentando os custos para a própria Petrobrás, a qual ficou sem alternativas. Em outro exemplo, o BNDES funcionou nos últimos anos distribuindo benefícios a empresas selecionadas entre capitalistas amigos do rei, assim como os subsídios em impostos para empresas selecionadas. Ora, isso é uma fonte enorme de distorções na economia, antes que fosse feita uma reforma tributária para dar isonomia aos agentes econômicos e beneficiá-los como um todo. Da mesma maneira, o controle artificial das taxas de energia e dos combustíveis é um intervencionismo desenvolvimentista claro. Geraram um prejuízo enorme ao estado e a inflação represada que agora vemos. Esse tipo de intervencionismo impede que a economia brasileira tenha qualquer flexibilidade de adaptação às conjunturas externas: quando o pertóleo estava caro, a gasolina era barata no Brasil, mas agora que o petróleo está barato, a gasolina está cara, e assim se sobrepõem distorções em cima de distorções. Coisa de louco.

          1. Felipe,
            Meu comentário foi

            Felipe,

            Meu comentário foi com o intuito de provocação, justamente para provocar uma discussão mais ampla, já que gostei muito de seus comentários. Principalmente a ideia de que ao aumentar os gastos, e consequentemente o aumento da dívida pública, estamos fazendo o jogo dos especuladores.

            A sua resposta aborda vários pontos, que mereceriam ampla discussão (principalmente a questão do pré-sal). Prefiro focar a discussão na questão básica, por enquanto, por falta de tempo: responsabilidade fiscal.

            Você sugere que falta responsabilidade fiscal aos desenvolvimentistas, aí incluindo os governos PT/Lula/Dilma.

            A lei de Responsabilidade fiscal foi votada no governo FHC. O indicador básico que mede a responsabilidade fiscal é o índice dívida pública/PIB. No governo Lula houve redução do índice. No governo FHC, houve substancial aumento (não tenho os dados de memória, e não queria chutar números).

            Quem teve maior responsabilidade fiscal, Lula ou FHC?

            A pergunta é, novamente, uma provocação. A reposta honesta é: precisamos ver as diferentes conjunturas nos dois governos, mas, a priori, não podemos generalizar, atribuindo aos governos Lula/Dilma, chamados de desenvolvimentistas, a tacha de fiscalmente irresponsáveis.

             

  22. O PT perdeu para os rentistas…

    No Brasil isto não funciona mais, os estados e prefeituras estão quebrados…

    Fazer isto é  mesmo que acelerar um carro com o freio de mão puxado.

  23. Limão, limonada ou caipirinha

      Whisky “sour”, “sauer” – o nome que se dê – detesto, é uma ótima maneira de estragar qualquer uisque.

      Na atual conjuntura, de ataque juridico midiatico a empresas brasileiras, lideres neste setor , azeda como chupar limão, a realidade deve ser observada, elas irão no minimo “reduzir frente”, no maximo irão quebrar , portanto deste suco de limão, quase que intragavel em varios aspectos futuros, dá para fazer alguma coisa util.

       Existe no mundo muito capital, até mesmo venture, e de risco, empoçado em varios fundos, tanto estatais como privados ou semi-privados, interessados em investir no longo prazo, e obras de infraestrutura são ideais para estes mecanismos financeiros, e o Brasil, com suas carencias infraestruturais, ficará bem “suculento”, tanto para os financiadores, como para suas empreiteiras atuarem, até saneamento, agua & esgotos ( ambiental ), pode dar mais retorno do que estradas, portos, aeroportos – vc. investe hj., recebe através de PPPs, desconta parte em “investimento ambiental” ( agencias multilaterais adoram ), e irá receber “as contas” por décadas.

        Ao Estado, não é necessário, participar efetivamente do financiamento, no “jargão” : entrar com dinheiro, mas saber como contratar, estabelecer um regime juridico compreensivel e saber “vender” o projeto, não estabelecer, no limite, da negociação, algumas obrigatoriedades advindas de posições ideológicas, ser claro, transparente, captar para desenvolver, ser parte sem desembolsar e sem “encher o saco ” ( claro que na jabuticabalandia será necessário um “acordão” com os que mandam nesta porra, com o executivo/legislativo/ até é facil, mas com os “trocentos” MPs ” os PUROS”, as negociações serão sempre complicadas, afinal qualquer promotorzinho, com menos de 1 ano de posse, um moleque de 30 anos de idade, pode parar por meses uma obra, porque passa por cima de um buraco de tatú ).

  24. Brasil faz o oposto

    Enquanto isso o Golpe desnacionaliza no Brasil o setor com promessa de maior dinamismo:

    Pré-sal – revelado plano pro “BraZil”: pobreza, exclusão e eterna dependência

    Por Romulus

    Terrível é pensar que, se for para reverter (no futuro) o atual desmonte, levará ao menos os mesmos 10 anos do início do século.

    E isso apenas para voltarmos aonde estávamos!

    Pior:

    – Teremos perdido o bonde no desenvolvimento da tecnologia para explorar o Pré-sal.

    – Pré-sal esse que, depois da descoberta – no Brasil!, já passou a ser explorado em outros locais com o mesmo perfil geológico na Costa Africana, Golfo do México, etc.

    *

    O plano “deles” é esse: tornar-nos NOVAMENTE dependentes de importação de produtos, serviços e…

    – … tecnologia!

    *

    Uma estratégia de desenvolvimento apenas para poucos exige uma base de recursos naturais enorme em relação a um total da população pequeno. Isso é para países como Austrália, Chile, Emirados Árabes e Qatar.

    Esse, definitivamente, não é o caso do Brasil, com os seus quase 210 milhões de almas!

    Não há solução para o país – ao menos para quem vive nele e não pode (e não quer!) imigrar para Miami ou converter-se em “neo” senhor de engenho escravocrata – a não ser se desenvolver, complexificando a sua economia.

    (incluindo TODOS os tais 210 milhões!)

     

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