Ronaldo Bicalho
Pesquisador na Universidade Federal do Rio de Janeiro.
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Os bancos adotam a estratégia Joesley, por Ronaldo Bicalho

Foto G1

Os bancos adotam a estratégia Joesley

por Ronaldo Bicalho

O professor Eduardo Costa Pinto, em sua página no Facebook, levanta algumas hipóteses sobre os recentes movimentos no front bancário:

a) Com medo do Palocci ou assustados com os vídeos Temer-JBS, os bancos resolveram fazer um movimento de salvação da própria pele;

b) Para isso, os bancos teriam que antecipar suas delações (na frente do Palocci e do andamento da própria operação Lava Jato) seguindo a estratégia Joesley.

c) Temer e a atual equipe econômica, via a Medida Provisória 784, facilitariam isso. Ou seja, a provável manutenção de Temer contribuiria para viabilizar a salvação dos bancos e de seus proprietários (nesse momento salvar a pele é  mais importante do que aprovar reformas);

d) Com a publicação dessa MP, um (ou alguns) banco(s) poderá(ão) realizar a delação premiada sem que isso implique grandes problemas (econômicos e jurídicos) para os mesmos. Segundo reportagem do Estadão sobre a MP: “As instituições financeiras que praticaram alguma irregularidade poderão ficar livres de processo administrativo ou até ter a investigação suspensa para ‘atender ao interesse público’, caso o investigado assine um termo de compromisso com o Banco Central.”

e) A delação da JBS alçou a lava jato a um novo patamar de instabilidade e de movimento moto-contínuo.

f) Para se salvar, Joesley jogou muito combustível (mais informações a respeito do núcleo duro das relações entre o público e  privado do capitalismo brasileiro) na fogueira da Lava Jato, ao ponto que nem mesmo a operação e seus consorciados (grande imprensa, em especial a Globo) conseguiram controlar o fogo.

g) Ainda sob os efeitos das labaredas (provocadas pelo efeito Joesley), Janot e Globo aceleraram pra cima do Temer. No afã, a Globo achou que conseguiria derrubar o Temer rápido (comandando uma narrativa), colocando alguém no lugar mais adequado para seguir com as reformas. A globo errou feio no cálculo político! A aceleração da lava jato causou preocupações nas outras grandes empresas de comunicação e em outros segmentos empresariais que até o momento estão fora da lava jato. Não é por acaso que os mais ricos (segundo pesquisa recente) apoiam a manutenção do Temer;

h) A guerra fratricida se amplia! A instabilidade mudou de patamar, levando junto regras, instituições e legitimidade. Agora é o salve-se quem puder (ou seja quem tem mais força). Antes, o poder de balançar o barco estava com o Ministério Público e a Mídia, agora, os possíveis acusados descobrem que podem fazer isso com um potencial muito maior de desestabilização (efeito demonstrativo Joesley). Portanto, também têm poder no jogo e podem usar isto para alcançar um acordo mais favorável tanto em termos jurídicos quanto econômicos.

i) Em suma, seguimos no processo de falência crescente das instituições e de mergulho no caos.

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Ronaldo Bicalho

Pesquisador na Universidade Federal do Rio de Janeiro.

8 Comentários

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  1. Um calculo preliminar que o

    Um calculo preliminar que o processo de delações causou a economia brasileira deve incluir a destruição de grandes empresas, a perda de valor de todos os ativos do Pais, fabricas, shoppings, predios comerciais, usinas eletricas, concessões de rodovias,

    a perda por 50 anos de mercados externos para as construtoras brasileiras, o despretigio da marca Brasil no mundo, considerado hoje o segundo Pais mais corrupto do planeta, mais que o Mexico, a Republica do Congo, Angola, Somalia,

    Arabia Saudita, paises que na vida real são infinitamente mais corruptos que o Brasil mas nós magnificamos a corrupção brasileira para glorificar a cruzada moralista, custo dos juros que não vão cair mais por causa da instabilidade politica causada pelas delações, queda da bolsa por causa da instabilidade politica, todos esses custos equivalem a 500 ou mais vezes o total da corrupção descoberta mas a GLOBO acha que fizemos um bom negocio com a criação desse clima de fim de mundo no

    Brasil.

  2. O Poder da Grande Mídia no Brasil

    A proteção ou ofensiva da mídia sobre o Congresso, o Executivo e demais poderes é muito grande no Brasil. Não é à toa que muitos a consideram como um Poder paralelo .

    Uma observação importante é que ela não vive sem dinheiro. E o que parece, grande parte da sustentação de toda corrupção que agora foi levada à tona e todo o dinheiro desviado dos cofres públicos, direta ou inderetamente, foram parar nas mãos da grande mídia, quer por pressão contra ou pressão a favor de determinado poder político.

    Essa dependência de poderes e dinheiros estão entrelaçados, mas ao que parece, ainda não foi questiona no Ministério Público. Será que algum dia virá à tona esse questionamento?

     

  3. Enquanto as hienas da

    Enquanto as hienas da política(executivo-senado e câmara), da justiça(todos os tribunais, sem exceção de nenhum), da mídia e do poder econômico(?) se digladiam, o cadáver apodrece na sala. Tá na hora de cada cidadão se armar de uma estaca e partir para cima desses celerados. É uma atitude de legítima defesa qualquer coisa que venha a acontecer em consequência dessa atitude.

    1. enquanto….

      Mas não esqueçamos nunca, mudam regimes, mudam nomes, mudam épocas, mudam empresas, mudam desculpas… O pue nunca muda é que sempre o GOVERNO, O ESTADO BRASILEIRO E SEUS REPRESENTANTES estão no olho do furacão. São os ptotagonistas da barbárie nacional. Quem devemos responsabilizar e alterar definitivamente? Até porque siglas, sobrenomes e partidos políticos estão sempre chafurdando na carniça. 

  4. Acorda monumento, a Globo

    Acorda monumento, a Globo joga desesperadamente pela própria sobrevivência em um negócio em que a conta de receita e despesa não fecha há muito tempo, a Globo quer que o Brasil se exploda se ela puder ser a rainha dos caquinhos.

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