Cidades sul-americanas precisam aprender juntas

Em visita a Salvador para participar do ArquiMemória, o arquiteto, intelectual e político uruguaio Mariano Arana, responsável pela requalificação do centro histórico de Montevidéu (fotos abaixo), obra de repercussão internacional, criticou o estado atual do Pelourinho, em Salvador. Para ele, o modelo adotado não corresponde ao desenvolvimento do local. “Entristeço-me com o Pelourinho. Claro que todo mundo não pode morar ali, mas muita gente já não vive lá porque muitas moradias foram transformadas em comércio. Esperamos que a sensatez logre um equilíbrio para que a cidade não termine excessivamente especializada em uma só visão”, opinou, em entrevista ao Bahia Notícias. Uma das soluções que Arana considera como viável é o investimento na fixação dos moradores. “Há de ter muito subsídio para eles seguirem vivendo onde nasceram seus pais e avós”, salientou.

O arquiteto que falou nesta quarta-feira sobre o tema “A Dimensão Urbana (e Humana) do Patrimônio. O caso de Montevidéu”, também afirmou que os lugares históricos precisam ter regras claras e permanentes de acordo com a realidade em que estão inseridos. “Essas partes específicas das cidades devem ser tratadas com normas especiais, e é preciso fazer com que essas normas se cumpram e não variem de acordo com interesses políticos ou econômicos, até inconfessáveis”, declarou. Mariano Arana comentou também que em muitas vezes o interesse imobiliário está por trás das mudanças negativas, mas não alivia em relação a seus pares. “Existem arquitetos que são menos sensíveis que muitos empresários”, advertiu. O uruguaio ainda lembrou que as cidades latino-americanas não precisam necessariamente copiar modelos europeus ou asiáticos.

Em sua opinião, a resposta para os dilemas das cidades sul-americanas podem estar na troca de informações sobre projetos bem-sucedidos no continente. ”Nós todos temos que aprender juntos. Produzimos coisas distintas como [Oscar] Niemeyer, mas em tudo somos iguais e por isso podemos melhorar a vida de nossa gente”, refletiu, ao lembrar do arquiteto brasileiro morto em 2012, referência mundial na arquitetura. O professor ainda destacou os trabalhos de João Filgueiras Lima, o Lelé, “extraordinário”, e a importância da arte na construção do patrimônio das cidades. “Quando há talento e, sobretudo sensibilidade, podem nascer obras magníficas. Essas reflexões e experiências permitem que avancemos todos juntos”, completou. Mariano Arana foi um dos se engajaram na luta contra a ditadura de seu país, foi prefeito da capital uruguaia durante dez anos consecutivos e é aliado do atual presidente José Pepe Mojica.

Fonte: http://www.bahianoticias.com.br/principal/noticia/136562-intelectual-uruguaio-critica-pelourinho-039-cidades-sul-americanas-precisam-aprender-juntas-039.html

Redação

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