Sem proposta aprovada no Brasil, Temer diz que fez semiparlamentarismo

Patricia Faermann
Jornalista, pós-graduada em Estudos Internacionais pela Universidade do Chile, repórter de Política, Justiça e América Latina do GGN há 10 anos.
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Fotos Públicas e Reprodução
 
Jornal GGN – Logo que assumir o poder em 2016, Michel Temer tinha como um de seus objetivos modificar o sistema político brasileiro, ampliando o poder aos deputados e senadores, por meio de um governo parlamentarista. Para se chegar ao novo modelo de governar, Temer tentou articular uma transição com propostas apoiadas por José Serra e Gilmar Mendes. Hoje, Temer admitiu que fez “um governo semiparlamentarista”.
 
A declaração do mandatáiro que termina a sua gestão foi dada durante uma entrevista ao SBT, na noite deste domingo (16).
 
Desde que asusmiu o poder, após a derrubada do governo de Dilma Rousseff, Michel Temer vinha articulando junto a outras figuras, como o senador José Serra (PSDB-SP) e o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Gilmar Mendes, para instaurar o semipresidencialismo ou semiparlamentarismo no Brasil.
 
O tema chegou a ser estruturado em uma minuta, em novembro de 2017, para começar a tramitar no Congresso. Outros tucanos vinham defendendo a proposta, principalmente com o viés de aumentar o poder dos deputados e senadores sobre os rumos do país.
 
Chegou a tramitar na Câmara e  no Senado uma possibilidade de Proposta de Emenda à Constituição (PEC) para implementar o regime semiparlamentarista, com o aumento dos poderes no Congresso sobre o país. 
 
Entretanto, após a repercussão negativa por parte da opinião pública, quando Temer passou a se encontrar com Serra e o então senador com o ministro do Supremo, e também obteve resistências de outros parlamentares contrários à medida, o caso foi abafado.
 
Agora, já ao fim de seu mandato, prestes a entregar a cadeira ao sucessor Jair Bolsonaro, Michel Temer admite que, apesar de o semiparlamentarismo não ter sido aprovado durante os seus pouco mais de dois anos de gestão, a presença e a participação de deputados e senadores nas decisões do Executivo foram altas.
 
“Eu fiz um governo semiparlamentarista e trouxe o Congresso para governar comigo, algo que no passado não acontecia”, admitiu, adotando um tom positivo para a declaração. 
 
Ao ser questionado se o governo que fez, na verdade, foi um “toma lá, da cá”, por ter caminhado entre diversos partidos para obter a governabilidade, Temer disse que “essa história foi criada”. “As pessoas não percebem que as emendas [parlamentares] são impositivas [ou seja, são obrigatórias, não cabendo negociação posterior]”, negou.
 
Ainda, ignorou a baixa popularidade que teve durante todo o seu governo e tentou responsabilizar a situação política que estava o país quando ele assumiu: “Eu apanhei o governo numa situação de muita contestação. Quando o presidente é impedido, assume o vice, com toda naturalidade”, defendeu.
 
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Patricia Faermann

Jornalista, pós-graduada em Estudos Internacionais pela Universidade do Chile, repórter de Política, Justiça e América Latina do GGN há 10 anos.

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