A saga literária do clã Marinho, por Fábio de Oliveira Ribeiro

Ao que parece, a saga do clã Marinho repete o enredo do romance The Good Earth, de Pearl S. Buck.

A saga literária do clã Marinho

por Fábio de Oliveira Ribeiro

Com trabalho e perseverança Roberto Marinho conseguiu se elevar de jornalista à condição de bem sucedido empresário de comunicação. Tudo que ele ganhou foi investido com esperteza a fim de garantir o crescimento sustentável das empresas que ele foi adquirindo e criando.

Com o tempo, Roberto Marinho desenvolveu uma relação promíscua com o Estado, adquirindo um poder político imenso. Em virtude de estar em condições de fortalecer ou destruir presidentes da república, ele passou a ser reverenciado como se fosse uma divindade viva.

Enquanto estava vivo, o presidente das Organizações Globo exercitou seu poder com suavidade a pragmatismo levando em conta sempre as necessidades reais do complexo empresarial. Quando herdaram o império construído pelo pai, os filhos dele acreditaram que aquele poder politico era absoluto e inquestionável e começaram a colocar tudo a perder.

Ao que parece, a saga do clã Marinho repete o enredo do romance The Good Earth, de Pearl S. Buck.

Trabalhando duro de maneira incansável, o campones chinês Wang Lung transforma-se em grande proprietário rural. Quando enriquece ele passa a atribuir mais importância às suas terras do que à sua família e aos deuses.
O sucesso econômico se transforma em fracasso humano. No final do livro, os filhos de Wang Lung planejam vender as terras e desperdiçar tudo o que foi conquistado pelo pai. Idoso e isolado da realidade, o protagonista da obra não está mais em condições de impedir os filhos de cometer um erro.

Em virtude de serem viciados em ópio e de levarem uma vida dissoluta e preguiçosa, os herdeiros dos Hwang desperdiçam toda a riqueza da família. À medida que ganha e poupa dinheiro, Wang Lung vai comprando as terras deles aos poucos até se tornar proprietário de tudo aquilo que pertencia à família Hwang.

No livro de Pearl S. Buck, os filhos de Wang Lung parecem fadados a repetir o ciclo de decadência dos Hwang. Na vida real brasileira, como se estivessem permanentemente embriagados, os filhos de Roberto Marinhos abusaram do poder conquistado pelo pai deles. Os diretores do Grupo Globo se tornaram prisioneiros das relações promiscuas com o Estado que o jornalismo golpista ajudou a esfacelar durante a partir da derrota de Aécio Neves em 2014.
Os filhos de Roberto Marinho e os de Wang Lung são duplos dos remanescentes da ex-poderosa e rica família Hwang. Impotentes, eles são incapazes de reverter o processo de decadência em que foram enredados pelo sucesso dos pais.
Fábio de Oliveira Ribeiro

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