A guerra nas estrelas já começou?

Enviado por Edsonmarcon

Da Scientific American Brasil

Guerra no espaço pode estar mais perto que nunca

Embora neguem, China, Rússia e Estados Unidos estão desenvolvendo e testando novas e controvertidas tecnologias para travar guerras espaciais

China míssil / AP

Em 2007, os riscos de detritos aumentaram drasticamente quando a China lançou um míssil que destruiu um de seus próprios satélites meteorológicos na baixa órbita terrestre.

Os EUA responderam na mesma moeda em 2008, ao redirecionarem um míssil antibalístico lançado de um navio para abater um satélite militar avariado pouco antes de ele cair na atmosfera.

Guerra no espaço pode estar mais perto que nuncaEmbora neguem, China, Rússia e Estados Unidos estão desenvolvendo e testando novas e controvertidas tecnologias para travar guerras espaciais

Lee Billings U.S. NAVY

Testes de mísseis antissatélites como este realizado pela Marinha dos Estados Unidos em fevereiro de 2008, fazem parte de uma preocupante marcha rumo a conflitos militares no espaço exterior.O ponto crítico militar mais volátil e preocupante do mundo não está, indiscutivelmente, no Estreito de Taiwan, na Península da Coreia, no Irã, em Israel, na Caxemira ou na Ucrânia.

De fato, ele não pode ser localizado em qualquer mapa da Terra, embora seja muito fácil de encontrar.

Para vê-lo, basta olhar para cima, para um céu claro, para a “terra de ninguém” que é a órbita terrestre, onde está se desenrolando um conflito que é uma corrida armamentista em tudo, menos no nome.

Talvez a vastidão do espaço exterior seja o último lugar em que se esperaria ver militares competindo por território disputado, exceto pelo fato de que o espaço exterior já não está mais tão vazio.

Cerca de 1.300 satélites ativos circundam o globo em um congestionado traçado de órbitas, fornecendo meios de comunicação, navegação por GPS, previsão meteorológica e vigilância planetária.

Para forças armadas que dependem de alguns desses satélites em guerras modernas, o espaço tornou-se a quintessência do “terreno elevado”, com os EUA como o rei indiscutível “no topo da colina”.

Agora, à medida que China e Rússia procuram agressivamente desafiar a superioridade americana no espaço com ambiciosos programas espaciais militares próprios, a luta pelo poder corre o risco de precipitar um conflito que poderia prejudicar seriamente, se não paralisar, toda a infraestrutura espacial do planeta.

E embora possa começar no espaço, uma confrontação desse tipo poderia deflagrar  facilmente uma guerra total na Terra.

As tensões que vinham fervilhando há muito tempo agora estão se aproximando de um ponto de ebulição devido a vários acontecimentos, inclusive recentes e contínuos testes russos e chineses de possíveis armas antissatélites, assim como o fracasso, em julho, das conversações sob os auspícios das Nações Unidas para aliviar as tensões.

Em depoimento perante o Congresso no início do ano, James Clapper, diretor de Inteligência Nacional, ecoou as preocupações de muitas altas autoridades do governo sobre a crescente ameaça a satélites americanos, ao afirmar que tanto a China como a Rússia estão “desenvolvendo capacidades para negar acesso em um conflito”, como os que podem eclodir por causa das atividades militares de Pequim, no Mar da China meridional, ou de Moscou, na Ucrânia.

A China, em particular, ressaltou Clapper, demonstrou “a necessidade de interferir com, danificar e destruir” satélites americanos, referindo-se a uma série de testes de mísseis antissatélites, que começaram em 2007.

Há muitas maneiras de desativar ou destruir satélites além de explodi-los provocativamente com mísseis.

Uma nave espacial poderia simplesmente se aproximar de um satélite e lançar (borrifar) tinta em seus dispositivos ópticos, ou quebrar manualmente suas antenas de comunicação, ou ainda desestabilizar sua órbita.

Lasers podem ser usados para desativar temporariamente ou danificar de forma permanente os componentes de um satélite, particularmente seus delicados sensores, e ondas de rádio ou micro-ondas podem bloquear ou sequestrar transmissões para ou de controladores em terra.

Em resposta a essas possíveis ameaças, a administração Obama programou um orçamento de pelo menos US$ 5 bilhões a serem gastos nos próximos cinco anos para melhorar as capacidades defensivas e ofensivas do programa espacial militar do país.

Os EUA também estão tentando resolver o problema por meio da diplomacia, embora com sucesso irrisório; no final de julho, na ONU, discussões há muito esperadas sobre um código de conduta para nações que exploram o espaço, redigido tentativamente pela União Europeia, empacaram devido à oposição da Rússia, China e de vários outros países, inclusive Brasil, Índia, África do Sul e Irã.

O fracasso colocou soluções diplomáticas para a crescente ameaça em um limbo, conduzindo, provavelmente, a muitos anos mais de debates no âmbito da Assembleia Geral da ONU.

“O xis da questão é que os Estados Unidos não querem conflitos no espaço exterior”, resumiu Frank Rose, secretário-assistente de Estado para controle de armamentos, verificação e cumprimento das leis, que liderou os esforços diplomáticos americanos para impedir uma corrida armamentista espacial.

Os Estados Unidos, declarou Rose, estão dispostos a trabalhar com a Rússia e a China para manter o espaço seguro. “Mas quero deixar muito claro: nós defenderemos nossos bens espaciais se formos atacados”.

Teste

A perspectiva de guerra no espaço não é nova.

Temendo armas nucleares soviéticas lançadas da órbita terrestre, os EUA começaram a testar armamentos antissatélites no final da década de 50.

Os americanos chegaram até a testar bombas nucleares no espaço antes que armas orbitais de destruição em massa foram proibidas através do Tratado do Espaço Exterior da ONU, em 1967.

Após a proibição, a vigilância baseada no espaço tornou-se um componente crucial da Guerra Fria, com satélites servindo como uma parte importante de elaborados sistemas de alerta antecipado de prontidão para detectar o posicionamento ou lançamento de armas nucleares baseadas em terra.

Durante a maior parte da Guerra Fria, a União das Repúblicas Socialistas Soviéticas (URSS) desenvolveu e testou “minas espaciais”, naves espaciais autodetonantes que podiam procurar e destruir satélites espiões dos EUA ao bombardeá-los com estilhaços.

Na década de 80, a militarização espacial culminou com a multibilionária Iniciativa de Defesa Estratégica do governo de Ronald Reagan, apelidada “Guerra nas Estrelas”, para desenvolver medidas retaliatórias orbitais contra mísseis balísticos intercontinentais soviéticos.

E, em 1985, a Força Aérea dos Estados Unidos fez uma clara demonstração de suas formidáveis capacidades, quando um caça F-15 lançou um míssil que destruiu um satélite falho americano na baixa órbita da Terra.

Durante tudo isso, não ocorreu uma corrida armamentista desenfreada e total, nem foram deflagrados conflitos diretos.

De acordo com Michael Krepon, perito em controle de armas e cofundador do think tank Centro Stimson, na capital Washington, isso se deveu ao fato de que tanto os EUA com a URSS perceberam o quanto seus satélites eram vulneráveis, especialmente os que encontravam em órbitas geossincrônicas (ou geoestacionárias), de aproximadamente 35 mil quilômetros ou mais.

Esses satélites efetivamente pairam acima de um ponto no planeta, tornando-os alvos muito fáceis.

Mas como qualquer ação hostil contra esses satélites poderia escalar facilmente para uma troca nuclear aberta na Terra, as duas superpotências recuaram.

“Nenhum de nós assinou um tratado sobre isso”, observa Krepon. “Simplesmente chegamos independentemente à conclusão de que nossa segurança estaria mais ameaçada se fossemos atrás desses satélites, porque se um de nós fizesse isso, então o outro também faria”.

Hoje, a situação é muito mais complicada.

Órbitas terrestres baixas e altas tornaram-se incubadoras de atividade científica e comercial, repletas de centenas e centenas de satélites de cerca de 60 nações diferentes.

Apesar de seus propósitos majoritariamente pacíficos, todos os satélites, sem exceção, estão em risco, em parte porque nem todos os membros do crescente clube de potências militares espaciais estão dispostos a agir de acordo com as mesmas regras, e nem precisam fazer isso, porque até agora elas ainda não foram escritas.

Lixo espacial

Satélites se deslocam pelo espaço a velocidades muito altas; portanto, o jeito mais rápido e sujo de “matar” um deles é simplesmente lançar alguma coisa ao espaço para obstruir seu caminho.

Até o impacto de um objeto tão pequeno e rudimentar quanto uma bolinha de gude pode desativar ou destruir inteiramente um satélite de um bilhão de dólares.

E se uma nação empregar um método “cinético” desses para destruir o satélite de um adversário, ela pode facilmente criar detritos ainda mais perigosos, potencialmente originando uma reação em cadeia que transformará a órbita terrestre em palco de uma absurda corrida de demolição.

Em 2007, os riscos de detritos aumentaram drasticamente quando a China lançou um míssil que destruiu um de seus próprios satélites meteorológicos na baixa órbita terrestre.

Aquele teste gerou um “enxame” de estilhaços de longa vida que constitui quase um sexto de todos os detritos rastreáveis por radar em órbita.

Os EUA responderam na mesma moeda em 2008, ao redirecionarem um míssil antibalístico lançado de um navio para abater um satélite militar avariado pouco antes de ele cair na atmosfera.

Essa medida também produziu lixo perigoso, embora em quantidades menores, e os detritos tiveram vida mais curta porque foram gerados a uma altitude muito mais baixa.

Mais recentemente, a China lançou o que muitos especialistas dizem ser testes adicionais de armas cinéticas antissatélites baseadas em terra.

Nenhum desses novos lançamentos destruiu satélites, mas Krepon e outros peritos afirmam que isso é porque os chineses agora só estão testando para errar o alvo, em vez de atingi-lo, com a mesma capacidade hostil como resultado final.

O último desses episódios aconteceu em 23 de julho do ano passado.

As autoridades chinesas insistem que a única finalidade dos ensaios é defesa antimíssil pacífica e experimentação científica.

Mas um teste, realizado em maio de 2013, lançou um projétil desses a uma altitude de 30 mil km acima da Terra, aproximando-se do “santuário” de satélites geossincrônicos estratégicos.

Aquilo foi um chamado de alerta, admite Brian Weeden, analista de segurança e ex-oficial da Força Aérea que estudou e ajudou a divulgar o teste chinês.

“Os Estados Unidos aceitaram há décadas o fato de que seus satélites de baixa órbita poderiam ser abatidos facilmente”, diz ele. “Mas quase atingir [a órbita geossincrôncica] fez as pessoas entenderem que, nossa!, alguém realmente poderia tentar ir atrás das coisas que temos lá em cima”.

Não foi coincidência que pouco depois de maio de 2013, os EUA liberaram a divulgação de detalhes de seu programa ultrassecreto Consciência Situacional do Espaço Geossincrônico (GSSAP), um planejado conjunto de quatro satélites capaz de monitorar as altas órbitas da Terra e até se encontrar com outros satélites para inspecioná-los de perto.

Os dois primeiros GSSAPs foram lançados à órbita em julho de 2014.

“Este costumava ser um [chamado] ‘programa preto’, algo que oficialmente nem existia”, explica Weeden. “Ele basicamente foi oficializado (liberado para divulgação) para enviar uma mensagem dizendo: ‘Ei, se você estiver fazendo algo suspeito dentro e ao redor do cinturão geossincrônico, nós veremos’”.

Um intruso na órbita geossincrônica não precisa ser um míssil com uma ogiva (ponta) cheia de explosivos para ser um risco de segurança, mesmo aproximar-se ou se encostar em satélites estratégicos de um adversário é considerado uma ameaça.

Esta é uma das razões por que potenciais adversários dos Estados Unidos podem estar alarmados com as capacidades de rendezvous (encontros) dos satélites GSSAP e dos aviões espaciais robóticos altamente manobráveis X-37B da Força Aérea americana.

A Rússia também está desenvolvendo sua própria capacidade de abordar, inspecionar e potencialmente sabotar ou destruir satélites em órbita.

Nos últimos dois anos, o país incluiu três misteriosas cargas em lançamentos de outra forma rotineiros de satélites comerciais, sendo que o último ocorreu em março deste ano.

Observações de radar feitas pela Força Aérea americana e por entusiastas amadores revelaram que depois que cada um desses satélites foi posicionado, um pequeno objeto adicional voava para bem longe do foguete arremessado, só para depois dar meia volta e voltar.

Os objetos, apelidados Kosmos-2491, K-2499 e K-2504, podem ser apenas parte de um programa inofensivo para o desenvolvimento de técnicas para fazer a manutenção e reabastecer satélites velhos, argumenta Weeden, embora também possam ser destinados a propósitos mais sinistros.

Tratados oferecem poucas garantias

Autoridades chinesas sustentam que suas atividades militares no espaço são simplesmente experimentos científicos pacíficos, enquanto as autoridades russas em geral têm se mantido em silêncio na maior parte do tempo.

As duas nações poderiam ser vistas como simplesmente respondendo ao que elas entendem como o desenvolvimento clandestino, pelos EUA, de potenciais armas espaciais.

De fato, os sistemas americanos de defesa de mísseis balísticos, seus aviões espaciais X-37B e até suas naves espaciais GSSAP, embora todos ostensivamente destinados a manter a paz, poderiam ser facilmente convertidos em armas de guerra espacial.

Durante anos, a Rússia e a China vêm pressionando para a ratificação de um tratado legalmente vinculativo das Nações Unidas para banir armas espaciais; um tratado que autoridades americanas e especialistas externos têm rejeitado repetidamente como uma inviabilidade cínica.

“O esboço do tratado sino-russo visa proibir justamente as coisas que eles mesmos estão procurando desenvolver tão ativamente”, reclama Krepon. “Ele serve perfeitamente aos seus interesses. Eles querem liberdade de ação, e estão encobrindo isso com essa proposta para proibir armas espaciais”.

Mesmo se o tratado estivesse sendo proposto de boa fé “ele estaria morto ao chegar” ao Congresso e não teria a menor chance de ser ratificado, salienta Krepon.

Afinal, os EUA também querem liberdade de ação no espaço, e no espaço nenhum outro país tem mais capacidade e, portanto, mais a perder.

De acordo com Rose, existem três problemas fundamentais com o tratado.

“Um, ele não é efetivamente verificável, o que os russos e chineses admitem”, argumenta. “Você não consegue detectar trapaça. Dois, ele é totalmente silencioso (omisso) sobre a questão das armas terrestres antissatélites, como as que a China testou em 2007 e novamente em julho de 2014. E, terceiro, ele não define o que é uma arma no espaço exterior”.

Como alternativa, os EUA apoiam uma iniciativa liderada pela Europa para estabelecer “normas” para uma conduta adequada através da criação de um Código Internacional de Conduta para o Espaço Exterior, voluntário.

Este seria um primeiro passo, a ser seguido por um acordo vinculativo.

Um esboço dessa proposta, que Rússia e China impediram de ser adotada nas discussões de julho na ONU, exige maior transparência e “construção de confiança” entre nações com capacidade espacial como um meio de promover a “exploração e o uso pacífico do espaço exterior”.

Espera-se que isso possa impedir a geração de mais detritos e o contínuo desenvolvimento de armas espaciais.

No entanto, como o tratado russo-chinês, esse código também não define exatamente o que constitui uma “arma espacial”.

Essa imprecisão representa problemas para altas autoridades da defesa, como o general John Hyten, chefe do Comando Espacial da Força Aérea dos EUA.

“Nosso sistema de vigilância baseado no espaço, que olha para os céus e monitora tudo na órbita geossincrônica, é um sistema de armas?”, pergunta ele. “Creio que todos no mundo olhariam para isso e diriam não. Mas ele é manobrável, viaja a mais de 27.350 km por hora, e tem um sensor a bordo. Não é uma arma, certo? Mas a linguagem [de um tratado] proibiria a nossa capacidade de realizar uma vigilância baseada no espaço? Eu espero que não!”

Guerra no espaço é inevitável?

Enquanto isso, mudanças na política dos EUA estão dando à China e à Rússia mais razões para novas suspeitas.

O Congresso tem pressionado a comunidade de segurança nacional dos EUA a voltar suas atenções para o papel das capacidades ofensivas, em vez das defensivas, chegando até a impor que a maior parte do financiamento do ano fiscal de 2015 para o Programa Segurança e Defesa Espacial, do Pentágono, seja destinada ao “desenvolvimento de estratégias e capacidades ofensivas de controle e defesa ativa do espaço”.

“Controle espacial ofensivo” é uma clara referência a armas.

“Defesa ativa” é uma expressão muito mais nebulosa e se refere a medidas indefinidas de retaliação ofensiva que poderiam ser tomadas contra um atacante, ampliando ainda mais os caminhos através dos quais o espaço pode se tornar um ambiente equipado com armas.

Se uma ameaça iminente for percebida, um satélite ou seus operadores poderiam desfechar um ataque por meios de lasers ofuscantes, micro-ondas de interferência, bombardeio cinético, ou diversos outros métodos possíveis.

“Espero nunca travar uma guerra no espaço”, diz Hyten. “Isso é ruim para o mundo. A cinética [armamentos antissatélites] é horrível para o mundo”, devido aos riscos existenciais que os detritos representam para todos os satélites.

“Mas se a guerra se estender ao espaço”, argumenta ele, “precisamos ter capacidades ofensivas e defensivas com que responder, e o Congresso nos pediu que explorássemos que capacidades seriam estas. E, para mim, o único fator limitante é ‘nada de detritos’. Não importa o que faça, não crie detritos”.

Uma tecnologia para bloquear ou interferir em transmissões, por exemplo, parece sustentar o Counter Communications System (CCS), o sistema de interferência ofensiva em comunicações da Força Aérea, a única capacidade ofensiva americana reconhecida contra satélites no espaço.

“Basicamente o CCS é uma grande antena sobre um trailer, e ninguém sabe como ele realmente funciona, o que de fato faz”, informa Weeden, salientando que, como a maior parte das atividades (trabalhos) espaciais, os detalhes do sistema são ultrassecretos.

“Tudo o que sabemos essencialmente é que eles poderiam usá-lo de para interferir ou bloquear de alguma forma satélites de um adversário ou talvez até enganar ou hackear os instrumentos”.

Para Krepon, os debates sobre as definições de armas espaciais e a agressiva exibição de poder militar entre Rússia China e Estados Unidos estão atrapalhando e eclipsando a questão mais premente dos detritos espaciais.

“Todo mundo está falando sobre objetos intencionais, feitos pelo homem, destinados a travar guerras no espaço, e é como se estivéssemos de volta na Guerra Fria”, compara.

“Enquanto isso, já há cerca de 20 mil armas lá em cima em forma de detritos. Eles não têm nenhum propósito, e não são guiados. Eles não estão procurando detectar satélites inimigos. Eles só estão zanzando por lá, fazendo o que fazem”.

O ambiente espacial, salienta, precisa ser protegido como um bem comum global, como os oceanos e a atmosfera da Terra.

Lixo espacial é muito fácil de ser produzido e muito difícil de ser eliminado; por essa razão, os esforços internacionais deveriam se concentrar na prevenção de sua criação.

Além da ameaça de destruição deliberada, o risco de colisões acidentais e impactos de detritos continuará aumentando à medida que mais nações lançam e operam mais satélites sem uma rigorosa responsabilização e supervisão internacional.

E, à medida que a chance de acidentes aumenta, o mesmo acontece com a possibilidade de eles serem mal interpretados como ações deliberadas e hostis na tensa intriga melodramática dessa intensa competição militar no espaço.

“Estamos no processo de sujar e estragar o espaço, e a maioria das pessoas não se dá conta disso porque não podemos vê-lo como vemos o abate de peixes marinhos, florações enormes de algas, ou os efeitos da chuva ácida”, adverte ele.

“Para evitar poluir e destruir a órbita terrestre, precisamos de um senso de urgência que atualmente ninguém tem. Talvez possamos senti-lo quando não conseguirmos usar nossa televisão por satélite ou nossas telecomunicações, ou acessar noticiários sobre o clima global e previsões de furacões. Quando formos catapultados de volta às condições da década de 50, talvez possamos adquiri-lo. Mas então será tarde demais”.

Sabrina Imbler contribuiu para a reportagem.  

Publicado em Scientific American em 10 de agosto de 2015.

Redação

14 Comentários

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  1. Nunca parou

    Desde a 1a configuração de um ABM ( anti-ballistic missile ), feita em 1967, e tornado operacional em 1975, como “Spartan” americano, e o sistema russo A-35M/Dunay – 2 operacional em 1977, a guerra no espaço jamais parou.

    1. E nunca chegou a lugar nenhum

      Gastou-se bilhões de dolares para resultados estatísticos zero. É mais propaganda que realemnte efetivo. Pena que a espécie seja tão irracional

  2. “Cabeça vazia, morada do diabo”

    Pelo visto, o texto foi escrito por algum milico, que aprendeu algumas coisas em sala de aula e está louco para por em prática estes ensinamentos, e, de quebra, ainda tenta atiçar o medo da população, para ver se descola mais alguma verba do seu governo para umas maluquices como essas. 

    No dia em que todos os países se respeitarem mutuamente, não haverá necessidade dessas maluquices; pena que sempre haverá algum psicopata tentando provar o contrário. 

     

  3. Se todos esses esforços e

    Se todos esses esforços e recursos fossem direcionados para objetivos nobres, e não guerras, certamente avançaríamos na escalada civilizatória. Acabaríamos com a fome, descobriríamos medicamentos para curar o câncer e outras patologias, universalizaríamos a educação e a cultura, as fronteiras da Ciência avançaria, e por aí vai. 

    Afinal, por que essa impulsão do Homem para a auto destruição? Por que entre Eros e Tanatos, ficamos com esse último?

     

     

  4. Enquanto a terra for um bom

    Enquanto a terra for um bom lugar para os BILIONÁRIOS, aquele 1% que controla tudo, NÃO TEREMOS GUERRA!

    Agora, se eles entenderem que DEPOIS DA GUERRA FICARÃO MAIS RICOS!

    Ai, até a próxima vida!

  5. Há duas coisas distintas que estão misturadas.

    Primeiro há os satélites espiões de baixa órbita, são satélites que estão em baixa órbita para que sua “visão” seja mais precisa. Estes satélites por estarem em baixa órbita são passíveis de sofrer o efeito de retardo da alta atmosfera, por consequência tendo uma vida útil menor do que os outros. Estes satélites muitas vezes são abastecidos por combustível nuclear e caso não se desmanchem na queda são um verdadeiro perigo para quem está aqui em baixo. Logo estes satélites em muitos casos devem ser destruídos antes de cair de volta.

    O que deixa nervoso os norte-americanos que enquanto somente eles dominavam a tecnologia de derrubar estes satélites espiões de baixa órbita estava tudo bem, porém agora que os russos e os chineses tem a mesma tecnologia é possível no caso de um conflito entre estes países cegaram todos os satélites de baixa órbita.

    Já os satélites de alta órbita, mais utilizados para fins científicos ou comerciais, não há maiores preocupações e parece que os USA está reagindo como sempre, se eles tem determinado armamento e como eles são os mocinhos não tem problema, porém quando outros possuem as mesmas armas, como eles são os bandidos é um horror.

    1. É assim que eu vejo: os donos

      É assim que eu vejo: os donos do mundo, simplesmente não querem concorrência! Para quem está na outra ponta do mercado, uma boa concorrência é a certeza de um melhor preço-qualidade…

      Os donos do mundo sempre qualificam os que disputam seu poder como terroristas e esse rótulo malditamente colou. Quem luta por mais liberdade é terrorista. A banditificação do oponente é uma forma bem conveniente de exercer a crueldade sem limites no combate àquele. Tudo se justifica no combate ao mal representado no oponente. Torturas, Guantánamos, morte de crianças como efeito colateral de ataque de drones, etc, justificam-se como necessários via propaganda de uma mídia cúmplice. 

      Belos tratados e leis destinados somente a garantir a dominação sobre a humanidade! Trata-se de uma pax, duvido que seja a verdadeira Paz! 

  6. Quando a bactéria humana e

    Quando a bactéria humana e suas colônias que assolam a Terra, se extinguirem, uma mera questão de tempo, levando consigo inúmeras outras espécies, talvez todas ou quase, o planeta respirará aliviado pois não há nada que o impeça de, em alguns milhões ou dezenas de milhões de anos, um soluço no tempo cósmico, o habitar com espécies mais evoluídas.

    O planeta não corre nenhum perigo, e mesmo se corresse existem bilhões ou trilhões de outros por aí, muitos com capacidade de criar vida.

    Quem corre perigo é a bactéria humana, pelo menos essa perigosa e agressiva cepa ao que parece só vingou por aquí.

    Ainda bem.

  7. Quem faz tais armas, temo que um dia irá usar

    A vela luta entre os yadavas e os pandavas que provocarão a aniquilação da espécie, a cada dia se aproxima.

    Relógio do Apocalipse’ é adiantado para 23p7m e humanidade fica mais perto da extinção

    http://oglobo.globo.com/sociedade/sustentabilidade/relogio-do-apocalipse-adiantado-para-23p7m-humanidade-fica-mais-perto-da-extincao-15123391

    https://pt.wikipedia.org/wiki/Rel%C3%B3gio_do_Ju%C3%ADzo_Final

  8. Dimensões

     Os tratados ABM e as renegociações dos anos ’90, entre russos e americanos, são um produto das décadas da guerra-fria, baseados naqueles conceitos, hoje completamente ultrapassados, a tecnologia de destruição, desvio proposital, “aprisionamento”, cegamento, de satélites ,avançou muito alem do que os planejadores estratégicos previam.

      Nos atuais estudos, russos, americanos, chineses, israelenses, europeus, indianos, ações espaciais ofensivas e defensivas, são explicitadas como fundamentais, para a destruição ou incapacitação das redes C4I de qualquer inimigo, pois:

       O secular conceito das dimensões da guerra, Terra – Mar e Ar , não são mais os principais, sequer decisivos, são subsidiarios e acessórios, sendo apenas considerados “componentes” de um sistema de sistemas, conhecido pelo acronimo NCW ( guerra centrada em redes ), cujo teatro, as “dimensões principais” são: controle do espaço/ambiente eletromagnético, ações ofensivas e de bloqueio defensivo no espaço virtual e cibernético, ações ofensivas e defensivas visando neutralizar as redes, tanto cibernéticas como de comunicações, do adversário.

        Todas estas ações, sempre iniciais e posteriormente colaborativas, dependem de controle e defesa de suas instalações espaciais ( satélites e estações espaciais ), exemplos:

         1. Todo UAV/UCAV , os “drones” , fora do ambiente LOS ( linha de visada ), são dependentes de satélites, tanto para navegação, como para transmissão – sem o “link” satelital, eles, os “drones”, ou retornam a base, ou ficam orbitando no ultimo contato.

         2. MIsseis de médio – longo alcance (OTH – Alem da linha do horizonte ), como o Brahmos, SS-26 ou DF-21D, dependem de orientação de médio curso, acima de 80 Km, de helicopteros e/ou aeronaves ( que são vulneravies ) que forneçam o alvo, ou de um link satelital, DGPS, Glonass, e telemétrico, só possiveis por satélites.

         3. “Apreendendo satélites” : Os geoestacionários dedicados a recon/comunicação, emitem regularmente pulsos para suas estações de controle em terra – Centros de descisão C4I – continuamente, por motivos de segurança, estas frequencias variam, e a cada variação, sofrem um “gap de mudança” de até segundos – é tempo para cacete -, o adversário estudando e tabulando os espaços destes “gaps”, tem condições de elaborar um algoritmo para “perseguir” as frequencias, ou através de terra ( enviando emissões de seu interesse ), ou melhor ainda – sem interferencia doppler – de um satélite seu próximo ( analisa-se a diferença da telemetria, combinada as frequencias de saida e entrada ), podendo com esta tática, “chupar” as informações enviadas e recebidas,  até modifica-las, NUNCA impedi-las, ou a outra parte saberia que algo esta errado.

           Recentemente os russos, em voos para o enclave de Kaliningrado ( Baltico ), utilizaram esta tática, bloqueando com engodo eletronico/telemétrico, um satélite de comunicação NATO, que não comunicou ao Centro de Ueden (Alemanha), a decolagem das aeronaves russas, e portanto Ueden, não ordenou a decolagem de caças, as aeronaves russas só foram percebidas pelos radares de defesa aerea suecos, que tb. não conseguiram se comunicar com o Centro NATO.

           Podem ter certeza, qualquer proxima confrontação entre potencias, será iniciada e terminada, no espaço e nas redes cibernéticas, trata-se de um ponto sem volta a militarização do espaço, tanto o original como o virtual.

     

      1. È o que eles dizem

         Mas já se comunicam pela mesma rede NCW/NATO, através do sistema Link-16, assim como a Finlandia, pois suecos e finlandeses são “nações – não NATO”, mas possuem acordos de defesa mutua desde os anos 60, com paises NATO, caso da Dinamarca, Noruega, Alemanha – e mais recentemente com os “bálticos” e a Polonia.

          A Finlandia é responsavel pelo 1o alerta das movimentações articas da Russia, passando os dados recebidos, para o sistema da NATO, para noruegueses e/ou ingleses, já o sistema sueco realiza o 1o alerta do Báltico, em comunicação com o centros NATo de Ueden ( Alemanha ) e Malbrook ( Polonia ).

  9. Não demora muito…
    e as tais potências vão querer um tratado onde só elas têm acesso militar ao espaço. Espero que o Brasi, e vamos lutar por isto, não assine e nem ratifique, como o fez com o Tratado de não proliferação nuclear.

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