Rui Daher
Rui Daher - administrador, consultor em desenvolvimento agrícola e escritor
[email protected]

Eletivas, por Rui Daher

Eletivas ou não, tive mais de 30. Desde a arcada dentária até os pés fraturados em tropeços não eletivos. De lá para cá, os últimos foram atravessando este corpo indefeso e de mente estúpida.

Medical team performing operation. Group of surgeon at work in operating theatre toned in blue

Eletivas, por Rui Daher

Tenho lido e ouvido muito, nestes tempos pandêmicos, pândegos e pantagruelistas, sobre doenças e cirurgias, eletivas e não.

A primeira coisa que me veio à cabeça foi a eleição presidencial de 2018. Só poderia ter sido doença. Em certos casos, dos ainda renitentes, somente se tratados com cirurgias, extirpação de cérebros, ou de estômagos, para evitarem vômitos frequentes.

Parece, no entanto, não ser assim. Vocês, se não sabem, acabarão descobrindo. São intervenções cirúrgicas de necessidade menos urgente, e que estão salvando o resultado das seguradoras de saúde, que alegam não fazê-las, pois dão prioridade à COVID-19.

Eletivas ou não, tive mais de 30. Desde a arcada dentária até os pés fraturados em tropeços não eletivos. De lá para cá, os últimos foram atravessando este corpo indefeso e de mente estúpida.

Alguns, pasmem, quando executivo podia, em Boston, Estados Unidos.

A pergunta é: do que estava me protegendo ou prevenindo? De ver o Brasil, não por mim idealizado, mas como ele agora está?

Não percebem? Cretinos, então.

Estamos piores do que em qualquer período republicano. A ditadura militar torturou, matou, e nos tirou a liberdade de expressão? Sim! O período seguinte, com a hiperinflação, tirou-nos o desenvolvimento, em perfeito período para crescermos? Sim! Fernando Collor, durante breve tempo, foi um mito (ele sim), e mostrou-nos o que seria a globalização. Muito rico e vaidoso, porém, para entender nossas mazelas.

Os períodos FHC, muros incontáveis, mas que, ao final, deram-nos a oportunidade de, durante oito anos, conhecermos um estadista, Lula.

Nacionalmente reconhecido (87% de aprovação ao final do mandato e reeleição, por duas vezes, de sua sucessora), e o planeta nos admirando. Por quê? São assim tão generosas as hegemonias mundiais?

Ah, mas ele roubou. Espero provas. Quem? Sérgio Moro, TRF-4, Power-Point, copia e cola das juízas do marreco, um STF que só agora, mostra alguma coragem?

O mais recuso-me a escrever, neste domingo, amanhã feriado Doriana.

Temo. Medida a pressão sanguínea, no momento, revelou 19/14.

Em agosto, 16, estarei com 75 anos. Não sei se aqui continuaremos. Poucos cagarão. Entre tantos e tampouco sou mais um DIGITAL de merda.

Caso não, como expresso em um de meus últimos textos, peço que continuem caçando por mim.

Fiz maravilhosa família, coragem, seriedade política e humanista, bons amigos e amigas. Estudei (visitem minha biblioteca de mais de cinco mil livros, li e escrevi tudo o que a minha insolência permitiu, mas a paciência luta contra a minha teimosia, e não me deixa saber quem sou, e para o quê sirvo. Melhor parar. Quantos sentirão falta, por uma semana?

De meu fim ou ostracismo, saberão pela família e amigos muito próximos.

Cansado, esgotado, sem horizonte, baixo reconhecimento, pois qualquer conhecimento da língua portuguesa, a mais rica do planeta, poucos sabem expressá-la.

Como disse Caetano Veloso, discuto, mas não sei se estou indo embora.

Inté, na CartaCapital ou nas imbecis (amanhã), transmissões ao vivo da Biocampo, sempre, e como tudo, no Vasco.

 

 

 

Rui Daher

Rui Daher - administrador, consultor em desenvolvimento agrícola e escritor

Você pode fazer o Jornal GGN ser cada vez melhor.

Apoie e faça parte desta caminhada para que ele se torne um veículo cada vez mais respeitado e forte.

Seja um apoiador