Os clássicos de 2008 – 2

Por Ale AR

Vai meu voto para a matéria escrita por Mendonça de Barros, “Decoupling, a prova final”, publicada o dia 30/5/2008, 1 dia depois do Topo Histórico do Ibovespa! (veja o “timing” do autor)

A LEITURA cuidadosa dos números do PIB americano relativo ao primeiro trimestre de 2008 nos mostra a intensidade do que se convencionou chamar de “DECOUPLING”. Essa expressão tem sido usada nos últimos anos para chamar a atenção para um novo equilíbrio na economia mundial. Nesse novo mundo global, a economia americana já não tem mais a mesma posição de liderança que caracterizou as últimas décadas. No passado, o ciclo econômico nos Estados Unidos influenciava de forma marcante, e quase sincronizada, o comportamento das outras nações.

Na virada do século, esse equilíbrio começou a mudar com a ascensão da China como economia de primeira linha. Com ela, vários outros países passaram a pesar na dinâmica do mercado global, levando a uma redução do peso americano na formação do PIB do mundo. O economista Jim O’Neill, do banco de investimento americano Goldman Sachs, foi o primeiro a alertar para essa nova realidade. Os chamados Brics, grupo formado por Brasil, Rússia, Índia e China, seriam no futuro próximo um novo centro dinâmico no equilíbrio mundial.

Posteriormente ele adicionou outras economias menores e em estágio menos avançado de desenvolvimento a esse novo centro de poder econômico. Chamou-as de “NEXT ELEVEN”. Esse grupo de países, mais alguns dos tigres asiáticos já envelhecidos pelo tempo, teria força suficiente para tornar o ciclo da economia americana menos importante no contexto global nas próximas décadas. Como toda coisa nova em economia, esse novo quadro de equilíbrio de forças foi recebido com certo escárnio pelo analistas econômicos mais conservadores. Mesmo aqui no Brasil, um dos países que mais se beneficiam com esse novo quadro, essa novidade foi questionada por muitos.

Minha defesa entusiástica do fenômeno dos Brics nesta coluna também foi, várias vezes, recebida com risos irônicos. A crise na economia americana provocada pelo colapso do mercado imobiliário representou um teste muito duro para a tese do “DECOUPLING”. A desaceleração na Europa parecia ser uma prova inconteste da absoluta dominância do ciclo econômico nos Estados Unidos nas várias regiões do mundo. Analistas mais afobados, inclusive o criador dos Brics, passaram a falar de um “RECOUPLING”, ou seja, a volta do domínio americano.

Os números do PIB no primeiro trimestre recolocam o debate nos seus termos devidos. Nos primeiros três meses do ano, a absorção doméstica nos EUA encolheu 0,1% em relação ao mesmo período de 2007, cruzando a fronteira tão temida da recessão econômica. Já o aumento de estoques pelo setor produtivo adicionou 0,2% ao PIB, fazendo com que a contribuição doméstica total seja de 0,1%. O 0,8% adicional veio da contribuição do comércio exterior, com exportações maiores do que as importações. Nos últimos 12 meses, esse número é superior a 1%.

Ou seja, a maior economia do mundo não entrou em recessão porque o dinamismo do mundo emergente permitiu que as empresas americanas desviassem sua produção para outros países. As exportações crescem a taxas próximas a 15% ao ano há muitos meses.

Esse fenômeno fica ainda mais claro quando analisamos os resultados das empresas americanas nesse período. Sem considerar as instituições financeiras, os ganhos no mercado doméstico apresentaram uma redução de 2,6% em relação ao mesmo período do ano passado. Já os lucros das empresas nas suas atividades no exterior tiveram um aumento de 35% nesse mesmo período. Façam seus julgamentos…

Luis Nassif

3 Comentários

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  1. Minha contribuição.

    “O que
    Minha contribuição.

    “O que ocorreu não foi acidente, foi crime”

    FRANCISCO DAUDT

    COLUNISTA DA REVISTA DA FOLHA

    Gostaria imensamente de ter minha dor amenizada por uma manchete que estampasse, em letras garrafais, “GOVERNO ASSASSINA MAIS DE 200 PESSOAS”. O assassino não é só aquele que enfia a faca, mas o que, sabendo que o crime vai ocorrer, nada faz para impedi-lo. O que ocorreu não pode ser chamado de acidente, vamos dar o nome certo: crime.

    Remeto-me ao livro de García Marquez, “Crônica de uma morte anunciada”. Todos sabiam e ninguém fez nada. E não me refiro a você, leitor, que se consome em sua impotência diante deste e de tantos descalabros que vimos assistindo semanalmente. Ao ponto de a ministra se permitir ao deboche extremo do “relaxa e goza’? Será esta sua recomendação aos parentes das novas vítimas? Refiro-me às autoridades (in)competentes, inapetentes de trabalho gestor. Refiro-me ao presidente Lula, que, há quantos meses, ó Senhor, disse em uma de suas bazófias inconseqüentes que queria “data e hora para o apagão aéreo acabar”, como se não dispusesse da devida autoridade para tal.

    Sinto pena de não ter estado na abertura do Pan, de não ter engrossado aquelas bem merecidas vaias. Talvez o presidente não se importe tanto, afinal, quem viaja de avião não é beneficiário de sua bolsa-esmola, não faz parte do seu particular curral eleitoral cevado com o dinheiro que ele arranca de nós. Devem fazer parte das tais “elites”, que é como ele escarnece da classe média que faz (apesar do governo) o país crescer.

    Qual de nós escapou do medo de voar desde o desastre da Gol HÁ NOVE MESES? Qual de nós assistiu confortável o jogo de empurra, “a culpa é dos controladores’; “não, é do ministério da defesa’; “a mídia também exagera tudo’; “é do lobby das empreiteiras que só querem fazer obras inúteis e superfaturadas nos aeroportos”. Qual de nós deixou de ficar perplexo com a falta de ação efetiva para que o problema se resolvesse?

    Perdão, acho que a tal falta de ação geral de governo é de tamanho tão extenso e dura tanto tempo que muitos de nós a ela nos acostumamos. Sou psicanalista, e, por dever de ofício, devo escutar o que meus clientes queiram dizer.

    Pois nunca pensei que fosse pronunciar no consultório uma frase que venho repetindo há algum tempo, depois de que mensalões, valeriodutos, Land-Rovers, dólares na cueca, dossiês fajutos, renans calheiros, criminalidade, insegurança pública, impunidade, pizzas e tudo isso que o leitor já sabe se despejam fétida, diária e gosmentamente sobre nossas cabeças. A tal frase: “Não quero falar desse assunto”. Os pacientes me respondem com alívio, “Ufa, eu também não!’ É o desabafo da impotência partilhada. “Welcome to Congo’? Talvez seja um insulto ao Congo.

    Pois agora quero falar deste assunto. Deram-me a oportunidade de ser menos impotente. Sei que falo por uma enorme quantidade de brasileiros trabalhadores que sustentam essa máquina de (des)governo, muitos mais que os 90 mil do Maracanã, para expressar o nojo e a raiva que esse acúmulo de barbaridades nos provoca. O governo sairá da inação, da omissão criminosa? Alguém será preso, punido por todas essas coisas? Infelizmente, duvido. Talvez condenem a mim, por ter deixado o coração explodir. Pagarei o preço alegremente, lembrando Graciliano Ramos, que, visitado no cárcere, travou com o amigo o seguinte diálogo:

    – Puxa, Graça, você, aí dentro, de novo?

    – E você, o que faz aí fora? Nestes tempos, lugar de homem honesto é na cadeia.

  2. Honroso Nome !!!
    Com o
    Honroso Nome !!!
    Com o colapso(NA CARA DE TODOS DE MUITO ) do mercado imobiliário representou “””ralo””” para a tese do “DECOUPLING”,, passaram agora a falar de um “RECOUPLING”, ou seja, a volta da escroquerie rapinante criminosa americana.
    “””Merdancas do Burro””””(segundo seus amigos) continua honrando o nome !!!!!

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