No Brasil, negros são “sub-representados e invisíveis”, diz ONU

Lourdes Nassif
Redatora-chefe no GGN
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Enviado por Assis Ribeiro

da Agência Brasil

Grupo da ONU reconhece racismo como problema estrutural da sociedade brasileira

    Isabela Vieira
    Repórter da Agência Brasil

    Rio de Janeiro – O Grupo de Trabalho das Nações Unidas (ONU) sobre Afrodescendentes apontou hoje (13), ao encerrar visita de dez dias ao Brasil, um grande contraste entre a precariedade da situação dos negros e o elevado crescimento econômico do país. A comitiva das Nações Unidas esteve em cinco cidades, reuniu-se com autoridades e representantes da sociedade civil, visitou favelas e quilombos.

    Em comunicado à imprensa, os especialistas da ONU destacaram que, entre negros e brancos, existem desigualdades de acesso à educação, à Justiça, à segurança e a serviços públicos. O grupo identificou também racismo “nas estruturas de poder, nos meios de comunicação e no setor privado”. Segundo os representantes da ONU, apesar de serem metade da população brasileira, os negros estão “subrrepresentados e invisíveis”.

    “Os afro-brasileiros não serão integralmente considerados cidadãos plenos sem uma justa distribuição do poder econômico, político e cultural”, disseram a francesa Mireille Fanon-Mendes-France e argelina Maya Sahli, integrantes do grupo de trabalho ONU. Elas apresentaram à imprensa conclusões preliminares, que vão compor um relatório com recomendações ao governo brasileiro

    Mireille e Maya reconheceram o esforço do governo brasileiro para enfrentar o problema, citando a aprovação do Estatuto da Igualdade Racial, aprovado em 2010, depois de dez anos de tramitação, e a decisão favorável do Supremo Tribunal Federal (STF) em relação às cotas nas universidades. Outra ação elogiada foi o projeto de lei que reserva vagas para negros no serviço público.

    Para as especialistas, no entanto, o caminho para o fim do racismo e da discriminação pela cor de pele no Brasil é longo. “Não é que o governo não esteja fazendo o suficiente. Ele faz o que é possível. A correlação de forças é que ruim”, afirmou  Mireille.  

    No projeto de lei apresentado ao Congresso Nacional, o governo propõe que 20% das vagas dos concursos públicos sejam reservadas para pretos e pardos. O projeto recebeu emendas de deputados que sugeriram a reserva para 50% das vagas, com objetivo de se aproximar do total de negros na população brasileira (50,7%) e para o preenchimento de cargos em comissão.

    O grupo da ONU, que está no Brasil a convite do governo federal, passou por Brasília, Recife, Salvador e São Paulo. A viagem terminou no Rio e o relatório conclusivo será apresentado no ano que vem.

    Procurada pela Agência Brasil, a Secretaria de Políticas de Promoção da Igualdade Racial (Seppir) não se pronunciou.

    Edição: Nádia Franco

     

    Lourdes Nassif

    Redatora-chefe no GGN

    11 Comentários

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    1. Muito se tem debatido aqui no

      Muito se tem debatido aqui no blog sobre a nossa deficiência nas áreas da educação, direitos humanos, cidadania e inclusão.

      Todo esse atraso é fruto do regime da casa grande e senzala, reforçada pela escravatura e pelos governos militares e ampliada pelo neoliberalismo pós governos militares.

      O muito que o PT fez ainda é muito pouco. Embora o Brasil tenha alcançado nos governos do PT os maiores índices de distribuição de renda, ainda estamos entre os piores, embora o PT tenha avançado muito em educação, ainda estamos entre os piores.

    2. Demagogia no trato da questao

      Demagogia no trato da questao que tem sido explorada com fins politicos por parte da esquerda

      Nessa analise o Brasil é vistoriado como se houvesse aqui grupos ” etnicos ” distintos como ocorre nos EUA ou Europa

      Quando na verdade o que acontece é que devido a miscegenaçao o racismo ocorre na sua maioria das vezes entre negros de diferentes fenotipos

      Um exemplo pratico disso foi um debate no Brasilianos levado a cabo pelo Nassif onde uma lider negra da cidade Tiradentes afirmava que os indices de racismo por lá eram altissimos sendo que pouco antes ela tinha afirmado que a maiioria absoluta dos moradores da regiao eram negros…rs

      quando questionada sobre isso pelo Nassif ela perdeu o rebolado , sorte dela é que o Nassif nao quis se alongar na questao.

      A realidade é essa, negros sofrem preconceitos de outros negros com fenotipos diferentes.

      Mas reconhecer isso mina a fantasia que no Brasil existe um contexto como o do filme Mississipi em Chamas né?

      Se pintarmos o quadro onde um pais ” branco dos olhos azuis ” quer impedir a ascensao de ” negros ” fica mais legal a historinha para usa-la politicamente certo? rs

      Ate porque nesse caso da para fingir que a situaçao nao é culpa do governo que nao da saude, educaçao, segurança e moradia decente, sem isso nao ha ascensao social para ninguem que se encontre nas camadas mais baixas da sociedade.

      Entao fica assim, por má fé no trato da questao os ditos progressistas sao coniventes com encobertar a ausencia de governo ( e cota nao é soluçao DEFINITIVA para nada ) no trato da adoçao de politica de estado para educaçao e moradia, e jogam a sociedade civil uma contra a outra e que se dane o resto pois o importante é ganhar eleiçoes…

    3. tribalismo, racismo et al.

      O sentimento tribal (nós contra eles) é de gravidade extrema. Na antiga Constantinopla havia 4 equipes de corrida de riga. As mais populares eram a Verde e a Azul. No ano de 532 houve um conflito entre as duas que perdurou uma semana e matou 10% da população da cidade. Nas regiões ainda não organizadas em Estados, em média 25% dos adultos morrem assassinados em lutas tribais.

      O racismo é a manifestação mais grave e perversa do tribalismo, mais grave ainda que as religiões politicamente organizadas e as agremiações de caráter ideológico. Em comentário anterior, Assis Ribeiro (tribalista renitente) mistura racismo e tribalismo partidário. Esse certamente não é o caminho, Assis.

      É urgente que a sociedade brasileira inclua de maneira plena nossos negros e pardos, metade de nossa população. Cotas raciais no serviço público e nas empresas estatais é uma medida positiva. Deveria haver também incentivos para empresas privadas que tenham ação pro-ativa de inclusão racial. Mas de longe a ação mais efetiva para a inclusão dos negros em nossa sociedade é a plena educação de todos. Essa educação deveria incluir o ensinamento de que raça sequer é um conceito considerado válido na ciência moderna.

    4. sub o quê?

      Subrrepresentados? Isso está certo? Odeio essa reforma ortográfica, à qual, apenas o Brasil aderiu. Não vi sentido em microondas virar “micro-ondas” e “sub representado” virar “subrrepresentado”. Assim, com dois “rr” já é demais.

      Abaixo a Reforma Ortográfica! Abaixo a Reforma e os reformistas!

      1. Clap, clap, clap, clap

        O tema é off-topic, mas nao resisti a aprovar. Essa reforma foi feita por interesses comerciais, e sobre o pano de fundo de um mito, o de que ainda há uma só “língua portuguesa”. E no fim, outros países nao aderiram, nao houve a unificaçao ortográfica desejada, e ficamos com uma reforma ortográfica inútil, que atrapalha todos os já alfabetizados sem melhorar em nada para os que nao sao. 

    5. Um racialismo politicamente

      Um racialismo politicamente insuflado para gerar capital politico para a esquerda.. Nas favelas há brancos e negros em identica situação economica e social. O Brasil já  está cada vez mais evoluindo para uma sociedade multirracial, ativistas de esquerda querem estancar esse processo para incentivar uma luta negros x brancos em um Pais em que há muito mais pardos e brancos miscigenados do que negros puros. Os raciailistas são agitadores perigosos de uma luta negros contra brancos que nunca houve no Brasil mas interess à esquerda fomentar.

      A ONU NÃO É NADA. A ONU tem CENTENAS de grupos, comissões, organismos, conselhos, comissariados, nenhum deles É A ONU, são grupelhos dentro da ONU, o unico orgão que representa a opinião da ONU é o Conselho de Segurança, o restão não é rigorosamente nada como peso politico.

    6. Precisa vir a ONU para dizer

      Precisa vir a ONU para dizer o óbvio. E mesmo assim, aqui no blog do Nassif, a mesma ladainha de sempre: 1. Somos um país miscigenado, olgo não pode haver racismo e, quando há, segundo comentário abaixo, é de negro contra negro; 2. Denunciar o racismo é ser a favor do “racialismo” – seja lá o que isso quer dizer. 

      O negro, no Brasil, tem menos visibilidade, proporcionalmente, do que os negros na França e Inglaterra, por exemplo. EUA, não contam eles tem até presidente negro. E, no Brasil, o Barbosa continua a ser linchado….

      1. A maior parte dos que lincham

        A maior parte dos que lincham o Barbosa é composta pelos mesmos que vivem procurando racismo ate debaixa da cama alheia

        Lincham o Barbosa pois ele ( colocado lá por eles como boa parte do STF ) nao entendeu que a esquerda define negro conforme lhe é conveniente e sendo assim como o Barbosa ousou atentaqr contra o dogma partidario deles hoje pode ser esculhambado do jeito que quiser que nunca se ouvira desses estelionatarios ideologicos uma condençao.

        Se o Barbosa nao tivesse colocado na cadeia a turma do PT e alguem falasse 1% do que os progressistas hoje falam dele, ouviriamos as lorotas de sempre do tipo:

        -A sociedade branca de olhos azuis inconformada em ter um negro no STF se levanta contra ele mostrarndo seu racismo

        ou

        -A casa grande nao aceita que um negro seja apenas capitao do mato e sim senhor dela, por isso pedem o pescoço do Barbosa, mas as forças progressistas desta naçao estarao ao lado dele contra os conservadores representantes do atraso

        E muitas outras abobrinhas usadas por eles para legitimar interesses eleitorais apenas, nada mais do que isso… 

    7. Contra os fatos?!?

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