Ministério da Fazenda critica rebaixamento de nota do Brasil

Do O Globo

Fazenda contesta e critica rebaixamento da nota do Brasil pela S&P
 
Ministério afirma que anúncio é ‘contraditório com solidez dos fundamentos da economia do país’
 
Martha Beck

BRASÍLIA – O governo criticou duramente a decisão da agência de classificação de risco Standard & Poor´s (S&P) de rebaixar o rating do Brasil. Por meio de nota, o Ministério da Fazenda afirmou que a mudança na avaliação do país é “inconsistente com as condições da economia” e “contraditória com a solidez e os fundamentos do Brasil”. Em nota divulgada cerca de três horas após o anúncio da redução da nota de crédito (rating) do Brasil de “BBB” para “BBB-”, com perspectiva passando de “negativa” a “estável”, o Ministério da Fazenda contestou a redução da nota e reforçou que o país tem economia sólida.

A nota, que foi preparada pelo gabinete do ministro Guido Mantega, rebate os pontos que foram destacados pela S&P como motivo para reduzir o rating e destaca indicadores positivos. Na área fiscal, uma das maiores fragilidades da política econômica, a Fazenda afirma que o país tem feito superávits primários (economia para o pagamento de juros da dívida pública) mais elevados que o resto do mundo e conseguido reduzir a relação dívida/PIB (Produto Interno Bruto). O governo também diz que a economia brasileira cresceu 17,8% desde o início da crise internacional em 2008, o que significa uma das maiores taxas acumuladas entre os países do G-20.

A equipe da Fazenda também chama de equivocada a avaliação da S&P sobre as contas externas, destacando que o país está entre os 5 maiores receptores mundiais de Investimento Estrangeiro Direto (IED).

“Não se justificam também as suposições quanto à trajetória do investimento no Brasil. Em 2013, o País deu início a um amplo programa de infraestrutura, que vai mobilizar mais de US$ 400 bilhões nos próximos anos. Vale destacar que o investimento cresceu 6,3% em 2013 (o segundo maior do G-20), em linha com a média de expansão da última década”, afirma a nota.

A Fazenda conclui ainda que a própria agência fala em sua nota à imprensa que o Brasil mantém sua condição de grau de investimento, com perspectiva estável. A pasta destaca que está mantido o compromisso com o cumprimento da meta de superávit primário, de 1,9% do PIB neste ano.

Veja a íntegra da nota:

“A decisão da agência Standard&Poor´s (S&P) de alterar a classificação de risco do Brasil é inconsistente com as condições da economia brasileira. A mudança anunciada é contraditória com a solidez e os fundamentos do Brasil.

Embora a agência alegue que o crescimento econômico foi uma das razões para sua decisão, é importante destacar que o Brasil, no período da crise internacional iniciada em 2008, cresceu 17,8%, uma das maiores taxas acumuladas de crescimento entre os países do G-20. No ano passado, o país cresceu 2,3%, desempenho superior à maioria dos países deste grupo.

Também não procede a avaliação sobre a situação fiscal brasileira, levando-se em consideração que o País tem gerado um dos maiores superávits primários do mundo nos últimos 15 anos. Em 2013, cabe salientar, fizemos um superávit primário de 1,9% do PIB, suficiente para reduzir o endividamento público, tanto bruto (de 58,8% do PIB para 57,2% do PIB) quanto líquido (de 35,3% do PIB para 33,8% do PIB).

Equivocadamente, a agência questiona a suficiência do Investimento Estrangeiro Direto (IED) no Brasil. Vale lembrar que o País tem estado entre os 5 maiores receptores mundiais de IED e que, nos 12 meses encerrados em fevereiro de 2014, ingressaram US$ 65,8 bilhões somente nessa rubrica.

A economia brasileira tem baixa vulnerabilidade externa, pois possui o quinto maior volume de reservas internacionais no G-20, o que corresponde a 10 vezes a dívida externa de curto prazo, por sua vez, a menor do grupo (em proporção da dívida externa total).

Não se justificam também as suposições quanto à trajetória do investimento no Brasil. Em 2013, o país deu início a um amplo programa de infraestrutura, que vai mobilizar mais de US$ 400 bilhões nos próximos anos. Vale destacar que o investimento cresceu 6,3% em 2013 (o segundo maior do G-20), em linha com a média de expansão da última década.

É importante ressaltar ainda que o próprio texto da agência distribuído para a imprensa fala com clareza que o Brasil mantém sua condição de grau de investimento, com perspectiva estável, pelos seguintes fatos:

– Sólida estrutura institucional;

– As fortalezas do balanço do governo, tanto do lado fiscal quanto do lado externo, garantem margem de manobra e capacidade para enfrentar choques externos;

– Apesar de a dívida do governo geral ser elevada, sua composição se mantém sólida, estando quase totalmente em moeda local e em sua maioria em parcela fixa ou atrelada à inflação;

– Apesar da deterioração do déficit em conta corrente e alguma moderação na entrada de IED, o nível de endividamento externo líquido se mantém gerenciável.

Independentemente de quaisquer avaliações, reafirmamos nosso compromisso com o cumprimento da meta de superávit primário de 1,9% do PIB neste ano, com a continuação da consolidação fiscal neste e nos próximos anos, com a prioridade ao investimento e com a promoção do crescimento sustentável de longo prazo.”

 

Redação

15 Comentários

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  1. Que sejam expulsos

    Pode estrangeiro aqui se instalar para fazer política e se meter nos assuntos internos do nosso pais, só falta essa, sabemos que os EUA querem detonar nossa economia pq não querem concorrente na praça, Dilma expulsa logo esses malas sem alça vigaristas

    1. Nada a ver. Agencias de

      Nada a ver. Agencias de rating não precisam estar em um Pais para dar notas a seus titulos, podem faze-lo à distancia.

      O fato de serem processadas pelo governo americano mostra sua independencia. Ninguem precisa seguir os ratings das agencias, segue quem quer, até que foram moderados, depois de tanta maquiagem nas contas publicas o rebaixamento poderia ser maior, com um deficit de 80 bilhões de dolares em transações correntes a coisa é bem pior do que parece.

      Quando elevaram a nota do Brasil para nivel de investimento champagnes espoucaram no Ministerio da Fazenda. É da vida, um dia se ganha, outro se perde, é das oscilações que vivem as agencias, já rebaixaram a nota do Tesouro americano uma vez, o que mostra que não tem medo de assombração. Erram tambem, mas não tanto e se fossem inuteis não existiriam mais, estão por ai há mais de 100 anos e tomo mundo se incomoda com suas avaliações.

      1. Caro AA, “erram também, mas

        Caro AA, “erram também, mas não tanto”? E que tal a S&P ter dado nota A para o banco Lehman uma semana antes deles provocarem a maior crise no sistema capitalista mundial desde 29? Dá para errar mais que isso?

        Acho que depois dessa, deveriam ter perdido a licença para funcionar. Mas como ela (todas) atuam em favor das instituições financeiras, contra os correntistas e poupadores, se for o caso, ficará aí, lépida e fagueira por mais 100 anos. Voce tem razão

        1. Erraram um caso entre 1.000 e

          Erraram um caso entre 1.000 e agencias de rating NÃO trabalham para instituições finaneiras, não são os bancos que pagam seus honorários, são os devedores, firmas que precisam emitir obrigações para captar dinheiro e para isso precisam de rating, as agencias so estudam uma empresa ou um Pais para dar rating se receberem pagamento para isso.

          Auditores tambem erram e muito, juizes erram demais, médicos erram, porque agencias de rating não podem errar?

    2. Xenofóbico!!!
      Xenofóbico!!!
      A

      Xenofóbico!!!

      Xenofóbico!!!

      Avatar é a favor de expulsar os não brasileiros do país!

      (Usando o livro de regras do oponente para derota lo.)

       

       

  2. “- Apesar da deterioração do

    “- Apesar da deterioração do déficit em conta corrente e alguma moderação na entrada de IED, o nível de endividamento externo líquido se mantém gerenciável”:

    Como a “deterioracao do deficit em conta corrente” pode ser um mero “apezar” precisamente no “nivel de endividamento externo liquido?!

    Nassif, vou precisar de explicacao.  Nao estou concordando com essa rebaixada, evidentemente, mas prestei atencao o bastante pra notar que o deficit ta ficando progressivamente pior ha uns 3 anose a culpa eh do BC sim.

  3. jogo

    liga não Mantega,

    isso é só a banca fazendo seu jogo para aumentar a selic.

    avisa a chefa que os juros tem é que baixar ao nivel do 1º mundo.

    é a única forma de chegar ao triplo aaa.

    o resto é usura.

  4. Eu sei o que eles fizeram no verão de 2008

    EUA avançam para tribunal para responsabilizar S&P de fraude que levou à crise económica

    Está em movimento o primeiro grande processo judicial nos EUA contra uma agência de rating. EUA acusam Standard & Poor’s de fraude civil na crise do subprime.

    O procurador-geral do Departamento de Justiça, Erica Holder, a cara atrás do primeiro grande processo judicial contra uma agência de rating nos EUA Jewel Samad/AFP  EUA reclamam 5 bilhões de dólares de indenização à Standard & Poor’s

    O Departamento de Justiça norte-americano deu início a um processo de fraude contra a Standard & Poor’s na segunda-feira, por considerar que a agência de rating ignorou as fragilidades dos investimentos em produtos financeiros hipotecários durante o período que antecedeu a crise económica de 2008.

    Tal como refere o New York Times, este é o primeiro grande processo norte-americana para a responsabilização de uma agência de rating face à crise do subprime. Esta crise esteve na raiz da explosão da bolha do mercado imobiliário norte-americano, em 2008, que levaria à propagação mundial da crise económica.

    Os EUA acusam agora a maior agência de rating norte-americana de ter classificado os agregados de créditos hipotecários conhecidos como subprime com a classificação mais alta de triplo-A, quando estes apresentavam um risco muito maior. Com base no alto rating que estes subprime tinham conseguido junto da S&P, os investidores reforçaram o seu apetite.

    Mas, na realidade, estes produtos financeiros não apresentavam a segurança que a agência norte-americana garantia através do selo de qualidade triplo-A, o que levou a que os investidores não conseguissem reaver o seu investimento. A par deste fenómeno encontrava-se então uma acelerada corrida ao mercado hipotecário, o que contribuiu para o engordar da bolha do mercado imobiliário.

    “[A S&P] conscientemente e com a intenção de defraudar, participou e executou um esquema para defraudar os investidores”, lê-se no documento apresentado aos tribunais na segunda-feira pelo Departamento de Justiça dos EUA, citado pelo New York Times.

    O órgão de justiça norte-americano vai mais longe e afirma que a S&P passou a falsa ideia de que as suas classificações “eram objectivas, independentes e que não eram influenciadas por conflitos de interesses”. As acusações dirigem-se também à empresa-mãe da agência de rating, a McGraw-Hill Companies. Ao processo de acusação espera-se ainda que se juntem à volta de 12 procuradores estatais e que o regulador financeiro norte-americano apresente um processo em separado.

    Processo arrasta-se há três anos
    O Departamento de Justiça estava há três anos a negociar um acordo com a Standard & Poor’s que evitasse o processo judicial. Mas o acordo terá falhado definitivamente há cerca de três semanas, com a recusa da agência de rating em pagar uma indemnização de mil milhões de dólares (cerca de 737 milhões de euros) que tolheria os lucros de um ano à empresa-mãe, McGraw-Hill.

    Em contraponto à indemnização exigida pelos EUA, a McGraw-Hill terá sugerido uma multa de 100 milhões de dólares (cerca de 73 milhões de euros), segundo fontes ligadas ao processo ouvidas pelo diário nova-iorquino. Dentro deste acordo, a agência de rating procurava também não ter que admitir ou confirmar a sua culpa nas acusações para evitar responsabilizar-se frente a eventuais novas acusações, algo que não foi aceite pelos responsáveis do Governo nas negociações.

    Com o falhanço das negociações, entrou em acção o processo de fraude civil.

    S&P recusa responsabilidade
    Como escreve o Washington Post, a Standard & Poor’s antecipou-se à confirmação oficial do processo de fraude civil, que foi avançado pelo Wall Street Journal.

    Num comunicado enviado aos órgãos de comunicação dos EUA, a agência de rating “parece ter delineado a sua táctica judicial para o processo”, como escreve a jornalista do Washington Post Jia Lynn Yang. Esta táctica deve passar por recusar responsabilidade ao apontar o mesmo erro a outras agências de rating e ao atribuir esse erro a falta de informação sobre os compostos financeiros avaliados.

    A acusação do Governo norte-americano “desrespeita o facto nuclear de que a S&P atribuiu a classificação de rating às hipotecas subprime com base na mesma informação que o resto do mercado”, lê-se no comunicado. Para além do mais, explica a agência de norte-americana, que antecipava a formalização da acusação do Departamento da Justiça, “um processo legal seria inteiramente desprovido de mérito legal ou factual”.
     

  5. Um país que dá valor a uma
    Um país que dá valor a uma porcaria de agência reguladoraqualquer não é sério mesmo. Mas pior, temos TVs,jornais,revistas  erádios bancados por propaganda oficial, que ajudam na tarefade se auto criticar, e não raras vezes, com notícias falsas ecom a  finalidade pura e simples de depreciar o atual governo.Nojo o governo me dá com seu ministros não reagindo. A própriaDilma já deveria tger  esticado o arreio de políticos da tal¨base¨.Me dá o Requião pro PT e leva o resto.

  6. O Mantega já perdeu a batalha da comunicação

    e por goleada, com vários gols contra. E está prejudicando a presidenta na sua corrida á reeleição. Não consigo entender por que ele fica lá. Até a terrível de ruim titular da Secom foi embora!

  7. Quando o Brasil recebeu grau

    Quando o Brasil recebeu grau de investimento, todo mundo comemorou o feito do governo, agora que o grau baixou, as agências de risco são um lixo!!!rsrs

     

     

    1. Você está dizendo o que

      Você está dizendo o que imagina. Muitos aqui sempre criticaram essas agências, pricipalmente depois do que ocorreu em 2008. 

  8. O PAPEL DAS AGENCIAS DE

    O PAPEL DAS AGENCIAS DE RATING – La vem as habituais bobagens sobre as agencias de ratings. Elas são parte do mundo capitalista, existem há muito tempo, tem um papel que é preciso entender.

    1.As agencias de rating, assim como as auditorias, são instrumentos do mercado de capitais, existem por alguma razão,

    não foram inventadas por mágicos ou humoristas.. As agencias erram, assim como as aduditorias erram mas tanto umas como outras continuma existindo porque desempenham um papel. Dizer que porque erraram não deviam existir e querer que médicos, juizes, senadores, advogados, policiais, cientistas e engenheiros tambem não existam mais, porque todos as vezes erram.

    2.O maior capital das agencias é seu nome e este é baseado na sua total independencia. ´Se a Standard & Poor já rebaixou a nota do Tesouro americano é porque eles não tem medo de nada. Eles não só dão uma nota , o RATING, eles explicam porque dão. No jornal só sai a noticia da elevação ou rebaixamento mas para os clientes do mercado financeiro vai junto com a nota o relatorio que embasou a decisão, que dostuma ser racional e logico.

    3.As agencias tem como maior fonte de renda os honorários pagos por paises, bancos e empresas que emitem titulos e não são honorarios modestos. Se esses clientes pagam tais custos é porque são necessarios. E são necessarios porque não se vende titulos sem RATING, então a nota faz parte do prospecto de venda do papel. Apesar das reclamções, continua sendo assim que funciona o mercado de capitais no mundo.

    4.Portanto não adianta xingar, bater o pé, quem quer dinheiro do mercado financeiro precisa das agencias. As estatais brasileiras nos ultimos 2 anos emitiram 64 bilhõs de dolares de bonus, SÓ AS ESTATAIS, esse bonus precisam de rating, é parte do custo da emissão do papel, assim como os custos dos advogados e advisors,

    são da Petrobras, da Eletrobrás, do BNDES, do Banco do Brasil, todos são clientes das agencias de rating e vão continuar sendo, precisam delas para atribuir um rating ao bonus, debenture ou certificado para vender.

    5.Portanto, ao se comentar alguma noticia sobre a Standard & Poor, Moody´s ou Fitch é preciso ter noção do que elas são e para que servem, fazer beicinho e gritar patriotadas não tem absolutamente nada a ver.

    Está ai a Venezuela, que não tem mais rating de nenhuma agencia, não é rating rauim, é nenhum rating, que não consegue levantar um dolar no mercado financeiro internacional e em consequencia não tem dolares para comprar comida, o unico credito que a Venezuela dispõe é do companheiro Brasil, que não se importa com a falta de rating porque não espera mesmo receber o dinheiro de volta algum dia, o Brasil acaba de abrir nova linha de crédito (na realidade doação) de US$1,7 bilhões para a Venezuela comprar alimentos aqui. No mundo não capitalista o rating é desnecessário, porque o crédito tambem é desnecessario mas o Brasil está inserido no mundo globalizado, é dai que vem o fluxo de nossa economia, o carrinho zero do Mané e a viagem a Miami da dona Carola.

     

  9. Belluzzo  define

    Belluzzo  define  elementarmente    essas agências: não confiaria nem na compra de carro novo !

    A indenização  pedida  pelas autoridades americanas à Standard & Poor, de  5 bi de dólares,é  ridícula perto do prejuizo global que causaram e que até hoje o mundo se ressente. Patrimônios e vidas  se perderam na que foi maior  fraude finaceira  da história.

    O capitalismo ,finalmente  ,disse a que veio e  repaginado de  néo liberalismo.

    Nossa mídia  tem atração  especial por  escroques e estelionatários.

    VEJA, Folha e  GLOBO,jornal e   TV, adotaram  essas personalidades  como parceiros  e cúmplices.

  10. “lei de Ricupero”

    Antes, “eles” estavam certos e o país esta ótimo e nuncaanteznezztepaíz….,e vamos usar isso na propaganda eleitoral.

    Depois: “eles” estão errados, o pais esta ótimo pq nuncaantezneztepaíz…,e  vamos esconder isso do povo.

     

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