Por Rui Daher
Vocês pensam que a agricultura africana não é de nada? Em termos
Blog do Rui Daher
Já escrevi aqui e vocês já devem ter lido por aí sobre a aquisição por investidores estrangeiros de terras na África. Chineses, indianos, fundos de investimentos sauditas e até alguns brasileiros marcam território na segurança alimentar e energética que poderá vir de lá.
Ontem, na esteira das regulamentações para o trabalho doméstico, cheguei aos homens e mulheres que labutam no campo.
Ao não se dar condição e remuneração dignas a esses trabalhadores e não se considerar a sucessão geracional, a tendência é de perda de competitividade em relação às áreas urbanas e o aprofundamento de um êxodo rural já histórico.
Na África, acontece o mesmo. Entre jovens que vivem em áreas rurais, a última opção de carreira é o trabalho no campo. Todos querem se mandar para profissões que remunerem mais e propiciem melhores condições de vida.
Quênia, Ruanda e Uganda são países onde se desenvolvem programas de incentivo e instrução, financiados e operados por organizações norte-americanas, para capacitar jovens a permanecerem no trabalho rural.
O resultado será medido pela capacidade em acrescentar valor na cadeia, através de pequenos empreendimentos, como os de fornecimento e aplicação de insumos, recursos logísticos de tiro curto, armazenagem e empacotamento.
Se esses programas ainda são de pouca expressão na África, hoje não devem atingir mais do que 15 mil jovens, é porque faltam recursos financeiros para expandi-los.
Um contraexemplo para o Brasil que gasta bilhões de reais em programas inócuos, numa legislação que a todos descontenta, poucos cumprem e quase ninguém fiscaliza, deixando rumo aos serviços urbanos milhares de jovens que melhor estariam se fazendo dinheiro e vida no meio rural.
Mas deixemos de lado o Brasil que dele pouco se pode entender. Nosso pensamento deveria estar na África.
O continente africano possui área de 30,2 milhões de quilômetros quadrados. Quase quatro vezes maior do que o Brasil.
Uma vasta zona do território africano tem clima desértico. O Saara (Norte/Argélia, Líbia, Mali, Sudão, Tunísia, entre outros), com pouco mais de nove milhões de km². O Kalahari (Sul/Namíbia, Bostwana, etc.), com 930 mil km², é menos seco, pero no mucho.
Com isso, cerca de um terço da África é inábil ou, pelo menos, difícil para a produção agrícola.
Se do Brasil excluirmos a área coberta pela Floresta Amazônica, de aproximados 3,3 milhões de km², temos 5,0 milhões disponíveis à agricultura, ou quatro vezes menor do que a disponível para a África.
Proporcionalmente, continuamos num empate.
Mas, então, o que faz sermos eleitos futuros celeiro e potência agrícolas do planeta, enquanto à África as folhas e telas cotidianas dedicam única atenção à fome?
No próximo capítulo.
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