Agenda vazia e manifestações no horizonte: a ida de Bolsonaro ao Texas

A intenção do presidente era se mostrar bem nos EUA, mas a desorganização do governo e do evento, além da ausência do homenageado e seu ministro em Nova York, acabou não agradando investidores e aliados americanos.

Foto BBC

Jornal GGN – Para a então homenagem a Jair Bolsonaro, em Nova York, a Câmara de Comércio Brasil-EUA, uma lobista que homenageia políticos e personalidades, haveria um café da manhã, um almoço e uma palestra no meio da tarde de segunda, dia 13. Não aconteceu nada disso. Os convidados pagantes do jantar de gala receberam por email o aviso dos três cancelamentos.

O motivo era a ausência dos protagonistas: o presidente brasileiro e o ministro da Economia Paulo Guedes. Eles não estariam na cidade para cumprir a agenda.

Cinco dias antes do evento, o Planalto anunciou a desistência de Bolsonaro da viagem, pois não gostou da pressão de ativistas e políticos nos Estados Unidos, principalmente do prefeito nova-iorquino Bill de Blasio.

Então, 24 horas depois do e-mail de cancelamento, o recuo. A Câmara enviou novo recado aos convidados pedindo que desconsiderassem a mensagem sobre o cancelamento do almoço promovido pelo Bank of America. Confirmou então a ocorrência do almoço para o meio-dia. Seria no dia 13.

E com outro lembrete, de que o jantar que celebraria o tal prêmio seguia marcado para a terça, 14, em Nova York, apesar de Bolsonaro estar articulando uma viagem para outro ponto do país.

Todas essas informações são da Folha, em matéria de Marina Dias e Talita Fernandes. Diz a matéria que o Itamaraty estava na lida, desde a semana passada, para fechar alguma agenda no Texas, estado conservador, para que o presidente se visse livre de protestos. Mas não era claro o horizonte: grupos ligados às causas LGBT, mulheres e negros estavam organizando manifestações contra ele em Dallas.

A intenção do presidente era se mostrar bem nos EUA, mas a desorganização do governo e do evento, além da ausência do homenageado e seu ministro em Nova York, acabou não agradando investidores e aliados americanos.

Cada convidado arcou com algo em torno de US$ 1.500 a US$ 2.500 para o jantar de gala e contavam com o discurso liberal de Guedes. Mas tudo mudou. Para ver os personagens deveriam ir a Dallas para o almoço, que acontece amanhã, dia 16, quinta. E este é o único evento público confirmado oficialmente até a véspera da chegada do presidente.

O Itamaraty tentou personalidades. A primeira, o senador republicano Ted Cruz, não confirmou ainda. O segundo, o ex-presidente George W. Bush, está na agenda. Bush, hoje no Partido Republicano, é um grande crítico de Donald Trump e seu governo, o que vai na contramão dos desejos de Bolsonaro em manter alinhamento em várias áreas.

Mas a bagunça da agenda fez com que muitos empresários desistissem de ir ao jantar de gala mesmo em Nova York, e nem cogitarem de ir a Dallas. O desconforto de empresários com a bagunça da agenda, fez com que Rodrigo Maia, presidente da Câmara, também repensasse sua presença no jantar de gala. E cancelou a participação.

Mas, no festival de ausências, Mike Pompeo, secretário de Estado dos EUA, garantiu a sua no jantar de gala de Nova York. Ou seja, nem o segundo homenageado irá comparecer.

O Itamaraty tentou mais. Queria conseguir a adesão ao evento do ex-prefeito de Nova York, Rudolph Giuliani. Ele não aceitou atender ao pedido de última hora.

Bolsonaro chega hoje (15) a Dallas para uma agenda de um dia, acompanhado pelos ministros Guedes, Ernesto Araújo (Relações Exteriores), Bento Albuquerque (Minas e Energia), Santos Cruz (Secretaria de Governo) e Heleno Augusto (GSI).

Na comitiva os deputados federais pastor Marco Feliciano (Pode-SP) e Hélio Lopes (PSL-RJ), e o governador do Acre, Gladson Camelli, e presidente da Caixa, Pedro Guimarães. Ao séquito se junta o governador de São Paulo, João Doria.

Bolsonaro retorna a Brasília na noite de quinta-feira (16).

Redação

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