Observação: às vezes sintetizo discussões do Blog para minha coluna econômica diária. Por isso a repetição.
Coluna Econômica – 03/05/2010
Um dos versos mais conhecidos da música brasileira é de Geraldo Vandré: “quem sabe faz a hora, não espera acontecer”.
Na atividade política, é o que separa os grandes políticos e gestores dos desinteressados. Nas mãos dos construtores, a política é a atividade mais nobre dentre todas. Através da política, conseguem-se mudanças que melhoram a vida da população, permite ao país crescer, desenvolver-se. O grande político está permanentemente atrás do reconhecimento da história, da oportunidade de deixar sua marca pessoal em alguma grande obra, perpetuando seu nome.
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Digo isso a respeito de dois episódios que me foram contados durante a gravação do programa “Brasilianas.org”, sobre políticas de atração de cientistas, ambos coincidentemente tendo ocorrido na gestão Paulo Renato de Souza no Ministério da Educação do governo Fernando Henrique Cardoso.
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O primeiro foi a proposta da SBPC (Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência), de reforma do modelo das universidades federais, encaminhada em agosto de 2000 ao MEC.
Em 8 de agosto daquele ano, escrevi assim sobre o tema:
“Primeiro, define as responsabilidades da União no financiamento das universidades federais, (…) Depois, dispõe sobre o financiamento da pesquisa. Este deverá tomar por base o Programa de Desenvolvimento Institucional (PDI) de cada universidade, que deverá conter obrigatoriamente:
Planejamento Estratégico institucional contemplando o curto prazo (três anos), o médio prazo (seis anos) e o longo prazo (dez anos); um projeto pedagógico; um projeto de desenvolvimento regional e/ou nacional, que possibilite atribuir à universidade uma participação destacada no desenvolvimento de temáticas regionais (…)
Do Planejamento Estratégico constará obrigatoriamente: a) um histórico da implantação e evolução da instituição; b) um documento contendo dados quali-quantitativos que descrevam a universidade; c) um autodiagnóstico institucional destacando suas forças, fraquezas e ameaças, oportunidades e perspectivas de desenvolvimento institucional no curto, médio e longo prazos, as metas a serem cumpridas e as estratégias a serem adotadas”.
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A proposta da SBPC se baseava em um conjunto de sugestões que consegui levantar em minha coluna, depois de ter provocado a comunidade acadêmica para discutir o tema e recebido mais de 40 emails com material riquíssimo sobre o assunto.
Paulo Renato nem se deu ao trabalho de estudar a proposta. Deixou-a de lado.
Anos depois, a proposta foi encampada pelo Ministro Fernando Haddad e resultou no Reuni (Reestruturação e Expansão das Universidades Federais), permitindo abrir universidades que estão sendo reconhecidas internacionalmente como modelos inovadores.
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O segundo episódio é o do Instituto Internacional de Neurociências de Natal, de Miguel Nicolelis.
A primeira tentativa de Nicolelis foi em 2001, também com Paulo Renato. Apresentou a proposta, audaciosa, futurista, e foi tratado com total indiferença. Não conseguiu nada.
A proposta foi encampada por Haddad. Hoje, tornou-se referência internacional e seu criador, Nicolelis, candidato ao Prêmio Nobel.
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