No dia de hoje… Para que não se esqueça, para que não se repita!

Em 13 de junho deveria estar registrado em nossa memória coletiva que nesse dia, em 1973, IDALISIO SOARES ARANHA FILHO foi morto apenas aos 25 anos.

por Comissão Especial sobre Mortos e Desaparecidos Políticos

No dia de hoje…

13 de junho: simplesmente uma data, correto? Talvez…

Na verdade, parafraseando Cartola, ‘isso não acontece’, pois uma data nunca é apenas uma data…

A importância de 13 de junho para muitos brasileiros e brasileiras deve-se ao fato de que nesse dia comemora-se o primeiro dos santos juninos: o Santo Antônio, conhecido como santo casamenteiro. Aliás, não é por outra razão que, apenas no Brasil, a partir de uma jogada de ‘marketing’ do publicitário João Dória (pai), o dia dos namorados é comemorado em 12 de junho, véspera do dia do santo casamenteiro.

Porém, em 13 de junho, deveria estar registrado em nossa memória coletiva que nesse dia, em 1973, IDALISIO SOARES ARANHA FILHO foi morto apenas aos 25 anos. Ele teve a sua vida ceifada porque quis criar na região do Araguaia, junto a dezenas de visionários(as), um mundo melhor, segundo seus ideais.

Entretanto, mesmo que nosso país – mais do que ter introjetada a lembrança do dia dos namorados e do dia de Santo Antônio -, fosse consciente da importância do dia 13/06 porque o jovem Idalísio foi injustamente morto nessa data, isso não traria conforto para a sua família. Infelizmente, para essa família, o 13 de junho é apenas mais um motivo de angústia e de interminável tortura. Há relatórios conflitantes do próprio governo brasileiro, nos quais a data da morte de Idalísio também é registrada como tendo ocorrido nos dias 12 ou 13 de julho (mês seguinte) do mesmo ano…

Até hoje não sabemos ao certo a data da morte de Idalísio. Consequentemente, até hoje a sua família também não sabe e espera por respostas. Menos ainda se sabe sobre o destino de seus remanescentes ósseos que mereciam, no mínimo, um sepultamento digno da crença e do carinho de seus familiares e amigos.

Essa família, é mais uma das milhares de famílias que, no Brasil, sequer puderam vivenciar o luto e fazer honras funerárias a seu ente querido. Mas a história de Idalísio não termina aqui…

Sua companheira, Walkíria Afonso Costa, teve destino similar dois anos depois. Ela é reconhecida como a última sobrevivente do terrível episódio histórico que foi o extermínio de todos e todas que participaram da Guerrilha do Araguaia.

Antes e depois da morte de Idalísio, em 1972, Walkíria resistiu heroicamente. Para isso, talvez tivesse um motivo pessoal ainda mais forte do que seu ideal altruísta.

O jornalista Eduardo Reina, em seu livro “Cativeiro sem fim”, joga luzes e também suspeitas sobre o fato de que inexiste na história brasileira qualquer registro sobre filhos nascidos de resistentes nesses tempos de guerrilha.

Datas, nomes, nascimentos, óbitos…tudo foi sonegado às famílias de militantes políticos nesses anos 60 e 70, no Brasil.

Entre as poucas informações, sabe-se que Walkiria foi morta ‘provavelmente’ em 30 de setembro de 1974 ou talvez, segundo outros relatórios, em 25 de outubro do mesmo ano.
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Idalísio e Walkíria se conheceram ainda jovens e participaram do Comitê Estudantil do PCdoB quando eram estudantes universitários: ele cursava Psicologia e ela, Pedagogia, ambos na Universidade Federal de Minas Gerias (UFMG). Abandonaram os estudos e seguiram juntos para a região onde se estabeleceu a guerrilha, em 1971, em busca de resguardar suas vidas e de construir uma história diferente para milhões de brasileiros/as.
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Que neste 13 de junho, não seja homenageado apenas o santo junino romântico, mas esse casal muito real e próximo de todos/as nós, que não pôde realizar seus sonhos.

– Idalísio Soares Aranha Filho?
– Presente!
– Walkíria Afonso Costa?
– Presente!

“Para que não se esqueça, para que não se repita.”

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INFORME
Os textos “No dia de hoje… para que não se esqueça, para não se repita.” são de responsabilidade das pessoas que administram a página da Comissão Especial sobre Mortos e Desaparecidos Políticos, sob a presidência da procuradora regional da República, Eugênia Augusta Gonzaga.
Baseados em fontes como Wikipedia e Relatórios finais de Comissões da Verdade, esses textos compõem um conjunto de publicações feitas diariamente entre 10.06 e 24.06.2019, na página do evento “Vozes do Silêncio contra a Violência de Estado”, como forma de divulgação e preparação para o ato.
Neste texto de 13.06, colaborou: Paula Franco.

Redação

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