Afetada pela Lava Jato, construção civil tem pior trimestre desde 96

Jornal GGN – A construção civil, que tem peso de 28% sobre a indústira do país, teve o seu pior trimestre desde o início da série histórica do PIB, em 1996, e sofreu queda de 8,4% em comparação com o primeiro trimestre do ano. De acordo com cálculo da LCA Consultores, o setor foi responsável por ao menos um quinto da queda de 1,9% do PIB, representando 0,4% do resultado negativo. Em comparação com o segundo trimestre do ano passado, a queda foi de 8,2%, e, no acumulado do ano, chega a 5,5%.

Especialistas acreditam que o impacto da Lava Jato foi mais forte do que se esperava, já que o recuo de mais de 8% não ocorreu em outros setores. Para o presidente da Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC), a situação do setor é uma “morte anunciada”. “Elevar impostos e reduzir investimento para equilibrar as contas públicas não dá certo”, afirma Martins, que diz que vem alertando o governo e estima que 500 mil empregos serão cortados no setor em 2015.

Enviado por romério ròmulo

Do O Globo

Lava-Jato ajuda a derrubar construção civil no pior trimestre desde 1996
 
Setor amarga queda de 8,4%, afetando os indicadores de investimento

RIO – Com peso de 28% sobre a indústria, a construção civil teve o seu pior trimestre desde o início da série histórica do PIB, em 1996. Com uma queda de 8,4% frente ao primeiro trimestre, o setor respondeu por pelo menos um quinto (21%) da queda de 1,9% do PIB, segundo cálculo da LCA Consultores. Isso representa 0,4 ponto percentual do resultado negativo. Se forem incluídos impactos indiretos — o setor é intensivo em mão de obra e, por isso, demissões têm impacto em consumo — essa parcela pode chegar ao dobro, ou 0,8 ponto percentual.

— O resultado da construção civil sugere que o impacto da Operação Lava-Jato talvez seja mais forte do que se esperava. O recuo de 8,4% nem de longe se viu em outros setores, foi uma queda muito abrupta — explica o economista-chefe da consultoria, Bráulio Borges.

As perdas também ocorreram em outras bases de comparação. Frente ao segundo trimestre do ano passado, o recuo foi de 8,2%, o pior desde 2003. No acumulado do semestre, o recuo já chega a 5,5%.

Um desempenho que tem impacto direto sobre o nível de investimentos no país. No segundo trimestre, a formação bruta de capital fixo (indicador que inclui a compra de máquinas, equipamentos e a construção civil) teve queda de 8,1% em relação aos três meses anteriores. Frente ao mesmo período do ano passado, o tombo foi de 11,9%, o pior desde 1996.

CBIC: ‘MORTE ANUNCIADA’

Com isso, a taxa de investimento recuou de 19,5% do PIB, no segundo trimestre de 2014, para 17,8% — menor percentual para o período em oito anos. Em proporção semelhante, caiu também a taxa de poupança, formada pelos recursos guardados por empresas, famílias e governo: e 16% para 14,4%. Segundo Carlos Rocca, diretor do Centro de Estudos do Ibmec e autor de estudos sobre a deterioração da poupança nacional, a maior parte desse recuo decorre do estrangulamento da capacidade de poupar das empresas.

— Essa queda da taxa de poupança já vem há alguns anos. A partir de 2010 e 2011, isso começa a acontecer de modo muito significativo — diz Borges.

Com a piora do ambiente para investir, as perspectivas para a construção civil não são boas. Para José Carlos Martins, presidente da Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC), a situação do setor é uma “morte anunciada”.

 

— Estamos alertando o governo desde o início do ano que isso iria acontecer. Elevar impostos e reduzir investimento para equilibrar as contas públicas não dá certo. Sem receita, a conta não fecha — diz Martins, que estima corte de 500 mil empregos no setor neste ano. — É preciso coragem para encarar o problema real: cortar gastos públicos.

Luís Otávio Leal, economista-chefe do banco ABC Brasil, lembra que a situação tende a se deteriorar, com a piora da economia e do cenário político:

— Não é surpresa essa queda na construção civil. E a tendência não é de melhora, porque o setor é um reflexo da situação econômica e política do Brasil.

Para Fabio Silveira, da GO Associados, é preciso uma retomada da confiança.

— O investimento depende de confiança e expectativa. Quando não tem, não há investimento — afirma. — Para melhorar, tem de baixar o endividamento das famílias e das empresas. Aí vamos ver a tão decantada força do empreendedorismo, é preciso saber como e onde cortar.

Ana Maria Castelo, coordenadora de projetos de Construção da Fundação Getulio Vargas (FGV), explica que o resultado da construção civil não foi inesperado. Pesquisa de emprego da FGV mostrou recuo de 8,8% nas empresas com canteiro de obras na construção civil no primeiro semestre, em comparação ao mesmo período de 2014.

— A sondagem da Construção mostrou queda de 26% na confiança do empresário em agosto. O setor está sofrendo pressão de todos os lados. Há corte de investimentos públicos e privados, além de queda na demanda — explica ela.

 

Redação

12 Comentários

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  1. Parece que não há essa

    Parece que não há essa conciencia no empresariado. No ultimo evento da revista EXAME o Juiz Moro foi aplaudidissimo

    portanto para o empresariado a Lava Jato é otima e deve prosseguir no desmonte das empresas de construção.

  2. Na reportagem, há muito blá,

    Na reportagem, há muito blá, blá, blá, para desfocar a atenção dos leitores daquilo que foi e continua sendo aprincipal causa da recessão: a operação Lava Jato. Essa desastrada operação, sob a manjada bandeira e “combate à corrupção”, desmantelou o setor da construção, não  apenas a civil, mostrada na reportagem. Se for feito um estudo aprofundado sobre as nefastas conseqüências do desmantelamento de setores como o da construção naval, óleo e gás, energia nuclear, além da paralisação de obras públicas tocadas por empreiteiras citadas na Lava Jato, a queda decorrente no PIB supera R$200 bilhões. E os prejuízos causados à Petrobrás superam largamente qualquer quantia que venha a ser recuperada a partir dos acôrdos e multas decorrentes da LJ.

    Só agora a mídia comercial, a elite econômica e financeira do País e parcela menos sectária e reacionária da oposição estão percebendo os males e prejuízos que essa tresloucada tentativa de derrubar o governo (por meio de golpes parlamentar e juduicial), aniquilar o PT e criminalizar as esquerdas traz ao País. Se instituições como a PF, o MP, o PJ, o parlamento e a  mídia comercial trabalhassem em prol do País, em 2015 teríamos uma retração econômica em torno de 0,5%, no máximo.

     

  3. Na reportagem, há muito blá,

    Na reportagem, há muito blá, blá, blá, para desfocar a atenção dos leitores daquilo que foi e continua sendo aprincipal causa da recessão: a operação Lava Jato. Essa desastrada operação, sob a manjada bandeira e “combate à corrupção”, desmantelou o setor da construção, não  apenas a civil, mostrada na reportagem. Se for feito um estudo aprofundado sobre as nefastas conseqüências do desmantelamento de setores como o da construção naval, óleo e gás, energia nuclear, além da paralisação de obras públicas tocadas por empreiteiras citadas na Lava Jato, a queda decorrente no PIB supera R$200 bilhões. E os prejuízos causados à Petrobrás superam largamente qualquer quantia que venha a ser recuperada a partir dos acôrdos e multas decorrentes da LJ.

    Só agora a mídia comercial, a elite econômica e financeira do País e parcela menos sectária e reacionária da oposição estão percebendo os males e prejuízos que essa tresloucada tentativa de derrubar o governo (por meio de golpes parlamentar e juduicial), aniquilar o PT e criminalizar as esquerdas traz ao País. Se instituições como a PF, o MP, o PJ, o parlamento e a  mídia comercial trabalhassem em prol do País, em 2015 teríamos uma retração econômica em torno de 0,5%, no máximo.

     

  4. Afetada pela Lava Jato,

    Afetada pela Lava Jato, construção civil tem pior trimestre desde 96

       Não foi a Lava Jato que afetou a construção civil.

       Foram os bandidos dos empreiteiros macumanados  com o governo petista.

       É sério mesmo que vcs querem melar tudo e os bandidos continuarem soltos?

       Vcs não enxergam que há uma possibilidade VIVA de melhorar o país ?

         Se agarram ao partido e não ao país ?

            Sério mesmo ?

              Ah…vá….

      

  5. Se, em algum ponto, daqui

    Há uns 20 anos, o Brasil de fato se tornar um país sério, esse justiceiro de meia tigela que atende pelo nome de Sérgio Moro deveria ser chamado pra um papo reto, ele e todos os sabujos que o rodeiam, incluindo o Ministro Tucano da Justiça José Cardoso; crimes contra a humanidade não prescrevem.

  6.  Estamos alertando o governo

     Estamos alertando o governo desde o início do ano que isso iria acontecer. Elevar impostos e reduzir investimento para equilibrar as contas públicas não dá certo. Sem receita, a conta não fecha — diz Martins, que estima corte de 500 mil empregos no setor neste ano. — É preciso coragem para encarar o problema real: cortar gastos públicos.

    Muito fácil, facílimo prescrever soluções quando não se é responsável por elas. Aí tome mantras adorados pelo mainstream: cortar gastos públicos, não aumentar impostos, os dois in pectore. 

    Não que seja por toda impertinente se pedir para não aumentar a já elevada carga fiscal e reduzir ou racionalizar os gastos públicos. Efetivamente, tem como e onde se cortar: nas mordomias extravagantes, na contratação de bens e serviços, no rigoroso controle das despesas administrativa extra-folha salarial etc. Isso nos TRÊS ENTES FEDERATIVOS e no âmbito dos três poderes. 
     

    Sobre extravagâncias: li certa vez(não dou a fonte porque não achei agora) que só o Congresso Nacional albergava – pasmem! – aproximadamente 500 jornalistas! Quase um profissional dessa área para cada parlamentar. Há os luxuosos palácios da Justiça, diárias a rodo, viagens para o exterior sob qualquer pretexto, o luxo, a ostentação; enfim, tudo que não é essencial e até agride o pobre do contribuinte. 

    Focar só no governo federal é desonestidade. Atualmente o tributo mais arrecadado é o ICMS, cujo beneficiários são os estados. E como ele pesa nos orçamento! Se pegarmos por exemplo uma família de classe média baixa que gasta mensalmente na faixa de R$ 1.000,00 com água, luz, telefone(incluindo banda larga), só aí são mais ou menos R$ 400,00 para a respectiva  unidade federativa! 

    Ademais, boa parte da arrecadação da União são comprometidas com os repasses obrigatórios para estados e municípios(FPE, FPM, FUNDEB, fundos disso, fundos daquilo).

    Bem, volto a palavra: nossos economistas neoliberais e empresários aflitos sabem disso tudo. Não precisa ser um galhardeado com o Prêmio Nobel de Economia para intuir que esse “cortar gastos públicos” miram numa coisinha chamada “gastos sociais”. 

    Tremei “marajás” do Bolsa Família!Olho vivo, juventude pobre que demanda ensino técnico e superior gratuito! Na espreita, usuários das farmácias populares! Em alerta, bolsistas do CAPES!

    Vem chumbo grosso por aí!
     

     

     

    1. Enquanto ficar pensando em

      Enquanto ficar pensando em “gratuito” não tem jeito.

      “Focar só no governo federal é desonestidade.” o governo federal fica com 75% da carga tributária, mesmo levando se em conta que sejam “obrigações”como o “FPE, FPM, FUNDEB, fundos disso, fundos daquilo” ainda é ele que determina quem, onde, quando, e como vai pagar. 

      Fora o fato da carga não ser de “apenas”, 35%-38% mas de 46%, o que o governo consegue arrecadar é 35% mas cobra 46%, 504 bilhões são sonegados.

      1. Repetindo o já declarado

        Repetindo o já declarado anteriormente: o Aliança é tão anti-esquerdista e anti-petista que se dispena até racionar quando vai contraditar nossos comentários.

        Se me provares que o governo federal “fica” com 75% da carga tributária deixo de escrever no GGN.

        PS: refiro-me a IMPOSTOS e não contribuições, a exemplo do INSS. 

        O repasse dos diversos fundos é EXIGÊNCIA CONSTITUCIONAL. Assim como é a CFR quem determnina quem, onde, quando e como. Não há condicionalidades e se constitui crime de responsabilidade o seu não atendimento.

        1. “Se me provares que o governo

          “Se me provares que o governo federal “fica” com 75% da carga tributária deixo de escrever no GGN.” Não quero que pare de escrever, creio que você tem boa fé no que escreve pode estar apostando no cavalo errado mas não é por maldade.

          O ultimo dado que tenho sobre a distribuição da carga tributária e de 2013, e uma pesquisa básica no google a pouco, confirmou o valor de 70%.

          A carga tributária só tem aumentado ao passar dos anos, por isso o 75% em 2015, mas pode ser que realmente seja menor digamos que seja 70% não muda o fato que o ente federal fica com a parte do leão.

          http://idg.receita.fazenda.gov.br/dados/receitadata/estudos-e-tributarios-e-aduaneiros/estudos-e-estatisticas/carga-tributaria-no-brasil/carga-tributaria-2013.pdf

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