O debate sobre impeachment de Dilma no Parlamento alemão

Lourdes Nassif
Redatora-chefe no GGN
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Jornal GGN – Ontem, dia 20 de outubro, o Parlamento alemão (Bundestag) debateu o processo de impeachment da presidente eleita por 54,5 milhões de votos, Dilma Rousseff, no Brasil. O partido A Esquerda pediu ao Legislativo que repudie a cassação da ex-presidente. O deputado da legenda, Wolfgang Gehrcke, começou o debate classificando como golpe o impeachment de Dilma, e citou as ações do vice-presidente, agora de posse da cadeira de presidente, Michel Temer. Gehrcke citou a PEC 241, que congela por 20 anos os gastos, principalmente na área da educação, saúde e políticas sociais.

O deputado do CDU, Andreas Nick, do mesmo partido de Angela Merkel, ressaltou a crise econômica vivida no Brasil e sua importância como parceiro da Alemanha, principalmente nos governos do PT. Disse ainda que a perda de popularidade entre os eleitores no Brasil e sem base no Congresso já justificariam o afastamento da presidente em países como a Alemanha.

Porém, o representante do CDU não reconheceu crimes que justificassem o impeachment, mas lembrou que o Bundestag não é lugar para que se faça um estudo sobre a Constituição brasileira, ressaltando ainda que não cabe ao governo alemão tomar a função do Supremo Tribunal Federal brasileiro e que a decisão do Congresso no Brasil deve ser respeitada.

O deputado do Partido Verde, Omid Nouripor, com a palavra, disse que o governo de Dilma cometeu muitos erros, mas que não se pode deixar de perceber os muitos avanços ocorridos nos anos de PT, principalmente no combate à pobreza e em direitos para as minorias. E esses avanços estão em risco com o novo governo. Disse ainda que não usaria a palavra golpe, mas que o impeachment foi uma conspiração motivada politicamente e que voltavam ao poder as antigas elites.

Klaus Barthel, do Partido Social-Democrata (SP) também chamou de golpe o impeachment da presidente Dilma. “Um impeachment só é possível quando o presidente cometeu um crime grave, mas esse foi um processo conduzido por interesses políticos”, disse ele. Reafirmou ainda que Dilma é muito mais íntegra do que a maioria daqueles que foram contra ela, lembrando que Eduardo Cunha, o arquiteto do impeachment, foi preso. Berthel ainda criticou o papel das empresas alemãs no Brasil, que ficaram felizes com a possível diminuição dos direitos trabalhistas no país.

Com a maioria dos deputados a favor da moção da legenda A Esquerda, o requerimento foi enviado para ser avaliado pela Comissão de Relações Exteriores do Bundestag.

Com informações do Deutsche Welle – DW

Lourdes Nassif

Redatora-chefe no GGN

8 Comentários

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  1. O Brasil que não queremos

    Até o parlamento alemão tem a mesma visão nossa, o partido da base do Governo Alemão compartilha o golpe com o que há mais de podre na nossa sociedade, comparando Constituição Brasileira ao da Alemanha – um sofismo sem igual usando chavões que Dilma não tinha apoio popular e sem base no Congresso. Mas fiu rechaçada por outro deputado, que reconheceram em sua maioria que o Brasil passa pelo golpe branco, que será contínua até que destrua a esquerda brasileira. 

  2. Sr Klaus Barthel resumiu o

    Sr Klaus Barthel resumiu o porque e o sucesso do golpe: “empresas alemãs no Brasil, ficaram felizes com a possível diminuição dos direitos trabalhistas no país.”.

    Se as sérias multi nacionais alemãs, na Alemanha, estão felizes com a nossa desgraça, imaginem as norte americanas, francesas, holandesas, portuguesas, espanholas, canadenses, mexicanas, japonesas… São empresas altamente caras para o povo brasileiro, que vivem inflacionando os seus preços no país, principalmente alimentos, torcendo para que a inflação dispare e vivam de lucro inflacionário como ha alguns anos atras. Banqueiros perto deles são trouxas… E as empresas que são de fora desse grupo, ou pedem benção pros “nossos” governantes, ou não entram. 

     

  3. Uma boa notícia para Serra.

    Com certeza Serra deve estar agora de olhos esbugalhados e deve continuar não entendendo nada, perguntando o significado das letrinhas. Nesta semana o parlamento alemão soletrou a palavra golpe. Enquanto isto no Japão, uma foto de um presidente risonho, recebendo a critica dura do premier Japonês, contra os desmandos da Lava Jato, que ao invés de propiciar acordos de leniência, visou destruir as empresas brasileiras e com isto  comprometeu duramente a sociedade japonesa em nossos estaleiros com OAS, UTC etc…. Em mais um ato, a critica e desconfiança criada pela quebra de contratos em andamento do BNDES para empreendimentos em  países africanos, centro-americanos e sulamericanos.  Ainda nesta semana a clara  perda não só de influência e proeminência como a desconfiança dos BRICS com relação ao Brasil. Talvez Serra queira retaliar o Japão, a Alemanha, e queira transformar os BRICS em RICS, e nossa mídia vai encobrir tudo isto, ou minimizar o que parece ser uma bola de neve.

  4. Os três partidos: Verde,
    Os três partidos: Verde, Socialdemocrata e Esquerda, afirmaram ter ocorrido golpe no Brasil. O representante dos cristão democratas negou a tipificação de golpe, mas censurou o que chamou de “criminalização” de divergências, que seriam na verdade de fundo apenas político.

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