“Apenas” 9 empresas formavam cartel na Petrobras na gestão FHC

Cintia Alves
Cintia Alves é graduada em jornalismo (2012) e pós-graduada em Gestão de Mídias Digitais (2018). Certificada em treinamento executivo para jornalistas (2023) pela Craig Newmark Graduate School of Journalism, da CUNY (The City University of New York). É editora e atua no Jornal GGN desde 2014.
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Jornal GGN – O empresário Augusto Mendonça Neto, presidente da Setal Engenharia, uma das companhias envolvidas na Operação Lava Jato, disse à CPI da Petrobras, nesta quinta-feira (23), que “apenas nove empresas” formavam cartel para obter contratos com a estatal em 1997. Porém, a partir de 2003, “quando a Petrobras retomou seus investimentos” e após a chegada de Paulo Roberto Costa e Renato Duque à companhia de petróleo, é que o leque de empresas foi ampliado e o pagamento de vantagens indevidas, institucionalizado. “O grupo ganhou efetividade com a relação dos dois diretores”, disse o executivo. As informações são da Agência Câmara.

Segundo a Polícia Federal, participavam como membros principais desse “clube” de empresas Galvão Engenharia, Odebrecht, UTC, Camargo Corrêa, Techint, Andrade Gutierrez, Mendes Júnior, Promon, MPE, Skanska, Queiroz Galvão, Iesa, Engevix, Setal, GDK e OAS. Apesar de Mendonça não ser o primeiro delator da Lava Jato a afirmar que a corrupção na Petrobras começou no governo Fernando Henrique Cardoso (PSDB), a Força-Tarefa da Lava Jato concentra a investigação nos fatos ocorridos a partir de 2004.

Mendonça disse que começou a pagar propina depois de ter sido procurado pelo ex-deputado José Janene. “Ele me procurou exigindo o pagamento de comissão relacionada à Diretoria de Abastecimento”, disse, se referindo ao setor liderado por Paulo Roberto Costa. “Ele disse que não seguíssemos essa orientação, seríamos duramente penalizados. Se não contribuíssemos, teríamos prejuízos no cumprimento dos contratos”, acrescentou. 

As empresas do grupo de Mendonça foram contratadas para realizar obras nas refinarias Presidente Vargas, no Paraná, e Paulínia, em São Paulo.

Mendonça, no entanto, defendeu os procedimentos internos da Petrobras. Ao responder pergunta do relator da CPI, deputado Luiz Sérgio (PT-RJ), a respeito da lisura dos procedimentos internos da estatal, o empresário afirmou que, durante todos os anos em que se relacionou com a Petrobras, só soube de corrupção e pedido de propina por parte de Costa, Duque e Barusco. Só a este último, o empresário afirmou ter pago entre R$ 50 e 60 milhões de propina, entre 2008 e 2011.

“Estamos assistindo hoje a Petrobras ser massacrada pela mídia e pela opinião pública, como se fosse uma companhia de segunda categoria, repleta de corruptos. Mas é exatamente o inverso. O único contato que tive com corrupção foi com essas pessoas, nesse período. Antes disso nunca soube de nada”, afirmou.

Lucro das empresas

Seguindo a linha do depoimento de Pauloo Roberto Costa, Mendonça afirmou que a propina paga a diretores da estatal saía da margem de lucro das empresas e não de superfaturamento das obras. Segundo ele, a Comissão de Licitação da Petrobras recebia ao mesmo tempo as propostas das empresas interessadas em determinado contrato e a avaliação de custo feita pela própria estatal. “Tinha um setor da Petrobras encarregado de estimar os custos e isso era muito bem feito, como fariam as melhores empresas de engenharia”, explicou.

Mendonça disse que havia uma faixa de preços que as empresas podiam apresentar para ter a chance de ser contratadas. A proposta das empresas tinha que estar na faixa entre 15% abaixo e 20% acima do custo de referência apresentado pela própria Petrobras. “Não havia como ter superfaturamento.”

Doações eleitorais

Mendonça afirmou que fez doações ao PT a pedido de Paulo Roberto Costa. Quando questionado sobre as “vantagens indevidas” que teria recebido do ex-tesoureiro do PT, João Vaccari Neto, para fazer essas doações, o empresário afirmou que nunca recebeu nada de Vaccari. Em seguida, Mendonça se negou a citar outros partidos além do PT que receberam doações de suas empresas. 

Próximos passos

Na sexta-feira (24), uma comissão de sete deputados que formam a CPI vai a Curitiba se encontrar com o juiz Sérgio Moro, da 13ª Vara Federal, onde correm os inquéritos da Lava Jato que não envolvem políticos. Os parlamentares querem documentos em poder da Justiça que podem ajudar as investigações.

Os deputados também vão combinar com o juiz como e onde serão tomados os depoimentos das 19 pessoas presas em Curitiba acusadas de envolvimento em pagamento de propina e formação de cartel na Petrobras. Entre os presos que a CPI pretende ouvir na capital paranaense estão o doleiro Alberto Youssef, o ex-diretor da área Internacional da Petrobras Nestor Cerveró e o empresário Fernando Soares, o Fernando Baiano, apontado como operador do esquema.

Cintia Alves

Cintia Alves é graduada em jornalismo (2012) e pós-graduada em Gestão de Mídias Digitais (2018). Certificada em treinamento executivo para jornalistas (2023) pela Craig Newmark Graduate School of Journalism, da CUNY (The City University of New York). É editora e atua no Jornal GGN desde 2014.

15 Comentários

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  1. Isso porque a empresa não investia, desinvestia

    Estava em fase de tomar doses de arsênico enquanto era prostituida até poder ser entregue.

  2. Safo.

    Esse representante de empresa de cartel desde 1997 –  e teve Senador tucano que disse que cartel é normal -, por um “acaso” também tucano, é “safo” mesmo.

    Pego na boca da butija delata o partido que comanda o Governo Federal, num Juízo de tendências tucanas. Formavam sorrateiramente um cartel de “apenas” nove empresas desde 1997.

    Tucano delator não falou de nada que pudesse comprometer os demais partidos. Cumpriu bem o papel dele.

  3. Isso é realmente um super-cartel!

    Segundo as análises profundas do Ministério Público do estado de São Paulo (sim isso existe podem acreditar!), no caso da empresa paulista de trens metropolitanos chamada CPTM, o cartel de fornecedores só tinha uma empresa a Siemens…

    1. este cartel também agia no

      este cartel também agia no metrô de Salvador …lá quem ganhava não era a Siemens  …e o governador não era o Serra… era grisalho de olhos az…

  4. Fazia anos que não lia essa

    Fazia anos que não lia essa palavra:Proxeneta. Nem como sobrenome.

       Não é uma palavra pra um blog dos bons costumes.

            Mas eu curto.

              ….:)—eu tbm estou na nova linguagem da moda.

  5. Ah! Na éra FgagáC eram apenas

    Ah! Na éra FgagáC eram apenas nove empresas que formavam cartel! Pra caracterizar crime precisava de no mínimo dez, não é mesmo?

    Ora bolas! Na época de FgagáC se roubava menos por que ele não investiu nada na Petrobrás, com intenção de privatizá-la!

    1. Cenários

      E isso, esse “apenas” era porque a empresa estava sendo intencionalmente sucateada para privatarização. Imagine se fosse em outra circunstância, onde a empresa ceresceu e investiu como nunca..

  6. Veja o absurdo da

    Veja o absurdo da situação.

    Só para o Barusco ele pagou de 50 a 60 milhões, só entre 2008 e 2011. Isso de uma empresa, em um curto periodo.

    E o filho de uma égua vai devolver só 100 milhoes de dólares, isso que ele mesmo admitiu pegar propina há quase 20 anos.

    O juiz do paraná tornou o roubo seguido de delação um bom negócio. O sujeito rouba 5 X, quando é pego diz que se arrependeu, promete devolver X e tem a pena reduzida. É o paraiso.

    1. KKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKK

      KKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKK… O PT também foi o responsável pela bomba de Hiroshima …kkkkkkkkkkkkkkkkkkk

  7. Árvore do destino

    José Janene, falecido, ex-deputado do PP, baseado em Londrina. Poderoso Chefão.

    Alberto Youssef, cria de Janene, depois seu sucessor, baseado em Londrina. Santinho.

    Álvaro Dias, senador, fez campanha com avião bancado pelo Youssef, inicou carreira política em Londrina, ex-radialista, o maior moralista desde que esta palavra foi criada.

    Antonio Belinati, prefeito cassado de Londrina, no tempo em que Janene bancou sua campanha e desviou uma nota via administração indireta,ex-radialista.

    Zé do Chapeu, falecido, família de banqueiro, herdou o Bamerindus, grande arrecadador de recursos para campanhas presidenciais do PDSB, depois traído e perdeu o Bamerindus. Era dono do jornal Folha de Londrina, terminou seus dias residindo na região.

    André Vargas, ex-deputado do PT, no início foi conhecido de Youssef, trabalhou em obras sociais, conseguiu se eleger, chegou a vice-presidente da Cámara, se dava bem com o Cunha, grande arrecadador de recursos, pego viajando no avisão do Betinho, nosso lobo em pele de cordeiro, fez carreira política em Londrina.

    Bem, só mesmo a grande rivalidade com Maringá para explicar o surgimento do Dr. Sérgio Moro, desde o escândalo do Banestado, a matriz dos grandes envios de dinheiro ao exterior, CPI devidamente enterrada com a contribuição de muitos, inclusive alguns aqui citados.

    Na Lava Jato, o retorno. Jedi? Sith? Só o tempo dirá.

    Será que não temos roteiristas ou diretores de cinema? Pois só um pedaço da vida política londrinense dá duas séries ao estilo Dallas. E nem citei alguns que tentaram e cairam muito rápido! E naquela terra houve políticos exemplares, também.

     

     

     

     

  8. José Janene, falecido,

    José Janene, falecido, ex-deputado do PP, baseado em Londrina. Poderoso Chefão.

     

    Alberto Youssef, cria de Janene, depois seu sucessor, baseado em Londrina.

     

    Álvaro Dias, senador, fez campanha com avião bancado pelo Youssef, inicou carreira política em Londrina, o maior moralista desde que esta palavra foi criada.

     

    Antonio Belinati, prefeito cassado de Londrina, no tempo em que Janene bancou sua campanha e desviou uma nota via administração indireta.

     

    Ex Senador pelo PTB, Ex Ministro, José Eduardo de Andrade Viera. Londrina. Herdou o Bamerindus, grande arrecadador de recursos para campanhas presidenciais do PDSB.

     

    André Vargas, ex-deputado do PT, conhecido de Youssef, se dava bem com o Cunha, grande arrecadador de recursos, pego viajando no avisão do doleiro, nosso lobo em pele de cordeiro, fez carreira política em Londrina.

     

    Bem, só mesmo a grande rivalidade com Maringá para explicar o surgimento do Dr. Sérgio Moro, desde o escândalo do Banestado, a matriz dos grandes envios de dinheiro ao exterior, CPI devidamente enterrada com a contribuição de muitos, inclusive alguns aqui citados.

     

    Acho que é por isso que querem a independência do estado, mas deveriam por o nome do estado, Knor, porque é tudo a mesma sopa. 

  9. quanta babaquice…

    quando é que vamos criar coragem para escrever algo que não seja tão óbvio, como por exemplo pedir o afastamento desse juiz do processo. A gafe dele mandando prender uma pessoa honesta que nada tem a ver com seus delírios partidários, mostrada hoje em vários sites, é mais que motivo pra isso. Vamos moçada, unissonamente pedir o afastamento desse cara, quiçá sua prisão.

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