A redução de danos, na eleição para a mesa do Senado, por Luis Nassif

No combate às drogas, ganhou corpo a política de redução de danos. Consiste em permitir algum consumo de droga pelo dependente, orientando-o sobre maneiras de não comprometer a saúde, enquanto se tenta sua recuperação.

Na política, ainda mais nesses tempos de radicalização, se vive a síndrome do tudo ou nada. É preferível perder de 10 x 0 do que recuar para garantir um 5 x 2. Ou, vamos todos à câmara de gás, mas de cabeça erguida.

O impeachment poderia ter sido uma lição, bastante custosa. Tinha-se, na Câmara Federal, o pior candidato possível, Eduardo Cunha. Havia dois caminhos a percorrer: uma tentativa de acordo ou o tudo-ou-nada.

Partiu-se para o tudo-ou-nada O governo perdeu as eleições para a mesa e ficou sem um trunfo sequer para negociação. No momento seguinte, não aceitou um acordo proposto por Eduardo Cunha. Esse purismo tardio levou, no momento seguinte, ao boicote total da Câmara aos atos de governo e, na sequência, ao golpe. Tivesse havido o acordo, o governo engoliria muito sapo, tratando com o mais perigoso político da República. Mas o golpe do impeachment teria sido mais difícil.

Agora, se tem um quadro em que a correlação de forças é totalmente desfavorável à oposição. O antipetismo tornou-se uma força tão grande que transcende o jogo eleitoral. Hoje há um pacto institucional amplamente anti-republicano, com o Supremo Tribunal Militar, as Forças Armadas, o Judiciário em geral, a mídia, impedindo qualquer recuperação do PT e da “ameaça vermelha”. É o único fator, aliás, de coesão das forças do golpe.

Em um quadro desses, como se comportar?

Um dos caminhos é considerar que, como tudo nasceu de um golpe, há uma ilegitimidade ampla do sistema político. Não há como discordar. A questão prática é outra: o que faço com isso? Se considera tudo ilegítimo e se recusa a participar do jogo, o que resta à oposição? Reclamar pelo Twitter, sem dúvida. Bolar frases de efeito, que possam ser viralizadas. E espernear com o desmonte final dos sindicatos, da legislação trabalhista, a criminalização final do PT. Será uma morte inglória.

O segundo caminho é participar do jogo político. E, aí, entram as eleições na Câmara e no Senado. Há um conjunto de fatores no caminho dos atos heroicos:

1. Será difícil montar uma chapa puro-sangue e vencer as eleições, tanto para a Câmara como para o Senado.

2. Na hipótese remota de vencer, não leva. Sempre haverá um Luiz Fux, um Dias Toffoli, uma Carmen Lúcia reinterpretando a Constituição e mantendo o arbítrio. O absurdo da manutenção da prisão de Lula é o exemplo maior de que não se pode raciocinar como se o país estivesse no estado de direito.

O caminho alternativo é a composição, a redução de danos, visando os seguintes objetivos:

1. Fortalecer Câmara e Senado para que mantenham independência em relação ao Executivo.

2. Garantir espaço, na mesa, aos partidos de oposição.

É por aí que se insere a candidatura de Renan Calheiros ao Senado, ou de Rodrigo Maia à Câmara. Maia sempre me impressionou mal. Mas Renan, decididamente, não é um Toffoli ou uma Carmen Lúcia. Sabe pensar estrategicamente e tem noção clara sobre a importância de preservar a independência do Senado.

Há uma lógica pragmática por trás de quem busca a aliança. E uma lógica purista dos que não querem nenhum tipo de composição.

O ponto mais importante a se considerar é que ambos os campos são constituídos de pessoas sérias. E é importante o debate e a troca de argumentos.

 O pior que poderia acontecer seria a ampliação dessa briga intestina e raivosa, consumindo a oposição,

Tem que começar a praticar a ampliação do pacto político contra a barbárie.

Luis Nassif

27 Comentários

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  1. Renan, serio?
    O “aliado” que poderia mas nao deteve o golpe, foi atras de Lula para se reeleger e agora diz “venha Bolsonaro”?

    Dificil hein!?

    Maia pelo menos nao esconde quem é

    Se fosse pelo pragmatismo por que não insistir na candidatura Lula até o fim e ter eleito governadores e congressistas mas deixando alguma outra força de esquerda ganhar do capetao? Levar Haddad ao segundo turno foi bonito mas considerando seus argumentos, mesmo que ganhasse não levava.

  2. Nassif,
    será que o PT

    Nassif,

    será que o PT aprendeu algo com as eleicoes do ano passado? Parece ainda não querer aceitar um recuo tático com medo de desaparecer. Mas, se quisessem menos holofotes poderiam se tornar o PMDB das esquerdas: sempre no governo ocupando os postos chaves mas sem assumir a face executiva da oposição. 

  3. Situação de escolha impossivel

    Seja qual for a escolha você é traido no final, o menino renanzinho já deu aquela piscadela para o governo.

     

    pensamento meramente filosofico: “a melhor resposta na situação de escolha impossivel seria fazer o improvavel, mas o que seria isso?”

  4. Situação muito diflícil, mas

    Situação muito diflícil, mas o exemplo de eduardo cunha foi muito bem lembrado. Naquela real de que Dilma, ao contrário de Lula, quebra mas não enverga, agiu-se sem perceber que esta atitude radical simplesmente iniciou o fim do único projeto de país que se mostrou viável no brasil. Radicalizar demais nunca deve ser opção. Pra isso existe os bocós , tipo ciro gomes e, infelizmente, o Miguel do Rosário. O Renan, com todos os defeitos, tem demosntrado que há de sempre deixar um fresta de negociação com o adversário. Sobreviveu. Muitos, por fazerem o oposto, sequer são lembrados, seja pelas urnas, seja pela política.

  5. Receita muito equivocada (apenas salva-se o Renan)

    Não posso concordar com Nassif na receita colocada em relação ao comportamento que teria que ter o PT no congresso neste momento e nem concordo com o exemplo colocado em relação a tal de “redução de danos”.

    No combate às drogas, ganhou corpo a política de redução de danos. Consiste em permitir algum consumo de droga pelo dependente, orientando-o sobre maneiras de não comprometer a saúde, enquanto se tenta sua recuperação.

    O que sempre tem ganhado é a elite consumidora, o portador desde gramas para consumo pessoal até um helicóptero cheio de drogas. Nassif utiliza um exemplo muito equivocado. Há combate ao povo, fantasiado de problema de drogas.

    Tivesse havido o acordo, o governo engoliria muito sapo, tratando com o mais perigoso político da República. Mas o golpe do impeachment teria sido mais difícil.

    Não acredito que Nassif esteja agora apoiando acordo na época com Eduardo Cunha. O PT fez bem na época em não negociar, embora tenha errado em outras coisas: a sua comunicação com a sociedade; as ações econômicas (Levy); o distanciamento com os movimentos sociais, etc.

    Agora, se tem um quadro em que a correlação de forças é totalmente desfavorável à oposição. O antipetismo tornou-se uma força tão grande que transcende o jogo eleitoral. Hoje há um pacto institucional amplamente anti-republicano, com o Supremo Tribunal Militar, as Forças Armadas, o Judiciário em geral, a mídia, impedindo qualquer recuperação do PT e da “ameaça vermelha”. É o único fator, aliás, de coesão das forças do golpe.

    Em um quadro desses, como se comportar?

    O caminho geral deve ser de coerência e de defesa dos direitos da população. Melhorando a comunicação com o povo e com os movimentos sociais, para tentar reduzir gradativamente o antipetismo. Principalmente, focando esforços na libertação e inocência do Presidente Lula. Ficou provado que este governo vai cair sozinho, de podre, a cada “discurso” do Bolsonaro, a cada descoberta de crimes. O PT deve ficar longe daquela podridão que se arrasta desde o episodio Cunha/Impeachment.

    Na Câmara: Deverá haver uma candidatura alternativa, do campo progressista, apoiada pelo PT e partidos aliados de esquerda (tomara todos juntos) com candidato mais próximo do centro, mesmo perdendo, para fazer uma oposição responsável, ética e em favor do povo, apoiando boas matérias e rejeitando outras. Sem confronto, pois o povão deve desiludir-se sozinho.

    No Senado: O PT deve-se aproximar mesmo do Renan e compor inclusive a mesa diretora, como o fez Jorge Vianna no começo da legislatura passada. Nada de errado nisso. O Renan deverá contar com o Nordeste e com a esquerda, naturalmente, como foi o apoio que este recebeu em Alagoas.

    No mais, me estranha muito esta posição do Nassif, propondo arrego com uma situação golpista, fraudulenta e criminosa. O governo atual é tão, mas tão ruim para o povo, em todos os seus aspectos, que o melhor caminho é de deixar que caísse sozinho, jogando apenas na defensiva, na defesa do povo e na defesa intransigente do Presidente Lula.

  6. O PT e os partidos de

    O PT e os partidos de esquerda não têm escolha. Os grupos políticos que apoiaram bolsonaro querem destruir a esquerda. Isso é uma guerra. Se os partidos de esquerda apoiarem setores golpistas perderão o pouco que resta de base social. A únicca saída é a mobilização de massa. Por mais difícil que possa parecer é a única alternativa que resta. Qualquer acordo com figuras nefasta como Rodrigo Maia terá como consequência a desmobilização da base social do PT.

    O governo bolsonaro demonstrou fraqueza e agora é a hora de buscar aproximação com as camadas populares. A disputa de narrativas será fundamental daqui para a frente, visto que o desgaste do governo será inveitável. Caso o PT apoie algum candidato do governo tenderá a afundar junto.

  7. Um “judiciário” que

    Um “judiciário” que “interpreta” as leis da forma como ele quer deveria estar preso Nassif. Eu não consigo entender como vocês veem o problema (os seus juízes são os criminosos) e não fazem nada para resolvê-lo (prender os juízes criminosos).

  8. O que está em questao não é
    O que está em questao não é meramente uma questao teórica entre pursmo e pragmatismo. A dificuldade da decisão vem do FATO que o outro lado nao cumpre acordos. Portanto, o lado que o Nassif chama de “purista” tambem coloca uma questao de ordem pragmática: ” a gente vai pro acordo, se queima, e eles puxam nosso tapete de qualquer jeito?”

    Entendo a questao, embora nao concorde. O outro lado que arregace as instituições. Um dia tem volta. O que me intriga é o papel da tal esquerda “genuina”, que em vez de enfrentar a direita e a extrema direita, principalmente, prefere atacar a centro esquerda..

    É mais cômodo, né?

  9. Tivesse  PT feito qualquer

    Tivesse  PT feito qualquer composiçã com Cunha, se teria essa compreensão? Claro que não. Seria execrado veementemente  como sempre acontece. O imoral e injusto impedimento da presicenta Dilma aconteceria de qualquer jeito, pois era imprescindível para viabilizar o retorno da direita ao poder, assim exigido pelo pai do GOLPE, os Estados Unidos. Pode até ser que essa estratégia faça sentido neste momento, mas, eles não aceitarão perder e assim aceitar republicanamente que haja retrocesos nas conquistas do GOLPE e seus atos subsequentes, como é a eleição ” FEKE” do BOZO.

     

  10. A redução de danos, na eleição para a mesa do Senado

    -> Tem que começar a praticar a ampliação do pacto político contra a barbárie.

    estaria correto, caso não fosse tradicionalmente no Brasil o “pacto político” entre as elites nossa forma mais horrenda de barbárie.

    de redução de dados em redução de danos, Lula acabou solitariamente apodrecendo numa masmorra fria numa sempre nublada Curitiba.

    enquanto os “empresários companheiros” continuam como os campeões nacionais na espoliação de nossos recursos naturais e humanos…

    o fluxo da política não se processa eminentemente na via parlamentar-institucional. ao contrário, esta via é um dos meios mais eficazes para neutralizar o poder emancipador da política.

    política é luta de classes.

    a crise na Venezuela vai explicitar ao extremo o que é política. e a este extremo o Brasil será inevitavelmente arrastado.

    política é a continuidade da guerra por outros meios. e o que temos hoje num mundo onde meia-dúzia concentram mais renda do que metade da população é uma guerra de extermínio.

    não se trata de querer ou não estar em guerra, já estamos nela de qualquer jeito.

    p.s.:

    “Não participei da discussão, não sei os argumentos e o que levou a Gleisi (Hoffmann) a ir para Caracas. Existe uma questão que considero importante, que é da mensagem que você passa ao tomar qualquer decisão. É preciso cuidar não só do gesto que você considera mais adequado, mas da comunicação desse gesto para a opinião pública mundial.”

    Haddad, o poste sem alça tranquilão

    .

    1. Fala Que Eu Te Escuto

      Quanto ao assunto do post, pela primeira vez comungo com comentário seu quase na íntegra, ficou de fora o PS, sem o qual desconfiaria não ser o comentário do Arkx revolucionário até ‘pós debaixo d’água’.

      Pacto no Brasil, só com ‘povo lotando a sala’.

      Mas, ‘não sei se sabe’ que o MPL, em São Paulo, está indo à quarta jornada na campanha 2019 contra o aumento na tarifa dos coletivos e até agora, como em todas as campanhas com exceção à de 2013, está sendo solenemente ignorado pela mídia, quanto mais transmitido ao vivo no JN da Globo e nos intervalos da novela que o segue, como inédita e inexplicavelmente foi feito nas tais jornadas de junho de 2013, tão exaltadas e até hoje não explicadas por tu, quando questionado, no tocante ao por que da Globo e mídia coadjuvante, naquele ano, colocarem ao vivo tal movimento desde a primeira jornada, coincidindo com uma massiva campanha institucional da Fiat, a “Vem Pra Rua”?

      Fala Arkx, ‘fala, que nós te escutamos’. 

      1. A redução de danos, na eleição para a mesa do Senado

        -> pela primeira vez comungo com comentário seu quase na íntegra

        -> ficou de fora o PS

        deveria então focar no que “comunga”, em vez de insistir de modo estéril naquilo em que discordamos, como por ex. em relação a Junho de 2013.

        caso assim fizesse, compreenderia facilmente o motivo do P.S.: a dupla Mourão + Renan Calheiros está longe de ser qualquer alternativa para a crise no Brasil, ao contrário vai acentuá-la.

        quanto a isto, vide decreto assinado pelo General Vice.

        -> e até hoje não explicadas por tu, quando questionado

        as discordâncias podem ser motivo de um bom papo, serem produtivas e até levarem a sínteses inesperadas.

        o que lhe mata é a mentira! principalmente aquela que vc conta prá vc mesmo.

        já postei várias réplicas sobre seus questionamentos acerca de Junho de 2013. eles podem ser lidos neste artigo: Xadrez de tempos incertos.

        vou reproduzir, mais uma vez, o principal deles (link):

        —– início —-

        -> Afinal, o que estava fazendo a Globo lá (no 1º ato de 2013), estranha e inéditamente transmitindo ao vivo no JN e nos intervalos da novela, ajudando a inflar os atos seguintes

        isto nunca aconteceu no primeiro protesto! vc apenas reproduz uma narrativa conveniente, para criar o enredo que Junho de 2013 foi obra da CIA.

        Junho de 2013: sumário de cronologia

        06: primeiro protesto organizado pelo Movimento Passe Livre (MPL), reúne entre 2 e 4 mil pessoas, termina duramente reprimido pela polícia. há protestos também no Rio, em Goiânia e Natal;

        07: segundo protesto do MPL, também duramente reprimido, termina com 15 manifestantes presos;

        11: terceiro protesto do MPL, agora com cerca de 12 mil manifestantes. Ônibus são depredados; mais de 20 manifestantes detidos. O Globo diz que São Paulo virou uma “praça de guerra”:

        12: No Jornal Nacional, Arnaldo Jabor dá sua famosa declaração: “Não pode ser por causa de 20 centavos!”, compara os manifestante ao PCC e defende a PM;

        13: Em editorial, a Folha de São Paulo afirma que os manifestantes são “jovens predispostos à violência por uma ideologia pseudorrevolucionária”. Termina exortando o poder público (“É hora de pôr um ponto final nisso”) a agir com rigor contra o vandalismo. o quarto protesto do MPL mais uma vez acaba em conflito, com mais de 200 detidos. Surgem os primeiros registros de violência policial contra jornalistas.

        15: Dilma Rousseff é vaiada durante a abertura da Copa das Confederações, em Brasília.

        17: Protestos explodem em diversas capitais brasileiras. Em São Paulo, a manifestação reúne 65 mil pessoas; repúdio à Rede Globo leva a hostilização da equipe de reportagem de Caco Barcellos, expulso da manifestação. Em Brasília, manifestantes ocupam no final do dia a cobertura do Congresso Nacional. No Rio de Janeiro, o movimento reúne 100 mil manifestantes. O final do protesto foi violento: uma multidão ataca a ALERJ, inclusive acuando policiais. A equipe de jornalistas da Globonews, em transmissão ao vivo de horas, repete ad nauseam que os protestos são “contra o aumento da tarifa e a PEC-37”.

        – até 17-JUN a grande mídia estava em bloco contra o “vandalismo” das manifestações, mesmo tendo ocorrido uma mudança de enfoque especificamente por conta da violência sofrida por jornalistas em 13-JUN;

        – quando Dilma foi vaiada, na abertura da Copa das Confederações, algo mudou. não que a vaia em si representasse grande coisa. Lula já fora vaiado no Maracanã em 2007, na abertura do Pan. também o que mudou não foi que o tico e o teco da elite do atraso conspiraram algo. aí sim tem não só o dedo, como as mãos e os braços da CIA. mas disto Dilma já fora avisada desde 05-JUN, com os vazamentos de Snowden;

        —– fim —-

        .

         

  11. frango

    Cedendo um pouquinho aqui e outro tanto ali, se perde a virgindade.

    Existe uma terceira via que é a abstenção. Não participar do jogo. Lula impedido, não apresentar candidato derrotável para viabilizar o status. Centrar a luta da oposição naquilo que é importante a longo prazo: conscientização do povo. Concordo com o Arkx: “política é luta de classes.”

    Não é fazendo acordinhos que o gigante vai acordar. Tomara que o bolço fique um longo tempo (6 meses?) que é para o povinho estúpido sentir na carne. E principalmente para acabar com a globo. Sem dar tempo para ele nomear o moro para o supremo de frango.

  12. É fácil manipular a esquerda

    O governo não tem núcleo pensante, a imprensa tem.

    O interesse da imprensa, ou melhor dizendo, do mercado financeiro, é aprovar as reformas da previdência e aprofundar a precarização dos direitos trabalhistas.

    Mas como fazer isso se a esquerda mantiver algumas comissões chave no Congresso ou influência na mesa diretora?

    Bingo, é só pautar meia dúzia de matérias no Globo e na Folha sugerindo que participar da auto-organização do Poder Legislativo é sinônimo de apoiar os golpistas.

    A esquerda morde a isca rapidinho e o caminho fica livre pra tratorarem os direitos do povo.

  13. A luta é outra…

    Infelizmente nossa luta será a longo prazo. Precisamos nos voltar às classes mais vulneráveis, menos favorecidas, que ganham até três salários mínimos, que acredito seja 70% da nossa população e ouvi-las. Entender porque boa parte tomou a decisão de apostar em um governo conservador, liberal e que vai reduzir os serviços sociais do Estado, justamente o que elas mais necessitam para sobreviver.

    Garantir espaço aos partidos de oposição na mesa diretora da câmara e do senado, na verdade, não garante nada. Que força estes parlamentares terão para barrar as reformas previstas pelo governo? A grande maioria, nas casas, representa estes ideias neoliberais. Que oposição podemos confiar? PSB e PDT, que em boa parte votaram a favor do impeachmant? Por um acaso a direita nestas casas, alinhadas ao governo, vai querer debater estes temas com a oposição só por que eles ocupam espaço na mesa diretora? Difícil de acreditar.

    Não há saída fora da mobilização popular, o povo precisa compreender este novo espaço politico que vivemos.

    Concordo com o Arbx “de redução em redução de danos” Lula e o PT se tornaram frágeis, e de quebra fortaleceram o sistema jurídico-midiático-empresarial que oprimi as massas neste país a séculos.

    Um adendo: Nada garante que se a Dilma, na época como presidenta, tivesse retrocedido e poupado o Eduardo Cunha no conselho de ética da câmara (por meio dos votos dos parlamentares petistas), que ele não teria aberto o processo de impeachmant. Este processo foi inaugurado muito antes, pelo então candidato derrotado Aécio Neves e parte do poder (mídia e justiça), depois abraçado pelos empresários. O Eduardo Cunha foi só uma peça na engrenagem utilizado no momento certo e descartado.

     

  14. O Governo Militar dará certo ?

    Penso que o povo brasileiro requer desesperadamente de Educação Política.

    A extrema-direita de Bolsonaro está em acelerada desintegração. A oposição precisa lançar luz sobre a Política para que os cidadãos consigam distinguir os interesses e compromissos. E construir uma Frente Ampla mobilizadora para derrotar os que destruiram o Estado Democrático de Direito.

    Apoiar Maia é um grave erro político. Maia é um medíocre golpista de direita e seu partido (DEM) abriga o MBL. Renan é outra história: é uma felpuda raposa política que já deu provas de defender a independência do Senado e, entre outras coisas, foi quem  articulou para que Dilma não perdesse os direitos políticos (Dilma só não é Senadora por causa da errada estratégia eleitoral do PT).

    Alguém acredita que esse governo militar governará para o bem-estar do povo brasileiro ? O que o MDB fez durante a Ditadura Militar ?

  15. Por tudo que aconteceu…

    …Pelo amor de Deus, não repitam a Dilma!! Não bastasse o estelionato eleitoral da ex-presidenta (segunda eleição, trazendo Levy, O Breve) e todas as consequencias derivadas – a última é a eleição de nosso presidente, que está batendo recordes de presepadas em relação a qualquer presidente da História do país – já deveriam ter aprendido a menos teoria e mais prática responsável.

    Renan sim. Que não seja petista, mas que seja razoável, com o mínimo de capacidade de negociação e experiência no exercício do poder. Bem lembra o Nassif: Não adianta ser campeão moral indo para a câmara de gás…No final TODOS perdem.

  16. Pergunta ingenua: se o

    Pergunta ingenua: se o “golpe” tem todo esse poder para impedir a oposição de liderar de fato no congresso, quem garante que o “espaço” conquistado na mesa resultará em qualquer ação contundente que ameaçe os planos legislativos dos detentores do poder? Lembram-se de Ney Maranhão, o vice de Eduardo Cunha? Quando se mexeu para assumir a presidência de fato da casa despejaram ele rapidinho da poltrona. Um segundo secretário de mesa, ou presidente de comissão, relator, etc, empossado pelo “acordão” com Rodrigo Maia se abrir a boca para se manifestar com veemência contra os desmandos dos golpistas será despejado da função com uma canetada de bic. Concordo com uma coisa, mas só uma deste texto, há de fato um controle de danos sendo praticado, mas é pelos golpistas. Cedem uns assentos na mesa sem importância para evitarem o dano de uma venezualização do Brasil. Sai mais barato corromper meia duzia de “patrióticos” parlamentares da oposição, com mordomias, que aceitem participar da farsa que o congresso funciona, que o país é “republicano”, que reprimir com bombas de gás lacrimogêneo milhares de manifestantes na rua.  

  17. reduzir os danos é mais

    reduzir os danos é mais pragmáico do que deixar a direita avançar e radicalizar,

    embora essa direita seja notoriamente tão abrupta e burra que

    exagerariana na dose e se auto-extinguiria….

  18. Nessa hipotese,aplica-se  o

    Nessa hipotese,aplica-se  o seguinte:Segura os teus,que eu seguro os meus.Entendo que Lula,apesar de toda pressão psicológica por que passa,segura os deles.E Ciro Gomes,quem segura?Talvez um dos garotos de Bolsonaro.

  19.   Concordo PLENAMENTE,

      Concordo PLENAMENTE, Nassif.

      Digo e repito: a esquerda brasileira, dotada do feio vício cristão da relação pecado/culpa, sonha com um purismo tão distante quanto inútil na prática, e goza ao sabor de lindas, inesquecíveis, maravilhosas derrotas.

      Política não é espaço para candidato a santo, pelo simples motivo de que seres humanos não são santos. 

  20. Congresso
    A esquerda sofre duras críticas e perde parte do eleitorado com alianças desse tipo. Concordo com a redução de danos mas tem muito eleitor que não entende a importância e isso acaba sempre dividindo e enfraquecendo.

  21. Onde começou o golpe?

    Bom dia Nassif,

    Bem, primeiro penso que há uma certa dose de correção nos seus argumentos quanto ao fato de que é necessário ter um pouco de pragmatismo em alguns momentos, mas não concordo que a esquerda no poder falhou se a questão era jogo político. O que foram os governos Lula e Dilma, senão um verdadeiro moinho de alianças? Vou mais longe: onde se iniciou o golpe contra o governo Dilma e a eleição de Bolsonaro? Começou na aliança com o MDB (antigo PMDB) trazendo Temer para a vice-presidência? Creio que não. Toda esta fase atual da vida política brasileira, iniciou lá atrás na década de 1980, quando a esquerda aceitou a tal abertura política e a lei da Anistia. Ali começou o golpe de 2016 e agora a eleição de Bolsonaro com o retorno dos generais e, esta fase terrível que estamos vivendo no nosso país.

    Ao contrário, aceitar acordos com esta elite sem caráter e oligarca, é que nos trouxe a esta situação imoral e vergonhosa que nos expõe mundo afora, com este inapto e ignorante presidente destruindo tudo que foi construído em décadas de trabalho, esforços, endividamento e penúria da população brasileira.

    A esquerda nunca deveria ter aceitado aquela infâmia abertura política da ditadura militar. Depois de vinte anos perseguindo, prendendo, batendo e arrebentando, o resultado foi um país destroçado socialmente e economicamente, que por vezes quase nos levou a moratórias de dívidas. O tal milagre econômico, fundamentou-se basicamente sobre endividamento. O país vivia de empréstimos para rolagem de dívidas. Quando a torneira de dinheiro secou, o que sobrou foram pacotes econômicos, maxi-desvalorizações, inflação, arroxos salariais para trabalhadores, dívidas e contradições dentro do centro político dos generais. A abertura não foi uma bondade dos generais com o Brizola e outros exilados, por exemplo, foi uma necessidade para eles, porque se continuasse aquele regime o país explodiria, porque a vida no Brasi estava insustentável. A abertura política como fizeram com lei de anistia e tudo, benefíciou a casta dos generais, e não ao Brasil e os brasileiros. Estão todos aí novamente.

    Tem é que denunciá-los internacionalmente, expor a imoralidade desta gente egoísta e violenta. Portanto eu creio que participar de jogo político com estas castas de ignorantes, que só pensam em encher os bolsos de dinheiro, não é saída para o Brasil.

    Lei de anistia nunca mais.

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