Alta do franco provoca falências na Suíça

Por Roberto São Pau…

Do Wall Street Journal

A força do franco suíço leva muitas empresas a fechar as portas na Suíça

Por GORAN MIJUK de Zurique

Um número crescente de empresas suíças tem fechado fábricas e demitido pessoal nas últimas semanas devido à alta do franco suíço, o que tem motivado pedidos de mais uma intervenção cambial decisiva do Banco Nacional Suíço (BNS), a autoridade monetária do país.

A preocupação geral é que se a cotação do franco não cair em relação ao euro e ao dólar, mais fechamentos de fábricas e demissões podem empurrar o país para a recessão, já que ele não conseguirá se isolar da desaceleração econômica mundial.

Ontem, a fabricante de aparelhos auditivos Sonova Holding AG informou que vai fechar sua fábrica no oeste da Suíça e demitir 26 pessoas por causa da alta do franco. A produtora de seda Weisbrod-Zürrer, fundada há 185 anos e controlada por uma família, decidiu esta semana fechar suas operações suíças, demitir quase todos os seus 100 funcionários e transferir o restante para a Alemanha.

No começo do terceiro trimestre, a gráfica Swissprinters informou que vai demitir 200 pessoas porque a alta do franco levou muitos clientes a buscar serviços mais baratos na Alemanha, enquanto a gigante americana dos químicos Huntsman Corp. anunciou que planeja cortar 500 vagas na Basileia e transferir a produção para fora do país, citando o alto custo na Suíça.

Com a expectativa crescente de mais demissões, a Federação Suíça de Sindicatos conclamou o banco central a aumentar o limite mínimo da cotação do franco em relação ao euro para 1,40, ante o piso atual de 1,20. A força do franco significa que “as exportações e estadias em hotéis estão caindo e os fundos de pensão talvez já tenham sido obrigados a contabilizar até 30 bilhões de francos (US$ 33,39 bilhões) em prejuízos”, disse Daniel Lampart, economista-chefe da federação.

Em setembro, depois de injetar bilhões de francos no mercado monetário para impedir a paridade entre o franco e o euro, o BNS anunciou um limite de 1,2 francos para a cotação mínima do euro, um nível que conseguiu manter sem necessitar de intervenções gigantescas. Embora o euro já tenha se valorizado para 1,24 francos, os economistas acreditam que será preciso adotar novas medidas porque mesmo assim a moeda suíça continua supervalorizada em relação ao euro.

“As demissões recentes nas empresas e os fechamentos de fábricas confirmam os temores de que o franco subiu demais num período muito curto”, disse Felix Brill, economista-chefe da consultoria Wellershoff & Partners, de Zurique. “Como o franco aparenta supervalorização, o banco central pode ter que intervir para enfraquecer a moeda e impedir uma recessão.”

Segundo as estimativas dos economistas, a cotação ideal do franco em relação ao euro é de 1,35 francos, o que significa que a moeda da Suíça ainda está quase 10% sobrevalorizada. É por isso que os economistas esperam que o banco central tente primeiro criar um novo limite de 1,25 francos e depois de 1,30 francos para aliviar o estresse causado na economia pela oscilação cambial.
“Mas é improvável que eles a empurrem para mais perto da cotação ideal, pois isso pode motivar especuladores a testar a disposição do banco central de manter esse limite”, disse Brill.

O BNS não quis comentar. Operadores dizem que ele pode seguir ausente no mercado por ora e que o próximo passo dependerá de como evolui a crise da dívida soberana da União Europeia – o principal fator por trás da atual alta do franco.

Luis Nassif

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