Estudo revela que defasagem de alunos na pandemia pode ser recuperada

Carla Castanho
Carla Castanho é repórter no Jornal GGN e produtora no canal TVGGN
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Pesquisa da rede pública municipal, em Sobral (CE), analisou mais de mil crianças antes, depois e durante a pandemia

Foto: Portal EBC

O estudo “Recomposição das aprendizagens e desigualdades educacionais após a pandemia covid-19” realizado em Sobral/CE, demonstrou que a defasagem que alunos da pré-escola sofreram no aprendizado com o ensino remoto, em 2020, pôde ser recuperada em alunos que concluíram a etapa em 2022.

A pesquisa mostra que as crianças no segundo ano da pré-escola, que retornaram às atividades presenciais em 2022, tiveram um ganho no nível de aprendizagem de 1 a 2 meses, em comparação àquelas no mesmo período letivo em 2019.

Os que terminaram a pré-escola em 2022, aprenderam o equivalente a 111% em linguagem e 115% em matemática, se comparado com o mesmo grupo, de 2019. 

A defasagem

Em relação à perda, as que enfrentaram o ensino remoto por 9 meses durante a pandemia, em 2020, tiveram uma defasagem de  6 a 7 meses em linguagem e matemática. A comparação também foi feita com crianças no segundo ano da pré-escola, no mesmo período letivo, em 2019. 

A pesquisa mostra ainda que os que vivenciaram o segundo ano da pré-escola, em 2020 – maior período remoto – a aprendizagem foi equivalente a 39% em linguagem e 48% em matemática, se comparado com o aluno de 2019. 

Metodologia 

O estudo: Recomposição das aprendizagens e desigualdades educacionais após a pandemia covid-19, foi realizado em Sobral, município do Ceará, e produzido por pesquisadores do Laboratório de Pesquisa em Oportunidades Educacionais da Universidade Federal do Rio de Janeiro (LaPOpE).

A pesquisa acompanhou o desenvolvimento de 1.364 crianças matriculadas na rede pública municipal de Sobral (CE), que frequentaram o segundo ano da pré-escola entre 2019 e 2022.

Apoiada pela Fundação Maria Cecilia Souto Vidigal, o estudo estimou os efeitos da pandemia no curto e médio prazo, além de trazer evidências inéditas sobre a recuperação do aprendizado, com destaque para a qualidade da educação ofertada, na região.

A qualidade do ensino 

Segundo os pesquisadores, os resultados evidenciam que a reabertura das escolas tiveram um efeito significativo sobre os estudantes e o seu ritmo de aprendizagem, da mesma forma, os alunos de 2020 foram prejudicados com o bloqueio das atividades presenciais. 

Segundo Mariane Koslinski, pesquisadora do LaPOpE, uma das responsáveis pelo estudo, disse que, apesar dos resultados serem curiosos por ambos os grupos vivenciarem parte do ensino de forma remota, o que pode ter contribuído para a melhora foram as ações da rede de ensino.

“O que os resultados indicam é que, provavelmente, as ações da rede de educação de Sobral foram importantes para mitigar os efeitos da pandemia e acelerar o ritmo de desenvolvimento dessas crianças”, afirma.

A pesquisadora destacou programas de busca ativa, ampliação da oferta de tempo integral e a implementação de novo currículo para a Educação Infantil alinhado à Base Nacional Comum Curricular (BNCC). 

Desafios pela frente

Apesar das evidências, os pesquisadores revelam que não se pode resumir um resultado positivo diante do que aconteceu em todo o país.

“A ausência de coordenação nacional nos anos de pandemia gerou um cenário extremamente desafiador para os gestores municipais e as respostas para os desafios da pandemia foram muito desiguais e inconsistentes quando comparamos estados e municípios pelo país”.

Beatriz Abuchaim, gerente de Conhecimento Aplicado e especialista em educação infantil da Fundação Maria Cecilia Souto Vidigal, esclarece, em nota, que o desafio vai além das esferas educacionais.

 “Diversas evidências mostram que a pandemia afetou desigualmente as famílias em questão de renda, acesso a serviços e a redes de apoio. Tudo isso trouxe impactos para o desenvolvimento e aprendizagem das crianças”. 

A recomendação dos pesquisadores é que se faça um trabalho multidisciplinar para a recuperação da aprendizagem, com recursos e apoio técnico, entre o ministério da Educação, secretarias estaduais e municipais e ainda, uma comunicação mais integrada entre pais e professores.

Contém informações de Agência Brasil

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