Os alertas da segunda onda europeia para o Brasil, por Luis Nassif

Por tudo isso, Parolin adverte para não se montar nenhum cenário otimista para o desempenho do Covid no Brasil nos próximos meses.

Pesquisador brasileiro no respeitabilíssimo Imperial College, da Universidade de Oxford, Ricardo Parolin traça um quadro dramático da situação do Covid-19 na Europa, especialmente no Reino Unido.

Quando a primeira onda arrefeceu, imaginava-se que a doença estaria contida. Havia o risco do inverno. Com o frio, as pessoas tendem a restringir seus movimentos e a se aglomerar mais. Com mais gente e mais frio, há maior tendência a não ventilar os ambientes.

Confiava-se no enfrentamento da primeira onda. As pessoas praticaram distanciamento social. Os governos locais montaram lockdowns parciais, especialmente impedindo aglomerações em PUBs. O governo garantiu ate 80% do salário das pessoas para permanecerem empregadas, mesmo não trabalhando.

Aí veio a pressão para enfrentar a crise econômica. Para estimular a volta às ruas, o governo britânico chegou a oferecer estímulos, bancando até 50% de refeições até 30 libras. Nas últimas semanas, as preocupações econômicas levaram as autoridades britânicas a ordenar a volta às aulas nas Universidades, que são pontos relevantes na economia britânica. Elas atraem alunos estrangeiros que, com suas taxas adicionais, ajudam no seu financiamento. E são importantes para estimular o comércio de cidades onde estão instaladas.

Por tudo isso, imaginava-se, com o frio, um aumento natural de outras doenças de inverno, não uma segunda onda do Covid.

De repente, conta Parolin, as curvas de casos voltaram a aumentar. A segunda onda começou em setembro. Como a de óbitos não acompanhou, criou-se a narrativa de que a pandemia estaria alcançando apenas os jovens, mais resistentes à doença. Como brasas acesas na floresta, começaram a pipocar fogueiras aqui e ali, até que o incêndio se alastrou por todo o país.

Constatou-se o fracasso da linha de combate à coronavirus, de achatamento da curva. Diz Parolin que o único caminho não seria reduzir, mas amassar o Covid, investindo pesadamente no mapeamento dos casos e no isolamento dos infectados. Depois que explode o Covid, não há nem condições de proceder a esse cerco aos infectados.

Desta vez, tem-se um quadro totalmente diverso.

De um lado, a população acusando o governo de ter sido leniente com a doença. De outro, uma enorme pressão para um lockdown geral, que se estende à França, Polonia e demais países europeus.

Tem-se as brigadas de combate à pandemia extenuadas com a primeira onda. E as finanças públicas exauridas, reduzindo o apoio à folha salarial a 2/3.

Para as regiões ricas, como Londres, dá certo. Mas a pandemia passou a atingir especialmente as regiões mais pobres do Reino Unido, o norte, no qual o salário mínimo é majoritário. Se o mínimo garante o essencial, 2/3 do mínimo não dará conta das necessidades dos mais pobres.

Agora, começaram restrições de toda ordem, bem mais fortes que na primeira onda, exigidas pela própria população. Mas os casos parecem não refluir. Ontem, enquanto conversava com Parolin, ele contava que Baker Street, centro financeiro de Londres, estava praticamente às moscas.

Por tudo isso, conclui Parolin, os alertas são relevantes para o Brasil.

Até agora, o Ministério da Saúde não definiu um procedimento sequer para enfrentamento da doença. Não há um protocolo para receber viajantes dos voos internacionais; nenhuma recomendação sobre como tratar

Além de não se ter uma estratégia, o país esconde-se atrás de algumas fantasias, como o do baixo índice das reinfecções. A identificação de uma reinfecção depende de um mapeamento do doente no início da primeira contaminação e na segunda. Por ser um procedimento laboratorial, houve pequenos testes. Ou seja, há pouca identificação de reinventados, porque houve poucos exames de reinfecção. Com a segunda onda, os exames aumentarão e aumentará o número de reinfecgtados identificados.

Um outro problema serão as sequelas da doença. Parte relevante dos infectados, mesmo pessoas que se recuperaram de casos leves e moderados, serão vulneráveis a doenças crônicas pelo resto da vida, como ocorreu com a gripe espanhola.

Segundo Parolin, será um dos piores problemas da atual geração para os próximos anos.

Por tudo isso, Parolin adverte para não se montar nenhum cenário otimista para o desempenho do Covid no Brasil nos próximos meses.

Luis Nassif

5 Comentários

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  1. O grande erro é o erro médico.

    Os governos e a OMS não montaram estruturas para descobrir o tratamento deixando isso para a iniciativa individual de médicos e hospitais e pesquisadores.

    Já mais de oito meses e ainda não foi criado um protocolo de tratamento para a doença. Isso é um absurdo!

    Cadê a OMS?

    Cadê o CDC?

    Cadê a Fiocruz?

    As agências governamentais, ao invés de incentivarem a procura de tratamentos, ao contrário, tolheram e estão tolhendo os médicos de tratarem os pacientes vítimas da Covid.

    Apostaram na vacina, mas essa ainda vai demorar até pelo menos Janeiro e o estrago tanto em vidas como na economia vai apenas crescer e de forma assustadora.

    A Europa assumiu uma ação suicida de impor um lockdown, conseguiram barrar a epidemia mas não viram que num país democrático não se pode impedir as pessoas de circularem e na primeira brecha que apareceu a doença voltou a se espalhar.

    Nos EUA a situação é ainda pior. Com o FDA capturado pelas grandes corporações farmaceuticas, o máximo que o país avançou no combate à epidemia foi um remédio que tem de ser administrado por via intravenosa, tóxico para s rins, e que apenas diminui o tempo de internação em alguns dias, mas que não impede as internações e nem as mortes.

    A OMS é então uma piada pronta. Ajudou a epidemia na China a se tornar uma pandemia Mundial. Agiu com contra-informações ao mundo que impediram esse de se defender tipo: não há evidencias de ranmissão homem a homem, não é transmitido pelo ar; não se de3ve fechar as fronteiras, para depois se desdizer semanas depois quando o vírus já tinha se espalhado.

    Todos os protocolos de tratamento são protocolos individuais de hospitais e médicos trabalhando praticamente sozinhos sem uma grande organização ajudando. É o Whatapp substituindo a OMS. Grupos de médicos trocando informações pelo aplicativo.

    Só se evoluiu o tratamento em hospitais. Tratamento com corticóide foi DESACONSELHADO pela OMS, mas que hoje salva vidas.

    Uso de anti-coagulantes aos pacientes na UTI minimisa as tromboses.

    Mas existe a falta de um tratamento ambulatorial, um protocolo mundial que, este sim poderia transformar o combate à pandemia. E esse protocolo já existe, mas a OMS se faz de cega e não assume uma pesquisa séria delegando a Universidade de Oxford a pesquisa sobre os medicamentos apresentados.

    Mas, absurso dos absurdos, com tantas Universidades no mundo capazes de fazer essas pesquisas, escolhem justamente uma que tem interesses economicos na casa de centenas de bilhões de dólares, porque é sócia e está desenvolvendo junto com uma grande empresa farmaceutica o desenvolvimento e venda de uma vacina!

    O maior dogma da medicina moderna é a de que qualquer combate à doenças deve ser iniciado o mais cedo possível.

    Todos os tratamentos pesquisados por essa universidade jogou no lixo esse dogma aplicando o tratamento quando os pacientes já estavam hospitalizados.

    Anti virais foram testados em pacientes que já haviam ultrapassado a fase de replicação viral e se encontravam internados justamente porque entraram na fase inflamatória com comprometimento dos pulmões. Deixaram o virus com 1 volta de vantagem pra só então entrar da corrida.

    Mesmo sabendo que a doença é muito menos grave em pacientes com menos de 50 anos, incluíram esses nos estudos clínicos apenas para diluir os resultados e assim proclamar que não houve “diferença significativa” entre os grupos tratados.

    A grande imprensa, dependente das verbas milionária que provem de anuncios da indústria farmacêutica foi cooptada e só divulgavam os resultados negativos dos medicamentos testados.

    Importante ter em mente que a derrocada dos tratamentos implica em o mundo colocar todas as ficha nas vacinas, um mercado de centenas de bilhões de dólares, talves trilhões por conta da necessidade de multiplas doses.

    Temos o protocolo do Tratamento precoce, que respeita os dois maiores dogmas da medicina moderna que é a do inicio do tratamento o mais cedo possível, e o segundo dogma que nos diz que a diferença entre o remédio que cura e o veneno que mata está na dose.

    Um protocolo barato, seguro usando-se medicamentos prescritos nas doses baixas habituais, em forma de coquetel, onde uma droga se combina com outra aumentando a sua efetividade e que, testada em Itajaí/SC teve resultados espetaculares.

    Itajaí em julho teve 62 mortes no mes, 2 por dia.

    Em agosto caiu para 51 mas foi prejudicados esses numeros por causa da contabilização dos casos ocorridos na prisão estadual que fica no município.

    Em setembro foram apenas 13 óbitos, uma queda de 80% sobre julho e 75% sobre agosto.

    Em outubro ate o dia de hoje apenas 9 óbitos sendo que 1 morreu por cancer mas tinha COVID e outra foi de um bebe nascido prematuramente.

    Eu até entendo que a grande mídia fique quieta, dependente que é das verbas milionárias da indústria farmaceutica, mas não consigo entender que a mídia independente fechem os olhos quando milhares morrem sem tratamento precoce por causa de razões políticas ou simplesmente por seguir os seus irmãos maiores.

    1. A ideia de que há um complô mundial da indústria farmacêutica é só mais uma teoria da conspiração. Se houvesse uma terapia eficaz para os casos leves, ambulatoriais, ela já estaria sendo aplicada em larga escala no mundo todo. A turma de Itajaí, por mais bem intencionada que seja, não descobriu nada relevante cientificamente.

    1. Pqp! Um comentário seu já é dose pra aguentar, dois então seria pra tomar cloroquina na veia!
      Aliás, pra que OMS, CDC, FioCruz se temos um Bolsonaro, pô!
      Pode ser que o mito não cure nada, mas pelo menos faz umaaa confusããão!…
      Inclusive na sua cabecinha!
      “Força” aí, Li!

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