Sobre a desembargadora que o fascismo tenta calar, por Walter Falceta

Lourdes Nassif
Redatora-chefe no GGN
[email protected]

Sobre a desembargadora que o fascismo tenta calar

por Walter Falceta

Kenarik Boujikian é nossa colega armênia, da PUC-SP, formada lá em Direito, em 1984. Pessoa do bem, trabalhou anos como voluntária no presídio do Carandiru.

Como juíza foi sempre uma profissional que uniu competência e sensibilidade, compreendendo a dimensão universal dos Direitos Humanos.

Participou do grupo de trabalho Mulheres Encarceradas e foi uma das fundadoras da Associação de Juízes para a Democracia.

Foi ela quem teve a coragem (sim, no Judiciário é preciso coragem para isso) de condenar o médico magnata Roger Abdelmassih, autor de 56 estupros.

No ano passado, por merecimento, foi promovida a desembargadora do Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo.

Querem agora silenciar sua voz.

O corregedor nacional de Justiça, ministro Humberto Martins, determinou ‘de ofício’ (ou seja, por iniciativa própria) que a desembargadora apresente em 15 dias esclarecimentos sobre as críticas que fez ao presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), ministro Dias Toffoli.

Em 1.º de outubro, Toffoli chocou o país ao afirmar que prefere definir a tomada de poder dos militares em 1964 como um ‘movimento’. “Não foi um golpe nem uma revolução. Me refiro a movimento de 1964. Hoje, afirmo isso graças ao ensinamento do ministro da Justiça, Torquato Jardim”.

As declarações foram dadas em um debate na Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo (USP), onde se formou.

Em evento em São Paulo na segunda-feira, dia 15, a desembargadora afirmou que um ministro do STF ‘chamar de movimento um golpe reconhecido historicamente é tripudiar sobre a história brasileira’. “De algum modo é desrespeitar as nossas vítimas”.

A magistrada também afirmou que o Judiciário ‘está disfuncional em relação ao sistema democrático’.

Não disse nenhuma inverdade.

Kenarik devia estar no STF, promovendo a Justiça, e não tendo que se explicar por ser coerente, digna e honesta.

 

Lourdes Nassif

Redatora-chefe no GGN

4 Comentários

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

  1. Foi dito no post que ela é

    Foi dito no post que ela é armênia e não brasileira.

    Se for isto mesmo está explicado porque ela é “por ser coerente, digna e honesta.”

    Bem ao contrário de grande parte dos salafrários brasileiros que ocupam cargos no judiciário.

    Basta olhar para o nosso STF. É o retrato cagado e acabado do judiciário.

  2. Fascismo
    Enquanto o fascismo se entranha no governo, o judiciário, ao invés de combatê-lo, aplaude e dá grande ajuda para seu crescimento. A Dra. ELIANA CSLMON FAZ MUITA FALTA NESSE JUDICIÁRIO COMBALIDO.

    1. Quem nomeia…??!!!

      Muito bem Doney. É importante destacar que o ETC e mencionar explicitamente o Toffolli!!! Nomeados por Dilma e certamente com total aval do Lula. Alias foram 7 nomeações que estão atuantes (das 8 do Lula + 5 da Dilma)  onde talvez a uma unica salva que é o Lewandowsk.Ayres Brito e Joaquim Barbosa (ambos aposentados) foram nomeados por Lula.

      E para piorar, o provavel presidente capetão coiso, terá a oportunidade de logo nomear pelo menos 2 ministros que não foram nomeados pelo PT (os Mellos). E ele já disse a que veio.

      É impressionante o nivel a que chegou o anti-petismo. Eu não consigo entender (ou consigo?? – não se pode culpar somente a grande midia) , mas certamente o proprio PT e Lula “ajudaram” muito neste processo! 

Você pode fazer o Jornal GGN ser cada vez melhor.

Apoie e faça parte desta caminhada para que ele se torne um veículo cada vez mais respeitado e forte.

Seja um apoiador