Ronaldo Bicalho
Pesquisador na Universidade Federal do Rio de Janeiro.
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Segurança energética e mudança climática: a difícil convergência

Por Ronaldo Bicalho, do Blog Infopetro

Duas questões fundamentais dominam o debate contemporâneo sobre energia: mudança climática e segurança energética.

A princípio, essas questões pertencem a áreas de políticas públicas diferentes, contudo, a evolução recente dos acontecimentos, tanto no âmbito energético quanto no ambiental, fez com que a interdependência entre elas crescesse de forma significativa.

Face a isto, a peculiaridade do atual momento não se encontra simplesmente na presença do tema ambiental – mudança climática – no debate sobre energia, mas no protagonismo adquirido por esse tema na evolução do quadro energético atual. Em consequência, não basta reconhecer a necessidade de incorporar a variável ambiental no debate, mas reconhecer a necessidade de incorporá-la como uma questão de primeira ordem, em igualdade de condições com o tema energético por excelência que é a segurança energética.

A necessidade de se colocar as dimensões ambiental e energética no mesmo patamar na discussão sobre energia é fruto da presença reconhecidamente marcante dos combustíveis fósseis tanto na mudança climática quanto na segurança energética.

Para a área de meio ambiente, os combustíveis fósseis constituem a principal causa da mudança climática, em função do aumento da temperatura gerado pela concentração dos gases de efeito estufa na atmosfera; em particular, do CO2 emitido pela queima desses combustíveis.

Para a área de energia, os combustíveis fósseis desempenham um papel fundamental na garantia do suprimento de energia necessário ao desenvolvimento econômico e ao bem-estar social; graças a um conjunto de atributos – estocabilidade, densidade, disponibilidade e controle – que permite a utilização desses combustíveis em níveis de escala e custo extremamente favoráveis.

Dessa maneira, se os combustíveis fósseis representam um grande problema para o meio ambiente, para a energia eles representam uma grande solução. Se para enfrentar a mudança climática é necessário se livrar deles, para assegurar o suprimento energético é preciso recorrer a eles.

É desse antagonismo presente nos distintos papéis desempenhados pelos combustíveis fósseis nas questões ambiental e energética que nasce, em um primeiro momento, o conflito entre os objetivos – mitigação da mudança climática e garantia da segurança energética – e, por conseguinte, entre as políticas ambiental e energética. (…) continua no Blog Infopetro.

Ronaldo Bicalho

Pesquisador na Universidade Federal do Rio de Janeiro.

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