Mesmo ofuscado por “guerra”, G20 pode trazer bons frutos para o Brasil

Instabilidade econômica dos emergentes entra na pauta do G20, mas perde o brilho com possível guerra

Do Jornal GGN – As economias mais ricas do mundo estão reunidas em São Petersburgo, na Rússia. O objetivo: a assinatura de um novo conjunto abrangente de regras fiscais para corporações multinacionais. Nesta sexta-feira (6), os líderes que representam as nações que movimentam a economia no globo devem promulgar as novas leis que regulamentam os impostos e contribuições, inclusive de suas subsidiárias operacionais em determinados países.

Os motivos são simples: durante a recessão global que começou em 2008 – e atingiu principalmente a Europa e os Estados Unidos -, os líderes procuraram novas fontes de receita para suprir os cofres nacionais. Mas, mesmo com as notícias positivas de recuperação em muitas nações, o desejo de pressionar as empresas privadas não foi amenizado.

Relatórios oficiais divulgados nas últimas semanas dão conta da retomada do crescimento contínuo em algumas das economias mais potentes do planeta: números saudáveis do emprego, do Tesouro Nacional e a venda acentuada de automóveis nos Estados Unidos, bons ventos vindos de alguns nomes fortes do continente europeu, como Grã-Bretanha, França e Alemanha, mesmo com a cautela dos bancos centrais locais.

Foram dois dias de reuniões, onde os Brics também foram assunto importante em pauta: as economias chamadas de emergentes há alguns anos e que agora, sofrem com os planos de redução de fluxo financeiro pelo Federal Reserve, com a queda quase vertiginosa de suas moedas locais frente ao dólar.

Dois dias de reuniões e o que podemos esperar, além da “investigação norte-americana sobre a espionagem contra Dilma”? A reforma tributária do grande bloco? E o fundo de crise de US$ 100 bilhões em que Brasil, China, Índia, Rússia e África do Sul preparam para acalmar o mercado, sai do papel?

É de conhecimento geral, por aqui e também entre os poderosos reunidos, que a Síria e os destinos da guerra acabaram por ofuscar o encontro e suas consequências positivas. Em pleno evento, alguns países aproveitaram a oportunidade para se manifestarem contra ou a favor do ataque norte-americano em represália ao governo militar sírio. Talvez por que as decisões ali previstas não teriam tanto impacto quanto um novo confronto?

Celina Ramalho, professora da Escola de Administração de Empresas de São Paulo da Fundação Getúlio Vargas (FGV-EAESP), falou com exclusividade ao Jornal GGN diretamente do Congresso Brasileiro de Economia em Manaus sobre os reflexos que a reunião do G20 pode ter no Brasil e em outros países. “O que tenho observado é que há uma incerteza muito grande. A reunião já tinha agenda e pauta, mas aí vem os EUA com a questão da Síria, dólar valoriza, bolsas mundiais despencam. O que é certo é que atravessamos uma fase suscetível. Invertemos a chave da nossa pauta de exportações e importações, os países se voltaram mais para suas indústrias. A China mostra números de produção maior e vendas externas menores, Brasil aumenta a produção automobilística, apesar da queda de mais de 3% nas vendas e tais inconstâncias já se refletem na instabilidade econômica que ainda devemos atravessar, em médio prazo.”

Ainda de acordo com Celina, os sintomas de melhora da economia impactam no curto prazo, mas no longo não é esta situação que deve se manter. Os emergentes ainda temerão pelo seu futuro, com exceção da China, que já superou o PIB americano, está mais confortável”.

Em relação ao fundo de crise dos Brics, ela vai querer ter mais poder de decisão e de voto. Sinaliza em favor da economia chinesa. Tem um viés político e comercial muito forte, dentro dessa necessidade de acumulação financeira.

“O fundo deve solucionar essa agitação a curto prazo. Grau de crescimento econômico pode ficar mais seguro e satisfatório, inclusive o Brasil. O país já tem uma boa visibilidade perante o grupo, temos condições de estarmos bem posicionados. O G20 tem bastante interesse em olhar para a economia brasileira, mesmo com a instabilidade, que é um efeito externo. Estamos bem estruturados, apesar dos nossos problemas internos, quando o assunto é economia. Os acontecimentos recentes são oportunos, mesmo com os impactos aparentemente negativos. Daqui a cinco ou dez anos, teremos erradicado o analfabetismo. Em doze, o complexo da soja abastecerá metade do planeta. A potencialidade de indústria e serviços em outros países também vem crescendo. Esses resultados produtivos se somam e nas décadas seguintes, trazem frutos”.

Com informações do jornal The New York Times e do China Daily.

Redação

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