Cenários do petróleo, Brasil e o mundo

US oil pipeline network

Comentário no Blog do Fernando Nogueira Batista, Prof. da UNICAMP, sobre o post (18-10-12):

Novas Fronteiras Não Convencionais de Exploração e Produção de Petróleo

Caro Fernando,

Permita-me fazer um comentário sobre uma análise que é parte do texto, o tempo urge

Quando João Luiz Zuñeda diz:

“Com o aumento da produção previsto, o mundo poderá ver um novo xadrez geopolítico: os americanos exportando gás para a Europa, deixando a Rússia, grande fornecedora dos europeus, tendo de enfrentar um competidor de peso. Zuñeda diz que para mudar o quadro do petróleo nos próximos 50 anos “seria preciso um salto tecnológico que viabilizasse, por exemplo, o carro elétrico de forma massificada”.”

Pano rápido, não creio e não vejo o mesmo que o nobre analista, em três pontos:

1- Pela demografia global: Em 15 a 20 anos, a Ásia terá mais de 5 bilhões de pessoas, a Europa, menos de 10% da Ásia, a América do Norte, também menos de 10% da Ásia. A África será o segundo continente com maior população (1,8 Bilhões à 2 bilhões de viventes), a região da América Latina será a terceira região com maior população (750 milhões). Cenários da The Economist – 1 Sem. de 2010.

2- Consumo mundial: análises e cenários da McKinsey Consultoria, desde 2010, prevê que nos próximos 20 anos, o consumo mundial vai explodir, até o século XX, a classe média mundial que consumia era por volta de 20% a 25% da população mundial, poderá atingir mais de 50% nas próximos duas décadas. É uma revolução no consumo das pessoas e dos materiais, minerais e recursos finitos do planeta

3- Extra ponto:

Finalizo com uma provocativa colocação:

A Universidade e a Ciência não vão resolver os problemas brasileiros (mesmo mundial), mas podem e devem ajudar. Temos várias ilhas de excelência nas universidades, mas no geral, ela é uma ilha da fantasia, da herança patrimonialista, da elite(?) que ocupou o lugar da aristocracia, do status quo e do privilégio, não de leis

Estamos milhas e milhas distante da revolução de Lúcio Costa, (anos 30), na Escola Nacional de Belas Artes (antigo Academia Imperial de Belas Artes) e da Revolução na Educação de Anísio Teixeira final dos anos 20 a 50): princípio do desenvolvimento da capacidade de julgamento em não da preferência pela memorização.

O Manifesto Antropófago de 1928 (Oswald de Andrade), devorar a cultura mundial e abrasileirá-la, é mais uma história que se perdeu no caminho, por uma elite covarde, ou melhor,

“o Brasil não tem elite – responsável pelos destinos do país e cumpridora da lei. Ele tem é oligarquia” (Walter Sales).

Nas veredas do ser tão brasileiro e mundial, “o mundo, chamamos nós, aquilo que entendemos do universo” (Agostinho da Silva). Raymundo Faoro, um outsider da academia e do academicismo, academicismo que tenho a impressão, não é pequeno, sabemos que a decoreba é a essência da escola desde nossa origem, o não perguntar, o copiar e o cercear a nossa rica criatividade, o fazer do patrimonialista – todo mundo tem um “Barão do Café” dentro de si e não sabe, como diz Roberto DaMatta, e isso está enraizado em nossa história e em todas as classes. Essa herança e tradição religiosa católica, de contemplação, na estrutura educacional brasileira, vêem desde o império, não temos, ou temos pouco do espírito protestante, que não foi a contemplação nos mosteiros, o espírito de intervir, a ação do individuo na sociedade e no meio em que se vive. Roberto DaMatta, em recente evento, “Herança Compartilhada” – SESC-SP Bom Retiro, relata que nos anos 60, após formado e com livros publicados, foi com a família fazer especialização em Harvard, e se assustou quando uma jovem americana, de forma abusada para seus padrões, colocou o dedo em riste na sala de aula e discordou de um professor de idade três vezes mais que da jovem, disse ele, descobri ali que tinha um “Barão do Café” dentro de mim e não sabia. Como exemplos raros, poderia citar a revolução de Lúcio Costa nos anos 30 do século XX, na Escola Nacional de Belas Artes no Rio de Janeiro (antiga Academia Imperial de Belas Artes), e Anísio Teixeira na separação entre educação nacional e religião nos anos 30 à 50, o trabalho pioneiro começou na Bahia nos anos 20 e 30, “Escola Nova”, sob influência do pragmatismo americano, John Dewer, que tinha como princípio do desenvolvimento da capacidade de julgamento em não da preferência pela memorização. São exemplos vivos de nossa realidade neste início de século XXI, ou se perdeu no tempo, é uma espécie de museu temporário do passado? O espírito conservador do obediente cristão católico, se sucumbe ao espírito patrimonialista aristocrático, derivada na nova elite (oligarquia) de privilégios, como o imperador D. Pedo II no Segundo Reinado: “o Rei reina e governa” (Faoro, Os Donos do Poder, 1958). 

Vejo também, estou constatando que existe espaço no mercado para meu estudos e análises nesse Brasil novo, que esta nascendo, e não é de cima para baixo, de “doutor” do Status quo e do privilégio, vem da base da pirâmide, de um operário. Como disse mais acima, temos várias ilhas de excelência nas universidades, mas no geral, ela é uma ilha da fantasia, da herança patrimonialista, da elite(?) que ocupou o lugar da aristocracia, do status quo e do privilégio, não de leis

Sds,

 

 P.S.: Leonardo Maugeri

Vídeo:http://belfercenter.ksg.harvard.edu/publication/22144/oil.html?breadcrumb=%2Fexperts%2F2510%2Fleonardo_maugeri

 


Luis Nassif

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