Mais uma vítima dos ataques fascistas nas universidades, por Jean Wyllys

Jornal GGN – Em postagem publicada no Facebook, o deputado federal Jean Wyllys (PSOL-RJ) comenta a morte do estudante Diego Vieira Machado, encontrado com sinais de espacamento na UFRJ. Ele diz que há fortes suspeitas de que crime, cometido contra um estudante cotista, negro e gay, tenha sido motivado ou potencializado por homofobia. O deputado ressalta que os estudantes do alojamento da universidade receberam email ameaçando alunos LGBTs e negros, e que pichações homofóbicas foram encontradas pelo campus.

Para Wyllys, não é estranho que o caso no Rio de Janeiro seja parecido com o ataque fascista na UNB, que foi “orquestrado e anunciado publicamente no Facebook por grupos ligados à extrema-direita”. Ele diz que é preciso compreender tais fatos dentro do contexto da violência contra os LGBTs, e trabalhar para reverter este quadro. “Essa violência bárbara, mais este episódio chocante, não pode ficar impune”.

Por Jean Wyllys, via Facebook

MAIS ATAQUES FASCISTAS NAS UNIVERSIDADES: MAIS UMA VÍTIMA!

Estou chocado com o assassinato de Diego Vieira Machado, estudante de arquitetura e urbanismo da UFRJ, que foi encontrado morto a pauladas dentro do campus da Universidade. Diego, que era estudante cotista, negro e gay, foi encontrado brutalmente agredido e sem as calças próximo a um córrego na Ilha do Fundão. Não havia me posicionado até agora porque estava, junto com minha equipe, em busca de mais informações precisas, seguras e confiáveis sobre o crime. Nesses horas, em nome da justiça e da boa informação, é importante que tenhamos cuidado. Aproveito para dizer que me solidarizo aos familiares e amigos e amigas da vítima.

Pairam sobre o caso fortes suspeitas de crime motivado ou potencializado por homofobia. Além do detalhe marcante de ter sido encontrado sem a calça, que indica que o crime tinha mais do que a motivação ocasional, estudantes no alojamento denunciaram nos últimos dias o recebimento de emails com ameaças contra alunos LGBT’s e negros. A mensagem dizia claramente “sabemos quem são vocês” e “queremos vocês fora daqui”. Havia também uma ameaça velada a um estudante, que se suspeita fortemente que seja Diego. Depois do episódio, pichações homofóbicas foram feitas em um dos banheiros da instituição, no campus da Praia Vermelha. Em tinta preta, foi escrita a mensagem “Morte aos gays da UFRJ”, substituída por artes de apoio à diversidade pintadas por alunas da própria UFRJ pouco antes do assassinato.

Através de minha assessoria, já entramos em contato com o Ministério Público estadual, a fim de obter uma resposta sobre um inquérito para investigar o caso. Eles prometeram atuar no caso e apurar os responsáveis. Estaremos vigilantes sobre isso. Essa violência bárbara, mais este episódio chocante, não pode ficar impune. Pessoas capazes de espancar até a morte alguém por conta da sua orientação sexual não podem conviver em sociedade.

Não nos é estranho que a situação na UFRJ seja muito similar ao último ataque fascista na UNB, orquestrado e anunciado publicamente no Facebook por grupos ligados à extrema-direita. Com bombas e até armas de choque, tais criminosos ameaçaram estudantes e professores com discursos de ódio contra a esquerda e minorias políticas. Em outro caso ocorrido recentemente, em Minas Gerais, o estudante André Felipe Colares foi encontrado morto em festa da faculdade de medicina da Unimontes, despido, com o pescoço perfurado e olhos furados com palitos. Portanto, temos que compreender esses fatos, inclusive a morte bárbara e cruel de Diego, dentro do amplo contexto da violência LGTBfóbica no país, e trabalhar já para reverter esse quadro inaceitável. Devemos nos unir contra a disseminação do ódio assim como contra aqueles que cometem crimes motivados por estes preconceitos.

Redação

5 Comentários

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  1. Chocante

    Nos anos 90, na Faculdade de Comunicação, muitos dos nossos colegas eram homossexuais. Durante todo o periodo do curso jamais presenciei na Faculdade de Humanas nenhuma agressão aos gays e lésbicas ou ameaças ou qualquer outra forma velada de discriminação. Eh duro notar que de la pra ca não avançamos tanto quanto deveriamos, mas pelo contrario, estamos vivendo um momento de muito menos tolerância, respeito e muito mais violência.

  2. Há décadas atrás, uma amiga,

    Há décadas atrás, uma amiga, psicóloga de formação, com PHD na Nooruega, disse-me algo que jamais me esqueci: “Toda pessoa que odeia gay tem ódio de si mesma. É como se o outro fosse o espelho da sua casa”.

     

    1. São enrustidos, morrem de

      São enrustidos, morrem de medo de assumir, então se incomodam e reagem com extrema afetação. Como Bolsonaro, Feliciano…

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