A vida no interior

Nos últimos tempos, o professor de história Marco Antonio Villa foi uma das fontes em permanente disponibilidade quando a mídia necessitava de manifestações neocon.

Hoje, na “Folha”, ele envereda por um tema interessante – o interior -, mas com a mesma dose de maniqueísmo que emprega em temas políticos (clique aqui).

O artigo lembra filmes B norte-americanos em que famílias cosmopolitas viajam para o interior profundo e se deparam com cidades fantasmas, assassinos cruéis, mais próximos de bichos do que de humanos. O interior, por ele retratado, é tenebroso. Seu exemplo máximo é o cidadão de Araraquara que abriu processo contra José Celso Martinez Correa. Poderia ser contraposto ao exemplo os skin heads dos grandes centros, especializados em executar homossexuais.

Embora o que lhe sobra em preconceito falte em cuidado analítico, vale a pena aprofundar-se no tema.

Com o avanço da Internet, da banda larga e o aumento da violência nos grandes centros, o interior – especialmente as cidades médias – tornaram-se alternativa de vida. Hoje em dia, a parte mais dinâmica do país (com crescimento acima da média) está no interior de Minas, São Paulo, Paraná, Santa Catarina, Rio Grande do Sul, nordeste e centro-oeste. Com as mudanças econômicas globais a caminho, cada vez mais haverá a volta para o interior e o descongestionamento das regiões metropolitanas.

Poderia ser a grande oportunidade para as cidades do interior trazerem de volta seus melhores quadros – que ganharam visão mais ampla nas metrópoles – e revolucionar a vida municipal.

O que lhes falta? Primeiro, abertura para acolher os conterrâneos que venceram fora. Segundo, ambiente cultural para atrair os melhores quadros, como lembrado por Villa.

Tempos atrás conversava com um amigo que morava em uma das grandes cidades do interior de São Paulo. Pensava em se mudar. Justificativa: me recuso a ficar em uma cidade onde faço parte dos 1% mais esclarecidos.

Daí a importância da regionalização das universidades – não apenas as federais e estaduais mas as católicas e outras de bom nível – e sua inserção na vida local. Poços de Caldas mudou substancialmente depois que abrigou o campus da Universidade Católica de Minas Gerais, por exemplo.

Mas ainda falta muito para poder atrair seus melhores quadros.

Comentário

Acabei apagando alguns comentários por engano. Perdão.

Por jose de abreu

LN

Bom dia, bom dia a todos.

Tenho viajado muito com teatro os últimos dois anos, 99% para cidades do interior- RS, SC, PR, SP – e realmente as coisas estão mudando muito rápido. Minha última viagem dessas tinha sido em 94: as cidades não tinham teatro, eu me apresentava em auditórios de escolas, clubes, cinemas. As prefeituras não tinham Secretaria de Cultura, no máximo um Depto., sempre ligados ao Turismo e Esportes, era um trabalho árduo levar uma peça de teatro. Hoje quase todas as cidades tem seu teatro municipal, a imprensa já está acostumada a fazer parcerias, assim como os hoteis e restaurantes.

Por José Antonio Meira da Rocha

O projeto Reuni, do MEC, está estendendo as universidades federais às *pequenas cidades*. Eu saí de Porto Alegre para trabalhar no campus da Universidade Federal de Santa Maria em Frederico Westphalen, cidade de pequenas propriedades, 27 mil habitantes, no Norte do Rio Grande do Sul. Qualidade de vida melhor que na capital, povo educado (carros param em faixas de segurança), internet banda larga, TV por satélite, parabólicas, boas estradas.

E agora, com as “cidades digitais”, há possibilidade de que as prefeituras implantem internet sem fio gratuita em toda a cidade por um custo razoável.

Ou seja: não existem mais cidades “do interior”. Todas as cidades são iguais, só que, nas pequenas, a qualidade de vida é melhor.

Luis Nassif

36 Comentários

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

  1. Nassif, se existe algo que
    Nassif, se existe algo que TODAS as prefeituras esquecem ou ignoram é que esas cidades não precisam nem devem copiar os modelos das metrópoles quanto a urbanização e uso de solo. Só para citar exemplo: quantas cidades ditas do interior, sobrando espaço, você vê com prédios de apartamentos ou comerciais com trocentos andadres em ruas mais que estreitas?

  2. o seu amigo parece o
    o seu amigo parece o personagem do Monteiro Lobato, do conto “um homem de consciência”. Quanto ao interior é preciso considerar que infelizmente as cidades grandes seguem o caminho destrutivo da urbanização das metrópoles brasileiras, agravado pelo fato do poder pessoal, político, o econômico e o midiático estarem quase sempre justapostos e concentrados – o especulador de terras urbanos nessas cidades pode te encontrar na esquina a qualquer momento e ficar muito bravo com suas críticas. Ou então, o irmão dele pode ser diretor da escola onde seu filho trabalha. Cidades maravilhosas como Londrina e Ribeirão Preto, cidades grandes, afinal, cerca de 500 mil pessoas estão se desenvolvendo degradando o meio ambiente e criando uma periferia miserável onde prolifera a violência, criminalidade e o tráfico de drogas. Agora, quem tem um bom emprego vive dez vezes melhor nas grandes cidades do interior paulista do que na capital. Eu estou de olho em Piracicaba.

  3. Não posso discordar de que a
    Não posso discordar de que a vida cultural no interior tem avançado. Mas sendo nascido e criado no interior paulista posso dizer que, agora, vivendo na capital, a tarefa de passar alguns dias na terra natal vem se tornando cada vez mais árdua nesse aspecto. É verdade que o teatro se desenvolveu, mas é mercado de nicho. Quanto ao cinema, poucos filmes de qualidade são exibidos e quanto isso ocorre é por pouquissimo tempo. Em se tratando de livrarias, o problema não é a quantidade, como diz o autor, mas a qualidade. Muitos livros não são encontrados e outros, como os em língua estrangeira, são quase inexistentes. Nem vou comentar sobre museus e outras formas de artes…

  4. nassif:
    um indicador
    nassif:
    um indicador importante de desenvolvimento é o número de bibliotecas
    públicas e o número de livrarias.uma cidade segurar uma livraria,no brasil,
    não é fácil.isso tem melhorado expressivamente.
    romério

  5. LN
    Bom dia, bom dia a
    LN
    Bom dia, bom dia a todos.
    Tenho viajado muito com teatro os últimos dois anos, 99% para cidades do interior- RS, SC, PR, SP – e realmente as coisas estão mudando muito rápido. Minha última viagem dessas tinha sido em 94: as cidades não tinham teatro, eu me apresentava em auditórios de escolas, clubes, cinemas. As prefeituras não tinham Secretaria de Cultura, no máximo um Depto., sempre ligados ao Turismo e Esportes, era um trabalho árduo levar uma peça de teatro. Hoje quase todas as cidades tem seu teatro municipal, a imprensa já está acostumada a fazer parcerias, assim como os hoteis e restaurantes.
    A esse respeito escreveu o mestre Zuenir:

    BRASIL CAIPIRA

    “Quando a gente viaja por algumas regiões, como tenho feito, nota que um novo “mapa” do Brasil está sendo redesenhado.

    Ele é chamado de “Brasil rural”, “sertanejo” ou, com um certo desprezo preconceituoso, de “Brasil caipira”. A economia já é capaz de mostrá-lo com números e dados, e um jornal estrangeiro disse que ele está trocando nossos estereótipos: “O país do carnaval, do samba, do futebol, do café e da caipirinha já tem outro símbolo por bandeira: a cana-de-açúcar.” Só falta um daqueles mergulhos do repórter José Casado e uma das sacações de Roberto DaMatta para revelar o que uma crônica impressionista como esta não consegue: as dimensões antropológicas e culturais do fenômeno.

    Esse mundo do “interior” (o “centro” somos nós, claro) não tem nada a ver com os hábitos da época de jeca-tatu e nem com a proposta hippie de volta nostálgica (“quero uma casa no campo”). Ele está conectado com a cidade, dispõe de uma oferta cultural variada e pratica um consumo eclético. Há uma elite que acessa a internet, vê filmes em DVD, compra livros e freqüenta restaurantes sofisticados.

    Numa noite ouvi em Ribeirão Preto a multidão na praça cantando orgulhosa “Romaria”, com Renato Teixeira (“Sou caipira, pirapora”), e dois dias depois, em Goiânia, assisti a um show de Bossa Nova num teatro de 800 lugares, superlotado. Miele, Leni Andrade, Fernanda Takai, Toquinho, quase não precisaram cantar. O público fazia por eles, inclusive quando eram 74 versos, como em “Aquarela” (“Numa folha qualquer/eu desenho um sol amarelo”).

    Ver o teatro inteiro entoar a música, e Toquinho, o autor com Vinícius, acompanhar apenas com gestos, foi um espetáculo à parte. As pessoas riam das histórias de Miele sobre Bossa Nova com a intimidade de quem morasse em Ipanema ou Leblon.

    No dia seguinte, lendo num jornal local que “a carne brasileira alimentará o mundo”, aprendi que as nossas exportações de “proteína vermelha” para 150 países saltaram em dez anos de 370 mil toneladas para 1,5 milhão. Almoçando com jovens professores, pude discutir questões da atualidade artística e cultural. O nosso etnocentrismo metido a besta se surpreende com isso, e às vezes tem vontade de dizer “que pena”, quando a menina linda de minissaia, parecendo saída de uma novela urbana da Globo, pronuncia “voilrta” e “poirlta”.

    De noite, falei num auditório de mil lugares para alunos do Colégio Visão. Mais de duas horas não foram suficientes para atender à curiosidade insaciável daqueles adolescentes que queriam saber tudo sobre 1968, o país, a juventude, o jornalismo, a nova ordem mundial e, acreditem, a política.

    Não sei no que vai dar esse novo ciclo do açúcar e da carne, mas vale a pena desviar um pouco o olhar do Sul-Maravilha e prestar atenção no “Brasil caipira”. Há vida inteligente, além de rica, fora do eixo Rio-São Paulo.”

  6. Persigo a meta de viver em
    Persigo a meta de viver em Tiradentes, mas até nova informação, lá só há ensino fundamental (1ª à 8ª), não há sala de cinema, embora acolha um belíssimo festival nos janeiros… a cidade é toda cultural e educação se faz também e , principalmente, fora dos muros escolares. Gostaria de viver lá, tenho muitos familiares em Barbacena, terra de meus falecidos pais….toda as vezes que lá estive, meu coração sangrou de vontade de ficar para sempre, me agarrando qual criança numa maçaneta de porta que não quer ser largada mais, saía triste e achando remotíssima a possibilidade de poder ficar ali. Mas as fotos, os postais e tudo que diz respeito a minha Tiradentes estão aqui na parede paulistana. Dóem, mas dóem menos porque estimo que esteja perto de voltar/chegar/estar na belíssima cidade que me seduz.

  7. Nassif

    Antes de comentar, li
    Nassif

    Antes de comentar, li o artigo do referido professor. Se a maior fraqueza da argumentação apresentada esbarrasse apenas no maniqueísmo, vá lá. Sem desprezar as particularidades que existem no interior e nas capitais, os problemas que ele apontou são constantes em ambas as localidades. O déficit de livrarias, para ficar em um exemplo comum, é um problema nacional, não uma responsabilidade apenas do interior. As oligarquias nacionais, cristalizadas nos partidos, existem tanto nas capitais quanto nas cidades interioranas (vide, por exemplo, a bancada rural). Aliás, o consumo de luxo é um costume engendrado pelas capitais, mas que se reproduz no interior. Quer provincianismo maior do que consumir produtos na Daslu porque são produtos que dão status?

  8. Como este senhor pode falar
    Como este senhor pode falar isso vivendo em S. Carlos? Certamente ele deve saber oque significou a eleição de Newton Lima (PT) há 8 anos atrás. Creio que ele está generalizando situações muito específicas. Sou natural de SJ Campos, cidade que apesar de ser muito provinciana em alguns aspectos, teve grande evolução nos últimos anos no que diz respeito há políticas culturais e qualidade de vida, com valorização de espaços públicos, criação de parques e etc. Agora vivo em Macaé-RJ, cidade que aparece bem em diversos indicadores econômicos, mas que em muitos aspectos se enquadram no cenário descrito no texto. Vai entender…

  9. Eu lamento não morar no
    Eu lamento não morar no interior, porque as pessoas (além de mais educadas), são mais tranquilas. Tenho primos de Sumaré-SP, que têm horror a São paulo e seus habitantes (eles os consideram mesquinhos, egoístas, mentirosos, pessoas que vivem sozinhas e morrem sozinhas)

  10. Na maior parte, concordo com
    Na maior parte, concordo com o que foi escrito. Parece-me que somente as cidades turísticas do interior têm alguma vida cultural. Cidades que vivem da indústria, e principalmente da agropoecuária são extremamente conservadoras, provincianas.
    Mesmo nas cidades onde existem grandes universidades, os universitários não participam da vida cultural da cidade. Depois que se formam, vão embora.
    Os políticos locais só se dão bem se forem aliados ao governador. Realmente não existe nenhuma liderança política brasileira que cresceu no interior.

  11. Nassif tem uma cidadezinha
    Nassif tem uma cidadezinha aqui perto da minha chama Macatuba, tem um teatro maravilhoso, dígno dos maiores centros, e a cidade deve ter uns 30mil habitantes.na minha cidade lençóis paulista, tem 2 usinas de açucar e alcool, industrias de celulose e papel grupo Lwart, e várias outras.cidade que tem 65 milhabitantes,não tem desemprego e nem mendicância nas ruas.O prefeito daqui é o 11 melhor do estado.Estão construindo um teatro gigante.O PIB aqui é altíssimo, pq as industrias são exportadoras.Obs- agora é a prefeita.

  12. Por favor, Nassif, não
    Por favor, Nassif, não acalente muitos sonhos em relação à vida pacata e sossegada de uma cidade do interior.
    O trânsito é incomparavelmente melhor, do que decorre um maior tempo livre para ser aproveitado e menos stresse e desgaste. E é só.
    Apesar disso, colegas meus do interior constumam ficar trabalhando até 19 ou 20hs. Igual à Sampa, ou até mais.
    Tenho a impressão que o consumo de drogas e álcool pelos jovens é até mais dissiminado do que na capital e as criminalidade e violência decorrentes, por via de conseqüência, a mesma. O poder político concentrado em umas poucas famílias e seus desmandos são problemas que ninguém da capital conhece ou já teve que lidar.

  13. O tema é muito interessante.
    O tema é muito interessante. Lá em Marília, estão começando a surgir esses malditos condomínios protegidos por muros altíssimos. Como uma cidade tão bonita pode deixar-se levar por esses empreendimentos? Mas, infelizmente, o modelo a ser seguido é o das metrópoles. Bauru, cidade vizinha, também está passando pelo mesmo flagelo urbanístico, piorado pelo abandono da ferrovia. Falta liderança.
    Agora, uma coisa é certa: a Marília dos anos 70 em nada, mas absolutamente em nada, tem a ver com a de hoje. A cidade está muito melhor, e isso tem a ver com as universidades que lá estão, apesar dos pesares.
    Outro tema trazido pelo Marco Villa é a atuação da ALESP. Pouco se publica sobre a atuação dela. Qual o motivo?

  14. O artigo é de um preconceito
    O artigo é de um preconceito terrível. O professor Villa esqueceu-se, por exemplo, que Araraquara recebeu Sartre na década de 60. A cidade não pode ser julgada por conta de um processo. O processo não foi iniciativa da cidade inteira, mas sim de um pequeno grupo.
    Concordo com o Ricardo quando ele fala dos condomínios fechados, que também tomam conta de São Carlos, que conehço melhor.
    Aliás, o professor não conta que em São Carlos, um antigo cinema no centro da cidade, foi reabilitado pela prefeitura local e voltou à atividade, tornando-se uma alternativa mais popular aos cinemas do shopping. Semana passada, enquanto os do shopping passavam Madasgar em duas salas, o cinema municipal começava a passar o filme do Woody Allen e também o nacional Romance.
    Só para terminar, São CArlos inugurou na praça central da cidade um monumento à medalha de ouro no salto em distância de Maurren Maggi.

  15. Aqui no Rio temos um exemplo
    Aqui no Rio temos um exemplo bastante significativo de potencialidades do interior. O atual vice-governador Luis Fernando Pezão foi prefeito da cidade de Piraí, onde implementou uma administração moderna e eficiente, colocando-o como uma das principais revelações no cenário político do estado.

  16. O interior pode sim
    O interior pode sim integrar-se aos centros globais mais avançados, contudo, terá de fazer corretamente essas costuras, e por enquanto não está fazendo isso.

    O que está ocorrendo são alianças entre os centros avançados, geralmente as capitais e as metrópoles, para estabelecer acordos financeiros e políticos de ocasião, ou sejam, aqueles constantes da agenda central, o que reforça a hierarquia central. As capitais oferecem “oportunidades de negócios” aos centros menores, vinculados ao interesse político.

    No caso do prof. Villa há o vínculo da UFSCar, que hoje está dividida, assim como a USP, entre comunidades universitárias que querem em parte aprofundar a pesquisa, e em parte se envolver diretamente com a política e se tornarem a nova classe dominante da cidade, procurando agregar os setores tradicionais da cidade.

    O caso é que os métodos e práticas dessa “comunidade tecnológica” não está avançando a democracia, mas criando conflitos que nunca houve antes na cidade. O risco é que suas lideranças se tornem novos “coronéis tecnológicos”. Eles terão de superar esse estágio.

    A contrapartida disso seria o avanço das relações dos entes federativos, entre município e federação ou estados, mas isto também se complica pela formação das redes de influência política, que no fundo está atuando como facilitadora de grandes negócios, no presente caso a partir do Estado de São Paulo e São Carlos.

    Isso começou com as privatizações e com o neoliberalismo e em grande parte foi bom, não foi ruim, isto é, do ponto de vista da alavancagem de grandes negócios, isto projetou a economia brasileira, mas, porém, persiste o “vício de origem”, que terá de ser superado, para que um processo de desenvolvimento sustentável se instale, sem tanta ingerência política, mas com parcerias do Estado, independente das cores políticas e baseado na competitividade local e global.

  17. de lençóispaulista:Orígenes
    de lençóispaulista:Orígenes Lessa – escritor
    Guilherme Leme – ator
    Claudinei Quirino – velocista
    Miguel de Oliveira – pugilista
    por isso meu caro professor villa, não tenha preconceitos com o interior de sp.TUDO, que tem em sampa, tem aqui, só rodar uns 45 a 50km achamos.sem congestionamento e sem stress só na rondon duplicada e sussu.Por ex:Bauru Botucatu Jaú etc…..

  18. Sartre esteve em Araraquara?
    Sartre esteve em Araraquara? Que eu saiba ele veio à São Carlos, onde visitou a UFSCar e influenciou decisivamente o curso do Departamento de Filosofia da UFSCar; que contou com muito tempo a presença ilustre de Bento Prado Jr. até 2007. Eu moro em São Carlos, não sou nativo, mas não tenho muitos problemas com a população local. O provincianismo não é uma marca própria do interior de SP, nem mesmo do interior; há capitais que são extremamente conversadoras também, ainda que veladamente, principalmente no Nordeste (onde nasci). De fato, a verdade é que, no Brasil, de modo geral, ainda persiste uma visão de mundo que remonta o período colonial. Não creio que ascendemos ainda a um novo patamar de desenvolvimento social, tal como se pode observar com mais evidência nos países europeus atuais.

  19. Deveras um tema interessante
    Deveras um tema interessante e rico. Políticas públicas: a secretaria de cultura de Minas privilegia projetos do interior para conceder incentivos, considerando que a prefeitura de BH tem recursos para aprovar os da capital. Minha percepção, em Minas, é que as ações de interiorização dependem muito das do poder público (prefeituras) e de grandes empresas. É importante avaliar o empreendedorismo que prosperou nos anos 90: os pequenos negócios no interior, incentivados pelo Sebrae, sobrevivem?

  20. É bom ler este relato de José
    É bom ler este relato de José de Abreu. Isso talvez traga alguma esperança para a região do Vale do Paraíba e arredores, porque, infelizmente, aqui, apesar de ser uma das regiões mais abastadas do país em empresas, elas não investem em projetos culturais daqui da região nem com recursos próprios e muito menos via renúncia fiscal (Lei Rouanet). As empresas aqui são nulas, como é o caso da CSN que criou a sua fundação para viver de Lei Rouanet. Olha como o sofisma cultural funciona: a CSN que tinha, por exemplo, em seu quadro cultural uma das melhores bandas de música do Brasil, destruiu por ser mantida com recursos próprios. E o que ela faz? Monta uma orquestra mista com alguns alunos e profissionais em apresentações em que a Fundação CSN é a proponente e a CSN a patrocinadora. No que resulta? Em nada, ou em resultados pífios para a comunidade.

    Vou listar algumas empresas instaladas aqui e que nada fazem para a cultura: INB, Gerdau, CSN, Votorantin, Light, Furnas, Pegeaut, Wolkswagen, Nova Dutra e muitas outras, sem falar dos bancos, grandes ou pequenos, estão todos aqui. O mesmo gerente que tem autonomia para arrecadar e lucrar com as comunidades, não tem autonomia para investir em cultura nas mesmas comunidades, ao contrário, estes bancos levantam edifícios suntuosos nos grandes centros com o nome de centros culturais, mas na verdade são inacessíveis à grande maioria da população brasileira.

    Acontece que a Lei Rouanet já apresenta distorções nas capitais, imagina o impacto disso no interior. Essas empresas citadas, por exemplo, estão aqui dentro das cidades, causando impactos ambientais, convivendo com as comunidades, porém os seus escritórios estão nos grandes centros, pior, a cultura dependendo da visão patronal do marqueteiro, este, por sua vez, tem sempre pedidos de políticos, sem falar logicamente, que as empresas, estatais ou privadas, privilegiam os projetos que lhes dão retorno de mídia, ou seja, gente que tem toda a matéria-prima que um deslumbrado marqueteiro adora. Não há estratégia de cultura regional, muito menos de país, esta responsabilidade inexiste.

    Por conta disso, tenho participado de debates culturais e, principalmente sobre a Lei Rouanet. Ela, que deve passar por reformas, dificilmente alcançará êxitos que se estendam ao interior, digo, aos artistas e produtores que estão no interior. Esta é uma questão complexa e sugiro, Nassif, que se estenda aqui no blog.

  21. O projeto Reuni, do MEC, está
    O projeto Reuni, do MEC, está estendendo as universidades federais às *pequenas cidades*. Eu saí de Porto Alegre para trabalhar no campus da Universidade Federal de Santa Maria em Frederico Westphalen, cidade de pequenas propriedades, 27 mil habitantes, no Norte do Rio Grande do Sul. Qualidade de vida melhor que na capital, povo educado (carros param em faixas de segurança), internet banda larga, TV por satélite, parabólicas, boas estradas.

    E agora, com as “cidades digitais”, há possibilidade de que as prefeituras implantem internet sem fio gratuita em toda a cidade por um custo razoável.

    Ou seja: não existem mais cidades “do interior”. Todas as cidades são iguais, só que, nas pequenas, a qualidade de vida é melhor.

  22. A mudança tem sido mais
    A mudança tem sido mais rápida do que as cidades conseguem suportar. Floripa é um bom exemplo. Conheci a cidade há mais de trinta anos e volto lá esporadicamente. Cada retorno é um susto.

    O pior é que quanto mais mudam, mais ficam iguais a Rio e SP. Não há projetos próprios nem aprendizado com os erros dos outros. Ao contrário, os modelos e até as plantas e os nomes dos imóveis das grandes metrópoles são reproduzidos.

    Balneário Camboriú, por exemplo, tornou-se um Higienópolis ou Itaim à beira-mar. Copacabana, se quiserem. Uma torre mais alta que a outra, uma guerra pelo sol e pelo mar.

    Enquanto isso, a ligação com a capital vizinha, Florianópolis, por rodovia federal que une o sul ao norte do país, vive congestionada. Nem marginal tem como a Dutra em Guarulhos. O breve percurso pode durar horas. Já está sendo pedagiada, a R$ 1,50 por trecho. Melhor que em SP, mas o investimento, repito, é federal para um trânsito sobretudo local. O preço do pedágio em SP é um assalto, mas convenhamos que é o único estado que investe em rodovias decentes. A BR 101 continua um trem fantasma.

  23. Para saber se uma cidade do
    Para saber se uma cidade do interior é ou não provinciana, fale de um dispositivo urbano qualquer da dita cuja (que não esteja funcionando bem, obviamente) com um habitante local. Se ele responder algo como “se não gosta, por que não sai daqui?”, a resposta está dada.

  24. Complementando: não é à toa
    Complementando: não é à toa que Santa Cantarina está copiando até as enchentes de São Paulo… Triste.

    As prefeituras falham sistematicamente naquilo que é sua razão de existir: organizar o uso e a ocupação do solo.

    Se fizerem isso direito, só isso, não precisa fazer mais nada. O resto é conseqüência. Mas como fazer se elas vivem da venda de metro quadrado? Isso quando a corrupção deixa algum dinheiro entrar no cofre…

    Bota tristeza nisso…

  25. Villa é um caso grave… São
    Villa é um caso grave… São Carlos, a cidade em que vive (e onde passei parte de minha infância e juventude), além de apresentar estatísticas que a colocam entre um dos melhores locais para se morar no Brasil, oferece – graças, sobretudo, às duas universidades públicas, USP e UFSCar, mas também a um SESC muito atuante – uma vida cultural intensa para uma cidade do interior.

    Tem restaurantes e bares agradáveis e em bom número e uma filial “state of the art” de uma grande rede de livrarias no centro da cidade, região que acaba de reinaugurar um cinema e que passa por revitalização, incluindo recuperação da fachada de prédios históricos.

    Se há algo a lamentar em São Carlos, hoje, é o fascínio embasbacado pelo american way of life, traduzido na profusão de franchisings, em um shopping pra lá de jeca e no deslumbre por condomínios idem, espalhados nas franjas da cidade e que buscam reproduzir a vida nos subúrbios norte-americanos em pleno interior paulista.

    Espero que, quando me aposentar, daqui uns vinte anos, possa comprar uma propriedade em São Carlos e viver lá, pois é uma cidade adorável para quem tem sensibilidade para as coisas belas.

  26. Pelo que vejo no seu blog,
    Pelo que vejo no seu blog, você parece ter admiração pela sua Poços de Caldas, Nassif.

    … eu nasci em Penápolis, no noroeste paulista, e visito a cidade com alguma regularidade até hoje. Já morei em São Paulo e na Europa, e hoje vivo nos EUA.

    Mesmo tendo estudado e sempre buscado oportunidades de expandir meu conhecimento e melhorar a minha educação, se eu voltasse para a cidade em que nasci, com seus 60.000 habitantes de hoje, duvido que eu estivesse entre os 1% mais esclarecidos… de fato, me alegraria muito conhecer apenas a metade destas talvez 600 pessoas.

    De resto, eu concordo com outros comentários daqui sobre as vantagens da vida no interior e a noção imprecisa que comumente se tem sobre regiões desse tipo.

    P.S.: eu não coloquei meu nome no campo “autor” por questões de privacidade (ou paranóia mesmo), mas veja que estou usando o e-mail de sempre.

  27. Prezados, concordo em parte
    Prezados, concordo em parte com a visão do comentador Sérgio Saraiva. Infelizmente não li o texto em análise, mas afirmo que a realidade vivida por vocês no Sudeste é muito, mas muito diferente daquela que verificamos por estes lados do Norte. Nós não temos a experiência de “cidades do interior”, a não ser em locais muito específicos, geralmente aquelas que são pólos industriais, base de empresas extrativistas ou centro de determinadas regiões.
    Falo de Santarém, de Marabá, de Carajás, entre outras.
    A região metropolitana de Belém, composta por cinco cidades, HOJE começa a ver algum avanço em termos de infra-estrutura, de cultura, de lazer. A cidade contígua a Belém (Ananindeua) tem 65 anos e somente há 5 teve instalado um campus de uma universidade privada.
    Benevides, um pouco mais à frente, há 2 anos (se não estou enganado), teve instalada uma grande unidade de uma cervejaria. E Belém é uma cidade unicamente voltada para a prestação de serviços, com uma especulação imobiliária absurda e com uma qualidade de vida que custa muito caro para se ter o mínimo.
    Belém está saturada. Chegamos na beira do rio e acabou.
    Estamos agora num processo de expansão, que vai durar um bom tempo, considerando-se [mode Ironia on] o projeto político, o planejamento urbano e a visão de futuro dos prefeitos da região metropolitana [mode Ironia off].
    Não temos a experiência de um interior integrado, rico e com oportunidades. Ainda não.

  28. Nassif:

    Concordo com o seu
    Nassif:

    Concordo com o seu comentário, mas discordo em um ponto. Não acredito que as grandes metrópoles serão desafogadas. As grandes metrópoles perderão cada vez mais postos de trabalho, sejam postos que exigem baixa escolaridade, sejam aqueles que exigem muita especialização.

    Os cidadãos com grau de especialização elevado passarão a deixar as grandes metrópoles, ficando estas habitadas por pessoas sem nenhuma expectativa de nada. Isso agravará cada vez mais o caos das grandes cidades. Aliás, acho que é isso que já está acontecendo.

  29. Com todo respeito à aprazível
    Com todo respeito à aprazível Poços de Caldas, duvido que Luis Nassif voltasse a residir na localidade. O tempo dos cassinos, das visitas presidenciais, dos bancos (financeiros) que se formavam na região não voltam mais.

  30. Moro em Irati, no interior do
    Moro em Irati, no interior do Paraná.
    Aqui tem teatro, cinema, Universidade Pública com cursos de engenharia floretal e ambiental considerados os melhores do Brasil
    Tem banda larga, clima agradável, escolas públicas e particulares de qualidade.
    Quando tem vestibular anoto placas de veículos de São Paulo, Campinas, Cuiabá, Campo Grande,
    Curitiba, Florianópolis, etc.
    As ruas tem pouco trânsito e tem parque para caminhada.
    As praças são bem iluminadas e cheias de pessoas fazendo exercícios nas academias ali montadas…

  31. Não posso falar sobre
    Não posso falar sobre livrarias, realmente não sei. Agora essa coisa de ter um Teatro também não significa muito se ele não é usado. Ou é usado para outros fins como formaturas, palestras, espetáculo de fim de ano de escola de dança, etc; acho importante ter um órgão de Cultura nas prefeituras (se bem que às vezes vc ache cada anta nesses cargos!). Tem muitos grupos de teatro de São Paulo, capital, que vivem de viajar para o interior. Não são famosos, mas vivem bem. O Sesc e a Secretaria Estadual de Cultura do Estado tem bons planos de interiorização cultural.

    Penápolis, Birigui, Araçatuba. Baurú fazem parte da minha infância, tenho família em Birigui e acompanhei de perto a evolução. São Carlos, Ribeirão eram as cidades grandes onde, de Sta. Rita do Passa Quatro onde nasci, íamos comprar coisa não encontradas na terra natal. Realmente muitas cidades perdem o rumo, mas é interessante essa nova possibilidade de vida. O Lima Duarte mora no interior, pega o avião em Viracopos (tem cada estrada!) e vem gravar no Rio. Melhor que vir de Congonhas.

    Carlos Henrique
    Esse problema existe em todos os lugares. Sempre os mais conhecidos conseguimos patrocínio. Chato isso, penei muito nos anos setenta, voltando da Europa e morando em Pelotas! Qualquer porcaria de peça que vinha do Rio ou Sampa lotava e ninguém ia ver a gente… Porto Alegre a mesma coisa. Agora melhorou um pouco lá…

    A CSN tem patrocinado muito cinema, Tropa de Elite (teve umas sessões com o elenco aí) entre outros.

  32. Não sei se esse Villa é
    Não sei se esse Villa é neocon, mas que ele escreveu muita coisa que é verdade, isso é certo. Moro e sou nativo de Piracicaba e fica à 165 Km de São Paulo. Aqui na região vejo muito do que ele disse sobre como se comporto os políticos, seus eleitores e a imprensa local. Aqui na minha cidade, por exemplo, os poucos programas na TV da cidade, detalhe só passam na TV a Cabo, são de futilidades tentando imitar Ana Maria Braga e Amaury Jr. É ridículo ver q nos jornais impressos a parte de coluna social é super destacada e sempre os figurões q sempre aparecem são políticos influentes e pessoas de famílias tradicionais frequentando festinhas nos seus clubes. É nojento, mas eu convivo com isso diariamente e posso dizer com toda a certeza que aqui é super provinciano mesmo.

  33. Curiosa é a situação. O
    Curiosa é a situação. O interior do estado de São Paulo tem uma vida acadêmica — com produção de conhecimentos avançados — muito profícua. Com o perdão das omissões,:

    -Campinas tem a Unicamp
    -São José dos Campos tem o INPE
    -Piracicaba é um polo de excelência em Agronomia com a ESALQ
    -São Carlos tem a EMBRAPA e é um polo de física e química aplicadas, com USP e UFSCAR
    –Botucatu e Ribeirão Preto tem faculdades de Medicina de ponta
    –Araraquara tem um dos melhores institutos de química (UNESP) do Brasil , além de um centro de linguística importante
    -Jaboticabal é um polo de excelência em Zootecnia e Veterinária, via UNESP

    e no entanto….

    muitos colegas de UNESP e USP do interior dariam tudo para estar em São Paulo, Capital. As queixas são sempre o “não tem o que fazer”, “não tem com quem sair”, não há restaurantes, não há polos culturais com atrações todos os dias, cultura de ponta. Estes colegas se sentem isolados, sem ter com quem compartilhar suas opiniões, sem encontrar pessoas com a mesma mentalidade, a não ser no próprio departamento…

    Além de “ter cinema”e “ter teatro” é preciso muito mais, é preciso uma comunidade de pessoas que se identifiquem minimamente.

  34. Estou ausente desde agosto de
    Estou ausente desde agosto de 2008.
    Passei por poucas e boas; tomei um tombo, machuquei-me (quebrei duas costelas ao cair sobre a empunhaddura da bengala) e, se não bastasse, um médico descobriu que estou propenso a AVC e que deveria ser colocada uma “molinha” em meu cérebro e que se a cirurgia não obtivesse sucesso absoluto, eu teria somente o lado direito danificado, sem problemas na fala.
    Devido à minha idade, não quis correr o risco. Já posso me sentar sozinho.
    Vou levando…
    Ia me esquecendo que o assunto é sobre as cidades do interior. Eu sempre morei no interior. Li os comentários e, sinceramente, não tem jeito de vender o cavalo e segurá-lo pelo rabo, ou seja, se pesarmos todas as mazelas, o interior é bem melhor. Moro em uma cidadezinha de aproximadamente 6000 (seis mil) habitantes, com mais de 50% na zona rural, os ladroezinhos, ao atingirem a idade de 18 anos seguem para os grandes centros (como se manter em um lugar tão pequeno?), a verdura e os legumes, além de outras mercadorias, são adquiridas por escambo.
    Abraços a todos,
    Tio-avô.

  35. Como disse o Julio, de fato
    Como disse o Julio, de fato há é comum essa “divisão em castas” em cidades do interior que tenham câmpus universitário. No estado de São Paulo, o exemplo clássico é o da Unesp, que surgiu do encampamento de muitas faculdades e universidades municipais. Com o encampamento, passou a haver uma maior divulgação dos cursos para fora da cidade em que estavam sediados e assim, maior afluxo de estudantes de outras cidades.
    A população local já apelava para outras cidades quando não havia o curso que queria no município, mas tendia a estudar nos cursos locais quando tinham a especialidade almejada.

    Com o aumento da concorrência nos cursos outrora mais povoados por gente da cidade, muitos locais ficaram com a sensação de que os forasteiros roubaram as vagas de quem é do local e, assim, criou-se uma mentalidade hostil para com os estudantes de outras cidades. A eles, agregou-se a pecha de maconheiros, vagabundos e outras coisas. Muitas vezes, o estudante até tenta se integrar um pouco que seja ao local, mas quando recebe a hostilidade ou o “se não gosta daqui, por que não vai embora?”, acaba por viver sua vida apesar da cidade onde está. Se a cidade tiver boa infraestrutura e empregos, haverá a tendência de ele se integrar e talvez seguir morando no lugar após o fim do curso. Se nada disso existir, a fuga de cérebros será inevitável.
    Porém, que voltemos ao período de estudos. Com a hostilidade dos locais perante os forasteiros, a tendência é a de esses estudantes formarem comunidade bem coesa e que vive praticamente à parte da tal cidade. Ainda que formando a tal “casta”, o clima acaba sendo mais agradável a quem, entre outras coisas, precisa enfrentar a dor da saudade da família, dos amigos locais, do par amoroso que lá deixou, etc.

    Esses estudantes, no câmpus, acabam por criar pequenas programações culturais para compensar a falta de um circuito cultural ativo na cidade. As festas de república também acabam tendo o objetivo de juntar um monte de gente de mesmo grau cultural e departamento e dependendo da situação, podem ser bem frequentes. Porém, há cidades cuja população hostiliza tanto os forasteiros que até mesmo as tais festas de república inexistem. Basta aumentar um pouquinho que seja o som ou juntar muitas pessoas em um mesmo lugar que logo os locais passam os dedos nas teclas 1, 9 e 0. E tome patrulhinha em cima de quem faz a tal festa. Lembram-se da cidade do filme “Footloose”, em que era proibido fazer festa? Então, há cidades do interior que são igualzinhas, mas nem de longe com a mesma infra daquele pequeno município.
    Aliás, falando em infra, já vi bons e maus municípios do interior. Há uns que outrora foram pujantes e que hoje não têm uma rua que seja que não tenha um buraco e cujo transporte coletivo cai aos pedaços. E aqui, fala-se de cidades que passam da centena de milhar de habitantes. Porém, a populaçãozinha de lá segue bairrista e orgulhosa ao extremo. Fale que a rua está uma renda portuguesa de tantos buracos, fale que o ônibus é podre e faz trajetos esdrúxulos para ir do ponto A ao B, fale que o posto de saúde é horrível, fale que as opções culturais são poucas e a resposta que receberá é um “se não gosta daqui, por que não vai embora?”. Aliás, é o que a maioria desses olhares do estrangeiro fazem ao fim dos cursos. E também o que muitos olhares locais fazem, seja por irem para faculdades em outras cidades, seja por conseguirem empregos em outras cidades só para superar a estagnação geral de seus municípios de origem.

    Talvez seja uma questão até mesmo de políticas municipais (ainda que suspeite que não interesse) que as cidades na situação acima descrita lutem ao máximo contra a mentalidade de gueto que os locais têm. Isso está contribuindo sobremaneira para a estagnação que algumas enfrentam, apesar de possuírem universidades, empresas grandes e centros de referência em seu perímetro.
    Se São Paulo e Rio seguem superpopulosos apesar de não terem emprego para todos os moradores e muitas cidades do interior terem cargos bem pagos e/ou de bom gabarito sobrando, que ninguém duvide que parte do motivo para que sigam vagos está na postura da população local perante aqueles de fora que os ocupam ou porventura tentem ocupar. Nas duas cidades citadas no início deste parágrafo e em outras que aqui não citei, as pessoas podem viver livres de amarras invisíveis construídas pelo ambiente local. Têm a verdadeira liberdade, que é a liberdade de pensamento, liberdade essa que transcende a simples liberdade de expressão, de crença e as outras de costume. Nas cidades que oferecem a tal liberdade de pensamento, aqueles que pensam diferente da corrente normal podem até enfrentar uma ou outra hostilidade, mas essa hostilidade nem de longe impedirá que esses consigam viver suas vidas.

  36. É aquele negócio, ou se é um
    É aquele negócio, ou se é um profissional sério, ou se é um profissional midiático. Eu sugiro que os pais verifiquem se esse professor leciona nas escolas onde estudam seus filhos. Em caso afirmativo, botem seus filhos em outra escola imediatamente

Você pode fazer o Jornal GGN ser cada vez melhor.

Apoie e faça parte desta caminhada para que ele se torne um veículo cada vez mais respeitado e forte.

Seja um apoiador