Os desafios da política de Cultura em SP

Por Carlos Henrique Machado Freitas

Comentário do post “A renovação cultural em São Paulo

Hoje um dos grandes desafios que provavelmente Haddad vai enfrentar, e tenho certeza que Juca Ferreira sabe disso, é a disputa interna no setorial cultura do PT. Na verdade os rumos que essa espécie de picadão político tomou, colocou o partido bem distante do significado de política pública de cultura. Na realidade tanto o Estado quanto os partidos foram centrifugados e reduzidos à lógica redefinida pela gestão corporativa. Então toda aquela cultura funcional a que assistimos dentro dos institutos e fundações das grandes corporações, à medida em que o tempo passou, ocuparam suas devidas presenças dentro de grupos e tribos políticos no Estado e nos partidos, e o PT está longe de ser diferente disso.

A presença da política miúda que fraciona a ocupação dos espaços não deixa que as perspectivas de fruidez permitam que o próprio partido se desvencilhe dessa esquizofrenia.

Marta Suplicy terá pela frente esse desafio já que vem cumprindo uma agenda de recuperação perdida nos dois anos em que Ana de Hollanda esteve à frente do MinC. Mas ela precisa alterar as relações entre o MinC e a sociedade num discurso oficial longe das empresas e com mais participação dos intelectuais brasileiros.

O sentimento que se tem ainda é o de um funcionamento do sistema isolado da realidade brasileira, mesmo com todo o progresso que se teve com a chegada dos pontos de cultura. A expectativa, sobretudo agora, é de que tanto Marta quanto Haddad rompam a cortina de interesses dentro do PT e dos gestores corporativos que passam a vida reclamando mais recursos para a cultura e impedindo que um movimento intelectual intervenha e aprofunde o debate.

Não precisa ter olho clínico para ver o quanto tudo se tornou vagaroso e imbricado nessa operação cultural que vive de editais, de uma ação “racional” e, consequentemente virtual. Na prática houve uma acomodação entre os velhos xerifes da Cultura PT com toda a representação falsificada de cultura que os gestores ligados ao PSDB e Dem vem adotando há muito tempo.

Se deixar como está, os caminhos de Juca Ferreira e Marta Suplicy se tornarão difíceis e estimulará cada vez mais um tipo de prática fisiológica do toma lá dá cá.

Luis Nassif

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