A crise no setor de autopeças

Da Folha

Autopeças ainda enfrentam crise, diz setor

CLAUDIA ROLLI, DE SÃO PAULO

O impasse na campanha salarial dos metalúrgicos do ABC expõe a realidade que o setor de autopeças enfrenta, segundo Drausio Rangel, representante do Sindipeças (sindicato que reúne empresas de autopeças) nas negociações salariais.

“Há uma falsa impressão de que somos do segmento automotivo e, porque fornecemos para as montadoras, vamos bem obrigado”, disse o executivo.

Segundo Rangel, a situação dos fabricantes de veículos é muito diferente das demais empresas que integram a cadeia produtiva do setor automobilístico.

“As montadoras estão desovando carros que estavam em seus estoques. Não estamos acompanhando esse ritmo de produção.”

A produção nas autopeças cresceu 1% nos últimos dois meses, segundo afirma, ao ser comparada ao mesmo período do ano passado.

“Por esse motivo, estamos oferecendo na campanha salarial a reposição da inflação. É isso que podemos pagar. Nosso setor não é como o das montadoras. Temos fábricas de 20 a 3.000 empregados. Cada empresa tem uma realidade. Não há como conceder o aumento real reivindicado”, afirma.

Ao ser questionado sobre o acordo do setor automotivo que permitirá índice de nacionalização de componentes de 70%, um dos argumentos dos sindicalistas para dizer que o setor pode conceder reajuste maior, o executivo responde: “Isso nem começou ainda. Só a partir de 2013. Nosso índice hoje é de 46%”. O acordo foi feito com governo federal e teve a participação de sindicatos dos metalúrgicos e das centrais sindicais.

De acordo com o representante do Sindipeças, em 2009 o setor tinha superávit de R$ 2,8 bilhões. Nesse ano, a previsão é de deficit de R$ 4 bilhões.

“Apesar de a situação cambial ter melhorado e favorecido em parte as empresas, a crise econômica externa prejudicou o setor”, diz.

Até quarta-feira, dia 12, os empresários das empresas de autopeças devem se reunir para uma nova negociação com representantes dos metalúrgicos.

No ABC paulista, são 24,5 mil funcionários nesse segmento. No Estado de São Paulo, são 51 mil nas autopeças em campanha salarial.

Assim como os trabalhadores de autopeças, os funcionários de vários segmentos (máquinas, eletroeletrônicos, entre outros) pedem 8% de reajuste salarial total – incluindo reposição da inflação e aumento real de 2,51% nos salários. O percentual de reajuste é o mesmo do já concedido pelas montadoras em acordo feito em 2011 e com validade até 2013.

Luis Nassif

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