A influência histórica do Brasil para o mercado automotivo

Por Waldyr Kopezky

Comentário ao post “A importância do Brasil para a indústria automobilística

Nassif e caros, cobri o mercado automotivo por quase duas décadas. Vamos por partes:

1. Em termos de inovação tecnológica, sistema de indústria/planta montada e capacidade operacional somos do 1º mundo no mercado automotivo há dez anos.

2. Os departamentos de developing design de produto, e marketing para brand (tb produto) de grandesplayers usam os profissionais de nosso mercado nacional e os trackings de medição/aceitação do consumidor brasileiro como referências confiáveis para o o average do mercado mundial – isso não é passível de ser feito com os estadunidenses pelo seu padrão e gosto peculiar, sendo seu público muito distinto do perfil do resto do mundo (e o seu profissional de baixa capacidade em criação, inferior mesmo a europeus e asiáticos).

3. As plantas e processos fabris criados no Brasil de tempos em tempos foram revolucionários,  marcando toda uma “guinada” no mercado mundial a partir dos anos 90 – vou citar só um exemplo, sem me estender ou explicar (se alguém pedir, eu descrevo o longo case): a Volkswagen Caminhões.

4. Infelizmente, o que foi dito por um dos comentaristas em relação a preços de carros é verdade: um Honda Fit novo nos EUA pode ser comprado por US$ 17.900 – aqui ele tem preço acima de R$ 50 mil. E um detalhe: AMBOS SÃO FABRICADOS AQUI NO NOSSO PAÍS! Ou seja, os dois têm embutido o tão propalado “custo Brasil”.

5. Nós (pelo consumo do nosso mercado e o lucro obtido pelas filiais das montadoras que aqui operam) garantimos desde 2008 o “azul” de multinacionais como GM, Ford, Volks, Fiat, Mitsubishi, Porsche e Land Rover (pois é, o nosso segmento de mercado dos autos superluxuosos cresceu em 350%, desde 2005), entre muitos outros. Porque os mercados da Europa encolheram e o dos EUA “estagnou”, gerando prejuízo nas matrizes só compensado pelas suas contrapartes brasileiras.

6. Esse “reconhecimento tardio” da importância do Brasil é pura hipocrisia: há 10 anos somos de ponta, geramos altos lucros e as empresas sequer se mexeram para readequar (em valores) suas ofertas de produtos para nosso mercado consumidor. Agora, com a ameaça das “chinesas” entrando eles tremeram e a coisa vai se equalizar. Pô, um carro 1.6 completinho da JAC (direção hidr., ar cond., equipamentos eletrônicos de conforto, freios ABS e quatro air bags) custa pouco mais de R$ 23 mil, gente!

Abs.

Luis Nassif

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