Pessoas mais generosas são ‘punidas’ socialmente, revela estudo

Jornal GGN – Pessoas com maior tendência à generosidade, capazes de tirar a maior parte de bens ou recursos de si mesmos para doar a outras pessoas de um mesmo grupo, recebem, em contrapartida, uma espécie de “punição” social de pessoas mais mesquinhas, aponta estudo da Faculdade de Artes e Ciências da Universidade de Baylor e da Universidade Estadual de Washington, nos Estados Unidos. De acordo com a pesquisa, o comportamento dos menos altruístas pode estar associado a um sentimento de inferioridade ou ciúme, motivado por se sentirem diminuídos por não agirem de forma parecida aos mais generosos.

“Esse é um comportamento intrigante”, afirma o pesquisador Kyle Irwin, professor-assistente de sociologia na Universidade de Baylor, um dos responsáveis pela pesquisa. “Por que você iria punir as pessoas que estão fazendo o máximo, especialmente quando elas beneficiam o grupo? Não parece fazer sentido na superfície, mas mostra o poder das normas. Pode ser que os membros do grupo achem que é mais importante se conformar a fazer o bem”, explica o pesquisador.

Para realizar o estudo, os pesquisadores escolheram 310 participantes, divididos em grupos. Cada voluntário recebeu 100 pontos (cada um equivalente a um cartão de presente) e teve que decidir quantos pontos “doaria” para o grupo e quantos manteria para si mesmo. Em outra etapa, o procedimento foi o mesmo, mas as pontuações foram duplicadas e dividias igualmente, independentemente de quanto cada um tenha doado. O processo de doação de pontos foi feito por meio de um programa de computador, que contabilizava as doações e as pontuações de cada participante.

Nenhum dos participantes tinha como saber quanto os demais doavam, nem podia trocar informações com eles. O sistema que agilizava a contabilidade das doações também simulava participantes virtuais, que também “realizaram” o teste fazendo doações pré-programadas (alguns eram “mesquinhos”, outros “generosos”). Ao fim das rodadas de doações de pontos, os participantes foram informados de que poderiam ver o quanto receberam de doações outros quatro membros do grupo, além deles próprios.

Punição aos generosos

O procedimento se completava com uma sexta doação, feita pelo próprio programa, que simulava participantes do grupo. Esse último doador virtual era programado para extremos: ou doava muito pouco (“mesquinho”) ou doava muito (“generoso”). Por fim, após a contabilidade do saldo de doações e recebimentos, os participantes poderiam retirar pontos antes doados, de qualquer um dos membros do grupo, onde, a cada três retirados de outros participantes, deveriam dar um a si mesmos. Do mesmo modo, cada um deveria classificar, numa faixa de um a nove, o quanto desejavam que um ou outro participante permanecesse no mesmo grupo.

O teste mostrou que, em média, as doações dos membros de um grupo representavam 50% de seus recursos, ficando com a outra metade para si. Os indivíduos “mesquinhos”, de acordo com a pesquisa, doaram apenas 10% de seus pontos disponíveis, enquanto os mais generosos doaram 90%. Para os pesquisadores responsáveis pelo experimento social, as punições são equivalentes à zombaria (ou até mesmo exclusão) feita a alguém que tinha feito a maior parte do trabalho em um projeto de grupo para uma classe.

“Pode haver uma série de razões pelas quais os outros punam um membro generoso”, explica Kyle Irwin. “Pode ser que o doador, o generoso, faça com que os demais se sintam mal por ter gerado sentimento de ciúmes ou por mostrar que eles não estejam fazendo o suficiente”, completa, afirmando ainda que é possível que, em uma situação na qual as doações sejam muito grandes, pode ser que o desejo de punição dos demais possa ser substituído pelo altruísmo.

Redação

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