Ex-presidenta Dilma responde a Temer e reafirma: foi golpe

Lourdes Nassif
Redatora-chefe no GGN
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Em nota, a ex-presidenta Dilma Rousseff rebate a declaração do golpista: "a História não perdoa a prática da traição"

Agência Brasil

Michel Temer, que assumiu a presidência após o golpe que levou ao impeachment da ex-presidenta Dilma Rousseff, concedeu entrevista ao portal Uol. Nas declarações, a que mais chama atenção é aquela onde afirma não ter participado do golpe, e que nem considera que tenha havido golpe.

O ex-vice e ex-presidente disse que ‘o vice é sempre o primeiro suspeito’, mas que esteve fora de Brasília por ocasião da chamada procedência da acusação do impeachment.

Para ele, Dilma foi tirada do cargo por dificuldades no relacionamento com o Congresso, mas afasta qualquer dúvida quanto à honestidade da ex-presidenta, ‘para mim ela é honestíssima’, disse ele.

A ex-presidenta Dilma Rousseff respondeu a seu ex-vice em nota pública. Leia a seguir.

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Resposta a Michel Temer

por Dilma Rousseff

Eu agradeceria que o senhor Michel Temer não mais buscasse limpar sua inconteste condição de golpista utilizando minha inconteste honestidade pessoal e política. É justamente essa qualidade que despreza, rejeita e repudia uma avaliação que parte de alguém que articulou uma das maiores traições políticas dos tempos recentes.

É de todo inócuo afirmar que não houve um golpe, pois este personagem se ofereceu como vice-presidente por duas vezes. E, assim, sabia por duas vezes qual era o programa político das chapas vitoriosas que foram eleitas em 2010 e 2014.

As provas materiais da traição política estão expressas na PEC do Teto de Gastos, na chamada reforma trabalhista e na aprovação do PPI para as quais não tinha mandato. Nenhum desses projetos estavam em nossos compromissos eleitorais, pelo contrário, eram com eles contraditórios. Trata-se, assim, de traição ao voto popular que o elegeu por duas vezes.

Lembro ainda que a “dificuldade de diálogo com o Congresso” não é razão legal e constitucional para impeachment em um regime presidencialista, como ele bem sabe.

Tal “dificuldade” era uma integral rejeição às práticas do presidente da Câmara, deputado Eduardo Cunha, criador do Centrão, que queria implantar com o meu beneplácito o “orçamento secreto”, realizado, hoje, sob os auspícios de um dos seus mais próximos auxiliares na Câmara Federal.

Finalmente, relembro que a História não perdoa a prática da traição. O senhor Michel Temer não engana mais ninguém. O que se conhece dele é mais que suficiente para evitá-lo, razão pela qual não pretendo mais debater com este senhor.

Dilma Rousseff

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Lourdes Nassif

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